sexta-feira, 31 de outubro de 2014

As curvas da estrada de Santos — Adolescência e riscos

Se você pretende saber quem eu sou, eu posso lhe dizer: entre no meu carro e na estrada de Santos você vai me conhecer... é, vai me conhecer...

Você vai pensar até que eu não gosto nem mesmo de mim, e que, na minha idade, só a velocidade anda junto a mim...

Eu só ando sozinho, e no meu caminho o tempo é cada vez menor...

Ah, eu preciso de ajuda... por favor me acuda, eu preciso de ajuda, eu vivo muito só, eu me sinto muito só...

Mas se acaso numa curva eu me lembro do meu rumo, eu piso mais fundo, corrijo num segundo, não posso parar...

Eu prefiro as curvas, as curvas da estrada de Santos, onde eu tento esquecer um amor que eu tive e vi pelo espelho na distância se perder...

Mas se o amor que eu perdi eu novamente encontrar, as curvas se acabam e na estrada de Santos eu não vou mais passar... não, não eu não vou mais passar...


É de Roberto e Erasmo, é de 1969, foi regravada por Lulu, pelo Skank, mas você já ouviu na versão da Elis?

Tudo fica melhor com Elis.


Até o interminável percurso da estrada de Santos.


Mas o motivo desta postagem não é a estrada, nem a canção, mas essa tendência autodestrutiva tão comum entre os jovens e tão bem exemplificada aqui.


Por que esse sentimento de não se importar que a vida possa acabar, quando está apenas começando? 


De onde vem esse impulso que faz com que os jovens se sintam imunes e indiferentes ao perigo? 


De achar que a morte e os acidentes só acontecem com os outros?


Por que os jovens têm essa necessidade de testar os limites dos carros, das motos, das aventuras radicais? Testar seus próprios limites?


Por que arriscar a vida em rachas, dirigir bêbado, fazer superman com a moto?   

Tudo na vida tem explicação, e não tem nada a ver com estas figurinhas aqui...  

Particularmente a morena.

Imagem: vector.me

A tendência ao comportamento de risco na juventude é explicada pela Ciência.

Um estudo 
publicado na revista Developmental Neuroscience, "Teenage Brains: Think Different?" (em tradução livre, Cérebros Adolescentes: Pensamento Diferente?) concluiu que esse comportamento de risco está programado em nossos cérebros e dificilmente poderá ser controlado.

Imagens de ressonância magnética mostraram que cérebros imaturos adolescentes reagem emocionalmente diante de desafios de uma maneira que não se repete após a maturidade. 


Eles também não se intimidam com ameaças de punição e tendem a fazer apostas mais altas do que o razoável.

Por exemplo, ao calcular a chance de sucesso em uma ultrapassagem.

Aparentemente, segundo o estudo, uma determinada molécula (hormônio) fundamental para desenvolver o medo diante de situações perigosas é encontrada em menor quantidade no cérebro jovem do que no cérebro adulto.

É como se o mundo adolescente fosse visto com outras cores, uma realidade mais irreal. Mais próxima à realidade dos videogames, talvez.

Mas qual a utilidade evolutiva desse comportamento potencialmente autodestrutivo?

Darwin explica: 

Para garantir a sobrevivência da espécie, ousadia é fundamental.

Imagine-se vivendo no tempo das cavernas:

A tribo precisava de guerreiros suficientemente audazes para enfrentar bisões e mamutes para garantir o alimento, mas suficientemente inteligentes para evitar serem mortos por eles, e por leões e ursos.

Mas ainda assim, esses guerreiros precisavam ser ousados o suficiente para enfrentar também estes últimos, se fosse necessário defender as mulheres e crianças da tribo.

Somente os mais inteligentes, que soubessem avaliar melhor os riscos de matar ou morrer e bolar estratégias vencedoras, sobreviviam para gerar descendentes.

Esse mecanismo está gravado nas instruções de fabricação de seres humanos. 

