Continuando com os problemas do manual do proprietário da haojue Chopper Road 150 que podem ter sérias consequências para você: Tropeço nº 3: a perigosa regulagem da corrente de transmissão...
Imagem: Manual da haojue Chopper Road 150 com link encontrado no site https://haojuemotos.com.br/models/chopper-road-150/ O procedimento está muito errado, e cria uma situação perigosa. O ajuste correto da folga da corrente de qualquer motocicleta é feito com alguém do mesmo peso que você sobre a moto ou, se a garupa for companhia frequente, você e sua garupasentados sobre ela. Só que isso é muito raro de se ver escrito nos manuais de proprietário... por que será? Se você ajustar a corrente da moto para uma folga de apenas 10 a 20 milímetros sem peso nenhum em cima da moto, conforme o especificado por eles...
... na hora em que você (e sua garupa) se sentar(em), essa pequena folga desaparecerá completamente por causa da mudança da geometria da suspensão. Para você ter uma ideia do quanto essa folga é insuficiente, motos equivalentes pedem 20 a 30 mm de folga na corrente, e nas mesmas condições sem ninguém em cima — e isso já é pouco... A folga da corrente é necessária para a suspensão traseira se movimentar sem retesá-la. Rodando sem folga, sua corrente sofrerá um esforço muito maior que o normal e será esticada fortemente a cada buraco e lombada. Isso irá reduzir a vida útil de toda a relação (corrente, coroa e pinhão) a 1/4 de sua vida útil, ou menos. Você será obrigado a comprar peças novas e originais com intervalo de poucos meses — esse desgaste não é coberto pela garantia, é considerado "normal" pelas fabricantes. E ainda existe a grande possibilidade disso causar a quebra do eixo do pinhão em curto prazo (um ano) por excesso de esforço repetitivo (fadiga do metal)... Esse reparo do eixo também não será feito em garantia — provavelmente ele se quebrará assim que a garantia acabar. E mesmo que quebre antes, alegarão mau uso da moto ou passagem por buracos, que você não terá como provar que não ocorreram, e isso não é coberto pela garantia. Não queira imaginar o custo de trocar o eixo do pinhão, você perderá o sono — envolve remover o motor do chassi e abrir a carcaça inteira. Pior é o risco de vida: Perder totalmente a tração da moto na frente de um caminhão pode ser fatal, então esse procedimento de regulagem com folga mínima e insuficiente é... irresponsável. Tropeço nº 4: as informações desencontradas sobre os freios Vale a pena aproveitar a figura da postagem anterior para comentar o procedimento destacado em laranja quanto à inspeção dos freios:
Imagem: Manual da haojue Chopper Road 150 com link encontrado no site https://haojuemotos.com.br/models/chopper-road-150/ "Acione ambos os freios para ver se estão flexíveis"??? Que пузырь é essa? É mais um erro grosseiro de tradução. O que deveria ser dito é para verificar se os freios parecem esponjosos, verificar se ao acionar a alavanca e pedal eles cedem lentamente. Se você aciona um freio hidráulico e a pegada não é firme, isso indica a presença de ar na linha de freio. Ar é compressível, fluido não é. Isso significa que, na hora em que você precisar acionar o freio em uma emergência, a bolha de ar lá dentro da linha do freio diminuirá de tamanho, mas não fará força sobre as pastilhas de freio. Sua frenagem será muito mais fraca e em vez de parar a moto em 10 metros, só conseguirá parar em 20 metros. Ou seja, encherá a lata do carro na sua frente. Do jeito que está, o texto pode ser entendido como uma preocupação com o ressecamento das mangueiras. O envelhecimento natural causará a perda de sua flexibilidade ao longo de anos. Não é um assunto para preocupação imediata. Mas uma falha inesperada por um defeito qualquer, seja por problema de fabricação, erro de montagem, tombo besta ou desgaste natural, pode acontecer até no primeiro dia de uso da moto... Então verificar a eficácia de atuação dos freios todos os dias faz muito mais sentido do que se preocupar com sua "flexibilidade". E é isso que deveria ser enfatizado no manual, mas não é. A necessidade de verificar os freios todos os dias não está sendo explicada para a imensa legião de novatos que terá a Chopper Road como sua primeira moto. A informação fundamental omitida no manual é: O que você tem de conferir, seja qual for sua versão da moto, seja com freio hidráulico ou a tambor, é se os freios estão agindo com eficiência na hora de parar a moto. Tropeço nº 5: a trollada em cima dos primeiros proprietários...
