sábado, 28 de fevereiro de 2015

Respondendo aos leitores de fevereiro

Respondendo à leitora Ines Lucia Silva sobre comentário postado em Macetes das honda CB 300 e XRE 300:

Boa tarde, queria saber se tem como colocar o câmbio da Tornado na CB 300, pois uns falam que sim outros falam que não.

Ines, verifiquei com um mecânico amigo meu, muito experiente, e ele me confirmou que toda a parte inferior dos motores das Twister, Tornado, CB 300 e XRE 300 é a mesma.

O conjunto do motor da Twister e da Tornado é o mesmo para as duas motos.

O conjunto do motor da CB 300 e XRE 300 é o mesmo para as duas motos, em relação à Twister e Tornado só mudou a parte alta do motor com a maior cilindrada.

Segundo ele, o câmbio não sofreu alteração, é o mesmo para as quatro motos, então você pode trocar sim. 

Atualização: 
Ele não lembrou de falar que o câmbio das 250 é de 6 marchas, enquanto o câmbio das 300 é de apenas 5 marchas, e olha que esse é o meu mecânico de confiança... mas o erro é meu que deveria ter pesquisado no google antes de postar.

A diferença de desempenho (a CB tem maior velocidade final, a XRE tem mais arrancada) seria obtida apenas na relação secundária (pinhão e coroa). Estou preparando uma postagem para explicar isso.

Confirme essa informação sobre a relação primária (proporção das marchas do câmbio) antes de fazer o transplante, e tome cuidado para não comprar peças roubadas porque fazendo isso você estaria contribuindo para as altas taxas de roubos de motos.



Respondendo ao leitor TJ sobre comentário postado em Macetes das honda CB 300 / XRE 300 / Twister / Tornado :


Fiquei na dúvida ainda amigo, VC disse que deve aquecer o motor da moto, mas uma 300 ligada por 5 minutos não trincaria o cabeçote também??

Olá, TJ!

O motor trabalha com o óleo normalmente na casa dos 90 graus Celsius. Esquentar um motor frio por 5 minutos em marcha lenta irá levá-lo da temperatura ambiente até uns 70 a 80 graus, no máximo. 


Isso é diferente de manter um motor já aquecido funcionando parado sem ventilação por 5 minutos. Isso sim poderia danificar o motor por superaquecimento.

Atualização: 

Além disso, o período recomendado pela honda é de 3 a 5 minutos — 3 minutos para os dias de temperatura normal e 5 minutos para os dias mais frios.

Eu costumo esquentar por um período mínimo e depois sair rodando lentamente por alguns quilômetros para que a temperatura do motor se iguale tanto no câmbio quanto nas outras partes.

Um abraço! 


Respondendo ao leitor Otavio Torres sobre comentário postado em Um descuido fatal:


Isso é uma coisa [a regulagem da corrente] que estou sempre olhando e fazendo a regulagem, limpeza e lubrificação. Ainda assim já tomei 2 sustos grandes, em 2010 eu tinha uma 150 dessa da foto. 


Quando vinha de uma cidade vizinha aquela proteção que tem na coroa se soltou fez um moído e travou a corrente, só não estourou porque eu tava saindo de um quebra-molas e tava ganhando velocidade e era o último quebra-molas, depois vinha 8 km que só ando com o cabo enrolado e deu trabalho para tirar com alicate de tão enroscado que ficou. 


O outro susto foi em 2013 com uma Bros fui viajar com amortecedor traseiro só na mola pra quê num rodei nem 5 km a corrente saltou 3 x com os pulos voltei a 30 por hora só subi em cima dela depois dá troca do amortecedor que susto vei 1° salto da corrente eu tava a 90km/h com garupa, se tivesse travado eu não sei não.


Obrigado pelo depoimento, Otavio! 

Compartilhar nossas experiências ajuda o pessoal que está chegando agora a evitar um monte de problemas!


Cada um de nós vive situações únicas no trânsito, e compartilhar esse conhecimento é uma das tradições do motociclismo. 


