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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Travamento do acelerador

Hoje aconteceu um acidente de moto fatal durante a filmagem de Deadpool 2.

A reportagem do g1 não entra em detalhes, mas o jornal local da cidade onde a filmagem está ocorrendo fornece informações importantes:
Imagem e reportagem: http://vancouversun.com/news/local-news/deadpool-2-stunt-person-injured-after-motorcycle-crashes-into-shaw-tower

Uma testemunha relata que estava vendo ensaios da dublê para a cena:

"Ela pilotava a motocicleta descendo uma escadaria do centro de convenções e parava quando chegava à rua".

"Quando o acidente aconteceu, a pilota pareceu acelerar, atravessou a rua e desviou para evitar pedestres antes de desaparecer de vista."

"Ela perdeu o controle realmente rápido. Aconteceu em uma fração de segundo. Ela estava em aceleração total e há um prédio ali [em frente]".

O acidente das filmagens de Deadpool 2 pode acontecer na sua moto?

Sim, pode.

Aparentemente, ou ela perdeu o acesso aos controles ou o acelerador travou totalmente aberto.

Mas a testemunha narra que ela desviou dos pedestres, então estava com as mãos no guidão — o suspeito passa a ser uma falha mecânica.


O acelerador tradicional é uma válvula borboleta que controla a passagem de ar para o motor, e essa válvula é acionada por um ou dois cabos presos à manopla do guidão (ilustração à esquerda). 
Imagem: http://www.ebay.co.uk/gds/Why-should-i-use-throttle-controller-/10000000204507767/g.html — Não encontrei uma imagem para moto, mas faça de conta que o acelerador do carro é a manopla do guidão e o pé é sua mão, ok?
Em motos de alta tecnologia, a válvula é controlada eletronicamente por um motor de passos controlado pelo módulo eletrônico (ECM) (ilustração à direita).
O ECM interpreta os impulsos elétricos de um potenciômetro ou leitor digital na manopla do guidão.
Se alguma coisa impedir o retorno da válvula, ou se houver um erro de leitura das informações da manopla, a válvula ficará travada na posição totalmente aberta com aceleração máxima — a moto ficará muito difícil de controlar instantaneamente.
Um cabo de acelerador comum desfiado pode emperrar dentro da capa do cabo, impedindo o retorno da válvula mesmo que a manopla do acelerador esteja em posição de marcha lenta.
Um emperramento da válvula dentro do carburador ou da válvula de aceleração (injeção eletrônica) por rebarba de fabricação também pode ocorrer.
A possibilidade de travamento aumenta em motos multicilindros com vários carburadores ou válvulas de aceleração, que possuem uma articulação mecânica com vários pontos que podem travar por falta de limpeza, lubrificação ou desgaste mecânico.
Evitar o emperramento do cabo é mais um bom motivo para fazer a lubrificação periódica e a troca preventiva do cabo do acelerador.
Motos modernas com injeção eletrônica possuem lógica de programação para lidar com situações como essa de emperramento do cabo ou travamento da válvula.
Em caso de emperramento do cabo ou da válvula de aceleração, a lógica limita a rotação do motor em um valor determinado.
No entanto, essa programação visa apenas a impedir que o motor estoure por excesso de rotação.
A lógica eletrônica é incapaz de impedir um acidente como o da filmagem porque a moto não tem como saber se a aceleração que você estabeleceu é intencional, e se é adequada ou não para a situação em que você se encontra.
A única coisa que poderia ter impedido ou minimizado as consequências do acidente seria a reação rápida da pilota acionando a embreagem.
Ao notar o acelerador travado, acione imediatamente a embreagem e desligue o motor no corta-corrente ou chave de ignição para retomar o controle da moto.
Tentar parar a moto usando os freios contra a potência total do motor é impossível — os freios não têm força suficiente para vencer a força do motor se você não acionar a embreagem.
Será que a moça que morreu não sabia dessa técnica tão básica? Afinal, ela não era uma novata...
Bom, aí é que está.
Será que a embreagem atuou quando ela acionou (se é que ela acionou)?
As motos ducati atuais (e não só as ducati) incorporam uma série de automações de acelerador, embreagem, troca de marchas e controle da transmissão de potência à roda traseira.
Teria a automação de funções cometido um erro de interpretação que se mostrou fatal em uma fração de segundos?
Teria a ECU desobedecido o comando de atuação da embreagem, ou a embreagem teria falhado de alguma forma, se é que foi acionada?
Receio que nunca descobriremos o que ocorreu de verdade neste acidente, essa informação jamais se tornará pública.
Mas tenho para mim que motos já são suficientemente traiçoeiras mesmo não contando com automações de funções que podem falhar quando mais se precisa delas.
Um abraço,
Jeff