Por que a Chopper Road fala em mangueiraS de freio, se usa o freio traseiro a tambor e só tem uma única mangueira de freio? Porque existem duas versões da moto, uma com freio traseiro a tambor e outra com freio traseiro hidráulico, e a maneira como a segunda versão foi lançada pegou muito mal. Meses(ou você prefere contar em semanas?) depois de lançar a Chopper Road com freio a traseiro a tambor, a haojue passou a vender a moto com freios a disco dianteiro e traseiro de acionamento hidráulico de ação combinada, a tal Chopper Road CBS. O que deixou os compradores iniciais revoltados:
Para quem comprou a moto na versão inicial, verificar se "os freios estão flexíveis" não faz sentido. Já quem teve a sorte de pegar o modelo novo, não tem do que reclamar. Freios hidráulicos são infinitamente superiores aos freios a tambor, e com a versão combinada, acredito que eliminaram a tradicional "rabeada que leva para o chão" das obsoletas motos com freio traseiro a tambor. Amanhã vou abordar a questão do óleo do motor e porque as informações passadas no manual sobre esse assunto podem colocar a vida dos ocupantes em perigo. Até lá e um abraço, menos ao pessoal envolvido nessa literatura técnica, Jefferson
Minha mensagem hoje é de alerta pra quem não inspeciona a moto regularmente. E eu tenho falhado neste fundamento. Ontem fui até a concessionária trocar a pastilha do freio traseiro da Falcon. E... o mecânico percebeu, antes de começar o serviço, que o disco estava rachado. Ele já estava bem gasto, não tenho certeza se a espessura ainda estava dentro da tolerância. Fiquei exposto a um acidente sério. Dias antes, tinha consultado todas as concessionárias do Rio e ninguém tinha o disco em estoque. Ontem por acaso o disco já tinha chegado. Andei reparando nas Falcons que vejo paradas, o disco e as pastilhas traseiros desta moto se desgastam muito rápido. E esta é minha primeira moto com freio a disco na roda traseira. Ótimo alerta, Eduardo! A tolerância para o desgaste dos discos de freio é pequena, e com a desculpa de tornar a moto mais leve, as fabricantes usam a menor espessura possível. Eles poderiam perfeitamente instalar um disco 2 mm mais espesso, mas aí ia durar a vida toda, nada de vender peças de reposição... Também contribui para o desgaste prematuro o hábito do pessoal aprendido na motoescola de usar somente o freio traseiro, cujo disco já é mais fino que o dianteiro. Justamente porque deveria ser menos utilizado. O rompimento do disco de freio em alta velocidade certamente levaria a uma queda. E para todo mundo saber o quão frágeis são os componentes do freio da sua moto, veja este vídeo:
Tudo na sua moto é projetado para uso normal. Abusar da sua utilização pode quebrar a pinça do freio no primeiro dia de uso... Inspecione sempre todos os componentes vitais de sua moto e use-os apenas de acordo com sua capacidade. A pinça quebrou em uma freada mais brusca que felizmente aconteceu com a moto quase parada, mas em alta velocidade poderia causar um acidente. Da mesma forma que um disco de freio excessivamente gasto poderia se romper e travar totalmente a roda causando um possível atropelamento. Inspecionar a moto é fundamental. Pense em sua moto como um avião que voa a um metro do solo. E trate-a com o mesmo cuidado — afinal, uma queda sempre é dolorida.
Com um pouco de análise podemos chegar a algumas conclusões bem interessantes.