Antigamente, essas conversas eram na mesa do bar, hoje são nos botecos virtuais que vão sendo criados na internet.


Um abraço!



Respondendo ao leitor Altair Santini sobre comentário postado em Dois segundos:


Já fui multado por rodar com farol alto, o guarda disse que é proibido rodar com o farol alto em local dotado de iluminação pública (até mostrou a lampada no poste).


Isso que era 11:00 horas da manhã e o sol estava tão forte que não dava pra ver a luz de indicação de alta no painel. 


Indústria da multa????




Olá, Altair!


Olha, fico em dúvida se é só a indústria da multa... 


Está mais para falta de capacidade de raciocínio e interpretação burrice do guarda mesmo... 


Obviamente que o espírito da lei é quanto ao uso noturno do farol alto. A iluminação pública fica apagada durante o dia, portanto não tem o menor sentido a besteira que ele disse.


O único motivo de ser restringido o uso do farol alto é por causa do ofuscamento de motoristas em sentido oposto, o que obviamente não acontece durante o dia. 

Recorra da multa que esses casos ridiculamente absurdos costumam dar ganho de causa para o motociclista.


Boa sorte!



Respondendo ao leitor Rogerio Kozima sobre comentário postado em Minha moto escapa marcha:


Quando a moto trepida quando vc troca de marcha ou força o motor em uma reaceleração ou mesmo uma redução de marcha, deve ser problema de embreagem. 

Quando uma moto trepida mesmo se tratando de uma passagem é marcha errada é um caso típico de disco de embreagem gasto.


Essa trepidação a que me referi é aquela barulhenta da corrente tropeçando no pinhão, e não aquela quando você solta a embreagem.

Jezebel também está fazendo essa trepidação que o Rogério comentou, a embreagem está com quase 50 mil km, sendo que na época só troquei os discos de cortiça, os separadores continuam originais com 78 mil km.

Mas agora com a Edith doida de vontade de conhecer o mundo, Jezebel vai ter de esperar para ver essa embreagem trocada de vez. Vai ficar para uma geral das grandes...

Obrigado pela colaboração, e um abraço!



Respondendo ao leitor Edmundo Zanotelli sobre comentário postado em A esperteza dos fabricantes e a ingenuidade do povo:


Primeiro ato! Nivelar moto nos dois sentidos vertical e horizontal, depois limpar área da pequena vareta, aí você vai notar que a medida mandada pelo fabricante é a correta. Espero que tenha ajudado os motociclistas.


Não, caro Edmundo; você não está ajudando motociclista algum ao divulgar um procedimento errado. 


Isso é o que todo mundo faz e está errado. Parece que você não leu o que eu escrevi, só viu as figuras. Se leu, não entendeu.


Por que divulgar uma coisa que vai contra o que a honda, a yamaha, a suzuki, a kawasaki, a dafra, a lifeng, etc. dizem?


Você sabe mais do que eles?


Você nunca leu o manual do proprietário da sua moto e vem fazer esse comentário... é ruim, hein?


O fato é que os fabricantes mandam colocar a moto fria, nivelada, ligar e desligar o motor e então medir e completar o óleo conforme necessário. 

Ligar o motor faz diminuir o nível visível na vareta, esse é o critério determinado pelos fabricantes, foi assim que eles calibraram a vareta medidora. 


Aí chega você dizendo que basta nivelar a moto, e só. 


Vai dar uma falsa leitura de nível alto. Seu comentário pode até colocar vidas em risco, a kawasaki adverte:



Essa advertência vale para todas as motos, e o procedimento do manual do proprietário é claro: além de nivelar a moto, é necessário ligar e desligar o motor. 

Seu procedimento, Edmundo, apenas repete o erro de milhões de brasileiros que mandam retificar o motor da moto a cada 50 mil km e acham que isso é normal. 


Um motor bem cuidado dura duas a três vezes mais do que isso.


