A reportagem demonstra no vídeo a fragilidade das motonetas para enfrentar enxurradas:
Imagem, vídeo e reportagem: http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2017/03/motociclista-e-arrastado-por-enxurrada-durante-chuva-no-veja-video.html O piloto se arriscou e a moto deu sorte de passar, mas poderia ter sido arrastada, faltou muito pouco. Já a motoneta mais leve foi derrubada e arrastada pela correnteza forte. É uma situação muito perigosa, potencialmente fatal que deve ser evitada sobre duas rodas. Não é porque uma moto mais pesada deu sorte de passar que sua motoneta conseguirá fazer o mesmo. Motonetas são os veículos mais vulneráveis do trânsito.E bicicletas são veículos de lazer, não deveriam circular em avenidas. Pronto, falei. Quem vai ser o primeiro a atirar a primeira pedra virtual? Por via das dúvidas, espere um pouquinho que vou colocar meu capacete bem afivelado com a viseira fechada. E as chuvas trazem outro risco para as motos e motonetas, que comentei outro dia... Os buracos encobertos pela água que as pequenas rodas das motonetas têm enorme dificuldade para enfrentar. Infelizmente, com um exemplo para ilustrar:
Imagem e reportagem: http://www.emaisgoias.com.br/motociclista-morre-apos-ser-atropelada-por-caminhao-no-setor-cidade-jardim/ Chuva, motos e motonetas não combinam. Ainda mais à noite, com seus faróis e iluminação traseira limitados. Buracos ocultos pela água suja são impossíveis de ver, ainda mais com a fraqueza do farol das motos e a viseira do capacete embaçada e coberta de gotas refratando e refletindo as luzes da rua e dos carros. Motos e motonetas já são mais difíceis de se ver no trânsito normal durante o dia — e à noite com chuva praticamente desaparecem no mar de luzes do trânsito. Principalmente as motonetas que têm lanternas, faróis e setas mais baixos que as motos, portanto ainda menos visíveis.
Transcrevo o ótimo comentário do leitor Ygor Pessoa, proprietário de uma honda Lead, feito na postagem Meninas, scooters, propagandas e mundo real. [Alterei o título da postagem porque já havia uma outra postagem com o mesmo título com o depoimento do leitor James Locke... my sorry... my bad...] Naquela postagem eu comentei uma série de desvantagens das motonetas no trânsito diário, vale a pena conhecer a experiência, a opinião em primeira mão e as dicas de um proprietário que usa sua motoneta Lead diariamente:
Imagem: Divulgação honda Jeff Bom dia. Como dono de motoneta venho aqui defendê-las (trabalho difícil), porque simplesmente não dá, contra fatos não existem argumentos. Mas não se pode generalizar, a época das rodas de 10 polegadas está acabando, as burgman's e dafra's smart quase não vendem e as lead's pararam de ser fabricadas no Brasil. As scooter's hoje já saem com [rodas de] no mínimo 13 polegadas, não é muito, mas melhor que antes, um duro aprendizado que foi feito com os pilotos de teste do Brasil (nós), ou seja simplesmente não tropicalizam os produtos produzidos lá na Ásia. A maioria das fabricantes estão priorizando rodas de 16 polegadas na dianteira e 13 ou 14 na traseira, a ciclística está boa, continua não sendo muito, mas lembro que muitas motocicletas tem diâmetros parecidos de 15 a 18 polegadas. O problema é para quem vai comprar e não analise este pequeno detalhe (tamanho das rodas). Como dono de uma Lead, posso ajudar os iniciantes. Nunca caí devido a buracos (já passei até por boca de lobo sem tampa), aqui vai o macete: Nunca tente desviar do buraco por que na maioria das vezes (90%) não dará tempo e se a roda dianteira pegar de lado você vai sair da trajetória e fatalmente cairá. Jogue seu peso para trás como se fosse empinar a moto, aliviando totalmente a frente da moto, trave bem os braços — pronto, a parte da trajetória e controle resolvidos.
