Problemas que chamaram minha atenção pela sua similaridade com os ocorridos no lançamento da dafra Kansas — chassi se partindo ao meio.
Para começar, o que é a Himalayan?
É uma moto lançada em 2016 na Índia pela royal enfield, cuja marca chegou ao Brasil este ano, mas ainda não trouxe esse modelo para cá.
Ela faz parte de uma tendência "nova" no mercado, motos 'aventureiras' com chassi reforçado que encaram sem medo estradas muito ruins.
Qual a novidade nisso?
Ela faz parte de uma tendência "nova" no mercado, motos 'aventureiras' com chassi reforçado que encaram sem medo estradas muito ruins.
Qual a novidade nisso?
Basicamente, a Himalayan compete na faixa de uso, potência e mercado de uma honda Falcon — motor monocilíndrico de 400 cm3.
Mas o que distingue a Himalayan é o projeto robusto e sem frescura, com protetores de motor e de tanque feitos de aço em vez de abas de plástico, e a preparação para receber acessórios úteis em viagens prolongadas:
Sim, são dois galõezinhos de combustível adicionais, um de cada lado do tanque. Não usaria nunca, não sou doido de cair em cima de um coquetel molotov.
Tudo nela (menos os galõezinhos adicionais) foi pensado para enfrentar tombos, e não para vender peças a cada queda.
Notou o farol?
Imagem e site oficial: https://royalenfield.com/motorcycles/himalayan/
É fixado no protetor de tanque e não na suspensão dianteira.
Isso quer dizer que na hora em que você (não eu) cair aquele tombo besta, não precisará trocar o farol inteiro nem o caro aro cromado ralado não encontrável na concessionária que até hoje passados cinco anos você olha e lamenta.
Ela tem grande distância livre do solo, muito útil para atravessar riachos...
... e não entalar a moto no barranco lá no riozinho da praia dos Castelhanos (não que isso tenha acontecido comigo).
Postei esse vídeo por brincadeira, porque uma travessiazinha dessas você faz até com uma Kansas, se mantiver o motor acelerado para não deixar entrar água no escapamento e controlar a embreagem para não deixar o motor morrer...
A única dificuldade da Kansas será enfrentar o barranco na saída do riozinho da praia dos Castelhanos por causa da pequena altura livre do solo, aí ela fica entalada e você e sua moto (não eu nem a Jezebel) caem dentro da água. Aquele meu amigo teve muita sorte naquele dia de não entrar água no motor. E não ter ninguém filmando.
Ou seja, para motociclistas com esse meu perfil, é um pacote interessante e vendido basicamente pelo mesmo preço de uma Falcon, se não menos:
O preço da Himalayan lá na Índia é a partir de 1,55 lakhs, ou 155.000 rúpias, o que dá exatos 7.735 reais brasileiros... com nossa carga de impostos mais LVB (Lucro Vampiro Brasil), chegará por aqui perto do preço da Falcon.
Mas os problemas ocorridos desde o lançamento da Himalayan foram muito sérios — diversos casos de quebra de chassi, algo extremamente grave:
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html
A seriedade dessas denúncias precisa ser considerada com cuidado, porque tem proprietário que acha absurdo (e até faz vídeo reclamando) a moto quebrar ao passar por obstáculos como este:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU aos 5:08
Resta saber se ele passou realmente pelo meio da trilha, ou se — como eu suspeito — errou a manobra e enfiou a moto de cara na pior parte do valetão.
Fala sério, ninguém faz um estrago desses se não trombar de frente com uma parede vertical:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU
Como a Himalayan vendeu muito bem inicialmente, a concorrência local está empenhada em divulgar casos como esse aos quatro ventos para derrubar a imagem da moto e da empresa.
Não que a royal também não tenha os seus pecados...
Mas neste caso, não seria a primeira vez que alguém destrói a moto por inabilidade e depois tenta recuperar o prejuízo tentando botar a culpa na fabricante.
Ou faz isso intencionalmente visando queimar a concorrência.
No começo eu acreditava que era isso que acontecia com as Kansas, mas o tempo provou que eu estava errado.
Todos os outros casos registrados merecem ser analisados em profundidade, porque parecem apontar para problemas realmente sérios em toda a cadeia de produção:
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html
A segunda foto mostra uma fratura preocupante.