Primeira coisa, essa moto está em pé no cavalete, portanto ela não bateu nem caiu. Não consigo imaginar alguém conseguir levantar uma moto pesada como essa pegando fogo devido a um tombo. Nem um tombo sem colisão conseguir botar fogo em uma moto sem causar um grande dano ao chassi e deixar o piloto sem condição de erguer a moto. Como se entende da notícia de onde foi obtida a foto, o fogo começou espontaneamente.
CLRD é abreviatura para CLEARED, que pode ser interpretada de duas maneiras: DESIMPEDIDA ou SEM CULPA.
Pode ser uma atualização da notícia para informar que a via já havia sido liberada desde o horário da publicação inicial, ou simplesmente está dizendo que o fogo foi espontâneo e não houve causa aparente para o incêndio, como uma colisão ou ato intencional — pelo menos até haver uma investigação.
Desconheço a intenção dos autores, acredito mais na primeira possibilidade, então fica a ressalva. Vamos ao corpo da notícia:
Tradução:
Incêndio em motocicleta bloqueia faixas na [rodovia] I-95 sentido norte
As duas faixas da esquerda da [rodovia] I-95 sentido norte na altura da [rodovia estadual?] Del. 141 foram bloqueadas devido a um incêndio em uma motocicleta. Relatório do departamento de trânsito do Estado de Delaware [EUA]. Independente do sentido adotado para CLEARED, a moto aparentemente foi o único veículo envolvido pois não há relatos de colisão, queda ou atendimento a feridos. Além da foto, essa é toda a informação disponível — mas com base no que sabemos, podemos traçar algumas hipóteses. Existe esse recall de uma pá de motos da honda devido ao risco de incêndio por problemas no relé de partida que pode incendiar o chicote elétrico. Mas esse incêndio dessa Gold Wing ter começado no chicote é uma possibilidade remota porque o fogo está muito alastrado na roda dianteira. Como todo mundo com um mínimo de vivência e infância sabe, a tendência do fogo é subir, e não descer...
Então fica muito difícil explicar tanto fogo na roda e mangueira do freio dianteiro se a origem do incêndio não estiver justamente ali. Mas rodas e mangueiras de freio podem pegar fogo? Podem sim — e não é um caso inédito para as honda Gold Wing! Desde o começo da década choveram reclamações de que as Gold Wing prendiam as pastilhas contra o disco de freio, causando aquecimento excessivo e, em alguns casos, incêndio. O fluido de freio pega fogo com relativa facilidade porque é um composto à base de etilenoglicol, um tipo de álcool — ele não pode ser oleoso para evitar que um pequeno vazamento roube totalmente a eficácia do freio. Já no início de 2012 houve um PRIMEIRO recall por problemas no freio traseiro chamando TODOS os modelos da Gold Wing 1800 fabricados desde 2001.Até o modelo 2000 ela era "apenas" uma 1500.
Reportagem: http://www.motorcycle-usa.com/2014/09/article/honda-issues-recall-on-126000-gold-wings/ A honda passou anos e anos culpando uma suposta contaminação pela qual a empresa não teria culpa. Mas em julho de 2014, depois que as motos de proprietários que nunca afastaram as motos das concessionárias tiveram o problema mesmo depois de cumprir o recall, a honda ficou sem argumentos. E finalmente uma análise mostrou que não havia contaminantes no fluido de freio por culpa dos proprietários — e a honda teve que admitir que o problema era dela sim. O motivo da epidemia de entupimentos constantes e recorrentes da linha do freio traseiro era uma falha absurda de projeto. Somente no final de 2015, mais de cinco anos depois do início dos problemas, a honda deu o braço a torcer e fez esse novo recall porque descobriu que o problema ocorria devido ao ataque químico do próprio fluido de freio aprovado e utilizado por ela.
