sábado, 31 de maio de 2014

Dona honda, explica pra gente?

Dona honda, explica pra gente como é que pode uma moto simplona como a NX 400i Falcon...



Como é que essa moto peladona pode custar quase a mesma coisa que um TRX 420 FourTrax também fabricado pela honda?


Imagens: honda

Tanto a moto quanto o jipinho têm guidão e motor 400 com injeção eletrônica, mas as semelhanças acabam por aí.

Se a senhora reparar, dona honda, o seu jipinho tem 2 rodas a mais óóóbvio), bancão, um amortecedor a mais, dois para-lamas extras, mais dois discos e pinças de freio extras, bandejas de suspensão, carroceria, bagageiro dianteiro, bagageiro traseiro, grade dianteira, grandes plataformas para os pés, radiador, bomba de água, dois faróis, duas lanternas, marcha à ré, diferencial (uh, isso é bem caro), árvore de transmissão e semieixos, fora outros macetes, como um chassi muito mais complexo, pesado e reforçado.

Todas essas coisas a mais custam caro, dona honda. 

Bem caro, é só ver quanto estão pedindo no balcão de peças das suas concessionárias.

Só aqueles pneus muito mais borrachudos custam os olhos da cara. Mais de 400 reais cada um, pode pesquisar.

Então agora explica pra gente como é que pode esse jipinho custar quase o mesmo preço de uma moto de motor equivalente?

Porque a Falcon tem preço sugerido de quase 17 mil reais (é 16990), enquanto o TRX de tração em duas rodas tem preço sugerido de quase 19 mil (é 18990). 

Tudo isso a mais por uma diferença de apenas 2 mil reais, dona honda?

Das duas uma, dona honda:

Ou seu jipinho está muito barato, ou sua moto está absurdamente cara.

Considerando que seu jipinho custa quase o preço de um carro popular, oferecendo muito menos, ele não me parece estar fora da faixa de preço. Melhor dizendo, ele não está barato.

Mas então, dona honda, como é que pode uma moto com motor semelhante, e com tanta coisa a menos que o jipinho, como é que ela pode custar tão caro assim?

Será que o preço das motos vendidas pela senhora aqui no Brasil não está totalmente fora da realidade do mercado mundial, dona honda?

Pergunto isso porque lá na África e no resto do mundo a senhora vende motos equivalentes às nossas por menos da metade do preço.

Pelo preço que a NX 400 é vendida aqui, dá para comprar uma NC 700 no Canadá e ainda sobra troco:


Imagem: http://motorcycle.honda.ca/  

Nesta data, com o dólar canadense a R$ 2,07, os valores seriam R$15.523, R$18.627 e R$14.591, mais impostos aproximados de 7%.

Não quero acreditar que a senhora esteja querendo se aproveitar da liderança do mercado para impor motos a preços irreais para os brasileiros, né dona honda? 

Mas essa é a impressão que fica pra mim.

Ficaria muito feio para a senhora se alguém escancarasse essa política de preços absurda e contraditória fazendo uma comparação entre dois produtos similares de sua fabricação, tipo uma moto vendida por um preço absurdamente mais caro e um produto muito mais complicado e cheio de peças, como um jipinho.

Ops... 

Mas a culpa não é minha, dona honda. É a senhora que estabelece o preço e publica as informações, elas estão no seu site:


http://www.honda.com.br/motos/Paginas/trx-420-fourtrax.aspx

http://www.honda.com.br/motos/Paginas/NX400iFalcon.aspx

Dona honda, tome mais cuidado na hora de estabelecer sua política de preços para não ficar tão evidente que os preços de suas motos não têm a menor relação com o custo de produção. 

Esse tipo de contradição, quando flagrada escancaradamente, dá a impressão de que a senhora pratica o máximo preço que o mercado estiver disposto a se sacrificar para pagar, e isso pega muito mal para sua imagem.

Os clientes podem começar a ter consciência disso e deixar de aceitar essa prática abusiva.

Ou então, dona honda, se manque do quanto isso é ruim para sua imagem e comece a vender suas motos aqui no Brasil com a mesma margem de lucro decente e honesta que é utilizada em todo o resto do mundo, menos em nosso país.


Esse tipo de prática pega muito mal, dona honda. 

Jeff

Uma tragédia anunciada... e totalmente evitável

Estávamos o Daniel e eu em frente à padoca matinal das sextas-feiras quando encostou uma moto que chamou a atenção.


Imagem: Omiti a fonte porque o site me pareceu malicioso, diz que precisa instalar um programa para visualizar o conteúdo da página. Esse é um recurso muito usado para instalar vírus e cavalos de troia.