O material visivelmente sofreu um esforço bastante superior ao que conseguia suportar.
Se for a mesma moto, esse esforço maior pode ter sido consequência do descolamento da solda MIG.
Sem o reforço da longarina principal, a secundária simplesmente não resistiu e se rompeu.
No entanto, a granulosidade do aço na fissura mostra o que é conhecido pelos técnicos e tecnólogos de soldagem como "fratura frágil".
Fraturas frágeis acontecem em material com teor de carbono elevado, e os quadros de nossas motos não podem ser fabricados com aço de alto teor de carbono.
Quanto mais elevado o teor de carbono, mais resistente mecanicamente será o aço, mas também mais frágil e quebradiço.
Um quadro frágil e quebradiço é tudo que não queremos em uma moto.
Em uma condição extrema, é melhor ter um quadro empenado do que uma motocicleta partida ao meio.
Há outro indício de que esse aço tem excesso de carbono:
A ruptura ocorreu no limite da zona afetada pelo calor da solda.
Quando você faz uma soldagem, a vizinhança do cordão de solda se avermelha e esfria mais rápido do que o próprio cordão fundido.
Imagem: http://www.hotrod.com/articles/1112phr-tig-weld-like-a-pro/ Imagem meramente ilustrativa da zona afetada pelo calor. Esse material é aço inoxidável, não suscetível à têmpera. Pelo menos, não à têmpera nos mesmos moldes que o aço comum, os fenômenos aqui são outros.
Aquecimento elevado e esfriamento rápido são a base do processo de têmpera do aço.
Têmpera é um processo que torna o aço ainda mais duro e, portanto, ainda mais frágil e quebradiço.
Um aço de alto teor de carbono será temperado e poderá trincar no limite da região afetada pelo calor (região mais escura na foto), onde o resfriamento aconteceu mais rápido.
Um aço de carbono elevado acaba sofrendo têmpera na zona afetada pelo calor, e é por isso que as soldas geralmente nunca quebram, mas sim as áreas vizinhas a ela.
Um aço com teor mais elevado de carbono somente será útil para um chassi de motocicleta se ele receber a adição de outros elementos que estabilizem essa tendência de temperar facilmente, como o molibdênio.
A desgraça é que os engenheiros aproveitam que agora o aço com molibdênio resolve o problema da soldagem e é mais resistente, mas como esse elemento de liga é mais caro, passam a usar aço mais fino com a desculpa de tornar a moto mais leve...
Aí bastam variações mínimas nos teores (mínimas mesmo, na casa dos centésimos porcentuais) para o material deixar de atender ao que se espera dele...
Imagem e depoimento: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=y3hTqbih3Do
Esta outra foto mostra o metal da bandeja fraturado em vários locais, como se tivesse sido corroído.
Não parece uma chapa de aço nova, mas sim um material velho com muitos anos de corrosão.
Posso estar enganado, mas me parece o sintoma de aço com alto teor de contaminantes, principalmente enxofre e fósforo.
Fósforo e enxofre têm o dom de se enfiarem entre os cristais que formam o aço, e têm extrema afinidade com água.
Enxofre + umidade = ácido sulfúrico
Fósforo + umidade = ácido fosfórico
São ácidos que geram corrosão entre os grãos cristalinos do aço, e o resultado é esse aí da foto...
São problemas metalúrgicos e de execução que não são exclusividade de uma única fabricante, mas que podem aparecer em qualquer moto de qualquer marca.
Problemas estruturais de produção que surgem nas usinas siderúrgicas, durante a produção do aço, e que são extremamente difíceis de resolver.
Lembra de como os carros nacionais apodreciam de um ano para outro nos anos 70 e 80?
Imagem e reportagem: https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/dez-coisas-dos-velhos-tempos-que-nao-eram-nada-boas/
Carros com 30 mil km já mostravam rombos de chapa podre ainda durante os testes de quilometragem da revista 4 Rodas.
O material já saía contaminado e mal refinado da siderúrgica, e resolver isso não estava ao alcance das montadoras.
