Mostrando postagens com marcador Compra da moto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Compra da moto. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 15 de março de 2017

Meninas, scooters, propagandas e mundo real

Esta é uma postagem especial para as garotas (e rapazes também) que estão pensando em começar a pilotar comprando uma motoneta.

Anúncios de scooters e motonetas sempre focam os aspectos positivos do produto, como a liberdade e a praticidade... e geralmente são voltados para o público feminino.
As fabricantes sempre mostram as motonetas apenas como veículos divertidos e seguros para iniciantes no mundo das duas rodas.

Desde sempre e em todo o mundo as motonetas (scooters para os americanos, ingleses, franceses e a moçada brasileira e italiana de hoje) são propagandeadas como veículos que chamam a atenção...

Uma promessa de aventura e liberdade repleta de sorrisos e diversão que combina com uma época saudosa retrô vintage que não existe mais.

Motonetas eram ótimas logo depois da Segunda Guerra Mundial.

A economia dos países estava em ruínas e sobravam rodinhas traseiras do trem de pouso de aviões de combate que não eram mais fabricados...
Imagem: http://batalhaodeguerra.blogspot.com.br/2013/09/avioes-de-combate-italianos.html
Para saber mais sobre todos os aviões da 2ª Guerra, recomendo a série Caças da Segunda Guerra Mundial no excelente canal do youtube Hoje na Segunda Guerra Mundial.

Naquela época os salários eram baixos, ninguém tinha dinheiro para gastar nem perspectiva de ganhar dinheiro a curto prazo, mas o povo precisava se deslocar e batalhar pela vida. Bom, isso não mudou.
Os anos 40, 50 e 60 — até meados dos anos 70 — eram tempos românticos onde segurança e capacetes nem passavam pela cabeça do pessoal

Curiosamente, apesar de poderem ser pilotadas tanto por homens quanto mulheres, as fabricantes veem nas garotas um enorme mercado para o produto...

Afinal, por que os garotos deveriam ter toda a diversão?
Bom, o problema é que a propaganda vende sonhos, e você e eu vivemos no mundo real.

E no mundo real em que pilotamos motos, existe uma coisa terrível e inescapável chamada buraco — buracos em todo lugar.
Reportagem: http://www.midiamax.com.br/transito/motociclista-cai-buraco-moto-pirueta-acerta-hillux-av-mato-grosso-331446

Buracos são problemas para todo mundo em duas ou quatro rodas, mas para as motonetas eles são ainda mais perigosos:
Imagem e reportagem: http://www.gp1.com.br/noticias/motociclista-atropelada-morre-ao-dar-entrada-no-hut-410222.html

A combinação de buracos enormes, rodas pequenas e suspensões frágeis menos robustas é desastrosa:
Imagem e reportagem: http://leisecamarica.com.br/buraco-causa-acidente-e-deixa-jovem-ferido-na-estrada-de-itaipuacu/

Um buraco capaz de quase derrubar uma motocicleta certamente derrubará um scooter porque o impacto sobre a suspensão é maior, a roda pequena se "encaixa" profundamente no buraco e causa perda de controle.

Buraco não só derruba, é capaz de quebrar de vez toda a suspensão:
Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2017/02/buraco-deixa-motocicleta-quebrada-e-um-ferido-em-campo-grande.html

As rodas pequenas de motonetas caindo em buracos são um problema até mesmo na Itália, terra-mãe das motonetas:
Imagem e reportagem: http://www.napolitoday.it/cronaca/incidente-stradale/ferito-scooter-galleria-vittoria.html

Veja nas fotos que até mesmo buracos pequenos (pelos nossos padrões brasileiros) são suficientes para derrubar centauros pilotos de motonetas.
Imagem e reportagem: http://www.teleischia.com/132925/borbonica-pericolosa-ennesimo-incidente-gennaro-savio-denuncia-la-citta-metropolitana-provveda-immediatamente-a-mettere-in-sicurezza-la-strada/

Não é nem questão de o asfalto brasileiro ser vergonhoso, isso está fora de questão — ele é mesmo.

É questão de o veículo motoneta ser inadequado para a realidade do dia a dia de trânsito pesado do século 21, aqui ou acolá. Simples assim.

As fabricantes não têm o menor interesse em alertar os consumidores sobre essa exigência de asfalto de boa qualidade típica das motonetas.