Só que hoje nossos leões e ursos se encontram aos milhões, estão em todas as esquinas, são mais velozes e mortais. 

Vemos o resultado nas estatísticas de acidentes nas estradas e no trânsito das cidades.

Em função dessa ousadia inerente aos jovens, incapazes de avaliar corretamente o perigo, talvez o mais prudente fosse não pilotar nem dirigir antes dos 25 anos.

Alguém consegue imaginar uma sociedade assim?

Nem eu. 

Então o negócio é aprender o máximo sobre o mundo para sobreviver da melhor maneira possível às ameaças que estão lá fora da nossa caverna moderna.

Sabendo que essa condição existe, é inerente ao ser humano, é instintiva e acontece com praticamente todos os machos da espécie, você poderá se precaver contra as atitudes irracionais deles no trânsito. 


E as suas também.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A verdade definitiva sobre o nível de óleo do motor

Finalmente encontrei um fabricante absolutamente sincero sobre essa questão do nível de óleo do motor das motocicletas.

É com profunda alegria e emoção que faço este agradecimento aos engenheiros da kawasaki por publicarem o seguinte texto nos manuais de proprietário das motocicletas da marca:



"Para evitar o travamento do motor e consequente perda de controle da motocicleta, certifique-se de que o óleo esteja na marca de nível superior."


Agora finalmente posso dizer, com propriedade: TOMOU, PAPUDO? a todos aqueles que:


– insistem que o nível de óleo não deve passar da metade da faixa recomendada; 


– dizem que nunca se deve atingir a marca de nível superior; 


– papagaiam que o óleo somente precisa ser reposto quando atingir o nível mínimo, ou ficar abaixo dele;


– afirmam categoricamente que nunca se deve colocar mais óleo do que a quantidade recomendada para atingir a marca de nível superior.


Nessa lista se incluem muitos "especialistas" e "jornalistas" de sites e revistas especializados em motociclismo.


Há anos que eu esperava por esta oportunidade, que um fabricante dissesse com todas as letras aquilo que venho repetindo há anos:

O nível de óleo sempre deve estar próximo do nível máximo para melhor desempenho da lubrificação e arrefecimento do motor.



Um abraço feliz, e agora de coração bem mais leve,

Jeff
PS: Mas com a ressalva de que esses engenheiros continuam deixando a escolha da viscosidade correta por conta do proprietário. Funciona no Japão, mas não no Brasil.
PS2: Desculpe o arroubo. Prometo que não faço mais. É que isso estava atravessado na garganta já tem mais de 5 anos.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Nível de óleo em motos sem cavalete central

Por uma coincidência incrível, aproveito para responder à dúvida do leitor Darci Neto (esta postagem estava preparada, só faltava conferir o nível de óleo na Kansas):

Devo medir o óleo com a moto vertical ou no cavalete lateral?

Como medir o nível de óleo em motos sem cavalete central?

Medir o nível de óleo em motos sem cavalete central é uma operação meio complicada, porque exige equilibrar a moto vertical e nivelada, ligar e desligar o motor por dois a três minutos, e conferir o nível na vareta após retirar, limpar e introduzir novamente sem parafusar, na maioria das motos.

Daí que se a moto tiver interruptor no cavalete lateral, ou estiver engatada, o motor não ligará... Edith me sacaneou várias vezes durante essa operação.

Na concessionária mvk me deram a seguinte dica:


Na Fenix Gold é possível verificar o nível de óleo com a moto apoiada no cavalete lateral logo cedo pela manhã na seguinte condição:


Sem ligar o motor, com a moto desligada a noite inteira, nível de óleo será indicado pela marca na vareta medidora que estava TOTALMENTE PARAFUSADA.

Verifiquei em ambas as condições e realmente a indicação de nível com a moto fria no cavalete lateral e a vareta parafusada
coincidia com o nível medido pelo procedimento do manual — ligando e desligando o motor e medindo com a moto nivelada, sem parafusar a vareta.