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Minha moto dá trancos e trepida com a embreagem acionada

Você aciona a embreagem com a moto parada em primeira marcha na sinaleira e o motor fica dando trancos.

Isso é sintoma de embreagem desregulada, e é fácil de regular tanto no ajustador superior do cabo perto do manete, quanto no inferior perto do motor.

Mas se acontece de você regular e pouco tempo depois (um dia ou dois) o problema voltar, aí já não é mais sintoma de falta de regulagem, é sintoma de cabo desfiando prestes a se romper.

Outro sintoma é o manete de embreagem pesado e as marchas dando tranco durante a passagem — você pensa que o problema é a embreagem (e alguns mexânicos poderão se aproveitar do seu desconhecimento para cobrar pela troca da embreagem, quando na verdade trocarão apenas o cabo, um item muito barato).  

Afaste a proteção de borracha do manete e confira se algum ou alguns filamentos do cabo estão desencaixados neste ponto aqui:
Encontrando filamentos rompidos, providencie a troca antes que o cabo arrebente de vez e te crie uma situação complicada no trânsito.

O mesmo critério de avaliação serve também para os cabos do freio dianteiro e do acelerador.

Fazer a lubrificação e também a troca preventiva dos cabos te livra de parar no meio do trânsito e precisar sair empurrando a danada. Não que ela não goste de ser levada para passear.

Se a troca do cabo de embreagem não resolver, isso indicará que os componentes da embreagem estão gastos e precisam de substituição.

Os componentes que mais se desgastam são os discos de cortiça da embreagem, depois os separadores de aço.

Eles atuam dentro da carcaça da embreagem, aquela peça com recortes em forma de torre de castelo, que também se desgasta pelo atrito. 
Na minha experiência com Jezebel, apenas a troca dos discos de cortiça aos 35 mil km permitiram que ela chegasse aos 80 mil km, e agora está pedindo a troca de todo o pacote de discos, inclusive os separadores de aço.

Somente ao abrir a tampa direita do motor e desmontar o conjunto da embreagem é que saberemos se a carcaça da embreagem também está pedindo substituição, o que considero muito provável.


Peças se desgastam pelo uso, não tem como evitar.


Esse desgaste é o responsável pela trepidação: quando o pacote de discos está acoplado (embreagem não acionada), as peças estão travadas umas com as outras.

Com a embreagem acionada, as peças soltas encontram grandes folgas, girando e causando o desbalanceamento do conjunto da embreagem, o que provoca aquela trepidação característica somente enquanto o manete é pressionado.

Um abraço,


Jeff

domingo, 26 de julho de 2015

Qual a importância de lubrificar os cabos de comando?

A manutenção correta dos cabos de comando, com a lubrificação e substituição preventiva periódica, diminui a chance de coisas como estas:



Casey Stoner, campeão pela Ducati em 2007 e o cara que obrigou a lenda Valentino Rossi a dar uma de Prost (= jogar sujo) para ganhar uma corrida, protagonizou este acidente por causa do acelerador travado.



O blog do uol diz que foi o "regulador de pressão"... E agora, em quem será que eu devo acreditar?

Bom, vou ficar com a versão do Casey porque até onde eu sei, o motor dele não é turbinado.

Já a throttle grip (que nós chamamos de manopla do acelerador) controla a válvula borboleta daquilo que os gringos chamam de throttle valve (a válvula de aceleração — eles não são muito criativos para nomes)

E apesar de nos motores superalimentados a válvula de aceleração controlar o fluxo de ar para o motor, o que poderia ser interpretado com muito boa vontade como um regulador de pressão, mas não é assim que essas coisas são chamadas.