E algumas fabricantes até se esforçam para não deixar você perceber isso.

As propagandas costumam associar motonetas à juventude e ao prazer, abusando da imagem de garotas despreocupadas...

Garotas usando capacete aberto como se não houvesse o menor risco de cair de cara no asfalto e quebrar o maxilar... 
Sempre em dias ensolarados... não existe uma única propaganda no mundo todo com gente pilotando na chuva, nem buracos encobertos pela água da chuva.

E assim como ninguém fala de chuva, ninguém fala das principais deficiências das motonetas — o tamanho miúdo das rodas, instabilidade, dificuldade de frenagem e velocidade máxima inadequada para vias expressas.

Algumas vezes as rodas pequenas até acabam desaparecendo dos anúncios... Coincidência, claro.

Ou então recebem a devida contrapropaganda...

Que chega a provocar risos pela contradição entre o que diz e o mundo real...

Ou você acha mesmo que essas são as maiores rodas no oeste / ocidente?

Podiam ser entre as motonetas de 1950, mas até hoje continuam minúsculas e incapazes de enfrentar os buracos — de leste a oeste e de norte a sul.

E até mesmo a questão da fragilidade no trânsito recebe do pessoal do marketing um contrarreforço positivo.

No caso, um supercontrarreforço:

Na área de marketing, vale tudo para conquistar o coração e a mente dos consumidores.

Não se deixe iludir pelas propagandas coloridas, alegres e sorridentes.

Elas procuram chamar a atenção para o produto, muitas vezes associando a máquina com recursos que ela não possui.

Como a invulnerabilidade e resistência de um super-herói... 

Ou desviando sua atenção das coisas fundamentais.
Coisas fundamentais como sua segurança ao passar por buracos com rodas pequenas, por exemplo.

Hoje em dia motonetas são veículos dos mais envolvidos em acidentes de trânsito causados unicamente por essa limitação das rodas pequenas.

Os scooters provavelmente são o tipo de motocicleta com mais acidentes por queda sem colisão nem participação de outros veículos.
Pesquisa no google por queda motoneta.

A responsabilidade pela queda é sempre dos próprios pilotos e vítimas, ninguém fala das características de projeto que facilitam a ocorrência de acidentes... 

O direito romano diz caveat emptor, o comprador que se cuide.

Mas como o comprador pode se cuidar contra riscos que desconhece?

Por mais que as fabricantes passem a ideia de um veículo seguro para a juventude, as motonetas são inerentemente inseguras para todas as idades.

Cumpriram seu papel até 40 anos atrás, quando o tráfego menos intenso permitia quedas com menor risco de atropelamento ou colisão contra obstáculos.

Mas são profundamente inseguras nos dias de hoje.

Essas são coisas que as propagandas não dizem e nunca dirão.

Para vender o produto, o pessoal do marketing faz propagandas que apelam para sua emoção. 

E muita gente boa não tem pudor de apelar até para o ridículo, o que vale é vender o peixe.
Imagens desta postagem: Pesquisa no google por scooter advertising. Fabricantes diversos ao redor do mundo, nem todos presentes no Brasil.

Então não se deixe enrolar pelas propagandas.

Na hora de optar entre uma motocicleta ou uma motoneta para sua primeira moto, pense nos buracos e na velocidade das vias que você encontrará no seu trajeto diário.

Analise racionalmente se ela será a moto ideal para enfrentar as dificuldades do trânsito na sua região.

Vias expressas, ruas esburacadas, longos percursos em alta velocidade não combinam com motonetas.

Se mesmo assim o seu sonho é ter uma motoneta, e você não abre mão disso, pelo menos escolha uma com rodas grandes.

E use capacete integral, seu maxilar agradece.

Um abraço,

Jeff
PS 1: 
Caramba, aconteceu de novo...  outra vez uma postagem entrou no ar sem finalização. Peço desculpas a quem leu, os últimos dias foram atípicos.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Óleo 20W-50 em moto que usa 10W-30?

Respondendo urgentemente à leitora NaneNunes, que está comprando uma moto e uma briga com a honda por minha causa (hehehe):

Jeff, estou comprando minha primeira moto, uma Fan 150, e antes dela chegar descobri seu blog, estou adorando e queria te parabenizar pelo ótimo serviço informativo e divertido. 

Ontem fui à Concessionária resolver a papelada e indaguei sobre o óleo, fui levada ao mecânico chefe e perguntei se na revisão da concessionária eu poderia levar um óleo de maior viscosidade.