A corrente estava tão frouxa que se apoiava no cavalete central — podia estourar ou causar uma queda a qualquer momento.

O tensor estava dobrado, provavelmente para que a porca não se soltasse — impossibilitando qualquer ajuste.

Assim que o piloto voltou, o alertamos sobre a condição crítica da corrente.

Ele sabia, estava deixando para consertar depois do fim de semana.

Contei para ele do dia em que eu caí porque achava que conseguiria fazer mais 3 quilômetros, e não consegui, só não morri porque não vinha ninguém atrás — e olha que minha corrente estava muito melhor.

O rapaz (menos de 25 anos) disse que contava com a sorte e estava ciente dos riscos, há dois anos ele caiu na BR-101 a 100 km/h por causa da corrente solta. 

Diante dessa afirmação, só restou calar. 

Se alguém passa por uma dessas, sobrevive e não aprende a lição, não seremos nós a convencê-lo.

Nos despedimos, e ele foi embora com seus chinelos, viseira aberta, capacete desafivelado e a Dona M.... na garupa. 

Sinto muito pelo filho dele, vai ter uma vida difícil depois que o pai virar estatística.

É só questão de tempo.

Pouquíssimo tempo.

E esse é o destino de muitíssimos brasileirinhos e jovens ingênuos do mundo todo que não dão valor à própria vida.

Um abraço triste,

Jeff

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A importância de treinar a pilotagem fora do uso normal

Pensamos na moto como meio de transporte ou diversão, então só a ligamos para ir ao trabalho/escola ou para um passeio.

Esse é um grande erro.

A moto é um veículo que exige aprendizado e técnica para seu domínio, e dominá-la durante uma emergência pode ser a diferença entre ter uma ótima história para contar ou ir parar na UTI.

Se você não tiver esse nível de domínio da moto em baixa velocidade,
você não tem condições de sair pilotando no trânsito.
E digo isso para seu próprio bem.
Imagem e dica sobre cursos de pilotagem defensiva gratuitos da honda: http://www.minhamoto.info/2008/03/03/que-tal-um-curso-de-pilotagem-gratuito/

Reservar algumas manhãs de domingo para praticar controle da moto em baixa velocidade (slalom entre cones e em circuito fechado), frenagens de emergência, curvas fechadas e outras manobras, desenvolve equilíbrio e habilidades que serão fundamentais na hora em que aparecer um imprevisto.

Veja o depoimento do Vinícius:

Por isso que estou trabalhando no desgaste das pedaleiras (agora do cavalete) sempre que tenho uma boa oportunidade. Por vezes pratico também uma frenagem forte. Normalmente ando tranquilo, até porque frear forte toda hora gasta mais de tudo, mas o dia que precisar saberei como fazer.

Esse tipo de coisa me ajudou quando fomos te visitar, pois houve uma curva que a moto começou a quicar pra fora por causa dos buracos, o simples alívio do acelerador colocou ela no rumo novamente, se eu me desesperasse e freasse teria ido parar fora da pista.

Treinar a frenagem já me ajudou a não me esborrachar na traseira de um caminhão que se enfiou na esquerda a 40 por hora, em paradas repentinas e até mesmo naquele semáforo malandro que tem radar e muda do verde para o amarelo e vermelho em menos de dois segundos.

Praticar a pilotagem em condições extremas é importantíssimo para se safar de fechadas e outras armadilhas do trânsito.

Sempre digo e sempre insistirei nisso: tendo uma chance, faça um curso de pilotagem defensiva.

A maioria das dicas você já viu aqui neste blog. Mas sempre haverá a troca de experiências e histórias de outros pilotos.

Pode crer, quase todo mundo que participa desses cursos tem ótimas histórias de sobrevivência para contar.

Fim de semana está aí, aproveite para treinar. 

Faça algo diferente e que será muito bom para você.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Curiosidade mata

Olha só o que acontece quando se para na estrada para ver um acidente...



Quando acontecer um acidente, fique atento aos curiosos parando e diminuindo a velocidade, e aos pedestres atravessando a pista sem cuidado.

Mesmo que seja um carro capotado fora do acostamento na pista oposta, você não está livre do risco de alguém parar na sua frente para ver o acidente.

E se você também desviar sua atenção para o acidente, se arriscará a não olhar para frente e encher a lata do mané parado.

Bem, aí serão dois manés: 

Um que parou na pista e outro que nem viu um carro parado na sua frente.