A informação é válida para a mvk Fenix Gold, fui conferir se isso também vale para a dafra Kansas 150 e bateu, o nível no cavalete lateral a frio sem ligar o motor com a vareta parafusada coincidiu com o nível medido pelo procedimento recomendado. (Ah, se soubéssemos disso há 5 anos...)

Hoje pude conferir uma yamaha Crosser 150, e me pareceu que essa indicação também funciona, mas não posso garantir a correspondência porque não sei quanto óleo havia naquele motor. 

Assim, não é possível garantir se esse procedimento de medição é válido para outros modelos de motos. 

O ideal é que cada um verifique na sua própria moto para ter certeza.

— Posso usar o visor para conferir o nível de óleo com a moto no cavalete lateral?


Não. 

O óleo não aparecerá no visor com a moto no cavalete lateral.

Ele só aparece na vareta porque ela está parafusada, portanto abaixo do nível pelo qual vareta e visor estão calibrados.

Com a moto no cavalete lateral, o visor aparecerá vazio, assim como a vareta pareceria se você a retirasse, limpasse e apenas inserisse sem parafusar com a moto inclinada.

Em motos sem vareta medidora, como a Mirage 250, a conferência apenas pelo visor poderá ser enganosa porque um restinho de óleo preso no visor poderia ser interpretado erradamente como o nível de óleo do motor, quando na verdade o nível real estaria bem abaixo disso.

O método de medição com a moto no cavalete lateral só funciona com a vareta parafusada. 

E muita atenção:

Esse método alternativo não é 100% confiável.

Com o tempo o cavalete lateral poderá se deformar e ceder, devido ao peso de pessoas sentando na moto com o cavalete abaixado, com carros encostando na sua moto estacionada, desgaste da articulação...

Se o seu cavalete estiver deformado e a sua moto estiver mais inclinada do que a condição original de fábrica, confiar apenas nessa medição poderá dar uma leitura falsa.

Resumindo:

Nas motos testadas (Fenix Gold e Kansas):

Nível de óleo a frio com moto vertical e vareta sem parafusar após ligar o motor por 2 a 3 minutos 

é igual ao 

Nível de óleo a frio com moto no cavalete lateral e vareta parafusada sem ligar o motor.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Espelho mágico

Lembra de uma postagem que eu falava disso?

Tenho boas novidades!

Olha só o que acontece quando o motorista regula o espelho do carro para ver a traseira na hora de estacionar:


Veja o vídeo em http://noticias.terra.com.br/mundo/videos/carro-bate-em-caminhao-e-e-arrastado-a-80kmh-em-estrada,7657022.html

Ele não vê quem está do lado e entra na frente de um caminhão, porque essa regulagem errada maximiza o ponto cego — em compensação, permite ótimas balizas em vagas de estacionamento. Se o pessoal pensasse um pouco, veria que é mais vantajoso ajustar os espelhos para a segurança no trânsito e esticar o pescoço só na hora da baliza...

E você que anda de moto?

Você comete o mesmo erro quando regula os espelhos preocupado em ver quem está atrás de você e não quem está a ponto de te ultrapassar.


Mas encontrar uma regulagem dos espelhos que elimine o ponto cego nas proximidades de sua moto é uma arte.

A boa visualização do ponto cego limita seu campo de visão, impedindo que você veja veículos se aproximando velozmente de você. Resolve por um lado, piora por outro. E o inverso também é verdadeiro.



Onze em cada dez motociclistas regulam o espelho desse jeito aí do lado, bem horizontal, porque pensam que isso aumentará seu campo de visão.

Até mesmo os fabricantes divulgam as fotos de seus modelos com os espelhos na horizontal.



Edith me deu uma ajuda e tanto quando se recusou a deixar que eu regulasse o espelho do jeito que até então eu achava certo.

Afrouxar a contraporca e girar a haste só permitia uma visão limitada ao ponto cego ou à área distante. Já estava pensando em instalar espelhinhos auxiliares...