E o que acontecia no Brasil nos anos 70 e 80 agora periga acontecer em escala mundial até mesmo nos países que sempre se pautaram pelos elevados padrões de qualidade:
Imagem e reportagem: http://money.cnn.com/2017/10/24/news/economy/japan-inc-scandals-kobe-steel/index.html
Tudo nela (menos os galõezinhos adicionais) foi pensado para enfrentar tombos, e não para vender peças a cada queda.
Notou o farol?
Imagem e site oficial: https://royalenfield.com/motorcycles/himalayan/
Isso quer dizer que na hora em que você (não eu) cair aquele tombo besta, não precisará trocar o farol inteiro nem o caro aro cromado ralado não encontrável na concessionária que até hoje passados cinco anos você olha e lamenta.
Ela tem grande distância livre do solo, muito útil para atravessar riachos...
... e não entalar a moto no barranco lá no riozinho da praia dos Castelhanos (não que isso tenha acontecido comigo).
Postei esse vídeo por brincadeira, porque uma travessiazinha dessas você faz até com uma Kansas, se mantiver o motor acelerado para não deixar entrar água no escapamento e controlar a embreagem para não deixar o motor morrer...
A única dificuldade da Kansas será enfrentar o barranco na saída do riozinho da praia dos Castelhanos por causa da pequena altura livre do solo, aí ela fica entalada e você e sua moto (não eu nem a Jezebel) caem dentro da água. Aquele meu amigo teve muita sorte naquele dia de não entrar água no motor. E não ter ninguém filmando.
Ou seja, para motociclistas com esse meu perfil, é um pacote interessante e vendido basicamente pelo mesmo preço de uma Falcon, se não menos:
O preço da Himalayan lá na Índia é a partir de 1,55 lakhs, ou 155.000 rúpias, o que dá exatos 7.735 reais brasileiros... com nossa carga de impostos mais LVB (Lucro Vampiro Brasil), chegará por aqui perto do preço da Falcon.
Mas os problemas ocorridos desde o lançamento da Himalayan foram muito sérios — diversos casos de quebra de chassi, algo extremamente grave:
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html
A seriedade dessas denúncias precisa ser considerada com cuidado, porque tem proprietário que acha absurdo (e até faz vídeo reclamando) a moto quebrar ao passar por obstáculos como este:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU aos 5:08
Resta saber se ele passou realmente pelo meio da trilha, ou se — como eu suspeito — errou a manobra e enfiou a moto de cara na pior parte do valetão.
Fala sério, ninguém faz um estrago desses se não trombar de frente com uma parede vertical:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU
Como a Himalayan vendeu muito bem inicialmente, a concorrência local está empenhada em divulgar casos como esse aos quatro ventos para derrubar a imagem da moto e da empresa.
Não que a royal também não tenha os seus pecados...
Mas neste caso, não seria a primeira vez que alguém destrói a moto por inabilidade e depois tenta recuperar o prejuízo tentando botar a culpa na fabricante.
Ou faz isso intencionalmente visando queimar a concorrência.
No começo eu acreditava que era isso que acontecia com as Kansas, mas o tempo provou que eu estava errado.
Todos os outros casos registrados merecem ser analisados em profundidade, porque parecem apontar para problemas realmente sérios em toda a cadeia de produção:
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html
A primeira foto mostra um cordão de solda muito bonito, mas que não penetrou no material de base.
É um fenômeno típico da soldagem MIG, aquela que usa arame fornecido continuamente e derretido debaixo de uma proteção de gás inerte argônio.
Isso se chama "colagem", algo que não acontece na soldagem com eletrodos revestidos comuns.
O metal simplesmente é depositado e não forma uma união resistente, e o resultado é o descolamento com esforços muito menores do que o esperado.
A colagem é o pesadelo dos técnicos de soldagem, porque não é detectável por inspeções de qualidade, nem mesmo por exames de ultrassom ou raios X.
O soldador precisa ser muito bem treinado para ele mesmo detectar e corrigir o problema, o que nem sempre é possível.
A atenção e a concentração do pessoal variam muito em função da posição do time no campeonato, do salário e do sucesso no relacionamento com a patroa na noite anterior...
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.htmlA segunda foto mostra uma fratura preocupante.
O material visivelmente sofreu um esforço bastante superior ao que conseguia suportar.