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O cabo de embreagem/freio/acelerador da minha moto estourou...

O cabo de embreagem/freio/acelerador da minha moto estourou...

Ué, você esperava o quê? Que o cabo durasse para sempre?

Todos os cabos de sua moto estão sujeitos a desgaste, eles não são eternos.

Eles irão durar menos se você tiver a mão pesada, e mais se você for cuidadoso e fizer a lubrificação regular dos cabos.

Um dia eles irão se romper, e é por isso que você precisa inspecioná-los e trocá-los preventivamente a cada 20 ou 25 mil quilômetros — ou imediatamente, se estiverem desfiando.

Isso tudo está escrito no manual do proprietário, aquele que ninguém lê.

Um sintoma de cabos que irão se romper é o acionamento duro e pesado do manete. Isso pode estar ocorrendo por falta de lubrificação ou porque já tem algum filamento rompido.

Quanto maior o esforço sobre os cabos, mais cedo eles se romperão. Colocar óleo diminui o esforço e prolonga a vida útil, mas não torna o cabo imortal.

Uma hora ele vai começar a desfiar no encaixe do manete. 


Imagem: http://100cilindradas.wordpress.com/category/sem-categoria/sugestoes-e-reclamacoes/  Um blog interessante para ver os apuros típicos de um comprador de sua primeira moto.

Afaste essa capa de borracha, puxe a capa do cabo e verifique a condição do cabo de arame; se encontrar algum filamento solto/rompido, é sinal de que o cabo vai te deixar na mão logo, logo.

O procedimento é semelhante para os outros cabos. Trocá-los antes que estourem poupa muita dor de cabeça.

Principalmente se for o cabo do freio dianteiro... se ele estourar na hora em que você mais precisar dele, poderá ser muito, muito perigoso.

Fatal mesmo.

Um cabo é barato, nada justifica usá-lo até estourar. 

A menos que você goste de dor de cabeça.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 27 de maio de 2014

Tem problema usar uma câmara de ar maior que a original?

Nunca instale uma câmara de ar maior do que a medida original de seu pneu.

Ela não se encaixará direito, gerará atrito e calor, fazendo o ar se expandir (estufar), o que poderá causar a desagregação ou a explosão do pneu.

Dá uma lida no depoimento do Moacyr Teixeira, leitor deste blog:

Quase morro na descida da serra pra Santos, o abençoado da loja de motopeças resolveu colocar uma câmara aro 17 no pneu aro 16, ela estufou, colocou o pneu pra fora do aro, deslocou a corrente e quase morri, a sorte foi que ao ouvir o barulho da borracha batendo eu reduzi e quando parei a moto já estava com a corrente fora do lugar...

Tudo numa moto é feito para se encaixar com precisão, inclusive as câmaras de ar nos pneus.

Não respeitar isso pode ter resultados desastrosos.


Imagem meramente ilustrativa: http://portalbigtrails.com.br/forum/showthread.php/3237-Minhas-experiências-c-o-pneu-Mitas-E-07

O negócio do vendedor (e do borracheiro) é te vender uma câmara de ar nova, ele não tem noção do risco que representa colocar uma câmara maior do que o tamanho correto em uma moto.

Volta e meia eles fazem isso com carros e nunca ninguém voltou para reclamar — a diferença é que para um motorista, um problema como esse, quando aparece, é só um contratempo que nem vale a pena voltar lá para reclamar; mas fazer isso num pneu de moto pode te derrubar e te matar. 

Uma câmara de ar nova vem dobrada num pacote mais ou menos do tamanho de um estojo para óculos.

Uma boa ideia é sempre carregar uma câmara nova contigo, da medida certa para sua moto, a fim de evitar problemas como esse. 

Assim você não se arrisca a algum improviso da parte do borracheiro.

Pense nela como seu estepe.

E sua garantia de uma troca bem feita e confiável. 

Um abraço, e obrigado por acompanhar o blog, Moacyr!

Jeff

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O segredo de pilotar na lama

Um lance divertido da viagem da semana passada, daqueles que é impossível lembrar sem rir, ocorreu já em Braço do Norte, quando Jezebel e eu fomos ultrapassados por uma grande BMW trilheira.

Bonita a moto. A metade do lado esquerdo era vermelha e preta, e a metade do lado direito era bege argila. Mesma coisa o piloto.

Não pude conter a gargalhada quando imaginei a cena. Se já foi difícil levantar minha kansada naquele barro...


Já em Laguna, parei num posto para reabastecer o estômago e o frentista falou: 


— Tá vindo da Serra do Corvo Branco, né? Passou por aqui uma Varadero e uma BMW 1200, os dois caíram por lá.