Pois bem, graças à teimosia da Edith descobri uma regulagem verdadeiramente mágica do espelho que permite ver quem está atrás de você na mesma faixa, quem vem se aproximando nas faixas ao seu lado e, acredite se puder, quem está no ponto cego pronto para te ultrapassar.


Sim, seus problemas acabaram!


Em espelhos que permitam o giro, basta girar o espelho sobre seu eixo, deixando-o bem caído sobre o manete.

Com a regulagem ensinada por Edith, consegui um panorama super completo pelos espelhos. 


A posição é esta aqui:

Com os espelhos bem caídos, o canto superior interno monitora a faixa atrás de você, o lado diagonal superior monitora a faixa ao seu lado, e a extremidade mais distante vai buscar o ponto cego. Os cantos inferiores permitem ver faróis e lanternas de quem está por perto, o que é fundamental para sua segurança à noite.


Note que não é suficiente deixar o espelho paralelo ao manete, ele precisa ficar bem mais caído que o manete para chegar ao resultado. E a haste tem que estar fixada na posição de abertura correta.


É a melhor regulagem que eu já encontrei, perfeita para esse formato de espelho tipo gota. Infelizmente, nem todos os espelhos a permitem.


Por uma daquelas coincidências que conspiram para a felicidade do blogueiro, hoje pela manhã estávamos atrás de uma moto também com os espelhos caídos, e ela parou no posto de gasolina. Parei junto e aproveitei para trocar ideias.

Falei sobre a dica do óleo — aviso todo mundo que posso (surpresa: ele fazia a medição e o abastecimento da maneira correta!)

Comentei que poucas pessoas descobrem o nível de óleo correto e a posição ideal dos espelhos, e ele respondeu que aprendeu esses macetes porque andava de moto desde os 12 anos.


Vivência a gente adquire com o tempo.


Ou lendo blogs.


Um abraço,


Jeff

PS: Respondendo à pergunta de impulso do leitor Carlos Estevam: 

Por quê diabos as motos não têm quatro retrovisores, dois regulados pros pontos cegos e dois normais?

O motivo está dito na postagem Espelhos e espelhos: custo e a falta de uma lei que os obrigue a fazer isso.

Durante muito tempo eu usei quatro espelhos, os normais mais dois auxiliares convexos. Você pode ver um deles logo abaixo do espelho normal na foto de Jezebel postada nas Dúvidas sobre a Kansas 150.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Desrespeito à preferencial

Este é o tipo de acidente mais comum a que você está arriscado:


Vídeo: http://terratv.terra.com.br/trs/video/7572770

Alguém (carro ou moto) desrespeita a preferencial e cruza a frente da sua motocicleta.

Exemplos de desrespeito à preferencial não faltam:

Vídeo: http://terratv.terra.com.br/trs/video/7526378

Parece o mesmo acidente, mas não é.

Cruzamentos podem ou não ser sinalizados. 

Quando não sinalizados, para determinar a preferencial prevalece o critério da via de maior volume de tráfego ou da existência de valeta em uma das vias.

preferencial será a via não sinalizada de maior largura, maior movimento, ou que não possua uma valeta. 


Mas nunca confie cegamente nisso:


Nos bairros as vias podem ter a mesma largura e volume de tráfego praticamente idêntico, dificultando saber num relance de quem é a preferencial.

Além disso, nada impede que alguém que esteja errado avance, como você viu acima. Nem mesmo uma valeta — bêbados, por exemplo, não percebem valetas.

Como se proteger?


Use a cabeça. Especificamente, os ouvidos e os olhos.



http://terratv.terra.com.br/trs/video/7572770

O carro do primeiro acidente vinha em velocidade muito superior ao limite para vias residenciais secundárias (20 km/h ou 40 km/h). As marcas de frenagem no asfalto provam isso. 

Ou não... agora revendo a imagem, o que parecem ser marcas de frenagem não coincidem com as rodas do carro... parecem ser a sombra da fiação da rua. Mas o fato é que o desrespeito à sinalização por parte do carro é flagrante.