O verdadeiro regulador de pressão da admissão é a válvula limitadora de pressão do turbo, que até onde eu vejo, não teria como causar o travamento do motor em alta rotação. Se a moto fosse turbinada... mas não acompanho nem a Fórmula 1, quanto mais motovelocidade. 

O Casey Stoner acabou quebrando só a escápula (o grande osso chato do ombro) e a tíbia (lá vem o Tíbio e o Perôniooo...)

Teve sorte, porque a moto quase caiu em cima dele.

Um stuck throttle é um acelerador emperrado, e ele pode emperrar na manopla, no cabo ou na própria válvula de aceleração. 

A fonte mais provável de emperramento é o cabo desgastado, mas no caso dele pode ter sido um problema na montagem da válvula, porque uma moto de competição não teria um cabo desgastado, a menos que estejam contratando estagiários.

Além disso, pode ser que essa moto use acelerador sem cabo mecânico, totalmente eletrônico, e aí pode ser uma pane elétrica. 

Mas para nós, humanos comuns, o cabo do acelerador nada mais é do que um arame trançado que corre dentro de uma capa de plástico emborrachada, com um encaixe na ponta da manopla e outro encaixe na ponta do carburador / válvula de aceleração.

Se algum arame do cabo se soltar e começar a desfiar, ele poderá enroscar dentro da capa e impedir que a válvula borboleta / pistonete ou a própria manopla do acelerador retorne para a posição de descanso.

Ou seja, você abre o acelerador e não consegue fechar, porque mesmo girando a manopla, o cabo fica travado e mantém a válvula de aceleração que alimenta o motor totalmente aberta.

E com o motor acelerado, a moto não tem mais freio motor. 

Ela segue desembestada e você vai junto, a menos que não entre em pânico, acione a embreagem e desligue o corta-corrente. 

Se não fizer isso, a rotação do motor irá para o espaço e seu motor entrará na faixa vermelha.

Enquanto a embreagem permanecer acoplada, os freios não terão força suficiente para estancar a moto.

Se você estiver em uma competição fazendo as curvas no limite, dificilmente terá tempo de controlar a moto antes da próxima curva e acabará comprando um belo terreno em grande estilo.

O melhor a fazer para não passar sustos com o acelerador é verificar periodicamente a condição do(s) cabo(s) do acelerador (algumas motos têm dois) e trocá-lo(s) antes que representem uma ameaça.

A mesma coisa para o cabo da embreagem, se bem que em caso de rompimento é possível passar as marchas sem necessidade da embreagem.

E nunca ouvi falar de cabo da embreagem enroscado, mas você tem fácil acesso à alavanca de acionamento pelo lado de fora do motor.

Os cabos do acelerador e da embreagem são baratos, vale a pena trocá-los preventivamente a cada 20 ou 25 mil km. Mais detalhes nesta postagem

O último cabo que coloquei na Jezebel já tem uns 30 mil km, já passou da hora de trocar.

Como não gosto de passar por situações de risco evitáveis, a troca do cabo acabou de entrar na minha lista de prioridades máximas.

Mais ou menos em 6º lugar.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Troca de marcha pesada precisa trocar a embreagem?

Sinto que a 2ª marcha está pesada para entrar, será que a embreagem já está no pau?

Respondendo ao Jilvany:

Não necessariamente. Isso também é sintoma de óleo que passou da hora da troca (em motos arrefecidas a ar o limite é 1000 km, e tem óleo vagabundo com muita propaganda que aos 700 km já abriu o bico) ou motor trabalhando muito quente por falta de óleo (dá uma lida na denúncia A esperteza dos fabricantes e a ingenuidade do povo, o link está ali do lado).

Ou óleo de viscosidade inadequada (muito fino) para a temperatura de sua região (dá uma lida nas denúncias Qual o melhor óleo, mineral ou sintético e Alerta aos proprietários de Kawasaki — mesmo que sua moto não seja uma kawa — os links estão ali do lado).