— A BMW era vermelha?


— Era, mas só de um lado.


Nova gargalhada. 
Tem coisas que não têm preço.


Jezebel antes do banho.
A maior parte do barro caiu pela estrada, antes ela estava bem pior.

No posto de gasolina em Braço do Norte, tiveram que varrer o pátio...


Pelo menos, Jezebel e eu não caímos, só ela que deskansou um pouquinho. Mas só sujou o espelho e o alforje, achei mesmo que iria enlamear muito mais.

Não adianta você ter uma moto trilheira cheia de triquetriques se você não souber algumas dicas básicas sobre pilotagem na lama.

Aí vão alguns macetes que me ajudaram a atravessar o lamaçal da SC-370 sem chafurdar (muito) na lama:

Leia o terreno à frente e identifique as áreas mais lamacentas e as mais firmes, e trace uma estratégia antes de avançar. 

Procure o trilho mais recente deixado pelos carros. Será o trilho mais "seco" e "confiável". 

Não adianta tentar manter os pés nas pedaleiras. Melhor deixá-los próximos ao solo para equilibrar a moto. Não é estiloso, mas acredite, você terá de enfiar o pé na lama várias e várias vezes se não quiser cair.

Não obrigue a moto a seguir um caminho, não mantenha o guidão muito tenso. Deixe ela se desviar e encontrar o melhor caminho naturalmente. Brigar para mantê-la na trajetória será uma luta inglória. 

A moto encontrará sozinha o caminho de menor resistência se você não a atrapalhar. Só intervenha se a sua moto tiver tendências suicidas, tipo querer se atirar de um barranco ou se afogar num rio. 

Tome cuidado para que o escapamento e as partes baixas da moto não se atolem nos muros de lama na lateral do trilho.

Nunca ultrapassando 20 km/h, use apenas segunda ou terceira marcha, e controle a aceleração queimando a embreagem. 

Parece paradoxal, mas o uso de marchas mais altas diminui a intensidade da resposta da roda, a moto fica mais "fraca", responde menos ao acelerador, minimizando a dificuldade de controlar as acelerações.


Para atravessar uma poça de lama, o truque é passar com embalo suficiente para não parar ali dentro — s
e você parar, a roda irá patinar e será difícil sair. 

Se a moto chegar a parar e a roda patinar, firme os pés no chão e dê uns pulinhos enquanto controla na embreagem e acelera em segunda para sair do atoleiro — cuidado para que ela não saia derrapando para o lado! Não faça isso por muito tempo, senão o motor irá se superaquecer.


Não tenha medo de encarar poças de água. Tentar contorná-las poderá levá-lo para regiões de lama profunda muito mais perigosas para atolar a moto. 


Se atolar de vez, uma maneira de sair do atoleiro é desligar o motor, descer da moto e girá-la puxando pelo guidão e fazendo a frente pular. 


Um pulinho por vez, muitas e muitas vezes, você conseguirá inverter a direção. Será mais fácil sair por onde você entrou para procurar um novo trajeto.


Pare, desligue o motor e descanse de tempos em tempos. Muito cansado você não terá forças para segurar a moto, e o motor poderá esfriar um pouco.


Não esqueça que depois de atravessar um lamaçal, sua moto não terá freios enquanto o disco e o tambor não se limparem/secarem. 


Lubrifique a corrente para terminar a viagem, ela estará completamente seca de lubrificante. 


E lave a moto assim que tiver oportunidade, seguida de uma lubrificação geral e reaperto de todos os parafusos. Caminhos ruins afrouxam parafusos com ainda maior facilidade.


Opa, eu ia esquecendo justamente o segredo fundamental para não cair na lama:

Você precisa contar com muita sorte. Sem ela, nada feito.

Espero que você nunca precise usar essas dicas. 


Se descer a Serra do Corvo Branco, vá somente até o início das obras e dê meia volta. 

Da próxima vez, Jezebel e eu faremos isso. 

Ou não...

Um abraço,

Jeff

domingo, 25 de maio de 2014

Bilotage co rebédios

Atualice seu aitibírus, porque estou co uba gribe dabada.



E isso be deu idea bara a bostage de hoje:

Rebédios que iflueiciao a bilotage.

Alguus rebédios alterao sua cabacidade de bilotar, dibiduindo seus reflexos e facilitaodo você begar no sonooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

Ops, foi bau.

Tobei u desses que be deixou dorbido de sábado até às 15 horas da maiã de dobigo...