Em uma das próximas postagens vou falar desses erros repetidos mil vezes na internet por pessoas que nem sequer leem o manual do proprietário e pensam que entendem de moto.


PS: Esse procedimento será difícil de comprovar como incorreto nas motos que usam óleo sintético / semissintético, pelos motivos explicados aqui.

Um abraço!



Respondendo ao leitor Axinfor Matica sobre comentário postado em Como lubrificar corrente de moto custom:


Jeff, óleo de máquina de costura pode ser usado? Já vi em mecânica reutilizarem o óleo de motor na corrente, pode isso? Creio que procedimento esteja completamente errado. Uso o SAE 90.


Olá, leitor da AX Informática aproveitando para fazer propaganda aqui no blog!


Correntes e engrenagens precisam ser lubrificados com óleos bem viscosos para aguentarem as condições de extrema pressão a que são submetidas suas superfícies.


Toda a força necessária para empurrar a moto é aplicada em uma área minúscula de uns poucos dentes do pinhão e da coroa. O óleo tem de ser grosso para manter uma película entre as superfícies metálicas em atrito, por isso os fabricantes recomendam o SAE 90.


Óleo de máquina de costura é dos mais finos que existe, sua viscosidade fica entre a de um óleo SAE 10 e um óleo SAE 20, no máximo 30. Não segura o rojão. É que nem WD-40, não serve para corrente.


Quanto ao óleo de motor, ele é um SAE 50 (na classificação para motores). Sua viscosidade não é muito diferente de um óleo SAE 90 (aprendi ou reaprendi isso outro dia naquela discussão sobre viscosidades).


Então usar óleo de motor na corrente não teria muito problema, exceto o fato de que não dispõe de aditivos para extrema pressão usados nos óleos para transmissões. Em uma emergência, é melhor do que nada.


Agora, o óleo usado... esse tem problema. Ao passar pelo motor, o óleo se degrada e se torna mais ácido devido à contaminação por enxofre proveniente da gasolina queimada.


Isso é um veneno para os anéis de borracha das correntes com retentores de graxa. Nas correntes comuns, essa acidez ataca, mas a redução de vida útil não será o fim do mundo para um componente substituído a cada 20 ou 25 mil km. 



O leitor Silva Alef fez o seguinte comentário no facebook na mesma postagem:


Jeff, encontrei no Mercado Livre uns dois tipos de cavaletes não fixos, para motos sem cavalete central.


Um é de rolamentos para o pneu rolar livre em cima dele. O outro é tipo um triângulo que você encaixa no lado contrário ao da corrente e junto com o descanso da moto dá uma "levantada" na roda traseira. 


A propósito, comprei um lubrificante em spray muito bom, que quando acionado, ao entrar em contato com a corrente ou qualquer outra superfície, o líquido se torna tipo um graxa mesmo. Não lembro o nome agora, mas gostei bastante. 


O que se deve olhar nesses tipos de lubrificantes é se eles contém solvente na composição, pois se conter não é bom, porque o solvente é corrosivo.


Olá, Alef!

São ótimas dicas, Silva Alef! Um cavalete avulso facilita muito esse trabalho.


Há muito tempo, quando o Vinícius comprou a Agnes, falei para ele das vantagens de usar cavaletes, mas nem lembrei deles quando fiz a postagem. 




São uma ótima opção para quem tem a garagem fechada, mas no meu caso, não posso usar por não ter onde guardar. E ele acabaria me induzindo a adiar a manutenção... me conheço!


O cavalete avulso tem a vantagem adicional de manter a moto vertical, o que acaba com o problema de encantamento da boia do carburador. 


Falando nisso, passei a usar um toco de madeira debaixo do cavalete lateral da Edith, ela passa o tempo todo quase vertical, acabou-se o problema de partidas difíceis.


Sobre o lubrificante em aerossol, realmente não conhecia. É importante separar os aerossóis tipo WD-40, inadequados para corrente, dos lubrificantes desse tipo que você falou.


