quarta-feira, 26 de março de 2014

Blog de férias

Pessoal, estou tirando férias por uns 10 dias, então não haverá postagens minhas nesse tempo.

Não consegui preparar matérias para deixar de prontidão, quem sabe na volta eu traga um monte de coisas novas.


Depois da cirurgia do câmbio, vou aproveitar para colocar a Jezebel pra rodar em uma estradinha desconhecida e cheia de curvas...

Sem relógio e sem GPS, como deve ser. Afinal, se perder no caminho faz parte da aventura (e da minha tradição).

Até a volta, se Deus quiser!

E se eu lembrar de levar o mapa...

Na volta eu conto como foi a experiência. Ou não.

Um abraço,

Jeff
PS: O Histórias da Pré-história segue normalmente com as postagens pré-programadas.

terça-feira, 25 de março de 2014

São João, São João

Uma postagem que venho adiando há tempos é sobre a conveniência ou não de fechar a torneirinha do combustível quando a moto não estiver em uso.

http://www.bloguito.com.br/por-que-acendemos-a-fogueira-no-sao-joao
Todos os fabricantes recomendam que você feche o registro de gasolina depois de desligar o motor, e há um bom motivo para isso:

Impedir o vazamento de gasolina no caso de encantamento da boia (quando ela trava e não fecha a entrada de combustível no carburador, aí começa a vazar gasolina pela mangueirinha do ladrão).

Uma poça de combustível debaixo da moto pode dar origem a um incêndio, e isso não é bom. Não mesmo.

Na minha primeira moto, eu não descuidava de fechar a torneirinha todas as vezes. E vivia tendo problema de encantamento da boia e entupimento dos giclês do carburador.

Na minha segunda moto, quase três décadas depois, vivia esquecendo de fechar o registro, até que relaxei e não fechei mais, afinal nesta moto nunca tive um problema de vazamento de gasolina pelo ladrão por esse motivo.

O que mudou de uma moto para outra?

Sempre usei filtrinho adicional entre o tanque e o carburador nas duas motos, esse não foi um fator.

Sempre procurei manter as motos no cavalete central durante a noite, então isso também não influiu.

Sempre usei gasolina aditivada, que impede a formação de borra no carburador. Isso é muito importante, mas não é fundamental. 

Restou o óbvio: 

A principal causa de problemas no carburador é fechar o registro de gasolina durante a noite.

Motivo:

Com a torneirinha fechada, o combustível da cuba do carburador se evapora e não é reposto. A parte volátil vai embora e o que sobra forma uma borra.

Essa borra atua como uma cola, imobilizando a válvula da boia e entupindo os giclês. 

Manter o registro de combustível sempre aberto elimina a formação de borra, contribuindo para manter o carburador limpo e funcionando bem por muito mais tempo.

Quando estaciono a moto por períodos prolongados, sempre a deixo no cavalete central e verifico se não está vazando gasolina pelo ladrão.

São mais de três anos e até agora não tenho do que reclamar, nunca precisei mandar limpar o carburador, nunca precisei sequer mandar regular.

O motivo?

Sempre uso gasolina aditivada. 

Tem muito "entendido" na internet dizendo que moto comum não pode usar gasolina aditivada porque é o que está escrito no manual do proprietário.

Não seja trouxa! 

O fabricante diz isso porque se ele fizer a besteira de dizer que a moto roda muito melhor com gasolina aditivada, o povão vai dizer que "essa moto dá muita despesa" e "essa moto não presta porque não pode rodar com gasolina comum". 

Além disso, as concessionárias precisam que você retorne periodicamente para serviços, é o ganha-pão deles. E a limpeza do carburador é um dos serviços que leva clientes à oficina regularmente.

E os fabricantes não querem ser processados se amanhã sua moto vazar gasolina e o pessoal começar a dançar quadrilha e assar batata-doce em volta dela.

Nem eu. 

Então faça de conta que você nunca leu esta postagem e decida o que você prefere fazer por sua conta e risco.

E não me convide para festa de São João.

Um abraço,

Jeff

domingo, 23 de março de 2014

Triciclo não é moto e quadriciclo não é carro

Hoje muita gente que nunca andou de moto na juventude começa a ver as motos com outros olhos. 

Quem não quer se arriscar em duas rodas opta pelas três rodas dos triciclos, achando que terá mais segurança.

E quem quer ficar absolutamente seguro, opta pelas quatro rodas dos quadriciclos.

É aí que está o grande engano.


Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/03/em-test-drive-idoso-atropela-homem-com-triciclo-e-invade-loja.html

Veículos de três ou quatro rodas apresentam diferenças de direção/pilotagem enormes em relação a carros ou motos; não pense que é só sentar e sair acelerando, não é não.