Nao é u bo bobento bara sair bilotando nessas codiçoes.

Outros rebédios causao berda bobeitania de cosciêicia.

Eu sei porque uba vez bassei direto por dois trevos que brecisava begar ei uba estrada subercoeicida.

Siblesbeite abaguei e fui ei freite, só vui berceber buitos quilôbetros depois.

Eitao, a belhor coisa a fazer quado tobar rebedios que digao evite oberar báquinas berigosas, fique de molho debaixo de u cobertor queitio.

A boto é uba das báquinas bais berigosas que você bode oberar nessas codiçoes.

U abraço,

Jeff

sábado, 24 de maio de 2014

O lado sujo da pista

Sempre evite o lado sujo da pista.

Curvas, alças de acesso e a proximidade de sarjetas — onde a pista é mais baixa — tendem a acumular poeira e outros detritos.

Passar por ali fazendo uma curva é pedir para cair:


Imagem e reportagem: Marcelo Cseh http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2014/05/analista-flagra-queda-de-motociclista-em-alca-com-sujeira-no-asfalto-video.html

Assista ao vídeo e veja o motociclista cair com o acúmulo de poeira seca na curva.

Mesmo seca, essa sujeira já é suficiente para que a roda dianteira derrape em direção ao lado mais baixo da pista.

E basta uma pequena chuva para que essa mistura de poeira e pó de pneu vire um sabão capaz de derrubar até pensamento.

Sempre evite o lado sujo da pista e também as faixas pintadas no asfalto, se estiverem molhadas. Essas últimas geralmente não têm atrito suficiente e podem fazer você cair se frear sobre elas.

Algumas delas podem te surpreender até mesmo secas, então o negócio é não arriscar.


Desviar de lombadas passando junto à sarjeta é outra armadilha. 

Além da sujeira que pode te derrubar, e da sarjeta que pode te desequilibrar, sempre há preguinhos e outros objetos capazes de furar o pneu da moto.

Um abraço,


Jeff

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Responsabilidade sobre duas rodas

Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/ceara/noticia/2014/05/onibus-tomba-em-rodovia-e-deixa-mortos-e-feridos-no-ceara.html

18 pessoas que estavam neste ônibus morreram.

Segundo o motorista, ele foi obrigado a desviar de um motociclista que freou de repente, aparentemente sem motivo.

Ao pilotar uma moto, você assume a responsabilidade de não causar acidentes. 

Frear repentinamente na frente de um ônibus geralmente termina com uma única fatalidade, no máximo duas: piloto e garupa.

Neste caso, o piloto saiu ileso, mas 18 pessoas morreram.


Considere todos os riscos ao tomar uma decisão que mude a trajetória ou a atitude de sua moto. 


Adiar uma manobra pode ser a coisa mais prudente a se fazer quando um veículo pesado estiver atrás de você.


Sua moto pode parar em pequenas distâncias, mas isso é impossível para caminhões e ônibus.

É mais provável que seguir este conselho salve sua vida e a de sua garupa, do que a vida dos ocupantes de algum ônibus.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Mais uma briga que não valeu a pena.

Olá meus amigos.

Há quanto tempo não apareço por aqui.


Hoje estou de saco cheio, empurrei tudo pra amanhã e vim aqui bater um papo com vocês.


Já havia escrito sobre briga de trânsito, citei alguns casos e hoje tropecei em outro: 



Não quero entrar no mérito de quem é o mais errado dessa situação, quero apenas focar em um ponto:
 

O que ambos ganharam com isso?

O motorista irá responder processo, o condutor da moto, sabe-se lá o que aconteceu com ele.

Eu sei que é tenso quando jogam o carro em cima, muitas vezes na mais pura maldade, mas nunca se sabe quem é que está atrás do volante, pode ser um carro roubado, não há como saber.

Da mesma forma, pode não ter sido proposital.

E também sei que é tenso quando um motoqueiro quebra algo que você lutou tanto para ter.

Já presenciei motoqueiro nervosinho ameaçando chutar um carro simplesmente por achar que ele deveria dar mais espaço, eu que vinha logo atrás xinguei aos montes, primeiro pelo ato em si, segundo pelo simples fato de saber que somos "convidados" naquele espaço.


É claro que isso não justifica a violência, mas é preciso entender que estamos errados passando entre os carros a menos que estejam parados, e mesmo assim, ninguém tem obrigação de andar com uma roda fora da pista para nosso conforto.