Se estivessem em velocidade mais baixa, compatível com o trânsito do bairro, motorista e motociclista teriam conseguido evitar o acidente.

Ora, rodando em alta velocidade o motor ronca alto.


Se você prestar atenção, se não estiver ouvindo música dentro do capacete (né, Cassius?), você consegue ouvir alguém acelerando forte nas ruas do bairro.

Então conecte seus ouvidos ao cérebro — rodando por uma via, fique atento ao som de motores em alta rotação de carros ou motos. 


Se não houver um veículo se aproximando de você na mesma via, haverá grande chance de ele vir a cruzar sua frente. 


Sabendo que isso poderá acontecer, ficar preparado para desviar ou frear te dará melhores chances de evitar um acidente.

Um abraço,


Jeff

domingo, 26 de outubro de 2014

Furto de placas de trânsito

O furto de placas de trânsito é uma atitude criminosa cada vez mais frequente.


Reportagem: http://www.portofeliz.am.br/noticia/50466/adolescente-e-apreendido-com-droga-e-placas-de-transito

O que antigamente era uma diversão inocente (e irresponsável), coisa de adolescente querendo decorar a parede do quarto, agora está sendo praticado em larga escala por dependentes de drogas que trocam placas metálicas por merrecas em ferros-velhos não fiscalizados.

O resultado é que as colisões em cruzamentos estão cada vez mais comuns, e as colisões entre motos frequentemente são fatais.


Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/10/homem-morre-apos-colisao-entre-motos-em-cruzamento-de-chapeco.html


Este acidente aconteceu ontem, as duas motos avançaram no cruzamento sem placas que aparentemente foram furtadas. 

A polícia deve investigar se a sinalização foi furtada antes ou depois do acidente com a intenção de ocultar eventuais responsabilidades.

Aqui perto de casa a diversão da molecada na saída da escola é girar a placa de PARE, invertendo a preferencial.

Tome cuidado em todos os cruzamentos.

Placas furtadas ou vandalizadas podem causar acidentes muito sérios para nós e nossas motos.

Mesmo que a preferencial esteja clara, nem todo mundo conhece o tráfego local, e algum adolescente pode ter feito uma brincadeira inconsequente que pode ter consequências muito sérias.

E esse vandalismo não está acontecendo apenas nas áreas urbanas.

Sabe-se lá com que intenções, talvez pirataria (provocar acidentes para saquear a carga de caminhões), quadrilhas estão roubando placas nas estradas e trocando-as de posição:

Imagine o risco que você poderá correr viajando em condições de baixa visibilidade (noite ou neblina) e encontrar uma situação dessas:

Leia a reportagem completa neste link.

Um abraço,

Jeff





Imagens: http://g1.globo.com/pr/parana/vc-no-g1-pr/noticia/2014/10/placa-de-sinalizacao-indica-curva-errada-em-rodovia-do-parana.html

sábado, 25 de outubro de 2014

A dificuldade do diagnóstico à distância

Uma grande dificuldade do pessoal é explicar o problema que está acontecendo com sua moto ao pedir ajuda.

O máximo de informação ajuda a focar uma possível solução. 

Vou aproveitar o exemplo da pergunta feita pelo leitor Ilson (mas recebemos várias outras perguntas desse tipo) para mostrar a dificuldade:

Minha moto fica oscilando, ela só segura na lenta quando está bem quente, do contrário nem a pau. O que será que é isso?  Já mandei limpar carburação, mas o último mecânico parecia saber menos que eu. To fu.


Por que fica difícil de responder?


Porque não temos informação nenhuma sobre a moto e muito poucas sobre o problema.


Não sabemos se a moto é nova ou bastante rodada. 


Não sabemos o modelo, o ano, a quilometragem, se o problema começou agora ou vem se arrastando há dias ou semanas ou meses...


Como disse o Daniel:


Pode ser dentre outras coisas: parafuso do ar obstruído, giclê de baixa obstruído, válvulas desajustadas, junta do cabeçote danificada, cabeçote pode estar trincado. 