Triciclos de tração dianteira e quadriciclos exigem muito mais deslocamento do corpo para poder fazer curvas. Você tem que fazer muito mais força para deslocar pesos maiores. 

O que é instintivo numa moto para quem já andou de bicicleta é totalmente diferente com motos de três ou quatro rodas.

E os motores dessas máquinas são muito mais potentes em relação ao peso do que os carros: as acelerações são intensas como a maior parte dos motoristas nunca experimentou na vida, daí acidentes como o acima.


 Reportagem: http://sobremotos.solupress.com/sobremotos/news/article.asp?articleid=5604

Apesar da ínfima quantidade de triciclos de tração dianteira ou traseira rodando por aí, há uma quantidade significativa de acidentes.

Uma terceira roda dá uma falsa sensação de segurança; a pista molhada é traiçoeira com qualquer número de rodas, os motoristas de carretas que o digam.

Quadriciclos são veículos de grande distância do solo, usam pneus de baixa pressão muito aderentes e capotam com mais facilidade do que carros. E não têm proteção no teto, ele capota em cima de você e quebra seu pescoço.


Reportagem: http://newstalkkgvo.com/victor-man-dies-in-4th-of-july-atv-accident-audio/

Quadriciclos para uso fora de estrada podem capotar somente por passar em ângulo por cima de um trecho pavimentado. Está no manual do proprietário, aquele que ninguém lê.

E têm um risco muito maior do que as motos:

Na hora da arrancada, eles podem empinar e te jogar de cabeça no chão. 

OK, motos também fazem isso, mas você tem as pedaleiras para se firmar. Os quadriciclos só têm plataformas para o apoio dos pés, igual nos scooters.

Levantou, soltou do guidão, já era, cabeção foi pro chão. Sem capacete, é fatal. Com capacete, grave risco de lesão no pescoço, com sorte paraplegia.

A pilotagem de quadriciclos também é proibida para menores de 16 anos lá fora e 18 anos aqui. E não podem transportar garupa. Mesmo assim...


Imagem: http://weknowmemes.com/2012/09/perfectly-timed-atv-accident/

Por dever de ofício, sou obrigado a ler manuais de proprietário de todos os tipos, e o capítulo de segurança de pilotagem para quadriciclos é uma das coisas mais longas que já li em todos esses anos trabalhando nessa indústria vital.

Infelizmente, poucos se dão a esse trabalho antes de sair pilotando.

Outro veículo que transmite uma falsa sensação de segurança é o triciclo clássico, aquele dos anos 70.


À venda no mercado livre, pouco rodado e bom preço: http://moto.mercadolivre.com.br/MLB-545175312-triciclo-by-cristo-2002-motor-1600-ar-dupla-som-cd-_JM

Na hora que você precisa fazer uma curva fechada e gira o guidão, a rodinha de moto lá na frente não consegue mudar a trajetória do meio carro atrás dela.

A rodinha de moto lá na frente começa a deslizar e quicar no asfalto e o triciclo segue em linha reta, você vai para a contramão sem nenhum controle do veículo. 

E não pense que triciclos não capotam, isso é ilusão.


Reportagem: http://www.tocnoticias.com.br/ler_noticia03.php?idnoticia=130

Capotam sim, e não oferecem a proteção de um teto para proteger sua cabeça e pescoço.

Motos não são os veículos mais seguros do mundo, mas pelo menos não passam a falsa imagem de bonzinhos como os triciclos e quadriciclos.

Motocicletas são meninas más, e o bom é que a gente nunca se esquece disso. 

Já os iludidos que acham que triciclos e quadriciclos são seguros... se descuidem, pra ver o que acontece.

Um abraço,

Jeff
PS: 
Aviso aos donos de triciclos que reclamam desta postagem:

Não sei em que contexto vocês estão lendo esta postagem, se dentro do meu blog ou se alguém destacou a postagem no facebook ou outra rede social.


Meu blog se chama Minha Primeira Moto. Nele há mais de 400 postagens, a grande maioria delas alertando sobre os riscos de se pilotar uma moto.


Curiosamente, ninguém reclama do fato de eu falar que motos são inseguras.


Alertar sobre os riscos do veículo não vai impedir quem realmente deseja ter uma moto.


O mesmo vale para quem realmente deseja ter um triciclo ou quadriciclo.


Quando quiserem fazer uma crítica, usem argumentos  inteligentes defendendo seu ponto de vista, e não ataques pessoais infantis do tipo:


"quanto aos textos acima, provavelmente a pessoa que escreveu tem uma harley de garagem com uma flanelinha, anda fds e se considera o biker".


