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terça-feira, 15 de agosto de 2017

Novas informações sobre o acidente que matou a dublê de Deadpool 2

Complementando a postagem de ontem:

Novas imagens dão novas pistas para tentar entender o acidente que matou a dublê durante a filmagem de Deadpool 2.

Esta foto mostra a roda dianteira totalmente quebrada com o cubo, disco de freio e raios separados do aro e pneu — algo improvável de ter acontecido somente com o impacto contra a guia ou a parede de vidro do prédio:
Imagem e reportagem: https://www.thestar.com/entertainment/movies/2017/08/14/stunt-driver-dies-after-crash-during-deadpool-2-filming.html

Talvez a roda tenha se quebrado na última vez em que ela desceu as escadarias, causando a perda de controle.

Novas informações relatam que ela havia ensaiado a cena com a moto pelo dia inteiro na véspera.

Motos não são projetadas para descer escadarias, ainda mais várias vezes em sequência.

Submeter uma peça metálica a esforços repetitivos, ainda mais esforços não previstos no projeto, pode causar trincas por fadiga do material — é por isso que um arame dobrado várias vezes acaba se quebrando com uma força mínima.

Este vídeo mostra como isso acontece e o primeiro exemplo apresentado é justamente o de uma bicicleta — motocicleta sem motor — descendo uma escadaria:

Clique na engrenagenzinha e use a opção Subtitles/CC Auto-translate Portuguese para legendas em nosso idioma ou em qualquer outro da lista de opções. Crack = fissura ou trinca.

Ficar descendo degraus por um dia inteiro pode ter provocado trincas por fadiga nos raios da roda da moto, e como você viu no vídeo aos 05:29essas trincas são muito difíceis de ver a olho nu — até causarem a ruptura completa.

Se a roda realmente se quebrou antes da perda de controle, ela causou uma oscilação violenta do guidão, possivelmente impedindo que a garota acionasse os comandos da moto.

Mesmo que ela conseguisse acionar os comandos, o freio dianteiro estava totalmente inoperante, e somente o traseiro não impediria a moto de avançar com o acelerador travado aberto, ainda mais sem apoio da embreagem.

O desvio de pedestres descrito pela testemunha pode ter sido mera coincidência ou conclusão errada de sua parte, algo muito comum em acidentes.

Resta esclarecer o motivo de o acelerador travar aberto se a dublê não estava conseguindo acionar os comandos...

Sem acionamento intencional, a mola da manopla sempre retorna o acelerador para a posição de marcha lenta.

Ou pelo menos, deveria retornar...

Teria sido a quebra da roda que causou o disparo do acelerador?

Se o sensor de velocidade daquela moto está instalado na roda dianteira, e é o mesmo sensor de velocidade usado pelo sistema de frenagem ABS, a informação enviada para a ECU com a roda quebrada era de que a moto estava parada.

O aro da roda dianteira girava louco, mas o cubo da roda e o disco do sensor de velocidade estavam parados, desconectados do aro e pneu.

O ECM pode ter entendido que a moto estava parada com o comando da manopla do acelerador e da marcha da moto em posição diferente da que seria usada para um comando de parada...

A lógica eletrônica pode ter interpretado essa discordância de informações como algo a ser compensado aumentando a rotação do motor — tornando a dublê passageira de uma moto incontrolável e com vontade própria.

Até onde sei, é um cenário possível, a menos que o sensor de velocidade usado pela lógica eletrônica não seja o da roda dianteira.

Se este cenário for correto, o fato grave é que um evento menor e mais fácil de acontecer, como a simples desconexão ou ruptura da fiação do sensor de velocidade em uma moto equipada com a mesma lógica eletrônica, poderá causar o disparo das rotações do motor — levando à mesma sequência de eventos.

Somente uma perícia detalhada permitirá saber o que realmente aconteceu.

Se em breve aparecer um recall para recalibração do ECM / ECU das motos ducati, será uma boa pista.

