O que é melhor para lubrificar a corrente?

É melhor usar óleo ou graxa na corrente de transmissão? 

Graxa branca é melhor para a corrente?

Lubrificante em aerossol é bom para a corrente?

Graxa líquida funciona?

Bom, vamos lá.

Tem gente que prefere uma a outra, sempre apontando as vantagens de cada uma.

Eu experimentei todas as opções, fiquei um bom tempo com a graxa branca que eu achava a opção mais vantajosa.

A dura realidade é que quem acha a graxa branca a melhor opção se baseia apenas no que vê (menor sujeira da roda).

Você muda de opinião no dia em que retira a tampa do pinhão e descobre que toda a graxa que não sujou a roda foi parar ali dentro, formando um bolo com a poeira e a areia de todos os lugares por onde você passou com sua moto.

Aquilo vai se ressecando e vira uma pedra mole que dá trabalho para retirar esfregando uma chave de fenda. E esse esmeril de pedra mole fica esfregando e desgastando a corrente o tempo todo.

Então o que parece bom acaba não sendo no longo prazo.

Aí experimentei a graxa líquida. Suja menos a roda, mas exige reposição mais frequente, o que acaba custando mais caro. E é incrível como aquilo lambuza, mesmo que você tome todo o cuidado. A graxa líquida sai muito fácil com chuva (todas as graxas e óleos saem com chuva, mas a graxa líquida sai mais fácil). 

Lubrificantes em aerossol são práticos, mas não são bons lubrificantes para correntes porque são muito finos, têm muito pouca viscosidade. 

Correntes e engrenagens precisam de lubrificantes bem viscosos para aguentar a pressão sobre a reduzida área de contato, apenas uns poucos milímetros quadrados em cada elo e dente.

O lubrificante em aerossol tem o inconveniente de ser penetrante e lavar a graxa das boas correntes, aquelas equipadas com retentores.

O que é uma corrente com retentores?

Os retentores são aneizinhos de borracha que retêm uma pequena quantidade de graxa original de fábrica no lugar onde ela deve ficar, a zona de contato entre os pinos e os elos da corrente.

Ao mesmo tempo em que impedem a saída da graxa, os retentores evitam sua contaminação, então essa é uma graxa que não junta poeira. 

O problema do lubrificante em aerossol é que ele se infiltra nos retentores e dilui essa graxa, lava ela embora, e com o tempo sua corrente fica seca por fora (no contato com os dentes de coroa e pinhão) e por dentro (no contato dos roletes com as emendas). 

O aerossol vai embora muito rápido, exige reposição frequente, facilita você se descuidar quanto à lubrificação da corrente, você não encontra à venda em todos os lugares, passa mais tempo rodando com a transmissão seca e acaba saindo mais caro do que todas as outras opções.

De todas as variantes testadas, o óleo 90 recomendado pela fábrica (óleo para câmbio e diferencial de carros) foi a opção mais prática e eficaz. Faz sujeira, mas não deixa a corrente na mão quando ela mais precisa. 

Por ser líquido, o óleo facilita a areia ser jogada fora pelo movimento da corrente, e não forma aquele bolo dentro da tampa do pinhão.

Hoje eu uso óleo 140 (óleo para câmbio e diferencial de carros e caminhões), ainda mais viscoso (grosso) do que o óleo 90. Quanto mais viscoso, menor a tendência de ser jogado para fora da corrente. Mas ainda respinga na roda.

Em viagens eu sempre levo um litro de óleo para motor e um litro de óleo para corrente em um dos alforjes. Estou trabalhando em um lubrificador automático, mas o protótipo falhou quando o protetor da corrente quebrou na penúltima viagem. De volta à mesa de projetos.


Uma ideia que não me sai da cabeça é um dia experimentar lubrificar a corrente com um aditivo para óleos puro.

Há aditivos para óleo ainda mais viscosos do que o óleo 140, parecem mel. Se permanecerem por mais tempo do que a graxa líquida, como imagino, serão uma boa solução para a lubrificação da corrente.

Mas só farei a experiência no meu próximo jogo de pinhão, coroa e corrente.

Atualização 1:

O colaborador Ernesto Walter enviou a dica dos lubrificantes líquidos específicos para correntes, no caso de motosserras. 

Faz todo o sentido, não consigo imaginar uma corrente que trabalhe em condições piores do que essa.

Além do Castrol Stihl indicado por ele, há outras marcas originais de fabricantes de motosserras ou fornecedores independentes.

Estão custando na faixa de 14 reais o litro, certamente bem mais barato que o aditivo puro. 

Vou verificar o preço e fazer o teste com esse tipo de óleo antes de tentar a experiência com aditivo puro. Obrigado pela dica, Ernesto!

Atualização 2: Fiz o teste o óleo para corrente de motosserra está aprovado, ele quase não pinga e custa barato. 

Aí você pergunta, mas você não lava a corrente da moto antes de lubrificar?

E eu te respondo, cara, lavar corrente é algo que você só faz uma vez na vida para ganhar experiência  ... depois você chuta o balde e fala dofa-se.

Mas não faça o que eu digo, faça o que eu não faço. ;)

Um abraço,

Jeff