Imagem e reportagem: http://blog.motorcycle.com/2015/10/21/manufacturers/honda/honda-finally-has-a-fix-for-gold-wing-rear-brake-drag-issue/ Conforme a reportagem do Motorcycle.com, a reação química do fluido com os componentes do sistema de freio corroía o metal e soltava pó de zinco — as partículas bloqueavam o retorno do fluido no cilindro mestre do freio traseiro. Ou seja, o fluido de freio era corrosivo e inadequado para o sistema. O sistema de freio projetado por ela não aguentava o fluido destinado a ele — o sistema de freio não aguentava as condições normais de trabalho previstas no projeto. Algum euspírito de porco poderia se atrever a suspeitar que os componentes e / ou o fluido de freioutilizados na produção e revisões nas concessionárias eram vagabundos de qualidade incompatível com os rigorosos padrões de qualidade da fabricante.Mas magina, honda é honda, não ia fazer uma coisa dessas. O mais correto é concluir que a honda simplesmente não testou os produtos o suficiente antes de colocar as motos no mercado... o que também é muito feio para um fabricante do gabarito da honda. Para justificar o recall, a honda alegou que somente o cilindro mestre do freio traseiro apresentava o problema, mas fico seriamente em dúvida ao ver essa Gold Wing flambada.
Imagem: Rio. Rio muito. Afinal, a asinha dourada flambada não é minha. Mas tenho dó dos proprietários. Agora raciocine comigo: Se o problema era a reação do fluido de freio com os demais componentes, não há motivo para o problema não acontecer também no sistema de freio dianteiro, concorda? Os componentes tanto do cilindro mestre quanto do cilindro da pinça do freio são os mesmos, basicamente cilindros de liga leve contendo zinco. Todos com pistões, guarnições de borracha e orifícios pequenos para a passagem de fluido idênticos aos usados no freio traseiro. E as especificações dos cilindros mestres, pinças e mangueiras tanto do freio dianteiro quanto do traseiro nasceram da mesma equipe de projetistas lá na honda. Muito provavelmente, todas as mangueiras e componentes foram fornecidos pelos mesmos fabricantes.
Em princípio não haveria motivo para a mangueira, o cilindro mestre ou as pinças do freio lá na frente se deteriorarem menos que no freio lá atrás. O problema pode não ser tão recorrente quanto no caso do freio traseiro devido às diferenças construtivas — já que não haveria acúmulo no cilindro mestre dianteiro que fica em posição elevada enquanto o traseiro fica quase na mesma altura que a pinça. Mas a posição da mangueira do freio dianteiro é até mais favorável para a descida e acúmulo do pó de zinco lá na pinça do freio... O problema poderia ocorrer com menor frequência na pinça dianteira e não no cilindro mestre, mas acabaria ocorrendo do mesmo jeito, é só dar tempo ao tempo.
Imagem: delawareonline.com — detalhe ampliado Vendo essa Gold Wing pegando fogo aparentemente com início na roda e mangueira do freio dianteiro, eu me convenço de que o problema não estava apenas no freio traseiro, como alegado pela fabricante, mas também no sistema do freio dianteiro. Mas por que a fabricante não teria feito um recall citando também o freio dianteiro? Bom, tenho uma teoria... Você viu como pega mal fazer o recall de um modelo com mais de um problema grave que nem ocorreu com a yamaha MT-03? Pega 50% menos mal para a honda se o motivo do recall de uma moto topo de linha como a Gold Wing for apenas por um e não por dois problemas extremamente graves simultâneos, né? Para quê falar em público de dois problemas se um único recall vai levar as motos para um reparo na concessionária e ela poderá cuidar dos dois problemas ao mesmo tempo e sem fazer publicidade negativa? Ninguém ficaria sabendo, a menos que aparecesse uma foto de uma moto com a roda dianteira e sua mangueira do freio pegando fogo... E alguém achasse essa foto, percebesse que uma coisa leva a outra e publicasse em um blog na internet... Ops... Faz sentido, não faz? Mas neste mundo acontecem mesmo coisas difíceis de entender. Por exemplo, usar óleo 10W-30 no Brasil. EXTRA! EXTRA! — Notícia de última hora: Olha só como são as coisas — veja o que eu encontrei depois da postagem pronta, na última revisão na madrugada desta segunda... Eu estava pesquisando sobre a quantidade de Gold Wings submetidas a recall no restante do mundo — não encontrei a informação — mas encontrei isto:
Fórum: http://goldwingdocs.com/forum/viewtopic.php?t=32952 Simplesmente o relato de um proprietário que teve TODAS as três pinças de freio — duas dianteiras e uma traseira — prendendo e superaquecendo de azular os discos logo depois de atender o recall na concessionária para resolver o problema no freio traseiro... E o autor diz que a concessionária honda fez uma lavagem interna (flush) também do sistema de freio dianteiro, apesar de não previsto no recall... como imaginei. E mesmo assim em 2016 a moto desse proprietário teve o problema de arrasto dos freios e os técnicos não sabiam a causa, a golduchinha precisou ficar lá na concessionária para análise...honda sendo honda montadora sendo montadora. Sabe, até eu que sou meio burro mas não dormia nas aulas de Química saquei que nada impedia o problema de acontecer no freio dianteiro... Desconfiar das coisas e encontrar evidências de estar certo fazem um bem danado ao coração... e ajuda a evitar grandes encrencas ao comprar uma moto... Estes últimos dias têm sido muito instrutivos e divertidos (para mim). Mas tudo que é bom dura pouco — os proprietários destes carros e motos que perderam o entusiasmo com o veículo novo por conta dos recalls que o digam... Então está na hora de finalizar esta série comemorativa de postagens — mas só direi o motivo da comemoração quando ela acabar. Amanhã eu faço um fecho para este assunto e prometo não falar mais disso. Pelo menos até o próximo recall por motivo escabroso. Ou seja, logo estarei de volta — e também não esqueci a promessa sobre as montadoras de automóveis lá do outro lado do mundo. Um abraço, Jeff
Para comemorar o quarto aniversário do blog e a marca de 1.000 postagens que estaria sendo atingida se não fossem as férias forçadas do começo do ano, vou publicar esta postagem engavetada há mais de um ano. Relutei em postá-la porque foge do tema do blog. Mas quer saber? Gosto tanto dela... que resolvi me fazer esse presente. Comentários reprovando serão aceitos e compreendidos. Um abraço comemorativo antecipado, e com um agradecimento a todos que até hoje tiveram paciência comigo, pelo menos até lerem esta postagem, Jeff Sabia que você nunca na vida comeu um presunto de verdade? Quero dizer, aquilo que você sempre comeu pensando que era presunto simplesmente não é um presunto de verdade.
Pois é, leitor ou leitora, nunca nos disseram isso desde que nascemos, então aprendemos como verdade algo que não é. Calma que eu explico. Em inglês, pouco depois que os romanos fundaram Londinium Londres no ano de 0047 d.C., os londinianos sempre se referiram ao presunto como ham.
100% pernil, só que salgado, temperado, seco ou defumado. A palavra presunto vem do latim perexsuctum, que significa enxuto. Em um tempo em que não havia geladeira, salgar ou defumar era a única maneira de comercializar a carne em longo prazo, então para os italianos pernil sempre foi um prosciutto, um produto enxuto. Então um presunto de verdade é um pernil inteiro, com osso, temperado e salgado ou defumado. Um pernil enxuto e sequinho, que não precisa ir para a geladeira. Algo como um bacalhau sem cabeça — só que no caso, é uma perna sem porco. Então o que é aquilo que sempre nos venderam como presunto? Prepare seu coração:
Um dos bagulhos é o que dá aquela cor rosadinha bonitona: é o corante natural carmim extraído da cochonilha, esse insetinho bonititinho aí do lado, o Dactylopius coccus. Olha só que coisa saborosa de encher a boca de água:
Quando você espreme as fêmeas da cochonilha, sai uma tinta vermelha, saborosa e nutritiva. Só que não. Então, por não ser enxuto, por conter farelo de soja, algas marinhas (carragena), extrato de insetos esmagados y otras cositas más.... ...você concorda comigo que o "presunto" brasileiro, que você sempre engoliu a vida
toda junto com aquele monte de propaganda falando de qualidade, não é
100% ham pernil? E que portanto não mereceria ser chamado pelo milenar e consagrado nome de presunto utilizado na Europa há milhares de anos?