Se necessário, troque o óleo e coloque a quantidade correta. Não resolvendo, tente regular a folga do cabo da embreagem.

Existem dois ajustadores, um no manete e outro lá embaixo no motor.

Se a regulagem no manete não resolver, retorne-o e faça o ajuste girando as porcas lá no motor. Resolve em 90% dos casos.

Se não resolver, troque o cabo da embreagem. Deixe para trocar os discos de fricção só depois de esgotar essas possibilidades.

Sua moto já tem mais de 25 mil km? 

Antes disso não deve haver desgaste suficiente, a menos que você tenha rodado muito tempo sem regulagem correta.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Posso usar aditivos no óleo da moto?

Essa é uma dúvida muito comum entre os proprietários, e as opiniões se dividem. 

Nenhum fabricante recomenda seu uso, porque não fecharam acordo comercial não sabem que marca de aditivo o proprietário poderá colocar no motor, e não querem dor de cabeça durante o período de garantia.

Os aditivos mais comuns são do tipo espessantes do óleo e melhoradores de atrito, o mais conhecido talvez seja o Bardhal B12.

Esse aditivo é realmente muito bom para motores de automóveis, mas os motores de motos têm uma diferença crucial:

A embreagem das motos funciona em banho de óleo, o mesmo óleo que vai no motor e câmbio.

Então aditivos que diminuem o atrito, como o Bardhal, podem tornar nossa embreagem ineficaz. E depois de contaminados, é impossível limpar, só mesmo trocando os discos da embreagem.

Uma falha da embreagem pode ser muito perigosa, a minha está pedindo troca (e eu pedindo um tempo) e outro dia fui entrar na Via Expressa, acelerei tudo que a moto dava e a embreagem patinou bem na frente de um ônibus da Catarinense... quase fui parar no Jornal do Almoço. 


Imagem: Jurassic Park (é, eu sei que você sabia...)

Não queira perder velocidade na frente de um ônibus. Ainda mais da Catarinense.

Caso você resolva experimentar aditivos não recomendados por sua conta e risco, tome cuidado também com a proporção da diluição. 

As embalagens são feitas com a dose para um motor de automóvel, e você não pode despejar todo o conteúdo no motor da moto.

Alguns desses aditivos são extremamente viscosos, e uma dosagem excessiva fará com que a bomba de óleo não aguente movimentar um óleo tão denso. 

O resultado será a falha de lubrificação das partes mais exigidas do motor, causando sérios danos (em compensação, o câmbio vai ficar feliz como um pato na lagoa). 

Há outros tipos de aditivos químicos como o Militec, que não interferem na viscosidade do óleo e aderem somente a metais e não aos discos de cortiça da embreagem, portanto não apresentam os mesmos inconvenientes.

Quem usou falou muito bem, não relatou problema nenhum com a embreagem; como nunca utilizei, só retransmito o que li e ouvi de amigos com grande experiência e em quem confio, talvez um dia eu experimente.

Ou talvez não, porque estou cada vez mais preguiçoso e pão-duro.

Atualização:
Também existem os aditivos para descarbonização do motor (retirada do carvão acumulado na câmara de combustão pistão e anéis do pistão), alguns são adicionados ao óleo e outros à gasolina. Sobre os aditivos para o óleo, leia a postagem Descarbonização do motor, filtro centrífugo e aditivos.

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Dicas de manutenção do Roberto Agresti

No dia 22 de agosto, o G1 publicou uma postagem muito boa sobre manutenção de motos:


Fonte: http://g1.globo.com/carros/dicas-de-motos/noticia/2013/08/10-erros-que-acabam-mais-rapido-com-sua-moto.html

São 10 dicas que valem muito a pena para que sua moto não te deixe na mão.

Óleo do motor, embreagem, pneus, amortecedores, banguela, corrente, caixa de direção, regime de rotações do motor, lavagem ou lavação da moto (como se diz aqui no Sul) e qualidade da gasolina são os assuntos abordados.