Sobre o solvente ser corrosivo, não creio que ele seja suficientemente agressivo para atacar superfícies metálicas. O problema está nos anéis de borracha, mesmo caso do óleo de motor usado relatado acima.


Um abraço!



Respondendo ao leitor Victor De Lyra sobre comentário postado em Alerta aos proprietários de kawasaki:


O número antes do W serve para indicar a viscosidade na partida a frio, então melhor usar 10W-50 pois ele chegará mais rápido em todas as partes do motor.

Não é bem assim, Victor, mas é quase isso. Esse é mais um dos conceitos incorretos amplamente divulgados na internet.

O 50 indica o uso em temperatura normal, o 10W indica o uso no inverno. 


E o que SAE 10W-50 quer dizer é que esse óleo multiviscoso tem viscosidade equivalente à de um óleo SAE 50 no verão e de um óleo SAE 10 (à temperatura normal) no inverno.


Na partida a frio em dias normais, ele se comportará exatamente como um óleo SAE 50. A diferença aparecerá em uma manhã fria de inverno, quando ele não "engrossará" tanto quanto um óleo 50 "engrossaria".


Nessa situação de inverno o 10W é significante para a partida a frio, no restante do ano não é.


Um abraço!


Jeff

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Como soltar a chave da moto presa no tanque de gasolina?

Como soltar a chave da moto agarrada na tampa do tanque de gasolina? Me ajuda!

Não consigo fechar a tampa do tanque de gasolina...

Atire a primeira pedra o novato que nunca passou por essa situação na primeira semana com a primeira moto...


Mas não há motivo para pânico. Ainda.

O novato tende a tentar girar a chave para tentar removê-la, e encontra a chave  presa. Mais uma pegadinha que só as motos fazem com os donos.

Na maioria dos modelos de moto não é necessário girar a chave, ela faz isso sozinha.

A chave não sair é uma situação normal — a chave só sai do miolo quando a tampa do tanque está bem travada em sua posição correta. 


Algumas tampas precisam ser giradas por uma fração de volta para se encaixar, outras basta pressionar para baixo, e são estas que causam grande confusão.


Se houver uma seta gravada na tampa, ela deverá ficar voltada para a frente da moto a fim de encaixar a tampa — ela não fechará em outra posição e a chave não será liberada.



Apertou a tampa contra seu encaixe, a chave retorna sozinha para a posição de retirada.

Nas tampas do tipo aeronáutica só muda a dobradiça a mais, basta pressionar a tampa contra o tanque que ela se encaixará e travará.

Imagem: http://blog.motocard.com/en/novedades/bolsas-sobredeposito-givi-tanklock/

NÃO SEGURE NEM TENTE GIRAR A CHAVE! 

Apenas aperte a tampa contra o tanque com a chave solta. Quando a tampa se travar, a chave girará sozinha e poderá ser removida da tampa.

A pressão sobre a tampa precisa ser um pouco forte para assentar a vedação de borracha, e muita gente fica com receio de apertar demais e estragar alguma coisa.


Pode por um pouco de força nisso, senão a tampa não se encaixará. Não há perigo de quebrar nada.


Se você sempre retirou a chave normalmente e ela ficar presa de uma hora para outra, o miolo da fechadura está precisando de uma boa lubrificação.


Aplique um lubrificante em aerossol, se não tiver vai óleo do motor mesmo, e tente mover a chave.


Se mesmo assim a chave não se soltar, agora sim você poderá ficar em pânico.


Peça a ajuda de um chaveiro, ou compre uma tampa nova, custa baratinho nas lojas de motopeças.


Um abraço,


Jeff

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Jacas motorizadas

Ah, a visão da imprensa... os olhos danação.

Imagem: http://g1.globo.com/sao-paulo/transito/radar-tempo-transito-agora.html

Já reparou que é sempre o motociclista que cai e atrapalha o trânsito? Ele nunca é derrubado.

http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/jaca-espia
Para a imprensa, o motociclista é sempre o responsável pelo próprio tombo. 