Não faz muito tempo que bati em um espelho, calculei mal e virei um espelho do avesso, simplesmente parei, me desculpei e me prontifiquei a pagar pelo estrago, no fim a proprietária não quis que eu pagasse, mas é assim que a coisa funciona, você tem que assumir teus erros.


E mesmo quando não estamos errados, não vale a pena brigar, principalmente quando se é o mais vulnerável.
Vinícius

quarta-feira, 21 de maio de 2014

A paisagem fantástica e a estrada fantasma

Saindo do Morro da Igreja, e com o horário avançando, comecei a achar que não valeria a pena retornar a Urubici, ir até São Joaquim e depois descer a Serra do Rio do Rastro, ia ficar muito tarde.

Só ia dar tempo de fazer uma ou outra, se não quisesse pernoitar por lá. Mas a descida pela Serra do Corvo Branco estava logo ali do lado...


Para quem não conhece, a Serra do Corvo Branco é conhecida como a "mais terrível" do Brasil... é uma alternativa paralela à Serra do Rio do Rastro, só que mais malvada... 
(nham nham!)


Imagem: http://jp-lugaresfantasticos.blogspot.com.br/2011/12/serra-do-corvo-branco-santa-catarina.html

Na bifurcação, hora de decidir. Parei na barraquinha de frutas para perguntar se a próxima cidade depois da Serra do Corvo Branco estava próxima.

— É Grão Pará. Uns 35 km até lá.


— E tem posto de gasolina e lugar para almoçar?


— Tem sim, tem tudo por lá.


— Ainda tenho uns 100 km de gasolina, então vou para lá mesmo, obrigado!


— Boa sorte! E que Deus te acompanhe na viagem!


Nesse instante deu um friozinho na espinha... sabe aquela sensação "Motel Bates, parece um bom lugar para passar a noite..."?

Eu devia ter interpretado melhor aquela expressão no olhar do vendedor, ela queria dizer "coitado, esse cara é doido"...


Então minha rota ficou assim:



Imagem: Google maps

Ainda matutando sobre aquela conversa e o frio na espinha, cheguei ao final do asfalto onde havia uma placa indicando Serra do Corvo Branco: 7,5 km

Eu já sabia que havia trechos sem asfalto, então calculei que deviam ser uns 20 km de estrada de terra entre o acesso, a serra e o planalto... Minha nossa, como eu estava enganado!


Depois de uns 4 km de um arremedo de estrada torturante, pensei: "Não é possível, isso aqui não é uma estrada, é um trilho pra carro de bois... devo ter entrado em alguma vicinal..."


Era pedra e buraco, buraco e pedra... ia pedir informação numa casinha, mas pelo jeito todo mundo que chegava lá fazia isso: o dono fixou uma placa no portão: "Serra do Corvo Branco, mais 3,5 km".


Dúvida eliminada, continuar em frente. 


Enfim, chegamos ao asfalto. A entrada da serra (e a serra inteira) é uma visão de tirar o fôlego.

http://www.urubici.sc.gov.br/turismo/item/detalhe/1343
Você mergulha por uma fenda escavada em 90 metros de altura de rocha e chega no primeiro "mirante".

Na verdade, não é bem um mirante, é mais um espaço adicional para os caminhões poderem manobrar para fazer as curvas, de tão fechadas que são, é impossível virar de uma vez só.



http://www.meusroteirosdeviagem.com/2012/06/serra-do-corvo-branco-urubici-estrada.html

É lá que tem uma grande placa explicando o nome da estrada, "as pessoas não conheciam o urubu-rei, e chamaram de corvo-branco"... Sei. 

Conversa de "doutor" sabido da capital. Não vi um único urubu-rei, mas vi um monte de aves que certamente eram um tipo de corvo, todos eles metade brancos e metade pretos... 


Mania que esse povo convencido da capital tem de achar que o povo do interior é burro... não viram o bicho e acham que sabem tudo.


A placa tinha apenas uns 20 adesivos de motogrupos e motociclistas que se aventuraram por lá. Procuro os adesivos dos WD±40 num bolso, procuro no outro e nada... 


Foi aí que eu lembrei que esqueci de colocar no bolso os adesivos que em casa eu tinha segurado na mão... ô, cabeça dentro desse capacete... esse capacete...


Para ter uma ideia do que é descer essa escarpa, tem este vídeo de um pessoal descendo a Serra do Corvo Branco de Falcon.




Para conhecer a Serra do Corvo Branco você tem que ir devagar, e em cada curva parar e olhar para trás, para os lados, para cima, para baixo...

No meio do caminho tem uma formação natural com blocos de pedra justapostos tão bem encaixados que, se não estivesse encravada no meio da rocha, poderia ser uma fortaleza inca.