Discordo apenas do comentário que o autor faz sobre a ponteira do escapamento soltar fumaça ser indício de necessidade de retífica do motor, porque alguns óleos produzem esse efeito mesmo antes de atingirem o limite de quilometragem para a troca.

Entre retificar o motor e trocar de marca de lubrificante, esta última opção sai bem mais em conta...

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Minha moto dá trancos quando troco de marcha

É normal a moto dar pequenos trancos quando você engata as marchas, e isso pode ser minimizado com o uso da técnica de pilotagem correta.

Isso ocorre porque o câmbio das motos não é igual ao dos carros, ele não tem um ponto morto entre todas as marchas.

O câmbio da imensa maioria das motos tem apenas um ponto neutro (equivalente em função ao ponto morto, mas não na construção) somente entre a primeira e a segunda marchas, então todos os acoplamentos de engrenagens são feitos diretamente. 

Como as engrenagens giram em velocidades diferentes, é normal haver um pequeno tranco durante o acoplamento.

A técnica para minimizar esse efeito é tentar casar os giros do motor com a velocidade da próxima marcha sendo engatada.

Ao passar de uma marcha mais baixa para mais alta, você faz o desacoplamento com o motor em alta rotação, então precisa voltar o acelerador um pouco e tornar a acelerar assim que a embreagem é liberada.

Se você entrar com a mesma rotação do motor, ela não será compatível com a a velocidade da moto na marcha mais alta, e a moto dará um tranco.

Isso fica mais fácil de entender quando você reduz as marchas:

O acoplamento é mais suave quando você eleva a rotação do motor para receber a marcha mais baixa.

Ao entregar a marcha mais baixa com rotação do motor mais elevada, a velocidade de giro das engrenagens estará mais adequada à velocidade da moto naquele momento.

Fica difícil de explicar com palavras, mas agora você sabe porque os motoqueiros gostam tanto de fazer vrum-vrum ao reduzir.

Vale lembrar, trancos excessivos podem ser sintoma de uma embreagem precisando de regulagem, falaremos sobre isso em outra postagem. 

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Minha moto dá um tranco quando engato a primeira marcha

O motociclista novato pode se surpreender com algumas coisas que só as motos fazem, mas que são perfeitamente normais:

É normal a moto dar um tranco quando você engata a primeira marcha, ainda mais logo cedo pela manhã.


Durante a noite, o pacote de discos de embreagem (alternadamente de cortiça e aço) ficam secos (o óleo escorre por causa da gravidade) e se colam uns aos outros.


Além disso, as motos não têm sincronizadores no câmbio, o acoplamento entre as engrenagens é feito por ressaltos e rebaixos se encaixando à força, quando você pisa no pedal do câmbio elas são empurradas uma contra a outra.

Quatro ressaltos de uma engrenagem em movimento precisam se encaixar nos quatro rebaixos de uma engrenagem parada... não é uma operação delicada.
Para minimizar esse tranco matinal, acione algumas vezes o manete da embreagem durante o aquecimento do motor para descolar e lubrificar os discos. 

E para minimizar o tranco ao engatar a primeira marcha ao longo do dia, ao arrancar dê um pequeno impulso com o pé ou aproveite o declive da rua para que o acoplamento seja feito com as rodas girando, isso facilita o encaixe e minimiza o tranco.


Se usando essa técnica o tranco não for minimizado, verifique se não está na hora de ajustar o cabo da embreagem. 


Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Qual o melhor óleo, mineral ou sintético?

Atualização: Tem novidade sobre este assunto na postagem Óleo sintético, verdades e propagandas aqui neste link.

A diferença entre um óleo de base sintética e outro de base mineral é que este último resulta da mistura de vários hidrocarbonetos de tamanhos diversos encontrados no petróleo bruto, enquanto o sintético é obtido por reações químicas controladas.

Esse controle permite obter maior uniformidade do tamanho das moléculas, o que gera melhores propriedades lubrificantes e de estabilidade química.

Mas atenção:

Nossas motos não podem usar óleos totalmente sintéticos como os dos carros, porque a construção do motor é totalmente diferente.

- Nos carros, o óleo do motor lubrifica apenas o motor; a embreagem é seca e o câmbio usa um óleo mais viscoso (mais “grosso”).