Para eles, motociclista é uma jaca madura com CNH e capacete.

  
(Bom, alguns até são... mas não é disso que estou falando.)

O fato é que, para os noticiários, o motociclista nunca é derrubado por motoristas que não olham pelo retrovisor mal regulado antes de mudar de faixa... 

O motociclista nunca é atropelado por motoristas imprudentes enquanto tentava manter uma distância de segurança do veículo à frente...

Ele nunca é derrubado por motoristas que não olham o trânsito antes de entrarem em uma via:



Olha como essa nossa imprensa pode ser patética:

Na foto vemos como o caminhão seguia normalmente pela rua (nem f@dendo!!) quando o motociclista malvado sem motivo algum perdeu o controle da moto e causou o acidente (tá bom, conta outra...).

Mais uma da série preferida da imprensa, "o motociclista é sempre o culpado".

Sabe por quê a imprensa age assim?

Porque motorista compra mais jornal, motociclista é minoria. 

Dona imprensa, entenda uma coisa:

Um motociclista caindo e se chocando contra um veículo não quer dizer necessariamente que ele tenha perdido o controle. Ou optado por cair. Ou tenha causado o acidente.

Na situação dessa foto, por exemplo, quer dizer que ele foi fechado por um caminhão que entrou repentinamente à sua frente, invadindo a preferencial, e o motociclista não teve condições de desviar ou frear sem cair.

Sabe, motos não ficam em pé quando são obrigadas a parar de repente por causa de motoristas desatentos.

Em uma situação como esta, a perda de controle é a consequência e não o fato principal. Não é a causa do acidente.

Teria sido mais correto noticiar:

Motociclista sofre acidente ao ser fechado por caminhão

Um abraço, menos aos autores das reportagens,

Jeff

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Pedras na curva

Este motociclista sobreviveu para contar o que o fez perder o controle da moto: pedras na curva.
Reportagem: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/noticia/2015/02/acidente-entre-carro-e-moto-deixa-ferido-em-joinville-4706917.html


A reportagem afirma que na rua tinha algumas pedras que facilitaram para que ele perdesse o controle da Titan Cg150.

Outros motociclistas não têm a mesma sorte, e a dedução sobre a causa do acidente é feita pelos indícios no local.

Reportagem: http://www.diariodigital.com.br/policia/motociclista-perde-controle-em-pedras-bate-em-poste-e-morre/125824/


Reportagem: http://www.fatimanews.com.br/policial/ao-fazer-curva-motociclista-perde-controle-colide-em-poste-e/165197/

Notou como os acidentes foram parecidos?

Observou as pedras e a sujeira na curva nas duas fotos?

Desgarrar na curva é uma das maiores causas de acidentes com motos, e não só nas estradas. A combinação de velocidade excessiva para o local e sujeira na pista formam uma parceria e tanto.


Curvas em ruas tranquilas de bairros são até mais perigosas, porque o pouco movimento de carros não remove a sujeira da pista como acontece nas ruas centrais das cidades.


E em todos os casos, a única pessoa que pode evitar as pedras na curva é o piloto da moto. 


Nunca vá para a parte de fora de uma curva, o risco de a moto derrapar na área suja e ir contra um poste, árvore, muro, caçamba ou carro estacionado é muito grande.


Como evitar que isso aconteça?


Primeiro, não pilote em uma velocidade que impeça seu domínio da moto.


Entrar em uma curva em velocidade excessiva leva a moto para o lado externo da curva, o lado sujo. Ou o acostamento. Ou o barranco.



https://br.noticias.yahoo.com/video/motociclista-perde-o-controle-e-195306869.html

O primeiro acidente fatal aconteceu por velocidade excessiva para aquela curva, é só ver onde a moto veio parar depois de bater no poste. 

Já o piloto do segundo acidente fatal não estava em velocidade tão alta. 


Ele entrou nas pedras por inocência, ou porque um maldito motorista fominha forçou a ultrapassagem durante a curva.