Fui informada grosseiramente (porque o mecânico deixou claro que o fato de eu ser mulher impede categoricamente que eu entenda qualquer coisa relacionada à mecânica) que um óleo de viscosidade maior vai prejudicar o motor (você acredita???)

Argumentei que o clima da nossa cidade é quente (Belém, Pará, média de temperatura de 30 graus) e que o óleo 10W-30 da Honda não é o ideal e fui informada que na Honda eles não aceitam a utilização de qualquer óleo que não seja o Honda e que se eu quiser trocar é por minha conta e risco e que nem no momento de trocar, mesmo eu levando o óleo, eles não colocarão, você acredita?

Enfim, queria ter conhecido seu blog antes, talvez a ideia de que só existe Honda tivesse mudado, pena que agora terei que trocar o óleo em casa mesmo :) 

Olá, Nane, obrigado por ler o blog!

E não pense que a grosseria ocorre apenas por você ser mulher não, isso é regra geral e não só na honda... eu cansei de discutir com mecânico que diz que não pode colocar mais do que a quantidade recomendada no manual, apesar de o manual dizer que é obrigatório adicionar óleo até atingir o nível máximo da vareta depois de colocar a quantidade indicada. 

Sugiro que você não compre briga com a concessionária por causa do óleo, senão é capaz de te invalidarem a garantia da moto e aí, se um dia tua moto der um problema de queimar a buzina, vão dizer que foi por causa do óleo que você está usando.

Nenhuma concessionária pode deixar de seguir as diretrizes do fabricante, então com eles você não conseguirá argumentar mesmo.

O que me deixa indignado é que eles não respeitam o método de troca de óleo determinado pelo fabricante, que exige a complementação, e o fabricante não faz nada a respeito.  

Para enfrentar esse período da garantia com o óleo 10W-30 (um ano passa rápido), não descuide do nível correto, sabendo que ele tende a ser consumido e abaixar muito, mas muito mais rápido do que o óleo mineral 20W-50.

Você não conseguirá comprovar o nível do óleo sintético da mesma forma que é fácil com o óleo mineral porque ele desce muito rápido para o cárter, então faça o procedimento de medição exatamente como está no manual e tenha o cuidado de manter o nível de óleo sempre junto da marca de nível máximo da vareta medidora. 

Um tiquinho a mais, tipo 200 mililitros, não prejudica o motor — o que não pode é passar disso, que aí realmente pode danificar o motor por excesso de óleo. 

Depois que passar o período da garantia, você poderá optar por continuar usando um óleo sintético para motos, mas de viscosidade adequada (20W-50).

PS: Ou optar por um mineral 20W-50, depois de lavar o cárter para evitar a formação de borra. (Pensei e esqueci de escrever...)

Você encontra uma explicação sobre o procedimento de lavagem do cárter com o óleo novo na seguinte postagem: http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2014/12/misturei-oleo-mineral-com-sintetico-e.html

Agora você precisa tomar cuidado com uma coisa:

A honda sabe que os motores estão pipocando e implantaram aquela promoção de garantia por 3 anos com 7 trocas de óleo gratuitas. Não sei se foi por tempo limitado.

Não tenho como afirmar, mas é muito possível que nessas trocas gratuitas eles estejam tomando cuidado especial com o nível, e nesse caso, é capaz de sua moto já vir abastecida com esse tiquinho a mais para garantir que não ocorram problemas durante o período de garantia.

Então antes de você colocar por conta própria um tiquinho a mais, verifique aonde o óleo está sendo indicado na vareta, sempre a frio pela manhã e com a moto sobre solo nivelado em todas as direções, apoiada no cavalete central.

Se já estiver acima do nível máximo, não coloque mais óleo. Se estiver abaixo, complete. O próprio manual recomenda fazer isso. E se estiver exatamente no nível máximo, avalie se será necessário colocar esse tiquinho a mais. 

O que não pode é rodar com óleo baixo por muito tempo (vacilei com o nível de óleo da Jezebel esta manhã e quase travei o motor da pobrezinha, estava preparando uma postagem sobre isso quando passei o seu assunto na frente)

Mantendo seu motor nessas condições, você poderá passar pelo período de garantia sem brigar com a concessionária e sem preocupação de perder o "benefício". 