Minha resposta a esse tipo de comentário é: leiam a postagem Julho não poderia ter começado melhor. É uma das postagens que me deu o maior prazer de escrever. 


Sobre minha experiência com triciclos, realmente não pilotei nenhum. Mas convivi com meu primo quase da mesma idade que era proprietário e rodava muito nos anos 70 e 80; ele me contou muitas histórias de suas aventuras. Não sou um desconhecedor total do assunto como os críticos acham em suas cabeças.


Não retiro uma vírgula do texto publicado. Alertar sobre os possíveis riscos apenas fará com que os compradores de triciclos e quadriciclos fiquem alertas e evitem uma pilotagem insegura. Esse é o propósito de meu blog.


Fazer o que vocês proprietários de triciclos estão fazendo, afirmar que eles são absolutamente seguros, somente terá o efeito de fazer com que os usuários se descuidem dos riscos. Isso vai contra a proposta do meu blog, que é alertar os novatos para que não se envolvam em acidentes possivelmente fatais.


O fato de vocês nunca terem tido problema com os seus triciclos, seja por praticarem uma pilotagem segura ou por terem adquirido triciclos melhor construídos do que a média que roda por aí, não muda os fatos relatados e ilustrados na postagem.


Minha consciência fica tranquila quando alerto as pessoas, e minha alma fica feliz quando volta e meia alguém agradece no blog por uma dica que os livrou de um acidente ou pane mecânica.


Meus comentários sobre triciclos e quadriciclos não contribuirão para que alguém se descuide na pilotagem. Os seus... deixa pra lá.


Realmente não entendo as críticas pessoais contra mim, falar o que não sabem a respeito do autor; se fossem argumentos inteligentes a respeito da ideia e não da pessoa, seriam discutidos e todos sairiam ganhando conhecimento.


Mas criticar uma pessoa sem saber nada a seu respeito, falando bobagens como essas... "proprietário de HD de fim de semana, flanelinha, mentira"... fica feio para vocês, não para mim.


PS2: 
Aliás, vocês não precisam acreditar em mim; se não recearem serem processados por ele, chamem de mentiroso e flanelinha o autor dessa frase aqui:


"A tração da roda dianteira [de triciclos] é comprometida em curvas." 

"Você deve conduzir mais devagar em uma curva do que faria com uma moto normal, porque ao contrário de um veículo de duas rodas que se inclina e, portanto, quase sempre tem a roda dianteira alinhada com o corpo da moto, um veículo de três rodas deve ser dirigido realmente esterçando-se a roda." 

"Assim, a inércia da moto está constantemente tentando endireitar a roda, ou sobrepujá-la. Em velocidades semelhantes, o veículo de três rodas vai perder a tração da roda dianteira mais cedo do que um veículo de duas rodas.”

Por James R. Davis
Consultor e Palestrante sobre Segurança para Motocicletas de Houston, Texas, EUA
44 anos de experiência em pilotagem, mais de 800 mil km rodados 

Motorcycle Tips & Techniques
Motorcycle Safety/Dynamics
Motorcycle Safety Group

Referências:
http://www.msgroup.org/Expert.aspx
http://www.msgroup.org/Tip.aspx?Num=051

PS 3:
Caro Valmir Navarro,

Se ter um triciclo é o que você deseja, não desista de seu sonho. Apenas faça o que sempre recomendo para quem compra uma moto:


Conheça o comportamento de seu veículo, escolha um local sem trânsito, amplo e seguro para praticar técnicas de frenagem e curvas, como se fosse um treinamento, até aprender como seu triciclo se comportará nas situações de emergência. 


Sabendo de antemão como ele agirá, você terá plena condição de evitar situações potencialmente perigosas no trânsito real.


Motos são muito mais inseguras do que carros, tenho um blog inteiro sobre isso, e nem me passa pela cabeça a ideia de abrir mão dela.


Realize seu sonho, seja prudente (com um triciclo, um carro ou uma moto) e seja feliz.


Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 21 de março de 2014

Área de segurança

Por lei, nós motociclistas temos direito a um espaço equivalente ao de um carro para nosso deslocamento.

Ué, mas a moto é pequena, para quê tanto espaço?


Imagem: http://motoboymaluco.blogspot.com.br/2011/07/motoboy-vs-lei-de-transito.html

Não é exagero não!

Este espaço livre assegurado ao seu redor se destina às manobras de emergência típicas das motocicletas, como ser obrigado a desviar de uma cratera que aparece de repente na sua frente.

Se duas motos ocuparem esse espaço, um derrubará o outro.



Imagem: http://www.indomotorcycle.com/2011/02/royal-enfield-classic-chrome-and-bullet-500/royal_enfield_classic_chrome_05/

Reserve mentalmente esse espaço à sua volta, é o mínimo necessário para poder desviar de obstáculos na certeza de não esbarrar em ninguém... 