Se for a mesma moto, esse esforço maior pode ter sido consequência do descolamento da solda MIG.
Sem o reforço da longarina principal, a secundária simplesmente não resistiu e se rompeu.
No entanto, a granulosidade do aço na fissura mostra o que é conhecido pelos técnicos e tecnólogos de soldagem como "fratura frágil".
Fraturas frágeis acontecem em material com teor de carbono elevado, e os quadros de nossas motos não podem ser fabricados com aço de alto teor de carbono.
Quanto mais elevado o teor de carbono, mais resistente mecanicamente será o aço, mas também mais frágil e quebradiço.
Um quadro frágil e quebradiço é tudo que não queremos em uma moto.
Em uma condição extrema, é melhor ter um quadro empenado do que uma motocicleta partida ao meio.
Há outro indício de que esse aço tem excesso de carbono:
A ruptura ocorreu no limite da zona afetada pelo calor da solda.
Quando você faz uma soldagem, a vizinhança do cordão de solda se avermelha e esfria mais rápido do que o próprio cordão fundido.
Imagem: http://www.hotrod.com/articles/1112phr-tig-weld-like-a-pro/ Imagem meramente ilustrativa da zona afetada pelo calor. Esse material é aço inoxidável, não suscetível à têmpera. Pelo menos, não à têmpera nos mesmos moldes que o aço comum, os fenômenos aqui são outros.
Aquecimento elevado e esfriamento rápido são a base do processo de têmpera do aço.
Têmpera é um processo que torna o aço ainda mais duro e, portanto, ainda mais frágil e quebradiço.
Um aço de alto teor de carbono será temperado e poderá trincar no limite da região afetada pelo calor (região mais escura na foto), onde o resfriamento aconteceu mais rápido.
Um aço de carbono elevado acaba sofrendo têmpera na zona afetada pelo calor, e é por isso que as soldas geralmente nunca quebram, mas sim as áreas vizinhas a ela.
Um aço com teor mais elevado de carbono somente será útil para um chassi de motocicleta se ele receber a adição de outros elementos que estabilizem essa tendência de temperar facilmente, como o molibdênio.
A desgraça é que os engenheiros aproveitam que agora o aço com molibdênio resolve o problema da soldagem e é mais resistente, mas como esse elemento de liga é mais caro, passam a usar aço mais fino com a desculpa de tornar a moto mais leve...
Aí bastam variações mínimas nos teores (mínimas mesmo, na casa dos centésimos porcentuais) para o material deixar de atender ao que se espera dele...
Imagem e depoimento: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=y3hTqbih3Do
Esta outra foto mostra o metal da bandeja fraturado em vários locais, como se tivesse sido corroído.
Não parece uma chapa de aço nova, mas sim um material velho com muitos anos de corrosão.
Posso estar enganado, mas me parece o sintoma de aço com alto teor de contaminantes, principalmente enxofre e fósforo.
Fósforo e enxofre têm o dom de se enfiarem entre os cristais que formam o aço, e têm extrema afinidade com água.
Enxofre + umidade = ácido sulfúrico
Fósforo + umidade = ácido fosfórico
São ácidos que geram corrosão entre os grãos cristalinos do aço, e o resultado é esse aí da foto...
São problemas metalúrgicos e de execução que não são exclusividade de uma única fabricante, mas que podem aparecer em qualquer moto de qualquer marca.
Problemas estruturais de produção que surgem nas usinas siderúrgicas, durante a produção do aço, e que são extremamente difíceis de resolver.
Lembra de como os carros nacionais apodreciam de um ano para outro nos anos 70 e 80?
Imagem e reportagem: https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/dez-coisas-dos-velhos-tempos-que-nao-eram-nada-boas/
Carros com 30 mil km já mostravam rombos de chapa podre ainda durante os testes de quilometragem da revista 4 Rodas.
O material já saía contaminado e mal refinado da siderúrgica, e resolver isso não estava ao alcance das montadoras.
E o que acontecia no Brasil nos anos 70 e 80 agora periga acontecer em escala mundial até mesmo nos países que sempre se pautaram pelos elevados padrões de qualidade:
Imagem e reportagem: http://money.cnn.com/2017/10/24/news/economy/japan-inc-scandals-kobe-steel/index.html
E o que é esse escândalo reportado pela CNN e também pela globo?