- Em nossas motos de pequena cilindrada, o mesmo óleo usado no motor também lubrifica o câmbio e a embreagem.

E os problemas começam aí, nossa embreagem não pode usar óleo sintético porque senão ela começaria a patinar. E uma vez contaminada, pode jogar fora, não tem cura.

Por conta disso, os novos óleos que estão entrando no mercado que podem ser usados em motocicletas, inclusive recomendados por alguns fabricantes, são do tipo sintético ou semissintético da especificação japonesa JASO MA (MA, MA1 ou MA2), com aditivos estabilizantes e com propriedades para atender às necessidades específicas das motos.

Esses óleos semissintéticos podem ser encontrados em viscosidades idênticas ao recomendados originalmente pelos fabricantes, o que seria o ideal.

No entanto, a honda optou por reduzir a viscosidade para 10W-30: eles são bem menos viscosos (“mais finos”) do que o tradicional 20W-50 de base mineral. 

Explicar essa classificação pede uma postagem exclusiva... 

E isso pode ter consequências desastrosas para o motor.


Qual é melhor, óleo mineral ou sintético?

Beeeem.... 

Se você comparar dois óleos de mesma viscosidade, um semissintético e um mineral, ambos 20W-50, o semissintético certamente lubrificará melhor, mas cobrará caro por isso. Em compensação, durará mais.

O problema é quando o fabricante de motos ignora o fato que a viscosidade precisa ser adequada ao clima do país onde o óleo será usado e padroniza um semissintético menos viscoso bom para clima frio no lugar de um mineral mais viscoso bom para clima quente. É, estou falando da honda. (Veja a postagem Alerta aos proprietários de honda.)

O resultado é o seguinte:

Um óleo menos viscoso lubrifica o motor que é uma beleza, faz sua moto acelerar que é uma maravilha.

Porém..............

Lembra que nas motos as engrenagens do câmbio também são lubrificadas pelo mesmo óleo?

O problema é que para as engrenagens, quanto maior a viscosidade do óleo, melhor. 

É por isso que o câmbio dos carros (e algumas motos grandes) usa óleo de viscosidade 90 (muuuito mais viscoso do que o 20W-50.... ou o 10W-30...

No Brasil, país tropical, quente, onde a temperatura geralmente colabora para afinar ainda mais o óleo,  nossas motos sempre usaram óleo mineral 20W-50 por ser uma viscosidade intermediária, nem muito ‘grosso’ para o motor, nem muito ‘fino’ para o câmbio.

E os câmbios das motos usando 20W-50 sempre duraram que é uma beleza, tem muita CB450 com história pra contar.

Além disso, o óleo mais fino é consumido muito mais rapidamente porque passa mais fácil através dos anéis do pistão, portanto exige reposição muito mais frequente — porém a propaganda só diz que é melhor e dura mais, não diz uma palavra sobre o sumiço do óleo do cárter. 


E você não percebe porque hoje as motos usam catalisador que diminui muito da fumaça produzida. 


Veja a postagem Alerta aos proprietários de carros honda, toyota e todos os outros e leia também a postagem O escândalo da vw e o mundo das motos

Se tiver tempo, veja também a postagem honda desiste da CB 300 e cria uma moto Frankenstein — essa nova moto vai fracassar como as Bros e Titans 160).

Então eu, técnico industrial formado nos velhos e bons tempos, com estágio em manutenção e lubrificação de máquinas operatrizes, não me convenço de que um óleo 10W-30, por melhor que seja, vá continuar lubrificando o câmbio com a mesma eficiência. 

Há fenômenos físicos envolvidos que somente uma película lubrificante suficientemente espessa, tenaz e com aditivos de extrema pressão pode enfrentar, então não vai ser uma camadinha fininha de um oleozinho fininho que vai segurar o rojão. (Veja a postagem O que é fundir o motor?).

Mas eu posso ser apenas um velho rabugento sujeito desconfiado de que essa padronização mundial da viscosidade do óleo semissintético atenda muito mais a interesses comerciais do que a critérios puramente técnicos... 