Tecnicamente, o bolo de carne de porco cozida com farelo de soja, algas marinhas (carragena) e corante extraído de insetos esmagados necessitando de refrigeração que eles nos vendem com o nome de presunto é um fiambre da perna extra do porco. É assim que coisas desse tipo são chamadas lá em Portugal e nos países de primeiro mundo.
É um fiambre porque é um produto de carne preparado para ser consumido frio.
É extra porque não contém apenas carne de pernil — lá fora, o que é, tem de ser de fato, senão dá processo. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fiambre Se não é 100% pernil seco, não é presunto verdadeiro.
Nosso "presunto" vendido como sendo da melhor qualidade não passa de uma mistura de carne de pernil, um pouco de farelo de soja, água e tripolifosfato e polifosfato de sódio.
Sabe para que servem o tripolifosfato e o polifosfato de sódio?
Para o nosso "presunto" ficar molhadinho — esses produtos químicos são emulsificantes, absorvem água e formam uma gelatina.
Porque água tem peso e é grátis (para o fabricante).
65% do que você paga pelo que deveria ser carne de pernil é 100% água.
O verdadeiro pernil enxuto tem no máximo a metade disso de água.
Você paga por água no lugar de pernil enxuto, e essa água não é natural da carne, é emulsificada pelo tripolifosfato e polifosfato adicionados apenas para... umedecer a carne que deveria ser enxuta.
Ou seja, sob todos os aspectos, nosso "presunto" brasileiro é algo de qualidade inferior à de um verdadeiro pernil.
Ou de um verdadeiro presunto.
Mas é vendido pela propaganda como sendo alimento da melhor qualidade. Esclarecimento: Não questiono a qualidade de processamento da carne feita pelos frigoríficos, que atende rigorosamente padrões mundiais de exportação. Questiono a qualidade do produto em si comparado ao que se chama de presunto lá fora.
Nem vou comentar sobre a carne e o frango com hormônio e tripolifosfato e polifosfato que fazem brotar água na panela... Sabe o porquê de colocarem aquele extrato de inseto pavoroso naquilo que nos vendem no Brasil como se fosse presunto?
Pra ficar bonito e vender mais.
Compare a cor do fiambre sem cochonilha com a de um "presunto" brasileiro.
Se o bolo de carne fosse bege da cor verdadeira do pernil cozido, as vendas não seriam tão boas porque a aparência rosada desperta o apetite. O produto sem extrato de inseto esmagado não é tão fotogênico e não dá tanta água na boca.
Lá na Metrópole de Lisboa, tentar vender fiambre com o nome de presunto dá rolo... mas aqui na Colônia vale tudo.
Atualização: Conferi agora e vi que retiraram essa referência da wikipedia... o pessoal não perde tempo. Ainda bem que ficou registrada nessa imagem. Quem terá retirado? Por que motivo terá retirado? A quem interessaria eliminar essa referência? Seria interessante descobrir essas respostas... Na colônia vale tudo. Tanto vale tudo, e isso há tanto tempo, que o verdadeiro presunto seco e demais carnes de porco salgadas aqui na colônia eram um dos principais produtos exportados para a Europa. E as partes não aproveitáveis, não exportáveis, não vendáveis e não comestíveis do porco (repugnantes para os senhores de engenho e exportadores de presunto) eram usadas para alimentar os escravos e o povo pobre. Aqui havia um link para uma tabela histórica da Receita Federal com os registros de exportação do Brasil colonial mostrando o grande volume de pernil exportado via porto do Rio de Janeiro — mas a página deixou de existir. Devia estar ocupando espaço que foi "melhor" empregado para dar loas aos governantes de turno. Preservar a História e torna-la pública tem seus inconvenientes.
O povo sem grana se acostumou a comer os restos sem valor do porco (os cortes de valor iam para a Europa ou eram consumidos pela elite de Brasília Rio de Janeiro e donos de fazendas), e o povo achou bom e transformou a feijoada no prato nacional brasileiro. Aí você pode até retrucar "esse cara está falando besteira, a feijoada é um prato europeu surgido em Portugal, na França eles chamam de cassoulet e em outros países usam grão-de-bico," etc. Aí eu retruco em cima e chamo SEIS, porque tirando o pé de porco, ninguém mais lá na terra de Tomé de Sousa e Eça de Queiroz usa língua, focinho, orelha e rabo de porco.