Tudo de bom,

Jeff

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Minha primeira moto será uma alta cilindrada (500 para cima)

Boa sorte e que Deus te acompanhe! (porque você vai precisar...)




Eu discordo do autor do vídeo que chamou o piloto aprendiz de idiota — os erros que ele cometeu são os erros típicos de quem nunca pilotou.

Ele desgarrou na curva porque se preocupou com o problema, e não com a solução — o resultado é que a moto vai para onde o seu olhar estiver focado.

O piloto pensou que estava em velocidade excessiva para a curva e nem passou pela cabeça dele frear por receio de cair.


Para tentar consertar a trajetória, ele esterçou instintivamente na direção da curva, sem saber que as motos são pilotadas com contra-esterço — acima de uma velocidade mínima, acima daquela velocidade ridícula que você roda na moto-escola, uma moto vai na direção oposta daquela para a qual você vira o guidão.

Ele não teve tempo de aprender a usar o peso do corpo para corrigir a trajetória em uma curva, isso é algo que se aprende com o tempo em motos pequenas.

Por isso que digo que não é vantagem alguma começar a pilotar de cara com uma moto de grande potência.

Porque além do risco óbvio de se matar por falta de domínio da moto, o prejuízo no primeiro tombo besta ficará na casa dos 5 mil reais, se você tiver sorte de quebrar pouca coisa.


Se for uma pancada um pouco mais feia, o reparo poderá chegar ao custo de 120% do valor da moto.


Maluco, né? Mas isso aqui é Brasil.


Não dá para ter moto de alta cilindrada sem ter um senhor seguro, que não cobrirá o custo da franquia. 

Franquia que fica na casa dos 5 a 10 mil reais para mais, e que sai integral do bolso do acidentado.


Para saber mais sobre os riscos de se aprender a pilotar com uma moto de alta potência, veja as postagens seguintes.


Para quem pensa em pegar uma esportiva de alta cilindrada:


Apresentação


Virei para um lado e a moto foi para outro


Nunca trave o olhar


Curvas e tombos


Chicotadas e curvas


Posso frear durante a curva?


Ressonância, oscilação e instabilidade


É assim que se quebra o quadro da moto


Suicídios e assassinatos


Pneu liso faz a moto andar mais rápido?


O cara que pensa que sabe pilotar 

Especificamente para quem está pensando em uma custom de alta cilindrada:

Entendeu porque capacete aberto não serve para nada?


Pilotar exige o corpo todo...não é só sentar e acelerar


Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

As curvas da estrada de Santos — Adolescência e riscos

Se você pretende saber quem eu sou, eu posso lhe dizer: entre no meu carro e na estrada de Santos você vai me conhecer... é, vai me conhecer...

Você vai pensar até que eu não gosto nem mesmo de mim, e que, na minha idade, só a velocidade anda junto a mim...

Eu só ando sozinho, e no meu caminho o tempo é cada vez menor...

Ah, eu preciso de ajuda... por favor me acuda, eu preciso de ajuda, eu vivo muito só, eu me sinto muito só...

Mas se acaso numa curva eu me lembro do meu rumo, eu piso mais fundo, corrijo num segundo, não posso parar...

Eu prefiro as curvas, as curvas da estrada de Santos, onde eu tento esquecer um amor que eu tive e vi pelo espelho na distância se perder...

Mas se o amor que eu perdi eu novamente encontrar, as curvas se acabam e na estrada de Santos eu não vou mais passar... não, não eu não vou mais passar...


É de Roberto e Erasmo, é de 1969, foi regravada por Lulu, pelo Skank, mas você já ouviu na versão da Elis?

Tudo fica melhor com Elis.


Até o interminável percurso da estrada de Santos.


Mas o motivo desta postagem não é a estrada, nem a canção, mas essa tendência autodestrutiva tão comum entre os jovens e tão bem exemplificada aqui.


Por que esse sentimento de não se importar que a vida possa acabar, quando está apenas começando? 


De onde vem esse impulso que faz com que os jovens se sintam imunes e indiferentes ao perigo? 


De achar que a morte e os acidentes só acontecem com os outros?


Por que os jovens têm essa necessidade de testar os limites dos carros, das motos, das aventuras radicais? Testar seus próprios limites?


Por que arriscar a vida em rachas, dirigir bêbado, fazer superman com a moto?   

Tudo na vida tem explicação, e não tem nada a ver com estas figurinhas aqui...  