Afinal, quanto mais cedo sua moto precisar de peças de reposição (ou você desistir dela e comprar outra), melhor para os fabricantes, não é mesmo? 

Bom, chega de filosofia. O fundamental é:

Nunca pense em colocar óleo sintético automotivo no motor de sua moto!

E nunca misture óleo sintético ou semissintético com óleo mineral, ou vice-versa: eles reagem entre si e em pouco tempo isso forma uma gosma no cárter suficiente para obstruir os dutos estreitos de passagem do óleo, fazendo o motor fundir.

Caso pretenda migrar de um tipo de óleo para outro, faça o motor funcionar com o novo óleo para lavar o cárter, drene e coloque óleo novo. 

Você perderá 1 ou 1,4 litro de óleo, mas em compensação seu motor (e seu bolso) não sofrerão as consequências.

Não deixe de ler sobre os carros com motor detonado por uso do óleo sintético na postagem Troca de óleo a cada 12 mil km?

Para ler sobre motos que sofrem nas mãos do óleo semissintético 10W-30, leia a postagem Macetes das honda CB 300, XRE 300, Twister e Tornado.


Leia mais sobre este assunto também na postagem Ética e troca de óleo do motor.


E você encontra a versão do fabricante mais detalhes e informações no site:

http://www.planetahonda.com.br/dicas-de-manutencao/16/use+oleo+genuino+honda.html


ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

Um abraço,

Jeff
PS: Darci, obrigado pela pergunta que originou esta postagem, respondi sua dúvida sobre o tipo de óleo que está na sua moto diretamente lá.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Como fazer a moto funcionar no tranco

NÃO DEIXE DE LER A DENÚNCIA:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta ou olhando o visor é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.



Esta postagem explica o procedimento para fazer uma moto com a bateria descarregada funcionar no tranco. Dicas para que isso não volte a acontecer você encontra nesta outra postagem.


Como fazer a moto funcionar no tranco:

Uma situação muito comum:

Sua moto com partida elétrica ficou sem bateria, e ela não dispõe de pedal de partida (ou ele não está funcionando). 


Como fazer a moto pegar no tranco?


Antes de tudo, lembre-se que o tranco só fará a moto funcionar se o único problema for a bateria descarregada e se não houver algum outro problema impedindo a partida, como gasolina velha, uma vela de ignição defeituosa, CDI pifado (ou um corta-corrente acionado ou uma torneirinha de gasolina fechada...)

Para motos que ficaram muito tempo paradas, veja a postagem Minha moto ficou parada vários dias e agora não liga.

Se a sua moto já estiver equipada com injeção eletrônica, não é recomendável tentar fazer a moto pegar no tranco se a bateria estiver descarregada. 


As chances são pequenas, há risco de danificar a central eletrônica (custa caro!!!), e o sistema de injeção precisa de um nível mínimo de energia para processar as informações de todos os sensores, acionar a bomba de gasolina, etc.

Veículos IE não podem devem ser acionados no tranco, nesse caso você terá de arranjar outra bateria para fazer sua moto funcionar.

Já as motos carburadas podem pegar no tranco, até mesmo com a bateria removida (só a energia do alternador já é suficiente) e há duas maneiras de fazer isso:


A primeira ideia que vem à mente é engatar uma terceira ou quarta marcha, acionar a embreagem e sair empurrando, ganhar velocidade e soltar e apertar rapidamente a embreagem.


Isso funciona, mas é extremamente perigoso. Você corre o risco de ser atropelado, você corre o risco de a moto sair descontrolada assim que o motor começar a funcionar e, principalmente, o pior de todos os riscos:


Você corre o risco de alguém filmar o tombo e postar no youtube.


Caso opte por este processo, uma maneira melhor é levar a moto até uma ladeira sem trânsito nem pedestres (não precisa ser muito íngreme nem longa, uns 10 a 20 metros são suficientes).

Gire o parafuso de aceleração na lateral do carburador para aumentar a rotação de marcha lenta de sua moto, para que o motor fique com a marcha lenta bem acelerada (isso facilita muito a partida).