Quer dizer, se não aparecer um manezão do seu lado... aí deixe ele ir embora e fique na sua vaga virtual, sempre controlando a aproximação de outros manezões. 

Manezão abunda.

O mesmo critério também deveria servir de parâmetro para o motociclista fazer a ultrapassagem: imagine que sua moto tem o tamanho de um carro (um caminhão, se você é harleyro ;).

Preferencialmente, mantenha-se um pouco à direita a fim de bloquear a passagem do manezão apressado, aquele que te ultrapassa pela direita e te fecha para ir procurar o corredor à esquerda.

Imagem: Adaptação de http://www.indomotorcycle.com/2011/02/royal-enfield-classic-chrome-and-bullet-500/royal_enfield_classic_chrome_05/

Se acontecer algum enrosco com o cara de moto te ultrapassando, você terá um espaço livre para não se envolver no acidente.

Essas atitudes evitam riscos como este:  


Reportagem: http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2014/03/acidente-entre-moto-e-carro-deixa-dois-mortos-em-rodovia-de-jau.html

Para sua própria segurança, reconheça que depois dos pedestres e ciclistas, você é a parte mais vulnerável do trânsito e proteja-se de acordo.

Não abuse em andar colado nos carros, não se arrisque em ultrapassagens com pouco espaço, não dê chance para o azar.

Basta um pequeno enrosco para acabar com sua alegria de viver.

Para sempre.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 20 de março de 2014

Na dúvida, acelere. Ou não.

Há um jurássico velho clássico ditado motociclístico: 

Na dúvida, acelere.


http://www.animationartwork.com/artwork/wile_e._coyote_art.sku5074

Manobrando em baixa velocidade, se pintar aquela dúvida básica se você irá para o chão ou não, acelerar a moto permitirá recuperar o equilíbrio. 

Isso é verdade: A moto fica mais estável devido ao efeito giroscópico das rodas. 

Ao ganhar velocidade, as forças atuantes sobre o pneu tendem a levantar a moto vertical e, uma vez colocada na vertical, ela oferece resistência a se inclinar enquanto você mantiver velocidade suficiente.

Então, naquela situação em que você está fazendo uma conversão ou manobra em baixa velocidade e começa a pintar a dúvida se conseguirá manter o equilíbrio, a melhor saída é acelerar para recuperar o equilíbrio da moto.

Note que acelerar não quer dizer desembestar.

Esse ditado acabou sendo interpretado para todas as situações, inclusive aquela de quem está na dúvida se vai conseguir ou não se livrar de uma encrenca.

Isso é questionável.

O fato é que acelerar terá uma reação mais rápida e com melhor controle da moto do que frear.

No vídeo do acidente de anteontem, certamente desviar e enrolar o cabo do acelerador seria a única coisa a ser feita. 

No entanto, eu consigo imaginar algumas situações onde acelerar não será a melhor saída de uma encrenca.

Então, o melhor conselho sempre será: seja prudente.

É melhor não precisar recorrer a saídas de emergência, elas podem dar errado.

Muito errado.

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 19 de março de 2014

O que podemos aprender com o vídeo de ontem?

Passado o impacto emocional do filme de ontem, podemos usá-lo para tirar algumas lições que podem ser muito úteis no futuro.

Para quem não viu, parece que o vídeo foi removido do G1, mas encontrei no youtube neste link aqui.


Primeiro, o que causou a perda de controle do carro?


Ele se lançou em uma ultrapassagem sem ter noção exata do que teria pela frente.


Ele viu só a traseira e não percebeu que não era uma carreta comum, mas um bitrem, olha só que coisa:



t = 8 segundos
O motorista deveria ter recolhido ao ver que a ultrapassagem seria mais demorada do que o previsto, mas ele contou com a potência do motor.

Ele conseguiu ultrapassar o bitrem, mas foi obrigado a retornar para sua pista bruscamente para não colidir com o SUV que ia à frente da moto.


Para não sair da pista pelo lado acostamento, corrigiu excessivamente e perdeu o controle, vindo para a contramão.


Então o motorista não teve culpa?


Claro que teve. Mesmo que a placa de comprimento longo 30 metros tivesse caído, ele já havia ultrapassado outro bitrem, que só aparece aos 10 segundos no vídeo.



t = 10 segundos
Então ele tinha ciência de que veículos mais longos que o normal estavam se deslocando naquela estrada e deveria ter tido cautela.

Segundo o depoimento do motociclista, o carro teria ultrapassado os dois bitrens em uma única arrancada para não ficar preso entre os dois, mas o filme não consegue registrar isso e existe a possibilidade de ser apenas sua interpretação para o acidente.