Agora, independente da causa:

Certamente o que poderia ter salvado a vida da motociclista seria o uso de um capacete — as cenas de ação eram filmadas sem proteção, como é praxe nos filmes:
Imagem: https://omelete.uol.com.br/filmes/noticia/deadpool-2-criador-compara-o-filme-a-a-hora-do-rush/371981/ Esta é a atriz Zazie Beetz em uma cena sem risco, não a dublê que morreu.

Daí no impacto contra o prédio a dublê foi arremessada de cabeça contra a parede de vidro laminado feito para não se quebrar com facilidade.

O capacete provavelmente teria absorvido suficientemente o impacto para que ela sobrevivesse, talvez mesmo sem sequelas.

Infelizmente, não foi o que aconteceu — tudo acontece muito rápido em acidentes de moto, e o capacete é sua última defesa.

Capacete é fundamental, e capacete fechado é essencial.

Imagem e reportagem: https://www.jpnews.com.br/policia/motociclista-bate-na-traseira-de-carro-e-fica-ferida/100758/ 

Nunca deixe de usar o capacete, use o capacete sempre bem afivelado, e não caia no conto do capacete aberto bonitinho, mas ineficaz para sua proteção.

Um abraço,
Jeff

PS: O blogspot do google continua mudando a formatação cada vez que eu salvo e conforme o que dá na telha maluca dele, perdi horas tentando consertar e desisti, sinto muito, vai assim mesmo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O mega recall das motos da indian que você não ouviu falar

Você soube do mega recall das motos da indian?

Agora em dezembro a Indian Motorcycles convocou no mundo todo o recall de quase todas as suas motos, exceto as Scout.


São todas as motos fabricadas a partir de 2013 (já modelo 2014) caracterizadas pelo tradicional paralamão equipadas com o motorzão esfriado a ar Thunder Stroke 111 (1.820 cm3):
Imagem: http://www.indianmotorcycle.com/pt-br e http://www.indianmotorcycle.com/en-us/2016

Detalhe importante:

Todas elas foram produzidas a partir da aquisição pela canadense norte-americana Polaris e a revitalização da tradicional marca norte-americana Indian em 2013 — falarei disso nas postagens de amanhã e depois. Eu disse canadense? Não, você se enganou.
Reportagem: https://rideapart.com/articles/indian-motorcycle-issues-recall

Ficou claro?


Tirando as Scout que usam paralamas modernos e motores de menor cilindrada (1.130 cme 980 cm3) com arrefecimento líquido, o recall inclui TODAS AS MOTOS DE TODOS OS OUTROS MODELOS DA INDIAN fabricados desde 2013 (já modelos 2014) incluindo os modelos 2017.


É isso aí.


O projeto do motorzão nasceu com uma falha potencialmente mortal e que surge depois de algum tempo.


Os projetistas se esqueceram de levar em conta ou se viram obrigados a projetar um motor onde o tubo de alta pressão de combustível da injeção eletrônica passa muito rente ao motor.


Não sei se você sabe, mas o motor da motocicleta vibra, né?


Então tudo que passa encostado ou muito perto demais do motor vibrando pode acabar danificado por causa do atrito. 


Depois de muita abrasão, esfrega-esfrega e roça-roça o tubo de combustível não consegue mais conter a intensa pressão dentro dele e deixa escapar um jato potente, um esguicho interminável que deixa molhados o cabeçote quente e o 
escapamento esbraseado. Hummm... isso ficou muito estranho...

Gasolina aspergida óiquichiqui em cima do motor em funcionamento pode significar fogo no meio das pernas e nesse caso esse fogo ali não é uma boa. Não mesmo. 


Porque entre suas pernas estará o tanque de combustível doido de vontade pra explodir na sua cara — imaginou a cena?