Mas só com essas poucas informações, fica difícil dar uma possível causa, pois são muitas e algumas são umas pegadinhas que os motores vivem nos pregando.


Eu acrescento mais algumas possibilidades:


Entrada de ar falso pela admissão (carburador frouxo ou junta danificada), carburador trincado, tampa do carburador frouxa, molas das válvulas fracas... mau contato entre cabo de vela e cachimbo... filtro de ar entupido...


De repente, sabendo que é uma CB300, a primeira suspeita seria a famosa trinca do cabeçote.


Tudo vai depender muito do estado geral da moto, se é nova ou muito rodada.


A melhor abordagem para resolver um problema é ir eliminando as possíveis causas mais simples primeiro.


Se realmente não é a carburação, você considerou a possibilidade de seu posto estar trabalhando com gasolina adulterada? É mais comum do que se pensa.


O mecânico foi cuidadoso de verificar se o próprio carburador não está com entrada falsa de ar (trincado)?


Há sintomas de excesso ou falta de gasolina na fumaça do escapamento? Está queimando óleo? Já limpou o filtro de combustível na saída do tanque? Já limpou ou trocou o filtro de ar? Esse motor algum dia foi descarbonizado?



Depois vêm as possibilidades elétricas. 

Já limpou o contato do cachimbo para melhorar a faísca? Trocou a vela e reapertou o cachimbo no cabo? Verificou se a vela está com a folga ideal ou se está desgastada, ou contaminada?


Se a quilometragem da moto for alta, o desgaste dos componentes do comando (molas, válvulas, balancins, o próprio eixo de comando) é uma possibilidade. 


O fundamental é primeiro garantir que os itens de manutenção básica (filtros, vela, óleo) estejam em dia, para só então partir para identificar e solucionar outros problemas. 


Boa sorte,


Jeff

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Não consigo ver o nível de óleo na troca do óleo da moto

Quando troco o óleo da suzuki não vejo o óleo pelo visor... 

Quando troco o óleo da moto não vejo o óleo pelo visor / vareta medidora...

E nem vai ver mesmo, porque sua moto está rodando sem óleo: você está trocando errado. 


Você está colocando somente a quantidade recomendada e não está seguindo o procedimento descrito no manual do proprietário.


Dá só uma conferida no que diz o manual:


Essa imagem foi tirada do manual de proprietário da suzuki Intruder 250, mas poderia ser de praticamente qualquer manual de qualquer moto de qualquer marca.

Preste atenção no item 11, olha só o que ele diz claramente:


Depois de colocar a quantidade de óleo recomendada (no caso da Intruder 250, 1.400 ml), você precisa ligar e desligar o motor, medir novamente o nível e completar com mais óleo até atingir a marca de nível máximo "F" (de Full - cheio) no visor.


Trocas de filtro exigem uma quantidade ainda maior de óleo para chegar até a marca de nível máximo.


Todos os fabricantes japoneses e chineses usam esse método. E provavelmente os italianos, ingleses, alemães... ainda não conferi.

A quantidade recomendada é apenas o ponto de partida, a quantidade mínima de óleo a ser colocada no motor.


Agora você entende porque nunca viu o óleo no visor de sua moto com a quantidade recomendada — ela está rodando com muito menos óleo do que devia.


Seu grande erro foi focar apenas a quantidade e não o nível correto.


E completar a quantidade faltante é essencial para evitar danos ao motor — dê uma conferida nesta postagem aqui.

Seu motor irá acabar na metade do tempo graças a essa esperteza dos fabricantes e à sua ingenuidade, que é a ingenuidade de todo o povo.


Infelizmente, o povo brasileiro não lê o manual do proprietário e faz as coisas na base do ouvi dizer, na orelhada. O diabo mora nos detalhes, já diziam.

O prejuízo é grande e você não pode por a culpa nos fabricantes, eles te avisaram por escrito e detalhadamente.