Tenha certeza de ligar a chave e colocar o corta-corrente na posição de funcionamento.

Engate uma quarta ou quinta marcha, sente na moto, acione a embreagem, deixe-a pegar um bom embalo — quanto mais melhor (dentro dos limites de segurança) — e solte a embreagem até o motor funcionar. 

Se a roda travar sem conseguir girar o motor, é porque o embalo foi pouco ou a marcha não foi alta o suficiente.

Acione a embreagem assim que o motor funcionar para evitar que ele morra.

Se não der certo na primeira tentativa, espere uns 10 minutos para a gasolina que molhou a vela de ignição evaporar, senão o motor não irá funcionar mesmo, estará afogado.

Se não dispuser de uma ladeira, a maneira mais segura de fazer sua moto carburada pegar no tranco é a seguinte:

Tome as mesmas precauções acima, coloque-a no cavalete central, engate uma segunda ou terceira marcha (não pode ser a primeira) e coloque a roda traseira para girar com vigor.

Quanto menor a roda, mais difícil. Uma roda aro 16 polegadas já é difícil de fazer o motor funcionar com este método.

Acione a embreagem assim que o motor funcionar para evitar que a moto caia do cavalete.

Aprendi esse macete com meu amigo Daniel, que é colaborador indireto deste blog: ele passa as dicas e eu assino embaixo... hehehe.


Quando procurava uma maneira de ilustrar o processo, encontrei este vídeo do procedimento no youtube, só que usando duas pessoas:





Parabéns ao Sosofusca pelo vídeo. O que seria de nós sem a internet, né?

Acredito que o vídeo elimine qualquer dúvida.

Se a bateria estiver muito descarregada, coloque uma marcha ainda mais alta e bote a roda para girar com ímpeto.


Complemento:


Encontrei uma postagem na internet chamada Não vale a pena ligar a moto no tranco.


O autor comenta que é preferível tomar cuidado para não deixar a bateria arriar, o que está correto, e que o certo é fazer a partida com outra bateria... o que nem sempre é possível.


Uma coisa é a moto ficar sem bateria na garagem de casa, e outra muito diferente é você estar no meio da rua e bem longe de casa.


Ele diz que o tranco apresenta o risco de encharcar o catalisador ao fazer essa operação; bem, toda tentativa mal sucedida de fazer o motor funcionar encharcará o catalisador, inclusive aquelas que você tentou antes de descarregar totalmente a bateria e precisar apelar para o tranco. 


Pode crer que muito mais gasolina foi para o catalisador nessas tentativas do que durante o único tranco necessário para o motor funcionar.


Ele também alega que isso pode causar um calço hidráulico em motos carburadas (um monte de combustível indo para a câmara de combustão, na hora que o pistão subir o líquido não tem para onde ir, não é comprimível como a mistura de ar e gasolina, e a pancada causa o empenamento da biela).


Isso está errado, não será uma partida no tranco que causará um calço hidráulico.


O carburador somente despeja gasolina quando o ar passa através dele, ou seja, quando o motor gira. A gasolina só vai para o motor depois do tranco, e aí o motor começa a funcionar normalmente — não há acúmulo de gasolina. 


Mesmo que a moto não funcione de cara (difícil, viu?) e percorra alguns metros numa ladeira, por exemplo, enquanto o motor estiver girando e o motor não funcionar, não existe risco algum de calço hidráulico, porque o que entra na câmara também sai (tanto é que a gasolina vai para o catalisador).

Esse risco de calço hidráulico só existiria se, além da bateria descarregada, a boia de seu carburador também estivesse encantada (travada na posição aberta deixando passar combustível direto — o sintoma é o vazamento de gasolina pela mangueirinha do ladrão).


É uma coincidência rara, mas que já vi acontecer. Fora isso, nada feito. 

Eu já tive uma temporada de vacas top models (magras pra dedéu), cansei de dar tranco pela manhã, tarde e noite até poder resolver o problema (demorou semanas...) e Jezebel está lá, firme, forte e feliz.

Ela adora quando a levo para dar uma voltinha.


Um abraço,


Jeff