O fato é que ninguém pode se lançar numa ultrapassagem dessa maneira, dando chance para o azar, nem que fosse um único caminhão ou bitrem.

Os motoristas dos bitrens fugiram da cena do acidente?

Os dois bitrens provavelmente eram de uma mesma empresa e seguiram viagem, sem parar para prestar socorro.

A carreta que vemos parada no acostamento vinha atrás dos dois bitrens.

Apesar de não terem feito nada para causar este acidente, tecnicamente eles abandonaram o local sim. 

Eles possivelmente consideraram que, não sendo causadores do acidente (e realmente não foram), nada poderiam fazer (mas poderiam telefonar para as autoridades) e estariam se envolvendo em um processo demorado e sem certeza do prevalecimento da Justiça (isso aqui é Brasil).

Seria difícil provar sua isenção de culpa apenas com depoimentos registrados em BO. Nós nunca saberíamos o que realmente ocorreu se não fosse a filmagem, e nem o juiz. 

De qualquer forma, ao testemunhar um acidente, é obrigação de todo motorista parar para prestar socorro. 

É o que diz a lei.

O motorista não viu o SUV vindo contra ele?

Viu sim, mas não conseguiu calcular corretamente o tempo necessário para fazer a ultrapassagem do bitrem.


Ele não considerou uma margem de segurança para voltar em condição controlada para sua pista.


Temos uma dificuldade natural para considerar a distância de uma ultrapassagem, e uma dificuldade ainda maior para avaliar a velocidade de veículos em sentido contrário e jogar esses fatores na mesma equação, o cérebro não tem capacidade de processamento para tanta informação em tão pouco tempo. 

Estas postagens comentam exatamente esse tipo de situação: 


O que salvou a vida do motociclista e garupa?

O piloto estava no lado esquerdo da faixa e teve reflexo de desviar a moto pela distância exata suficiente para se livrar do impacto.

O lado esquerdo é o preferido de 12 em cada 10 motociclistas, mas se ele não tivesse desviado, a colisão seria frontal e fatal.

Se ele já estivesse no lado direito da faixa, a filmagem não teria sido tão sensacional, e o susto não seria tão grande. 

Em rodovias de mão dupla, eu prefiro viajar o mais afastado possível do fluxo em sentido oposto para ter um tempo extra para escapar desse tipo de encrenca.

Ir pelo lado direito da faixa ainda te dá a alternativa de ir para o acostamento ou, na pior das hipóteses, ter um contato com a natureza na beira da estrada. 

São três vantagens que o lado esquerdo da pista não te proporciona. 

Se o piloto não tivesse sido ninja, talvez não sobrasse nem a câmera para contar a história. 

As pessoas no acostamento, inclusive o piloto e o garupa, poderiam ter sido atropelados.

Em um acidente, a atenção está voltada para as ferragens e as vítimas.

Motoristas reduzindo a velocidade para ver o que está acontecendo podem causar um engavetamento com carros se esparramando para o acostamento e atropelando os circunstantes.

Muitos socorristas profissionais já foram vitimados dessa maneira; se você não puder ajudar, não fique por perto. 

Você será mais útil correndo uns 200 metros antes do acidente para sinalizar a necessidade de reduzir a velocidade para os outros motoristas, sem colocar sua vida em risco.

Por que sinalizar de tão longe? 200 metros não é exagero?

Porque os motoristas precisam de tempo para te ver, entender seus sinais e reagir. 

Um carro a 100 km/h percorre quase 30 metros por segundo. Se ele levar 2 segundos para entender e agir, e 1 segundo para frear, ele terá desperdiçado 90 metros e vai se estabacar na fila de carros quase parados olhando o acidente e tentando não atropelar os curiosos.

Acredite, mesmo sinalizando o perigo à frente, ainda terá um sem noção que não reagirá e causará outro acidente.

Já vi muita coisa nesta vida.

A última lição que o vídeo nos ensina:

Difícil achar um motociclista que saiba regular os espelhos da moto.

Os espelhos estão muito fechados, permitindo ver a traseira da própria moto. 

Essa regulagem permite ver os veículos atrás da moto, mas o perigo maior não vem por trás (epa!), mas sim de quem está te ultrapassando, na diagonal do ponto cego que essa regulagem proporciona.

Claro que é bom saber se tem um caminhão muito perto de você, mas os espelhos mais abertos enquadrariam um carro ou uma moto ultrapassando o caminhão atrás de você.

Essa é uma situação muito mais perigosa, porque se ele precisar jogar o carro para cima de você por uma ultrapassagem mal calculada, tenha certeza de que ele o fará.