Particularmente a morena.

Imagem: vector.me

A tendência ao comportamento de risco na juventude é explicada pela Ciência.

Um estudo 
publicado na revista Developmental Neuroscience, "Teenage Brains: Think Different?" (em tradução livre, Cérebros Adolescentes: Pensamento Diferente?) concluiu que esse comportamento de risco está programado em nossos cérebros e dificilmente poderá ser controlado.

Imagens de ressonância magnética mostraram que cérebros imaturos adolescentes reagem emocionalmente diante de desafios de uma maneira que não se repete após a maturidade. 


Eles também não se intimidam com ameaças de punição e tendem a fazer apostas mais altas do que o razoável.

Por exemplo, ao calcular a chance de sucesso em uma ultrapassagem.

Aparentemente, segundo o estudo, uma determinada molécula (hormônio) fundamental para desenvolver o medo diante de situações perigosas é encontrada em menor quantidade no cérebro jovem do que no cérebro adulto.

É como se o mundo adolescente fosse visto com outras cores, uma realidade mais irreal. Mais próxima à realidade dos videogames, talvez.

Mas qual a utilidade evolutiva desse comportamento potencialmente autodestrutivo?

Darwin explica: 

Para garantir a sobrevivência da espécie, ousadia é fundamental.

Imagine-se vivendo no tempo das cavernas:

A tribo precisava de guerreiros suficientemente audazes para enfrentar bisões e mamutes para garantir o alimento, mas suficientemente inteligentes para evitar serem mortos por eles, e por leões e ursos.

Mas ainda assim, esses guerreiros precisavam ser ousados o suficiente para enfrentar também estes últimos, se fosse necessário defender as mulheres e crianças da tribo.

Somente os mais inteligentes, que soubessem avaliar melhor os riscos de matar ou morrer e bolar estratégias vencedoras, sobreviviam para gerar descendentes.

Esse mecanismo está gravado nas instruções de fabricação de seres humanos. 

Só que hoje nossos leões e ursos se encontram aos milhões, estão em todas as esquinas, são mais velozes e mortais. 

Vemos o resultado nas estatísticas de acidentes nas estradas e no trânsito das cidades.

Em função dessa ousadia inerente aos jovens, incapazes de avaliar corretamente o perigo, talvez o mais prudente fosse não pilotar nem dirigir antes dos 25 anos.

Alguém consegue imaginar uma sociedade assim?

Nem eu. 

Então o negócio é aprender o máximo sobre o mundo para sobreviver da melhor maneira possível às ameaças que estão lá fora da nossa caverna moderna.

Sabendo que essa condição existe, é inerente ao ser humano, é instintiva e acontece com praticamente todos os machos da espécie, você poderá se precaver contra as atitudes irracionais deles no trânsito. 


E as suas também.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Vou comprar uma motoneta/Biz/Neo porque é fácil de pilotar

Detesto ser chato, mas....

Tem certeza que essa é a melhor escolha?

E se você precisar pegar uma rodovia com sua motoneta, ela vai aguentar a viagem?

Motoneta pode rodar em estrada?

Qual é a diferença entre moto, motoneta e ciclomotor?

Imagem: http://mototurismogastronomico.wordpress.com/2012/01/10/a-viagem/

Para começar, vamos esclarecer o que é ciclomotor, motoneta e motocicleta.

Ciclomotor é qualquer veículo de duas rodas com cilindrada máxima de 50 cm3.

Motoneta é qualquer veículo de duas rodas onde você pilota sentado. A diferença para a motocicleta é que nesta você vai montado, há um tanque de combustível entre suas pernas.

Esclarecido isso, quais seriam as desvantagens de uma em relação à outra?

Começa que o ciclomotor não pode trafegar por vias com velocidade superior a 60 km/h.

As motonetas nacionais começam com motor de 100 cm3, é o mínimo mínimo mínimo para rodar em vias expressas e rodovias.

Vias expressas urbanas costumam ter velocidade máxima de 90 km/h, como as marginais Pinheiros e Tietê em São Paulo, ou 100 km/h em Florianópolis. Rodovias permitem 110 km/h e algumas até 120 km/h.

E é aí que está o problema:

Um motor de 100 cm3 não consegue rodar a muito mais do que 85 km/h reais por muito tempo (velocidade real, não aquela mentira que é dita no velocímetro). E essa é a velocidade máxima, tem que esgoelar o motor para ela aguentar manter esse ritmo; a velocidade de cruzeiro é na casa dos 60 km/h.