É mais ou menos assim:
Imagem ilustrativa: delawareonline.com 
Parece uma indian, mas não é. A finada — que Odin a receba em seus manetes — é (era) uma honda Gold Wing. 
Aparentemente não é uma das 145.219 Gold Wings que foram chamadas para recall por risco de incêndio porque o problema afetava supostamente apenas o freio traseiro. Falarei mais sobre esse caso na postagem de sexta-feira.

Depois que uma motocicleta pega fogo é praticamente impossível impedir a perda total — ou evitar perder o controle da moto no meio da rodovia.

Você na estrada a 120 km/h, de repente o calorzinho vira um calorzão... bate o desespero de o tanque ameaçar pegar fogo, perder a moto sem seguro, você não pode pular fora por causa da velocidade...

Sua batata não só da perna assando e você não pode parar a moto de bate-pronto... ou então a moto bate e pronto. De todo jeito você tá na roça.

Como se vê, não prever que o combustível iria vazar mais cedo ou mais tarde foi um errinho bobo de engenheiros cujo trabalho é não cometer errinhos bobos.

Não prever espaço suficiente é uma contingência difícil de contornar porque isso é definido muito cedo no projeto.

Depois da autorização para tocar o projeto, os engenheiros precisam se virar para empacotar uma infinidade de sensores e cacarecos eletrônicos de última geração que até ontem não existiam.

Tudo atulhado naquele mesmo espaço apertado das motos de antigamente. E elas só tinham o carburador e mais nada.

A impossibilidade de os engenheiros anteciparem problemas como esse da indian tem uma explicação:


Na hora de projetar a moto na tela do computador o motor não vibra, não esquenta e nem pega fogo.

Tudo fica muito lindo no papel e na telinha.

Mas no mundo real o bicho pega, e pega pra valer.


Faz muita falta no mercado aquele bom professor de Projetos Industriais que 
logo no primeiro dia de aula orientava seus alunos sobre os cuidados com a dilatação térmica, a vibração e a fadiga dos componentes mecânicos... Obrigado, meus mestres!

E nem sempre é possível conciliar interesses conflitantes — o motor tem que caber naquele espaço senão será necessário alterar o quadro, o que atrasaria o lançamento, daria um baita prejuízo, deixaria os acionistas insatisfeitos, cabeças rolariam.


Problemas como esse não são inéditos na indústria de motocicletas, que o digam os proprietários de kasinski hyosung Comet e Mirage 250 e suas mangueiras de combustível...

Acontece quase a mesma coisa, mas o atrito é com o quadro a caixa de ar e a gasolina escorre por ele — que eu saiba nenhuma Comet ou Mirage pegou fogo por causa disso e a kasinski nunca fez o recall.


Você encontra os detalhes e fotos desse problema das Mirage na postagem do blog do Vinícius: Leão e Sua Moto, O Primeiro Charme de Agnes.

O assunto está bom, mas a postagem ficou muito longa, então vou continuar amanhã com os outros recalls da dafra indian que você também não ouviu falar.

Até lá e um abraço,

Jeff

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O menor dos escândalos da petrobras por enquanto

O menor dos escândalos da petrobras não é aquele do superfaturamento na refinaria de Pernambuco — mixaria, desviaram só mais um bilhãozinho de reais. Pois é, acharam mais um desvio, a notícia é de ontem. Muitos outros virão, pode crer.

O tema desta postagem é um outro escândalo, bem menorzinho:

Vou falar mal da matéria publicada no site PETROBRAS De carona com elas redigida por um "especialista em manutenção de motos" com dicas para as garotas pilotas economizarem combustível com suas motocicletas.

Lá você encontra logo de cara esta pérola:

“'Existem mitos sobre baratear o uso do veículo. Aquecer o motor quando liga a moto é um deles', garante.”

Pois é, o especialista da petrobras (que não vou dizer o nome para não ficar muito feio para ele) afirma que a necessidade de aquecer o motor ao ligar a moto é um mito.