Ao se aproximar de uma curva, não deixe que um motorista irresponsável e sem noção do perigo que você estará correndo te ultrapasse.


Se o idiota do motorista te ultrapassar durante a curva, você será jogado nas pedras e cairá. Meu primeiro tombo com minha primeira moto foi assim, felizmente foram só nós e o chão.


Uma pancada contra um objeto rígido (poste, árvore, guia, muro, caçamba) a 40 km/h (porque você não terá tempo de frear, e mesmo que freie, a sujeira impedirá a redução de velocidade) já é suficiente para matar.

Uma pancada contra um carro parado é menos pior, porque o carro se amassa, o vidro quebra (isso absorve parte da energia do impacto) e você tem a chance de rolar por cima dele. Com um poste não tem conversa.

Ao se aproximar de uma curva potencialmente com sujeira e pedras, feche a porta para o carro que quiser te ultrapassar.

Ou, se tiver tempo e espaço, reduza, deixe que ele passe e se afaste da sujeira antes de entrar na curva.


O cara poderá te xingar, buzinar, fazer gestos não mencionáveis... mas você possivelmente estará salvando sua vida.


Só tome cuidado para não entrar bruscamente na frente de um carro — entre arriscar cair e certamente ser atropelado, nem precisa pensar para escolher.

Um abraço,


Jeff

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Enganos acontecem — Novidades sobre a postagem Dei muita risada quando li

Eu desconfiei que havia algo errado naquele comentário desfilado pelo leitor XXXXX na postagem Qual o melhor óleo, mineral ou sintético? na terça-feira de Carnaval...


A arrogância da primeira frase não combinava com o estilo didático do restante do texto que eu critiquei na postagem Dei muita risada quando li.

As palavras não apareciam acentuadas na primeira frase, mas no restante do texto estavam corretas, o que cheirou a uma colagem. 

Fui conferir se era realmente a transcrição de algum texto da internet e veja só o que eu encontrei:

Item 4: http://www.webmotors.com.br/wmpublicador/MobileMotos_Conteudo.vxlpub?hnid=46945

Exceto pela frase revoltada, indignada e estufada de sabedoria e conhecimento do assunto, só que não:

"meu deus ! ainda tem gente ke confunde VISCOSIDADE com a numeraçao do oleo , 10-40 ,15-40 ou 20 -40 nao tem nada ver com a viscosidade do oleo."

Exceto isso, todo o texto enviado pelo leitor XXXXX foi copiado sem dó nem piedade do item 4 da matéria 8 Cuidados com o óleo da moto publicado há muito tempo no site WebMotors, sem fazer a menor referência ao verdadeiro autor do texto.

Minha surpresa foi grande ao ver o nome de quem escreveu a matéria, Geraldo Tite Simões.



Livro do Tite no Motonline em 2006 
Para quem não conhece, o Tite é um jornalista especializado com décadas de experiência no motociclismo. 

Acompanho reportagens e crônicas dele desde o início da revista Duas Rodas, quando CG era novidade e eu tinha uma (faz teeempo...).

É um dos caras que mais entende de moto neste país, já trabalhou com as maiores revistas especializadas, já foi piloto de testes, piloto de competição, testou no limite tudo quanto foi modelo de moto, escrevia escreve colunas muito boas (a postagem que ele fez sobre o lisarb é de leitura obrigatória) e hoje dá aulas de pilotagem com segurança em SP

Já até citei matérias dele aqui no blog, nas postagens O que fazer ao avistar uma poça de óleo / lama / areia / folhas? e Ressonância, oscilação e instabilidade


O Tite é um guru, referência em motociclismo e representante do verdadeiro espírito motociclista — saca tudo de motos e possui milhares de vezes mais experiência com elas do que eu.


Mas o fato é que tudo o que eu disse lá naquela postagem sobre o verdadeiro significado da classificação de viscosidade SAE permanece válido. 


Infelizmente, o Tite errou. Acontece.