Aí você compra uma motoneta pela economia e facilidade da pilotagem, sem levar em conta que vai ter de pegar um trecho da BR-101 todo dia para ir para o trabalho ou escola... 

Sinto dizer, mas para rodar numa rodovia, uma motoneta é uma péssima escolha.

Meu caro, minha cara... 

Você faz ideia do que acontece quando uma carreta vem a 130 km/h pela BR (porque velocidade máxima é só uma sugestão, eles sabem onde estão todos os postos da polícia rodoviária) e o caminhoneiro só percebe uma motoneta a 50-60 km/h quando já está em cima dela?

Ele até poderá tentar parar, mas provavelmente não conseguirá. Caminhões precisam de distância muito maior do que carros para reduzir a velocidade.

Você sabe como se freia um caminhão-carreta?

O pedal do freio aciona os freios do cavalo-mecânico e a alavanca de freio no volante* aciona os freios da carreta. O motorista tem que coordenar os dois para manter cavalo e carreta alinhados. Resumindo, não é fácil.

*Se você pensou que estava escrito guidão, se enganou. Nunca que eu ia dizer que caminhões têm guidão. Não, não. 
A menos que eu tivesse tomado uma cerveja. Ou duas. Ah, sei lá, perdi a conta. Ô, ressaca...

Se ele frear de repente, é enorme a chance de o reboque jogar o cavalo-mecânico para o lado (fazer o “L”), o conjunto não parar e passar por cima da motoneta e de quem mais estiver pela frente.

Reportagem: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/10/colisao-entre-onibus-carreta-e-caminhao-deixa-um-morto-e-27-feridos-na-br-101-em-palhoca-4310540.html

Se ele avistar você de longe, acabará colando na sua traseira sem manter uma distância de segurança. Você não terá como mudar de faixa porque a visão estará encoberta pelo caminhão. E não terá como ganhar velocidade porque assim que você acelerar, ele acelerará junto.

Se a sua moto der uma engasgada ali na frente dele, ou se você se desequilibrar porque as rodinhas minúsculas pegaram um buraco daqueles, não haverá como evitar ir para baixo das 18 rodonas.

Quem consegue passar bem no meio do caminhão sem ser atropelado, não escapa do carro/caminhão atrás dele.

Fim da história para você e sua motoneta.

Sabe como eu sei de tudo isso?

Porque já passei por essas situações (menos o atropelamento, claro) e nem foi com uma motoneta, foi com minha motocicleta 150 com velocidade máxima superior à de uma motoneta.

Sentiu o drama?

Até é possível fazer uma viagem internacional com uma motoneta... é a aventura de uma vida, você se arrisca durante 30 dias e tem histórias para contar durante 30 anos.

Mas algo muito diferente é ter de enfrentar um trecho de rodovia movimentado todo santo dia na hora do rush pela manhã, tarde e noite.

Na hora de comprar a moto, avalie muito bem se vale mesmo a pena optar por um veículo mais limitado pagando o mesmo preço.

Um abraço,


Jeff

domingo, 5 de janeiro de 2014

FULL GEAR x FOOL'S GEAR

Olá, pessoal

Para começar o ano, adaptei um poster bastante conhecido sobre segurança de pilotagem, mas que não lembro de ter visto traduzido.

No original, FULL GEAR x FOOL'S GEAR, um trocadilho intraduzível... então troquei por um trocadilho infame.

Gear quer dizer engrenagem, marcha e também mecanismo, equipamento. Em nosso caso, equipamento de proteção

A tradução seria algo como EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COMPLETO x EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO DO TOLO, o que não é um trocadilho em Português. E também não caberia na imagem...

Então segue o poster 'traduzido' com variações e adaptações, com sem a devida autorização da swmsa.org e da National Association of State Motorcycle Safety Administrators.



Esses caras aqui também merecem crédito, mas não couberam na imagem:




Amanhã voltamos ao ritmo normal de postagens... espero eu.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Recalls

A única finalidade do marketing é vender mais produtos, então tudo que é cor de rosa azul da cor do céu é amplamente divulgado em revistas, tv, cartazes e periquito de realejo.

Já as coisas que não são boas de se falar... Ha!