Para mais esclarecimentos, leia as cinco páginas de denúncias chamadas esperteza dos fabricantes e a ingenuidade do povo.


E também o Alerta aos proprietários de suzuki.


Esta postagem é sobre a suzuki, mas a situação é válida para motos da honda, yamaha, dafra, traxx, mvk, coloque aqui a marca que quiser. 


Aparentemente, a exceção é a kawasaki que me informaram não adotar essa prática, mas que peca pela informação da viscosidade inadequada do óleo, há uma postagem sobre isso.


E ATENÇÃO: 

As concessionárias também não seguem o procedimento do manual! Colocam apenas a quantidade recomendada e o dono que se lasque!

Verifique o nível de óleo de sua moto exatamente como dito no manual na manhã seguinte à retirada da revisão e tenha uma grande surpresa!

Lanço aqui um desafio:

Pegue sua moto na primeira manhã após a revisão na concessionária e confira o nível de óleo exatamente de acordo com o procedimento descrito no manual do proprietário.


Não vai ter uma que não precisará acrescentar pelo menos 200 ml de óleo.


200 ml em um motor que usa 1 litro de óleo correspondem a 20% da capacidade, isso faz uma diferença e tanto na temperatura, eficiência de lubrificação e vida útil do motor.


Boa sorte com sua Suzy,

Jeff

PS — Complementando:

O óleo aparece baixo na vareta / visor quando faço a medição ligando o motor...

Falta óleo no seu motor, você não completou o nível conforme instruído a fazer pelo fabricante no manual do proprietário.

O óleo não aparece na vareta / visor quando faço a medição ligando o motor...

Você tem uma dafra Speed ou Kansas. 


Eles erraram feio a quantidade, esses motores precisam entre 1,3 e 1,4 litro para chegar ao nível máximo da vareta.


Outra coisa:


Como disse o amigo Wandão, a verificação deve ser uma prática diária e não apenas uma preocupação após a troca, porque o óleo é consumido durante o funcionamento normal do motor.


Trocar e esquecer de repor até a próxima troca é uma sentença de morte para o motor. 


Inté de novo,

Eu

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Não seja tolo de ser o primeiro a sair no sinal verde

Olha só porque você não pode acelerar sua moto assim que o semáforo abre para você:


http://tvuol.uol.com.br/video/onibus-ignora-sinal-vermelho-e-por-pouco-nao-causa-tragedia-04024C9C3472C8915326

Sempre que o sinal abrir, verifique se não haverá um motorista retardado retardatário cruzando seu caminho.


Nunca confie que a pista estará desimpedida somente porque o farol abriu verde para você.


E muito menos seja tolo de sair antes que o sinal verde abra para você.


É cada vez mais frequente que o acidente seja causado não por um motorista furando o vermelho... 


São os próprios motociclistas que merecem todo o crédito, furando o sinal antes que ele abra, como esse bando de apressadinhos deste vídeo:


Reportagem: http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2014/10/camera-de-transito-flagra-colisao-entre-motocicletas-no-recife-veja.html

O vídeo com a batida você vê na reportagem da globo neste link.


Note que o sinal ainda está amarelo e o pessoal já está avançando a faixa, e o afobadão com a garupa já está lá no meio do cruzamento.

Tecnicamente, o amarelo indica que você deve se preparar para parar parapapá papá opa, me empolguei.

Quem vê o amarelo à sua frente precisa avaliar se correrá mais riscos ao frear ou ao atravessar o cruzamento. 

Como o vídeo demonstra, a opção mais segura sempre será parar se não houver ninguém atrás de você. 

Fatores como pista molhada precisam ser levados em conta, pois frenagens repentinas podem causar derrapagem das rodas, principalmente a traseira, levando a quedas. 

Dos dois motociclistas, o mais errado foi o que avançou antes de o sinal abrir. Pelo menos, o autor da besteira foi quem mais se machucou. 

Felizmente o motociclista que foi fechado não se machucou. Mas coitadas da garupa e das motos, que não tinham culpa nenhuma.