Minhas postagens também não estão imunes a erros; tanto é que quando descubro que escrevi algo impróprio, corrijo a informação e peço desculpas. Peço desculpas por informar incorretamente que peço desculpas quando erro.

Mas o Tite errou por culpa dele mesmo? 

O Tite é jornalista e motociclista, que eu saiba não é técnico ou engenheiro. Então eu arrisco dizer que ele, como jornalista, transcreveu uma informação passada por alguém da área automotiva — e
 esse alguém causou toda essa confusão que dura até hoje. 

Estou preparando uma matéria sobre esse e outros "errinhos bobos" cometidos por fabricantes de carros e motos, repetidos à exaustão na imprensa e na internet, e que causam prejuízos aos usuários que não dispõem de conhecimento técnico para perceber o engano.

Aquela postagem no WebMotors permanece no ar, ajudando a perpetuar uma informação incorreta — o leitor XXXXX acabou pagando o pato por copiar o texto sem dar o devido crédito ao autor.

É o risco que se corre ao sair papagueando coisas lidas na internet sem ter conhecimento do assunto e sem pesquisar outras fontes: quem faz isso não tem como identificar possíveis enganos. 

Estão aí os negadores das viagens de astronautas das missões Apolo à Lua que pensam ser os donos da verdade repetindo arrogantemente um monte de erros conceituais grotescos e informações incorretas, desconhecendo noções elementares de Física. Vão passar uma tremenda vergonha na hora em que lançarem uma sonda independente que fotografe ainda mais nitidamente os locais de pouso por lá... e isso acontecerá muito em breve.

Eu me senti na obrigação de informar ao Tite o que estava acontecendo para que ele pudesse retificar sua matéria e eliminar esse engano.

O Tite é um cara muito acessível, não se nega a discutir um assunto, trocamos alguns e-mails, e o resumo é este aqui:



Imagem editada resumida ao tema da postagem

Estou certo de que assim que tiver tempo o Tite irá corrigir o texto, mesmo porque não conheço ninguém no WebMotors e ficaria estranho eu pedir a correção de um texto que não é meu — o pessoal perguntaria "Quem és tu, ó desconhecido?" e eu não tenho tempo de ficar explicando, já basta o meu trabalho (brrr!) blogando.

Então estou mandando bala aqui no blog, preparando uma postagem sobre viscosidade e capacidade de lubrificação para acabar de vez com todas as dúvidas que esse assunto levanta.


Agora é esperar que aquela informação incorreta seja eliminada da internet, o que poderá levar anos.


Esta semana houve um aumento gigantesco de visitações ao blog, algum Moto Clube ou Fórum reproduziu uma postagem daqui (Muito obrigado!) — mas ao contrário do esperado, após alguns dias não ganhamos muitos leitores.

O pessoal lê as postagens e denúncias e acha que é bobagem, porque aprendeu um conceito fundamental de maneira diferente da que é dita aqui — a mensagem do blog não é levada a sério porque há zil referências na internet dizendo o contrário.



Sempre vai ter alguém citando alguma cópia daquele artigo no WebMotors sem ter acesso à errata... 

A invenção da escrita é a bênção e a maldição da Humanidade. 


Com a internet, então... vixi!


Por isso, procure ficar sempre atualizado. 


Aqui no blog fazemos o possível para isso.


Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Motocicleta é igual a avião

Motocicleta é igual a avião — não fez a manutenção, cai mesmo. 

E mata os ocupantes e quem mais estiver por perto.


A falta de manutenção da moto pode ter sido a responsável por mais mortes neste final de semana. 

Uma Fan e uma Fazer se chocaram de frente após o piloto perder o controle da moto.



Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/02/acidentes-deixam-4-mortos-no-vale-do-itajai-nas-primeiras-horas-de-sabado.html

A Fan preta entrou na contramão e se chocou de frente com a Fazer branca, matando o piloto da primeira e o garupa da Fazer — o piloto dessa última foi levado em estado grave para o hospital.