Reportagem: http://money.cnn.com/2017/10/16/news/companies/kobe-steel-scandal-what-we-know/index.html?iid=EL"Essencialmente, os funcionários da Kobe [Steel] falsificaram relatórios para fazer parecer que os produtos atendiam às especificações solicitadas pelos clientes quando de fato eles não atendiam."
"Isso levantou dúvidas sobre [a qualidade de] milhares de toneladas de material produzido ao longo de mais de 10 anos."
E qual o motivo de os materiais não atenderem às especificações a ponto de levar os funcionários à falsificação de relatórios?
Bom, além da pressão por resultados e prazos imposta de cima para baixo, suspeito de um fator importante: uso de material reciclado.
Seja no Japão, na Índia, no Brasil, cada vez mais se usa material reciclado para a produção de aço, alumínio, cobre.
Como são reciclados carros e motos?
Triturando tudo, separando os componentes ferrosos com eletroímãs e derretendo num alto-forno.
E junto com a sucata também vão junto o óleo e a graxa.
Sai mais barato derreter um carro ou uma moto prensados num bloco do que minerar e produzir material mais puro.
E é mais "eco-friendly"...
Óleo e graxa são extremamente ricos em enxofre, fósforo, carbono e hidrogênio — todos são venenos para o aço, alumínio e outros metais.
A maior parte é queimada e vira escória, mas sempre sobra uma fração residual dissolvida no metal.
E basta uma porcentagem ínfima desses materiais para alterar significativamente para pior as qualidades do aço.
Eliminar totalmente esses contaminantes adicionados junto com a sucata encarece o processo e aumenta os prazos de produção da siderúrgica, o que impede atingir as metas de produção e reduz a lucratividade geral, então...
Possivelmente já tenhamos tido uma amostra disso no caso das Kansas e outras motos chinesas extremamente frágeis.
Antigamente, as empresas mantinham departamentos de testes para assegurar que o aço recebido realmente estava dentro dos limites de carbono e contaminantes exigidos pelo projeto.
Hoje, reduzindo custos, elas confiam totalmente na palavra e laudos dos próprios fornecedores — colocaram os interessados em faturar o produto para garantir sua qualidade...
Só eu vejo um enorme conflito de interesses aqui?
Minha suspeita é de que os problemas da Himalayan sejam apenas um sintoma claramente visível do que se tornará a regra do mercado nestes anos de agora em diante.
Essa suspeita sobre a qualidade variável de lotes de aço foi levantada por mim no fórum da dafra quando as Kansas começaram a se partir ao meio, mas na época ainda não havia estourado nenhum escândalo como esse da Kobe Steel comprovando a existência do problema nas siderúrgicas.
E agora a Kobe Steel mostra esse escândalo em uma siderúrgica não chinesa nem indiana nem brasileira.
Puxe a ponta do fio que coisas piores aparecerão.
Estou vendo um filme antigo acontecer de novo... só mudaram os atores.
Não será algo agradável ver motos novas se partindo ao meio todos os dias.
Sinceramente, não sei mais o que fazer.
Parem o mundo, porque eu quero descer.
Os pilares que permitiram criar o mundo que conhecemos foram corroídos pela falta de ética tanto capitalista quanto comunista, ambos os sistemas exigindo produtividade, redução de custos e lucros acima de tudo.
Faz parte do esquema de ganhar muito dinheiro que capitalistas, comunistas e qualquercoisistas imponham o silêncio de quem deveria denunciar os problemas — a perspectiva de demissão dos responsáveis pela qualidade sempre fala mais alto, ou os exclui do processo.
Enquanto isso, nós os consumidores acabamos fundidos e reciclados por esses sistemas.
E aqueles que percebem o funcionamento da máquina podre não têm a quem recorrer, porque todos os governos são sustentados no poder por essas indústrias.
É triste, mas é nossa realidade.
Só nos resta saber o que acontece e ficarmos atentos para não acabarmos vitimados pelo sistemão dos acordos repulsivos feitos por baixo dos panos na frente de todo mundo e com transmissão ao vivo pela tv.
Um abraço,
Jeff