Das duas, uma:

Ou o especialista da petrobras é um especialista em aumento da manutenção de motos, ou então ele mudou as leis da Física!

Se for acreditar no especialista da petrobras, então os metais já não se dilatam mais ao serem aquecidos, e aquelas folgas internas que os fabricantes tomam tanto cuidado para garantir que o motor funcione corretamente sem travar não são mais necessárias. 

Aquilo que você percebe na sua moto, que a moto funciona melhor quando o motor está quente, é ilusão. Não acontece. "É mito", diz ele.
Estou pasmo.
Os motores das nossas motos e das motos de todo mundo no mundo todo funcionam melhor e ficam mais soltos quando estão quentes porque nós todos...deliramos. Que bom, não sou só eu!

Porque a definição de mito diz que ele é fruto de nossa imaginação, uma estória criada para explicar coisas que não entendemos.

Já quem entende um pouquinho de motores sabe que os materiais diferentes lá dentro (alumínio, bronze, aço) se dilatam em proporções diferentes e é por isso que é tão importante esquentar o motor até que todos os componentes feitos com os diversos materiais atinjam o melhor ajuste.

"Não é magia, é tecnologia."

Selecionei para comentar estas 3 outras pérolas:

"Um dos primeiros pontos é tirar da cabeça a ideia de que se deve aquecer o motor antes da partida, isto apenas consome combustível." 

Como assim, "apenas consome combustível"??!

Como assim, "sem desperdício ou desgastes"??!

O raciocínio do especialista da petrobras é limitado por enfocar e se preocupar apenas com o consumo de combustível, o que é surpreendente para alguém intitulado "especialista em manutenção de motos". 

O tal especialista faz questão de ignorar o prejuízo à vida útil do motor em longo prazo — a internet está cheia de "especialistas" divulgando falácias como essa por aí, e é por isso que você vê nas ruas tanto motor novo batendo lata.

Nem vou comentar que a única maneira que visualizo alguém aquecendo o motor antes da partida é fazendo uma fogueirinha embaixo do motor. Ops, comentei.

Mesmo porque, quando neva, e apenas quando neva muito, isso até pode ser necessário.

Mas tenho certeza que o especialista da petrobras não estava pensando nisso...

"O especialista xxxxx xxxxxx conta que a maioria das motos atuais possuem injeção direta, que permite o aquecimento dos motores em movimento sem desperdício ou desgastes."
Deveras revoltante...

Para começar, caro especialista em manutenção de motos que desconhece fundamentos básicos de motores...

Não existe uma única moto movida a gasolina no mundo inteiro usando injeção direta... as únicas com injeção direta são as motos movidas a diesel.

Nenhuma moto atual possui injeção direta de gasolina (GDI) — no mundo todo as motos possuem apenas injeção eletrônica indireta de combustível (EFI)

Injeção direta é aquela utilizada por motores diesel, que pode ou não ser eletrônica; a injeção direta eletrônica de gasolina (GDI) é usada apenas em alguns novíssimos e ainda relativamente poucos motores a gasolina de automóveis, sempre controlada eletronicamente.

Ainda não existe nenhuma moto com injeção eletrônica direta de combustível por uma série de fatores limitantes próprios dos motores de motos, o principal deles o altíssimo regime de rotações, seguido pela necessidade de um injetor que não lave o óleo da parede dos cilindros, maior quantidade de sensores; em uma palavra, confiabilidadeecusto. 

GDI que atenderia a condição de trabalho das motos, por enquanto, você só encontra na Fórmula 1 — em motores que só duram poucas corridas. Ainda não dá para colocar no mercado.

Qual a diferença fundamental entre injeção direta e indireta?
Imagem: https://rideapart.com/articles/motorcycle-tech-gasoline-direct-injection — Você não verá isso em moto tão cedo.