Se o povo brasileiro aceitou alimentos de qualidade inferior como restos de porco, porque não vender com o consagrado nome de presunto algo que no máximo poderia se chamar de apresuntado? (O apresuntado brasileiro não é feito com pernil, mas com paleta, que é o braço do porco, e outras partes. Dizem.) Bom, tudo muito bom, tudo muito bem, mas agora que descobriu que sempre foi engambelado com um falso presunto e com a feijoada, você me pergunta:
O que isso tem a ver com motos e um blog sobre motos? Simples. Não é só porque aquele franguinho é motoqueiro.
A ideia por trás desta postagem é: Reveja seus conceitos. Busque conhecimentoTM Bilu.
Nem tudo que pensamos que é verdade é realmente verdade verdadeira. Quando existe muita propaganda de alguma coisa, desconfie. Aquilo que você sempre pensou que fosse uma coisa pode muito bem ser outra completamente diferente. Certezas absolutas podem encobrir erros absolutos. Aplique esse conceito para tudo em sua vida, inclusive as motos. Porque todo mundo sempre falou maravilhas de modelos de motos superconsagradas, não quer dizer que elas realmente sejam o que há de melhor no mercado mundial. Dizendo com todas as letras: A Pop, a Biz, a CG, a Fan, a Titan, a Factor, a YBR que eu não incluí inicialmente porque pensei que tinha saído de linha, a Neo, as motos mais vendidas da honda e yamaha, não passam de presuntos brasileiros. A Neo saiu da lista porque ganhou freio a disco mês passado, parabéns à fabricante pela iniciativa. Um presunto a menos no mercado.
Só para constar: Sadia não fabrica motos, honda e yamaha não vendem presuntos e o galinho motociclista apareceu somente porque é charmoso, não tem relação alguma com as motos, é apenas uma piada.
Essas motos na versão básica com freios a tambor são motos inerentemente inseguras, potencialmente mortais por qualidade do projeto, e nem sequer são comercializadas em países de primeiro mundo. E não é por problemas de mecânica ou de qualidade, mas por um motivo muito mais prosaico. Nem vou falar do preço absurdo aqui no Brasil. Ops, falei. Os freios a tambor dessas motos são inseguros, ineficientes e inadequados, e podem causar acidentes fatais.
"Ah, mas todo mundo fala tão bem delas há tanto tempo..." O pessoal só fala bem porque não conhece coisa melhor. Só descobre que sempre pilotaram um presunto no dia em que pilotam uma moto que tenha freios eficientes e seguros.
Minhas motos orgulhosamente xing-ling têm ótimos freios, e foi graças a elas que descobri o quanto os freios da CG eram ruins. Eu pensava que comia presunto até então... O freio dianteiro a tambor não assegura uma frenagem vigorosa, o cabo mecânico é sujeito ao rompimento durante a aplicação, exige substituição periódica e precisa ser regulado com frequência. Uma deficiência de regulagem que roube 1 metro no espaço de frenagem significa que sua moto poderá afundar quase isso na traseira ou lateral de um carro.
http://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2014/09/moto-colide-em-carro-que-fazia-retorno-na-jorge-teixeira-em-porto-velho.html Já tive uma CG e posso dizer que o freio traseiro a tambor é mal dimensionado e causa o travamento da roda e consequente queda do piloto ou piloto e garupa. Me disseram que na yamaha é a mesma coisa, o freio traseiro a tambor também causa travamentos e quedas. Os freios da CG eram ruins em 1979 quando comprei minha primeira moto, e continuam ruins até hoje. Tive a oportunidade de fazer um novo curso de pilotagem com segurança por iniciativa de uma concessionária local que cedeu as motos, e constatei que o freio traseiro continua com a mesmíssima tendência de travamento depois de mais de 30 anos. É impossível melhorar? Não, não é. Se até a dafra conseguiu fazer bons freios com a Kansas e a Speed, porque a honda não consegue? Será que apenas deram sorte?