Os acidentes acontecem porque alguém desrespeita a sinalização. 


Respeitar a sinalização, optar pela segurança e sempre contar que alguém poderá fazer uma bobagem evita situações como estas.


Usar os olhos e aquela coisa que fica acima e atrás dos olhos também ajuda muito.


Um abraço,


Jeff

PS: O leitor Sammyr Phillipe enviou alguns comentários compartilhando suas experiências com a moto, e graças a ele acabei encontrando uma postagem que tem tudo a ver com esta de hoje, e que eu nem lembrava mais: Passar no amarelo pode dar nisso.

O relato de seu acidente devido às imperfeições do asfalto está nos comentários da postagem Armadilhas do Trânsito - Parte IX. Pode acontecer com qualquer um, vale a pena conhecer para evitar.

Obrigado por acompanhar o blog e pela colaboração, Sammyr!

PS2: Aproveito para agradecer o comentário do leitor Otavio Torres. Não respondo diretamente no facebook porque tem dia que eu consigo e tem dia que o link não aparece... desisti de tentar entender.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O mau exemplo que vem de cima

Motos despertam o adolescente escondido em cada um de nós, não tenho dúvida.

E como todo adolescente, somos levados a fazer coisas que desafiam o bom senso.


Coisas como essa:



http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2014/10/moto-de-policia-de-360-kg-salta-em-evento-em-sao-paulo-veja-video.html

Saltar em uma rampinha por cima de outros quatro adolescentes policiais com uma moto.

Esse é um resquício de um tempo muito antigo.

Mais ou menos de um século atrás, quando motos eram novidades como aviões biplanos e carroças sem cavalos (não, isso não é do meu tempo), e o pessoal aproveitava para transformar as então novidades tecnológicas em atrações circenses para populações que não tinham nem acesso ao cinema.

Motociclistas oficiais do Exército, Polícia Rodoviária, Polícia Militar e outros órgãos gostam muito de fazer exibições impressionantes de suas habilidades. 

Mas considero que em 2014 seja hora de refletir um pouco:


É ético que entidades governamentais empreguem bens e funcionários públicos (motos e soldados) para serem atração de shows em eventos de marketing de um fabricante de motos?


Exibição no 7 de Setembro é uma coisa, festa cívica, blablablá. 

São Paulo Harley Days é um evento particular com cobrança de ingressos promovido por uma empresa e destinado exclusivamente a alavancar as vendas de motos da harley. 



Anunciaram manobras do Exército, mas foi a PM paulista que deu o show no espetáculo montado com venda de ingressos.

Em outros países, essa participação pública em evento privado seria encarada como malversação de recursos públicos.

Da mesma forma que escoltas da Polícia Rodoviária para passeios promovidos pela harley, como vi acontecer no encontro harley-davidson de Florianópolis de 2012. 


As motos da PRF puxando um comboio de harleyros que não pareciam nada felizes...

Outra coisa:


Essa tradição motocircense faz sentido nos dias de hoje?

É razoável estimular outros adolescentes a repetir essas proezas?


Eles pensarão que são capazes de repetir a façanha, não tomarão os devidos cuidados, partindo direto para saltar sobre vítimas voluntárias tão desajuizadas quanto — em vez de praticar em segurança para só depois colocar em risco os amigos. Sei porque já fui adolescente.

Se é que pode haver segurança para esse tipo de proeza...
Reportagem: http://www.bayfm.com.au/news/local-news/53393-rider-injured-in-stunt-show-crash

Olha como são as coisas, esse acidente aconteceu com um profissional poucos dias antes de esta postagem ser escrita.

Quase a mesma data da exibição da PM em São Paulo.

Os tempos hoje são outros. 


Não considero que haja espaço para circos com animais chicoteados ou humanos em risco de sofrer uma lesão.


Nem para relações injustificadas entre entidades públicas e privadas.

Mas essa é só a minha opinião.


Um abraço,


Jeff