Espelhos abertos também permitirão ver quem está atrás de você, basta dar uma jogada rápida de cabeça para um lado ou outro. Isso também ajuda a destravar o pescoço em viagens longas.

A posição mais aberta dos espelhos também facilita ver se a área ao lado e atrás está livre para você sair para uma ultrapassagem, mas atenção:

Nunca dispense aquela olhadinha rápida por cima do ombro para conferir se ninguém ficou oculto no ponto cego!

O espelho aberto te mostrará um veículo próximo, mas não alguém em velocidade superior ao permitido cortando todo mundo.

Era isso, acho que eu disse tudo.

Um abraço,

Jeff 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Outra Cristiane não voltará para casa hoje

Aconteceu de novo, e mais uma vez nas curvinhas em sequência aqui do bairro.

Duas motos se chocaram de frente no "corredor" entre as pistas.

Estavam lá o motociclista sendo atendido pelos Bombeiros e a menina sendo atendida pelo SAMU.


Imagem: http://www.guaranoticias.com.br/noticias/ler/id/15517/colisao-entre-duas-motos-deixa-um-adolescente-morto-em-prudentopolis


Por que esses acidentes são tão frequentes?

Neste caso de hoje, segundo as testemunhas, ambos saíram para as respectivas ultrapassagens ao mesmo tempo e deram de frente um com o outro.

Os dois vão sobreviver, a menina aparentemente não terá sequelas, mas o motoqueiro ganhou uma fratura exposta no joelho, terá de fazer cirurgia e talvez nunca mais possa dobrar a perna; dificilmente poderá voltar a pilotar.

Esse acidente aconteceu por falha simultânea, mas na maioria dos casos, de um lado está um motociclista experiente com bom domínio da moto do outro está alguém que acabou de tirar a carta. 

Um deles (ou ambos) desrespeita(m) as leis de trânsito, mais provavelmente o motociclista mais experiente.

O desastre ocorre no momento em que esse piloto mais experiente, que consegue fazer manobras rápidas com perfeito controle da moto, se acha no direito de fazer uma ultrapassagem invadindo a contramão, contando que os outros motociclistas em sentido oposto terão o mesmo grau de habilidade e prontidão para desviar dele.

Quando esse motociclista experiente se depara com alguém que ainda não tem muito jogo de cintura e que congela diante de uma situação de pânico, ele acaba causando um acidente.

E se sobreviver, ainda dirá que a culpa foi de quem viu ele vindo e não desviou dele.

Isso se chama IMBECILIDADE, não tem outro nome.

Ninguém tem o direito de invadir a pista oposta e esperar que os outros desviem.

Para não ser envolvido(a) nesse tipo de acidente, use uma regra básica:

Sempre considere que os motociclistas da pista oposta poderão tentar ocupar o espaço vazio que você está cobiçando. É o "pote de mel", cuidado com ele.  

Evite ultrapassagens em locais de risco, o tempo que você ganha fazendo isso é mínimo e a perda de tempo em caso de acidente será muito maior.

Procure manter sempre o lado direito da faixa que você ocupa para evitar ficar no caminho dos apressadinhos.

Ficar do lado direito também impede que os apressadinhos trafegando na mesma direção que você te cortem pela direita para em seguida te fecharem a caminho do "corredor".

Se todos seguissem as regras de trânsito, não aconteceriam tantos acidentes.

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 14 de março de 2014

Minha moto fica dançando em baixa velocidade

Nota:
Esta postagem aborda o domínio da moto. Para problemas mecânicos, veja a postagem Minha moto está dançando.

Você está em um congestionamento e tem dificuldade em controlar sua moto em baixa velocidade, ela fica caindo para lá e para cá, te obrigando a manter os pés próximos ao chão para evitar um tombo?

Não consegue manter a estabilidade da moto, ora ela vai para um lado e ora ela vai para o outro?

Você fica borboleteando no meio do trânsito, arriscando ralar os carros e se enroscar nas outras motos?


Imagem: http://www.gcn.net.br/noticia/238406/franca/2014/01/motoristas-ignoram-leis-e-fazem-barbeiragens-veja

Essa falta de domínio da moto em baixa velocidade é resolvida com um truque simples: 

Acelere mantendo o pé pressionando levemente o pedal do freio traseiro e controlando o avanço da moto na embreagem enquanto você estiver em baixa velocidade.

Com isso a roda traseira faz o papel de uma âncora, a moto ganha estabilidade em baixa velocidade e evita que você fique borboleteando e precise tirar os pés das pedaleiras com a moto ainda em movimento.

Para saber mais sobre isso, veja a postagem Dicas de pilotatem: equilíbrio em baixa velocidade do blog Old Dog Cycles.