Hummm, deve ter sido sorte sim. Vou tirar a Speed e a Kansas da lista porque, apesar de frearem corretamente sem desvio da trajetória, o visor do cilindro mestre do freio dianteiro volta e meia pula fora deixando vazar o fluido... Eu nunca tive esse problema, mas várias pessoas tiveram, inclusive o Vinícius, e essa é uma falha total do freio dianteiro é uma situação muitíssimo perigosa... Mas voltando aos presuntos da honda e yamaha:
Bastaria que elas abandonassem de vez o maldito sistema de freio dianteiro a tambor que deixou tanta gente na mão na hora em que mais precisava, e passassem a oferecer as motos somente com freios dianteiros a disco. Freios dianteiros a disco salvam vidas. Bastaria que o maldito sistema de freio traseiro a tambor fosse redimensionado para deixar de ser tão atuante, equilibrando melhor a força de atuação sobre a roda para evitar seu travamento.
Freios traseiros que não travam indevidamente salvam vidas.
Isso poderia ser feito por diminuição do braço de alavanca do pedal de freio, redimensionamento do tambor ou das sapatas, substituição do material das lonas de freio por outro com menor coeficiente de atrito, uso de freio a disco bem dimensionado na traseira...
São coisas que um departamento de engenharia de empresas como a honda e a yamaha teriam plenas condições de pesquisar e desenvolver em um ano ou dois.
Mas lá se vão quase 40 anos do lançamento das primeiras motos da honda com freio a tambor, e nada foi feito em relação a esse péssimo projeto dos freios.
Hoje na terceira moto, duas delas com freios a disco, posso dizer com absoluta certeza que a culpa da grande maioria dos acidentes que sofri com aquela CG foram causados pelos péssimos freios que a honda comercializa até hoje.
Minhas últimas duas motos chinesas xing-ling com muito orgulho possuem freios incomparavelmente melhores e mais eficientes. Nesse aspecto, as motos chinesas e indianas estão dando um banho nas bambambams da tecnologia mundial de motos. Posso usar s depois de m? Pesquisar antes de publicar.
Freios que permitem uma frenagem em pouquíssimo espaço sem a menor tendência de derrapagem da roda traseira, sem a menor tendência de desvio de trajetória.
Freios que não jogam o piloto na fogueira.
Aí você poderá me dizer:
Compra moto com freio a tambor quem quer; a moto com freio a disco não custa tão mais caro.
E eu respondo o seguinte:
Seria ético se as montadoras de automóveis vendessem carros sem cinto de segurança, e quem quisesse que pagasse pelo adicional?
Vejo essa situação dos freios da mesma maneira: motos com freios a tambor aumentam o risco de vida para os usuários na mesma proporção que carros sem cintos de segurança.
Isso é uma coisa que não perdoo na honda e na yamaha, terem a capacidade de fazer ótimas motos e serem omissas em relação a esse grave problema de segurança que ninguém imagina que existe porque não conhece alternativas — mas elas sabem.
Sabem e não fazem nada a respeito. Quer dizer, estão fazendo somente agora e porque estão sendo obrigadas, a mortandade foi grande demais e o congresso aprovou a obrigatoriedade de uso de freios ABS / CBS.
O tal freio CBS a honda está colocando no mercado agora com 50 anos de atraso em relação ao resto do mundo — se quisesse, poderia ter salvado a vida de muita gente.
E o freio ABS é vendido por um preço absurdamente desproporcional por razões essencialmente de marketing.
Lá fora o acréscimo por um freio ABS é na média de 500 dólares, até menos. Por aqui, a facada é de 700 dólares...
Você, meu povo, está tão acostumado com uma coisa como freio a tambor que nem faz ideia do quanto está sendo lesado.
Ou lesionado, se precisar frear em uma emergência. Da mesma forma que nem imagina que o presunto que comeu a vida inteira é tudo, menos um presunto de verdade. Ou foi convencido de que uma feijoada é um prato gourmet. Um abraço, Jeff
PS: Pois é, a postagem não ia falar de motos... mas não resisti.