Imagem e postagem sobre empinar motos: http://www.blogmotos.com.br/como-empinar-motos-de-trilha-fotos/ — É similar a empinar uma moto de trilha, mas a motoneta tem a vantagem de ter a frente mais leve, o que facilita a manobra. Como a motoneta não tem torque suficiente para levantar a frente da moto, a manobra conseguirá elevar a roda por poucos centímetros, aliviando o peso da roda dianteira apenas o necessário para que ela não se encaixe no buraco. Só que na hora que a traseira entrar no infeliz do buraco (aí você chora) porque você nunca sentirá uma dor tão grande na coluna. O segredo aqui é tentar ficar em posição meio em pé para que seus joelhos amorteçam parte do impacto, caso não faça ficará uns dias com a coluna doendo, mas ainda sim é melhor que um tombo. A questão aqui é como o produto é vendido (biz que faz mais de 50 km/l, motos que sobem montanhas como o corcovado, propagandas em ruas sem buracos). Enfim, o produto vendido às vezes não corresponde com expectativa criada pela propaganda, e é aí que mora o problema. Para os iniciantes a maioria escolhem motonetas pela ausência de câmbio, mas lembro que em menos de uma semana usando qualquer moto você estará cambiando igual a carro, é um processo automático. Existem outros excelentes motivos para se ter uma scooter: Não existe ajuste de corrente e muito menos sujeira de óleo, capacidade de carga muito superior, proteção aerodinâmica maior (quem gosta de velocidade parte para outro estilo), são infinitamente menos visadas para roubo. E também existem as desvantagens, uma ciclística menos apurada (fazem menos curvas), nas de rodas pequenas o risco de acidente é maior, custo de aquisição superior e de manutenção também. Quem vai definir o uso tem de saber escolher o produto, um executivo em São Paulo tem preferência por uma scooter de maior cilindrada. Que não tem risco por não ter rodas pequenas e o protege do tempo melhor que as outras, não perde tempo com manutenção rotineira das motos (grave falha, pois esquece de ao menos conferir nível de óleo e água), e gasta um pouco mais nas revisões (geralmente especializadas dentro ou fora das concessionárias). Ygor, agradeço imensamente seu comentário esclarecedor! Nada como a opinião de quem tem e usa a moto diariamente para falar com conhecimento de causa. Sua dica sobre como enfrentar buracos com uma scooter irá salvar muitas vidas! Logo publicarei uma postagem falando da diferença entre os diferentes tipos de motonetas e o motivo de algumas terem rodas maiores que outras. Muito obrigado por essa contribuição inestimável! Um forte abraço, Jeff
Esta é uma postagem especial para as garotas (e rapazes também) que estão pensando em começar a pilotar comprando uma motoneta. Anúncios de scooters e motonetas sempre focam os aspectos positivos do produto, como a liberdade e a praticidade... e geralmente são voltados para o público feminino.
As fabricantes sempre mostram as motonetas apenas como veículos divertidos e seguros para iniciantes no mundo das duas rodas. Desde sempre e em todo o mundo as motonetas (scooters para os americanos, ingleses, franceses e a moçada brasileira e italiana de hoje) são propagandeadas como veículos que chamam a atenção... Uma promessa de aventura e liberdade repleta de sorrisos e diversão que combina com uma época saudosa retrô vintage que não existe mais. Motonetas eram ótimas logo depois da Segunda Guerra Mundial. A economia dos países estava em ruínas e sobravam rodinhas traseiras do trem de pouso de aviões de combate que não eram mais fabricados...
Imagem: http://batalhaodeguerra.blogspot.com.br/2013/09/avioes-de-combate-italianos.html Para saber mais sobre todos os aviões da 2ª Guerra, recomendo a série Caças da Segunda Guerra Mundial no excelente canal do youtube Hoje na Segunda Guerra Mundial. Naquela época os salários eram baixos, ninguém tinha dinheiro para gastar nem perspectiva de ganhar dinheiro a curto prazo, mas o povo precisava se deslocar e batalhar pela vida. Bom, isso não mudou.