Cortes talhados no morro ameaçando desabar sobre você, a ponto de você rodar na ponta dos pneus com medo que qualquer barulho acorde a montanha...


Imagem: Vista da estrada da Serra do Corvo Branco e Pico do Aiurê - 05/09/2010. By Ivan Cleitom Bini

A paisagem é das mais incríveis do planeta... montanhas e precipícios monumentais, o pico do Aiurê, uma agulha de pedra com metade do tamanho do Pão de Açúcar.

A diferença é que o Pão de Açúcar está tranquilo à beira-mar, enquanto o Aiurê se equilibra precariamente na beira de um precipício... 

É uma sensação avassaladora que nunca mais esquecerei.


E aí acabou a serra e começaram as dificuldades.


A SC-370 simplesmente não existe.


O que existe é uma praça de guerra entre a serra e Grão Pará:



Imagem: http://wp.clicrbs.com.br/diariodolitoralsul/2011/02/21/descaso-na-serra-do-corvo-branco/?topo=67,2,18,,,67

Essa foto foi tirada em 2011, mas podia ter sido ontem. Ou em 2006. Ou em 1955.

Se algum dia houve uma estrada de boi ali, ela foi arrancada por tratores que, inclusive, derrubaram vários postes. Há um trecho de quase 30 km em obras.


Foi isso aí que Jezebel e eu tivemos que atravessar para sair de lá. Ou atravessávamos, ou subíamos novamente a serra, o que implicava pernoitar em São Joaquim ou descer a Serra do Rio do Rastro à noite.


E foi com enorme satisfação (e cansaço) que atravessamos essas dezenas de quilômetros sem cair nem atolar (total e completamente). 


Saldo do trecho: botas totalmente cobertas de barro, calças cobertas de barro até os joelhos, jaqueta, camiseta, capacete, luvas, meias e só eu sei o que mais sujos de argila.


Bom, para dizer que não caímos, bem... 


Em determinado ponto, quando o pior parecia já ter acabado, Jezebel resolveu que ia deskansar um pouco e começou a se deitar, eu falei "guenta aí, Jezebel!!!", mas os pés escorregaram na lama, a teimosa se deitou, eu fiz um espacate (ui!) e acabei sentado espacatado sobre ela.

Para quem não sabe, espacate (ui!):


Chegamos à civilização umas 3 da tarde, uma localidade chamada Aiurê, antes de Grão Pará, e paramos por meia hora para descansar e recuperar as energias. Só eu, porque lá não tinha posto de gasolina.

Ficamos em um bar e lanches, estava saindo uma fornada de pastéis (nham nham!), ataquei um litro de Framboesa Água da Serra, refri de produção local, tão local, que não tem pra vender nem aqui perto de casa.

E ainda bati papo com os moradores, que ofereceram torresmos e cerveja (que eu teria bebido se não estivesse pilotando), quase que eu participo do torneio de sinuca. Viver é isso.

Já na BR-101, se você sobreviver ao congestionamento, a travessia da ponte de Laguna é outra experiência inesquecível, passei por ela bem ao cair da noite. 


Imagem: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/diario-da-redacao/noticia/2014/01/voce-fotografo-tres-versoes-das-pontes-de-laguna-sul-do-estado-4389739.html


O gargalo dessa ponte é tão grande que a padoca onde parei em Tubarão tinha um monitor fixo na câmera de monitoramento de tráfego via internet... sinistro.

Depois de 12 horas em cima da moto, 50 reais em gasolina e mais uns petiscos, muita emoção e muita aventura, paisagens deslumbrantes, estávamos novamente em casa, prontos para a próxima.

Bem, não exatamente prontos. Vou precisar mandar lavar e lubrificar a Bél, e procurar parafusos para prender o para-lama dianteiro. 


A trepidação fez eles caírem fora. Nada que uns laça-gatos e um elástico não resolvessem provisoriamente.

Não fiz registros dessa aventura, não uso máquina fotográfica. 


Como no filme, as melhores imagens são aquelas das quais não tiramos fotos, você tem que estar ali por inteiro para vivenciar.


Vi muitos leopardos-das-neves ontem. 

Um abraço,


Jeff

PS: O adesivo WD±40 do meu capacete não está mais lá — ficou em algum lugar lá na Serra do Corvo Branco.  ;)

segunda-feira, 19 de maio de 2014

A grande aventura

Assisti A Vida Secreta de Walter Mitty e me veio o estalo: neste fim de semana eu não ficaria em casa!