Na injeção direta GDI a gasolina é injetada com uma pressão elevadíssima diretamente na câmara de combustão com o pistão no ponto morto superior da fase de compressão, e não dentro do coletor antes da válvula de admissão durante a fase de admissão (entrada de ar ou mistura de ar/combustível no cilindro) em pressão relativamente baixa como é feito na muito comum injeção eletrônica indireta EFI usada nas motocicletas mais modernas.

Confundir os dois tipos de injeção eletrônica é algo perdoável para leigos... mas um funcionário de uma empresa do nível da petrobras — especialista em manutenção de motores — publicar uma coisa dessas... 

Enganos acontecem, eu mesmo já troquei uma pela outra nas minhas conversas com o Daniel.

Mas uma coisa é bater papo na padoca, outra é publicar um erro desses em um veículo de divulgação pública com a chancela e o prestígio da petrobras — é inegável que faltou revisão desse texto.

Esclarecido isso, vamos ao resto:
Não se pode tirar da cabeça uma ideia que é essencialmente correta, meu caro especialista.

A única coisa que a injeção eletrônica faz é evitar que o motor morra com facilidade mesmo em condições não ideais.

Absolutamente, ela não diminui o desgaste do motor. 

Ela não evita desperdício de combustível por um motivo simples:

O motor permanece mais acelerado do que o normal durante a fase de aquecimento e, para não engasgar com a moto em movimento, precisa receber ainda mais combustível do que se a moto for deixada parada esquentando em marcha lenta. 

E o essencial nem é isso.

O essencial não é uma questão de o aquecimento do motor consumir mais ou menos combustível — o consumo é o menor dos problemas se você estiver realmente preocupado com a longa vida útil do motor.

A questão essencial é que é fundamental estabilizar o motor na temperatura normal de funcionamento para que ele funcione adequadamente.

Rodar com o motor abaixo da temperatura ideal, como sugerido pelo especialista, faz o motor consumir mais combustível porque ele trabalha fora das condições ideais e, portanto, é forçado a consumir mais gasolina para não morrer. Com facilidade.

Você apenas não percebe que o motor está gastando mais gasolina porque esse combustível extra não depende de você acelerar — isso é feito automaticamente pela central eletrônica.

É por isso que a moto com injeção fica mais acelerada quando o motor está esquentando e depois vai reduzindo a rotação de marcha lenta na medida em que a temperatura do motor aumenta.

O pior de tudo é que rodar com o motor frio causa um desgaste mais acelerado do motor por um motivo inerente à dilatação dos diferentes tipos de metais dentro do motor.

Algumas folgas estão maiores e outras menores do que o ideal, o que permite movimentos indesejáveis de algumas peças e obriga a esforços maiores de outras e, assim, ocorre desgaste por atrito superior ao normal.

É melhor deixar o motor esquentar sem fazer força do que obrigá-lo a esquentar fazendo força para empurrar a moto. Puxa, isso devia ser tão óbvio...

Surpreendentemente, divulga-se na internet uma abundância de conceitos totalmente errados que apenas prejudicam os consumidores.

Será que fazem isso apenas por ignorância, desconhecimento técnico, ou será que existem pessoas interessadas em divulgar inverdades para ver os motores se acabando rápido para aumentar as vendas e movimentar a economia cada vez mais rápido?

Você sabe que o pessoal por aí aumenta as metas de vendas, e quando as metas são atingidas, eles dobram as metas, né? 

"Dirigir em velocidade constante é ótimo aliado. Além disso, mudar rapidamente para a segunda marcha ao engatar e adaptar-se com a marcha lenta são essenciais."
Sério que eu li isso?

O que ele quer dizer com "adaptar-se com a marcha lenta"?

Eu é que tenho que me adaptar? Como assim? 

O que o piloto/pilota precisa fazer para se adaptar com a marcha lenta?

Meditação? Tai-chi? Yoga?

Ou ele quis dizer que você tem de adaptar a marcha lenta conforme a situação?

Isso só dá para fazer em motos carburadas, porque as injetadas já fazem isso automaticamente...