Um abraço,

Jeff
PS: Para saber mais sobre o efeito giroscópico, clique no link da wikipedia.

quinta-feira, 13 de março de 2014

O que fazer ao avistar uma poça de óleo/areia/lama/folhas?

Se tiver alternativa, não passe por cima da poça de óleo/areia/lama/folhas.

Em uma situação como a retratada abaixo, a melhor solução teria sido ir para o acostamento antes de chegar à poça de óleo, reduzir a velocidade, seguir pelo acostamento e cruzá-la lentamente quando houvesse segurança.

Reportagem e imagem editada a partir de: http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2014/03/jovens-de-moto-escorregam-em-oleo-e-sao-atropeladas-por-veiculo.html  
--- AVISO: Apesar de pilota e garupa terem sobrevivido, a imagem completa pode ser chocante para pessoas sensíveis  

Infelizmente, pilota e garupa tentaram passar por cima da poça e foram atropeladas, torço por sua recuperação.

Avaliar as condições da pista e evitar as armadilhas é o que nos mantém vivos; não tenha medo de fazer o que for necessário, mesmo que isso implique em sair temporariamente da pista.

Muitas pessoas têm dificuldade de alterar trajetos em função da necessidade. Vacilar na hora de tomar uma decisão como essa pode ser a diferença entre um susto e o atropelamento por um caminhão.

Mas se não tiver jeito, e você tiver que passar por cima da poça, o melhor é não fazer nada:

Não acelere, não freie, não desacelere, não desvie a moto da trajetória.


Não faça nada que prejudique o equilíbrio da moto, se concentre apenas em manter a situação atual. É sua melhor chance de atravessar o trecho escorregadio sem cair.


Mas e se não tiver jeito, se a poça estiver numa curva que você precisa fazer, senão irá para a contramão e será atropelado?

A melhor técnica de pilotagem para fazer uma curva em pista escorregadia é o simulacro do pêndulo.


O pêndulo é usado por pilotos em alta velocidade e aproveita a força centrífuga (que tende a jogar o piloto e a moto para fora da curva) para reforçar a tração, abaixando o centro de gravidade do conjunto moto/piloto.




No pêndulo, o piloto mantém a moto inclinada e desloca o corpo para dentro da curva.

Nessa situação, o corpo atua como um... pêndulo (dããã), deslocando para baixo e para dentro da curva o centro de gravidade do conjunto moto/piloto, o que facilita fazer a curva. 


Os pneus permanecem na posição de maior aderência, o peso do piloto ajuda a forçar a moto contra o asfalto e isso minimiza a tendência de os pneus escorregarem. 


Os pilotos de competição utilizam essa técnica de forma extrema, em velocidades extremas. Você já os viu centenas de vezes pendurados nas motos nas curvas.

Para conhecer mais sobre o pêndulo, leia a excelente matéria do mestre Geraldo Tite Simões.


Mas para atravessar um trecho de pista escorregadia você não estará em alta velocidade e não precisará assumir uma postura tão radical, não vai chegar nem perto de raspar o joelho no chão.


Bastará um simulacro de pêndulo, bastará deslocar a parte superior do seu corpo para o lado de dentro da curva que isso já te ajudará a contorná-la com pouca inclinação da moto.


Como tudo que se refere a motos, essa é uma técnica a ser treinada e muito treinada antes de ser colocada em prática, porque apresenta riscos.


Pratique e conheça as reações de sua moto para, quando chegar o momento no susto, seu corpo saber exatamente o que deve fazer para não cair.


Mas não fique entusiasmado em usar um simulacro da técnica usada por pilotos em circuitos para começar a fazer zoeira por aí.


Pilotos correm em circuitos com asfalto perfeito e áreas de escape. Tentar imitar as manobras radicais no asfalto cheio de imperfeições do mundo real é pedir para morrer.


Um abraço,


Jeff

quarta-feira, 12 de março de 2014

Ultrapassagem sem visibilidade

Não há justificativa no mundo para fazer uma ultrapassagem com neblina, ou em uma colina, ou em uma curva que não te permitam ver quem vem em sentido contrário.

A pressa de chegar ao trabalho pode resultar nisso:

É uma imagem forte para que você nunca se esqueça.

Com uma moto, a vida pode acabar muito rápido quando se toma uma decisão errada.

Sua única chance é ter prudência e não se atirar em situações onde você só tem a perder.

Ultrapassar sem ter visão do que vem na pista em sentido oposto é roleta-russa.

Com 6 balas na agulha.