Resolvi realizar um projeto adiado há anos: ir até São Joaquim e descer a Serra do Rio do Rastro. 


Imagem: http://www.serradoriodorastro.net/

Já tinha feito esse caminho no mapa por dezenas de vezes, agora era a hora.

Programei sair às 6 da manhã e pontualmente duas horas depois lá estava eu pegando minhas pílulas de proteínas barrinhas de cereais e capacete em contagem regressiva rumo à BR-282. 

Jezebel estava meio indisposta, a troca de marchas estava falhando por folga excessiva da articulação... nada que atochar um teco de fita isolante não resolvesse. 

Esse era o plano de viagem original:

Imagem: Google maps

O Caminho das Neves (SC-110) no trecho até Urubici é um tapete com as mais lindas, doces e desfrutáveis curvas que você possa imaginar.

Eu achava que a SP-66 não tinha rival, mas nada se compara com a delícia que é pilotar nessa estrada. 

Será minha preferida de hoje em diante. Até eu encontrar a próxima.

Você sobe a serra pela BR-282 para chegar até a SC-110, e aí sobe outra serra para chegar a Urubici. Tinha trechos que só dava para encarar com uma segundona, e olhe lá.

Chegando em Urubici, paradinha para esticar as pernas, conferir o óleo, abastecer e pedir informações. 

A intenção era seguir em frente até São Joaquim, mas aí vi a placa Morro da Igreja/Pedra Furada... 


Imagem: http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/sao-paulo/sao-paulo/agencia-turismo/rota-do-sol-viagens/fotos-videos/

... e nada melhor do que mudar na última hora um planejamento feito por anos.

Pedir informações foi nossa sorte, porque o acesso ao Parque Nacional de São Joaquim é limitado a 200 veículos por dia, então é necessário fazer um cadastro prévio em um escritório na cidade. 

A agência ficava pertinho do posto, e essa informação me poupou de ir até lá, voltar à cidade e retornar ao morro, 30+30+30 km. 

Humm... Pensando melhor, não me poupou de ir até lá, então pode tirar 30 km dessa conta.

No escritório descobri que a limitação de quantidade é apenas para automóveis — motos não têm cota, mas o cadastro continua obrigatório. É que não há espaço para estacionamento de muitos carros no alto do morro. Viva a moto! 


Não me preocupei em abastecer, porque iríamos retornar à cidade para almoçar antes de seguir para São Joaquim e a Serra do Rio do Rastro... mal sabia eu.
Não confunda Morro da Igreja com a Igreja de Urubici no centro da cidade...
Imagem: http://www.urubici.sc.gov.br/turismo/item/detalhe/1345


Jezebel e eu subimos o caminho do Morro da Igreja, tem trechos que só em primeirinha mesmo. Vários mirantes para os vales lá embaixo.

A altura fez com que ela respirasse com dificuldade, causando alguns pipocos no escapamento por causa do excesso de gasolina para o ar rarefeito. 

Nada que justificasse regular o carburador, porque em breve voltaríamos ao nível anterior.

Você sabe que chegou quando avista o monumento à bola de gude. Ou o radar do CINDACTA, sei lá.

Para chegar ao mirante, você tem que cruzar um portão onde está escrito "ÁREA MILITAR — NÃO ENTRE". Isso aqui é Brasil, sabe como é, né? 

O dia estava completamente limpo, foi possível ver todo o vale abaixo.


Imagem: http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/santa-catarina/urubici/morro-da-igreja-1828m/

Essa foto não dá ideia da grandeza do lugar. Você está à beira de um precipício a 1800 metros de altura, e para os lados as paredes do vale lembram o Grand Cânion americano, com a diferença do verde da paisagem...

Nenhuma foto é capaz de transmitir essa sensação. 

Nem minha sensação de paúra desmedida — meu equilíbrio não é grande coisa, e quando a referência visual do solo desaparece, tenho a sensação de estar caindo para frente... e se bobear, eu caio mesmo, então a visão foi magnífica e apavorante, nem sentado deu para encarar.

Saí de lá rapidinho, mesmo porque a estrutura de apoio ao turista (sanitários) é inexistente — vá prevenido, ou terá de recorrer ao restaurante da Cachoeira Véu de Noiva, ou então barbarizar a mãe natureza.


Mesmo assim, é uma visita imperdível. Espetáculo magnífico como esse, somente as Cataratas do Iguaçu e a Serra do Corvo Branco ali do lado.

Mas essa eu vou deixar para contar amanhã.

Até lá e um abraço,

Jeff