Parágrafo ambíguo, mensagem confusa. 

Tem mais:

Caro especialista desconhecedor de alguns fatos básicos da pilotagem e também da condução de automóveis...

Mudar rapidamente para a segunda marcha não traz economia...

Entregar a marcha seguinte para o motor quando ele ainda não atingiu uma rotação suficiente para oferecer uma boa resposta de torque somente obrigará a acelerar ainda mais o motor para ele fazer mais força do que faria se estivesse na rotação ideal próxima do limite máximo da curva de torque.

Resumindo, para o motor não engasgar o piloto será obrigado a abrir mais o acelerador, e assim o motor gastará mais combustível...

Tem uma postagem aqui que explica esses fatos.

Esse raciocínio é típico de quem apenas conduziu automóveis a vida inteira, onde os quatro cilindros do motor esbanjam torque para mover a carroça.

Não se aplica de jeito nenhum aos pequenos motores monociliíndricos de um cilindro só da imensa maioria da frota brasileira de motos e motonetas.

De maneira fácil de entender, especialista:

A injeção eletrônica não faz a mágica de impedir o motor de morrer se o piloto não abrir suficientemente o acelerador em uma marcha mais alta que a ideal...

Forçar o motor a trabalhar fora das condições ideais sempre fará com que ele trabalhe... forçado.

E trabalhando forçado o motor consome mais combustível porque precisa vencer resistências que não existiriam caso se respeitasse sua condição ideal de funcionamento.

Entendeu? Você leitor do blog eu sei que entendeu, estou perguntando para o especialista.

"O 'ponto morto' consome combustível desnecessariamente. Por isso, deixe-a engrenada quando estiver em descidas."
Ô, especialista...

Pilote uma moto antes de falar um рыба пузырь desses.

Manter a moto engrenada o tempo todo é uma condição que nem precisaria ser alertada — ninguém com o mínimo de conhecimento do que seja andar de moto faz isso de desengrenar a marcha em uma moto.

Mesmo porque seria uma estupidez muito grande.

O câmbio das motos não tem ponto morto que permita desengrenar diretamente uma marcha com a moto em movimento... 

Automóveis, ônibus, caminhões, tratores, etc. têm câmbio com ponto morto entre todas as marchas.

Neles é possível desengrenar qualquer marcha e colocar o motor diretamente em ponto morto porque todos os caminhos passam pelo neutro.
O ponto neutro das motos, que alguns também chamam de ponto morto, se localiza entre a primeira e a segunda marcha.

Como o câmbio é sequencial, alguém em quinta marcha precisaria deslocar o câmbio através da quarta, terceira e segunda marchas até chegar no neutro. 

Nunca tente fazer isso!

Você não vai conseguir economia nenhuma de combustível e na hora em que fosse passar pelas outras marchas, ou na hora em que fosse reengrenar a marcha, teria enorme chance de destruir seu motor por excesso de giros e ainda por cima cair...

A coisa mais próxima de colocar a moto em uma "banguela" seria manter a embreagem acionada, mas isso é outra estupidez muito grande:

Enquanto a embreagem está acionada o rolamento, os discos e a carcaça da embreagem ficam se desgastando, e isso destrói a embreagem. 

Não conheço ninguém mínima mente inteligente que faça uma coisa dessas. Mas também não boto a mão no fogo, nunca se sabe... 
E tem mais uma coisa:

Que negócio é esse de "o 'ponto morto' consome combustível desnecessariamente"?

Em qualquer situação, a quantidade de combustível consumida por um motor — seja na banguela em ponto morto ou com a marcha engrenada — é ditada pelo mecanismo de controle de aceleração.

A menos que o motorista ou piloto fique acelerando de bobeira, durante a banguela o ponto morto o motor trabalha em marcha lenta — só faz mais barulho por causa do freio-motor, o peso do veículo tentando fazer o motor girar mais rápido e o motor não deixando...