Um abraço, e tenha juízo,

Jeff

terça-feira, 11 de março de 2014

Não consigo calibrar / encher o pneu

Você vai até o posto para calibrar os pneus e o calibrador sempre diz que a pressão está boa, o medidor nem dá sinal de vida?

A pressão do medidor não se altera quando você coloca o calibrador no pneu?


Seu pneu está muito vazio e o calibrador ignora? (Se for isso, vá direto para o fim da página.)

Em todos os calibradores de todos os postos acontece a mesma coisa?



Imagem: http://oglobo.globo.com/rio/bairros/aparelho-para-calibrar-pneus-esta-solto-em-posto-da-av-atlantica-4802842

E mesmo todos os calibradores dizendo que está tudo bem, o pneu da sua moto parece murcho e sua moto dança em linha reta?


Então aconteceu uma de três coisas:

1) Sua moto não gosta de você e quer te dar o maior prejuízo gastando muita gasolina ao impedir que você calibre o pneu; se bobear, ela quer até te dar um tombo.


2) Todos os calibradores de todos os postos estão com defeito.


3) A válvula do pneu da sua moto está com defeito.


Hummm... Mais provável que seja o primeiro ou o terceiro caso.

Se ela não gosta de você, aprenda a tratá-la melhor. Motos retribuem a atenção que damos a elas, e se vingam quando somos negligentes.

Se for a válvula do pneu, isso pode ocorrer porque ela tem um pistãozinho com mola que não deixa o ar sair, a menos que seja empurrado.



Imagem: http://en.wikipedia.org/wiki/Schrader_valve

O calibrador do posto de gasolina também tem uma peça igual que não deixa o ar sair da mangueira quando o calibrador não está em uso.

Quando você instala o calibrador no pneu, os pistõezinhos se empurram, liberando a passagem de ar da mangueira para o pneu.


Pode acontecer de o pistãozinho da válvula do seu pneu se entortar durante essa operação. Quando isso acontece, a válvula fica vazando um pouco de ar.


A tampinha da válvula minimiza esse vazamento permitindo rodar por alguns dias, mas aí você passa a ter esse problema de não conseguir calibrar o pneu em posto nenhum. 

Imagem: http://www.tire-information-world.com/valve-covers.html

A solução para isso é simples:

Se você for até uma concessionária, provavelmente vai ter de deixar a moto para pegar no dia seguinte e é muito provável que te troquem a câmara, o pneu, a roda e, se bobear, até a suspensão da sua moto.


Tô brincando, todo mundo sabe que a maioria das concessionárias não faz isso.  


Para solucionar o problema, basta trocar o pistãozinho com mola.


Mas onde você vai achar essa peça?


Em qualquer borracharia ou loja de pneus, até de mesmo de pneus para carros, esse pistãozinho é um componente universal.


Sabe quanto custa essa peça nessas lojas?


Um aperto de mão.


Na concessionária é capaz de te cobrarem pela mão de obra e pela peça. 


Tô brincando, todo mundo sabe que as concessionárias não fazem isso. 


Esse pistãozinho normalmente fica um pouco recuado para dentro do bico da válvula; caso ele esteja saliente, isso pode indicar que ele está se soltando e precisa ser reapertado antes que pule fora da válvula usando uma chave especial que todo borracheiro possui.


Nas rodas com pneu com câmara, também é importante reapertar periodicamente as contraporcas que fixam as válvulas nos aros usando uma das chaves fixas do seu jogo de ferramentas, normalmente de 14 mm.


Seu pneu está muito murcho / vazio e o calibrador ignora?


Isso acontece porque o procedimento de encher um pneu vazio é diferente do procedimento de calibrar.


O aparelho precisa ter uma contrapressão vindo do seu pneu para "saber" que deve executar sua função.

Então em vez de usar o botão normal, você precisará manter pressionado aquele outro botão com a figura de um pneu vazio. Ele enviará ar enquanto você apertar o botão.

Mantenha esse botão pressionado até o pneu ficar com aparência normal, e aí use o outro botão para calibrar com a pressão correta.

Mas se você exagerar, seu pneu poderá até explodir porque a máquina não "sabe" se está enchendo um pneu de moto ou de caminhão; enquanto o botão for pressionado, todo o ar do compressor do posto irá para dentro do seu pneu.

Para finalizar, nunca pilote sua moto sem instalar as tampinhas das válvulas.


A tampinha parece inútil, mas é ela que impede que o pistãozinho se solte e saia voando de lá de dentro. 

A humilde tampinha é um dos componentes de segurança mais importantes de sua moto por impedir que o pneu se esvazie de repente.


Um pneu murchando instantaneamente é tombo certo; impedindo essa situação, aquela tampinha à qual você não dá o menor valor é o seu anjo da guarda. 


Um abraço,

Jeff