O pessoal logo pensa em imperícia, perda de controle na curva, ultrapassagem proibida, excesso de velocidade, motociclista alcoolizado ou drogado — sempre pode ser o caso, a sequência de curvas pode ter levado o piloto da Fan a se perder.


Ninguém viu o acidente, não há relato de ter sido tentada uma ultrapassagem no meio da curva. Mas uma coisa me chamou a atenção na imagem.



Detalhe ampliado da foto de http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/02/acidentes-deixam-4-mortos-no-vale-do-itajai-nas-primeiras-horas-de-sabado.html

A roda traseira está totalmente desalinhada em relação ao quadro e à balança, e há um enorme vazio no local onde a corrente de transmissão deveria estar. 

Abaixo da moto está o que parece ser a corrente rompida e retorcida.

Além da possibilidade de o piloto da Fan ter cometido um erro de pilotagem, e esses danos serem todos consequências do acidente, há duas possibilidades de falha mecânica para uma possível perda do controle jogando a Fan na contramão:

1) Ou a corrente travou a roda traseira, e o desalinhamento da roda é consequência do esforço durante o travamento ou do impacto — como a roda está avançada do lado que a corrente teria exercido força sobre ela, é o que considero mais provável; 

2) Ou o eixo ou os rolamentos da roda traseira se quebraram, desalinhando a roda e causando o rompimento da corrente. 


Esse último eu nunca vi acontecer. Já os problemas na corrente...


Se confirmada a falha mecânica, terão sido mais três vítimas daquilo que não te falam na hora de vender a moto


E que a imprensa não noticia porque jornalismo investigativo é coisa de gringo — "brasileiro só quer saber de novela, futebol e bbbundas".


A epidemia silenciosa de mortes por falha mecânica causada por manutenção inadequada, como travamento do motor por deficiência de lubrificação (em alguns casos por informação totalmente incorreta do fabricante), travamento da roda traseira por queda da corrente ou quebra de rolamentos — mata jovens inocentes.

São inocentes porque não conhecem e não imaginam os riscos da falta de manutenção, ou porque uma moto desgovernada é uma arma mortal.

São jovens que recebem uma habilitação que apenas ensina a dar voltas em um circuitinho fechado com a marcha lenta acelerada para não ter que usar nem o acelerador...


Jovens brasileiros e brasileiras que não recebem nenhuma orientação da parte de quem teria a obrigação de alertar sobre os riscos associados ao uso e à falta de manutenção da moto — mas os fabricantes, importadores e concessionários só querem saber mesmo é de vender e ganhar dinheiro. "Negócio fechado, parabéns. Próximo!"


Enquanto isso, a moçada vai morrendo em taxas tão elevadas quanto se houvesse uma guerra civil neste país. Bom... deixa pra lá.



Reportagem: http://blogdobg.com.br/acidente-na-av-engenheiro-roberto-freire-motociclista-morre-atropelado-por-onibus/

Adivinhou qual peça se soltou e causou a queda?

Faça um favor a você mesmo e a todos nós, os outros pilotos:


Não descuide da manutenção de sua moto. Não morra e não nos mate por desleixo.


Uma corrente, pinhão e coroa em mau estado ou precisando de ajuste dão avisos antes de a corrente saltar fora ou se romper.


O pinhão estrala e a corrente trepida ao saltar os dentes desgastados ou quebrados do pinhão. A corrente faz tec tec quando uma emenda prestes a se romper passa pelo pinhão.


Uma transmissão fazendo barulho não pode ser ignorada, você estará correndo risco de vida. 

Rolamentos da roda gastos chiam e fazem a roda oscilar, causando instabilidade na pilotagem da moto. Isso acontece durante muito tempo antes de virem a se desintegrar.

Não tem 120 reais para trocar a transmissão ou os rolamentos?

Pare de andar de moto e salve sua vida e a de outras pessoas.


120 reais são quatro tanques de gasolina.


Sua vida vale mais do que isso.


Um abraço, e não me decepcione,


Jeff