Ops, olha eu falando abobrinha... 

Freio-motor só ocorre com a marcha engrenada. Eu também erro, mas eu corrijo... ;-)

Em marcha lenta, o consumo é o mesmo em qualquer condição.

Quem define a rotação de marcha lenta é o giclê de marcha lenta nas motos carburadas ou a lógica da injeção eletrônica que dita o tempo de duração e os estágios da injeção de combustível nas motos injetadas. 

мешок...

Eu me esqueci do corte de combustível da injeção eletrônica, veja a explicação abaixo...

O Daniel me lembrou que o aquecimento dos motores carburados se faz necessário pois não conseguem enriquecer a mistura para fazer o motor se aquecer mais rapidamente, enquanto os motores injetados conseguem.

OK, motores com injeção falham menos que um carburado enquanto estão esquentando, mas isso não muda nada quanto a todo o resto...

Disse o Daniel:

Os manuais do proprietário recomendam ligar o veículo (I.E.) e sair com o mesmo em baixa rotação até chegar à temperatura ideal de trabalho, evitar aquecer o motor com IE parado, isso ajuda a evitar a criação de borra (tem dois tipos de borra, a que se forma a quente e a que se forma a frio).

Mas rodar lentamente enquanto o motor se aquece não é a mesma coisa que usar a moto normalmente, sem esquentar o motor, como desmitificado preconizado (alguém ainda fala preconizado?) pelo especialista da petrobras...

Isso não muda o fato de que um carro na banguela continuaria funcionando em marcha lenta consumindo um mínimo de combustível, senão o motor morreria.

Alguém errei...

Como alertado pelo Daniel e pelo leitor Darci Neto, eu me esqueci que a injeção direta e alguns carburadores "eletrônicos" como o da YBR Factor, salvo engano, possuem o recurso de corte de combustível (fuel cut-off) que interrompe totalmente a alimentação de gasolina para o motor em desacelerações e uso do freio-motor.

Então os carros realmente consomem menos gasolina descendo a serra engrenados do que em uma "banguela" com o motor em marcha lenta porque o motor não está simplesmente em marcha lenta...

Ele estaria parado, totalmente inerte, se não estivesse sendo girado pelo arrasto do peso do carro ladeira abaixo — a alimentação de combustível retorna assim que o acelerador é pressionado.

Mas isso não muda o fato principal que abordei neste item da postagem:

Motos não podem rodar desengrenadas... 

Portanto a "dica" do especialista é totalmente injustificável e irrelevante em um "manual" para motociclistas economizarem combustível.

Então não mudo minha argumentação.

Esse site da petrobras é apenas mais um dos que se propõem a dar dicas para os iniciantes e que, curiosa e coincidentemente, propagam ideias enganosas que apenas dão prejuízo aos proprietários.

A quantidade dessas desinformações espalhadas pela "imprensa especializada" e por sites de "especialistas" e amadores que papagaiam esses erros na internet é assombrosa.

Os leigos desinformados a gente até entende o motivo de divulgarem informações errôneas — eles não têm base para contestar os absurdos que divulgam por aí.

Mas os "profissionais" da área?

Falando em nome de uma das empresas mais conceituadas em tecnologia de combustíveis e portanto motores do Brasil?

Eu pago, nós pagamos a pior gasolina das mais caras do mundo e em troca recebemos "serviços" como as "regrinhas fundamentais" desse "manual especial"?

Imperdoável.

Se a petrobras não fosse a empresa respeitável que é... hummm... melhor dizendo, que um dia fez propaganda que foi, eu teria a impressão de que o especialista da petrobras não entende muitas coisas básicas do assunto para o qual foi contratado para falar a respeito. 

Será que foi algum político indicado/nomeado para o cargo de chefia que pediu para alguém que nunca andou de moto fazer esse texto para o site da petrobras?   

Um abraço aos leitores do blog,

Jeff