Você provavelmente já viu essa propaganda:


Mas ninguém nunca viu um anúncio de página inteira da honda com a mensagem Fourtrax: Troque a suspensão que ela não aguenta! 

Você não viu e nem vai ver. 

Fabricante nenhum faria alarde para um recall por problema gravíssimo nos braços da suspensão.

Pois é, a suspensão pode se quebrar e o cidadão felizaço da foto pode se desbarrancar e se quebrar inteiraço, pescoço incluso, e muito pouco se fala disso. 

Propaganda dá lucro, recall pega mal e dá prejuízo.

O máximo que você verá é um anunciozinho sem brilho, daqueles que passam despercebidos num pé de página.

Que nem esse aqui, ó:


Você algum dia soube que a yamaha convocou o recall de todas as Fazer 250 fabricadas até aquela data para troca dos componentes da suspensão traseira, que pode se quebrar e causar a perda de controle da moto?

Leia as letrinhas miúdas do anúncio, eles fizeram isso não foi uma vez só não. Foram duas.

Com tanto destaque e divulgação que você nunca ouviu falar.

Nem você e nem um monte de proprietários que deixaram de comparecer e estão correndo risco até hoje. 

Ou venderam a moto e alguém herdou a encrenca na maior inocência.

Ah, vá. Fazer tem poucas.

Então você ficou sabendo do recall de todas as honda Biz 125 anos 2006 e 2007 por um problema de solda que pode exigir a troca gratuita do chassi inteiro?

Nem ficou sabendo, né?

Mas esta propaganda você viu:


Bonita a foto, né?

Custava ter o mesmo empenho para comunicar que se o quadro das motos com problema na solda não for substituído, elas podem se partir ao meio?

Era só incluir o aviso e a tabelinha:

Biz 125 ano 2006
KS (chassi 9C2JA04106R000039 a 9C2JA04106R849955)
ES (chassi 9C2JA04206R000055 a 9C2JA04206R888744)
MAIS (chassi 9C2JA04306R000020 a 9C2JA04306R809884)

Biz 125 ano 2007
KS (chassi 9C2JA04107R000001 a 9C2JA04107R034076)
ES (chassi 9C2JA04207R000001 a 9C2JA04207R062422)
MAIS (chassi 9C2JA04307R000001 a 9C2JA04307R011533)

849.917 + 888.690 + 809.865 + 34.076 + 62.422 + 11.533 = 2.656.503 

Dois milhões, seiscentas e cinquenta e seis mil e quinhentas e três motos que deveriam ter passado pelo recall. 


Nem todas apresentam o problema, mas você só descobre isso levando a moto à concessionária para verificar se o reparo é necessário ou não.

Consegue imaginar quantas motos com o problema não foram reparadas porque o proprietário nem ficou sabendo que está correndo risco de um acidente gravíssimo e até morte?


Todas as empresas estão sujeitas a convocar recall, problemas de produção acontecem pra todo mundo. 


Empresas sérias fazem recall até quando o risco não é tão grande assim para os usuários. 

A suzuki convocou recall das Burgman 125 por vazamento da tampa de combustível e de praticamente toda a linha de motos grandes por problemas no retificador de voltagem.

Por que isso não é noticiado com o devido destaque?

Porque para os fabricantes os comunicados de recall servem apenas para cumprir a legislação. 

O primeiro comprador até pode ser procurado para o reparo pela concessionária, mas o segundo, terceiro proprietário... eles vão precisar contar com a sorte.

Ao comprar uma moto, seja nova ou usada, fique atento a eventuais chamados de recall. Um recall permanece válido, mesmo que tenha sido convocado há anos.

Se o antigo dono da sua moto deixou de fazer, você tem todo o direito de receber os serviços e peças sem custos, porque é vício oculto, o fabricante é responsável por sanar o erro, e não você. 

Eles não podem te cobrar por isso.

A melhor maneira de ficar sabendo se a sua moto tem um recall é visitando o site da empresa, costuma ter um link meio escondido para informar sobre motos sendo convocadas para substituição gratuita de peças.

A menos que seja uma dafra.

E para encerrar:

Você viu por aí alguma notícia do recall das Falcon 2013 para troca da transmissão


Eles não falam se é o câmbio ou a relação, só dizem que a roda traseira pode travar e causar sua queda.

Mas isso é só um detalhezinho sem importância, né?

Um abraço,

Jeff

ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.