Os anos 40, 50 e 60 — até meados dos anos 70 — eram tempos românticos onde segurança e capacetes nem passavam pela cabeça do pessoal.
Curiosamente, apesar de poderem ser pilotadas tanto por homens quanto mulheres, as fabricantes veem nas garotas um enorme mercado para o produto... Afinal, por que os garotos deveriam ter toda a diversão?
Bom, o problema é que a propaganda vende sonhos, e você e eu vivemos no mundo real. E no mundo real em que pilotamos motos, existe uma coisa terrível e inescapável chamada buraco — buracos em todo lugar.
A combinação de buracos enormes, rodas pequenas e suspensões frágeis menos robustas é desastrosa:
Imagem e reportagem: http://leisecamarica.com.br/buraco-causa-acidente-e-deixa-jovem-ferido-na-estrada-de-itaipuacu/ Um buraco capaz de quase derrubar uma motocicleta certamente derrubará um scooter porque o impacto sobre a suspensão é maior, a roda pequena se "encaixa" profundamente no buraco e causa perda de controle. Buraco não só derruba, é capaz de quebrar de vez toda a suspensão:
Imagem e reportagem: http://www.teleischia.com/132925/borbonica-pericolosa-ennesimo-incidente-gennaro-savio-denuncia-la-citta-metropolitana-provveda-immediatamente-a-mettere-in-sicurezza-la-strada/ Não é nem questão de o asfalto brasileiro ser vergonhoso, isso está fora de questão — ele é mesmo. É questão de o veículo motoneta ser inadequado para a realidade do dia a dia de trânsito pesado do século 21, aqui ou acolá. Simples assim. As fabricantes não têm o menor interesse em alertar os consumidores sobre essa exigência de asfalto de boa qualidade típica das motonetas. E algumas fabricantes até se esforçam para não deixar você perceber isso. As propagandas costumam associar motonetas à juventude e ao prazer, abusando da imagem de garotas despreocupadas... Garotas usando capacete aberto como se não houvesse o menor risco de cair de cara no asfalto e quebrar o maxilar...
Sempre em dias ensolarados... não existe uma única propaganda no mundo todo com gente pilotando na chuva, nem buracos encobertos pela água da chuva. E assim como ninguém fala de chuva, ninguém fala das principais deficiências das motonetas — o tamanho miúdo das rodas, instabilidade, dificuldade de frenagem e velocidade máxima inadequada para vias expressas. Algumas vezes as rodas pequenas até acabam desaparecendo dos anúncios... Coincidência, claro.
Ou então recebem a devida contrapropaganda... Que chega a provocar risos pela contradição entre o que diz e o mundo real... Ou você acha mesmo que essas são as maiores rodas no oeste / ocidente? Podiam ser entre as motonetas de 1950, mas até hoje continuam minúsculas e incapazes de enfrentar os buracos — de leste a oeste e de norte a sul. E até mesmo a questão da fragilidade no trânsito recebe do pessoal do marketing um contrarreforço positivo. No caso, um supercontrarreforço: Na área de marketing, vale tudo para conquistar o coração e a mente dos consumidores. Não se deixe iludir pelas propagandas coloridas, alegres e sorridentes. Elas procuram chamar a atenção para o produto, muitas vezes associando a máquina com recursos que ela não possui. Como a invulnerabilidade e resistência de um super-herói... Ou desviando sua atenção das coisas fundamentais.
Coisas fundamentais como sua segurança ao passar por buracos com rodas pequenas, por exemplo. Hoje em dia motonetas são veículos dos mais envolvidos em acidentes de trânsito causados unicamente por essa limitação das rodas pequenas. Os scooters provavelmente são o tipo de motocicleta com mais acidentes por queda sem colisão nem participação de outros veículos.
Pesquisa no google por queda motoneta. A responsabilidade pela queda é sempre dos próprios pilotos e vítimas, ninguém fala das características de projeto que facilitam a ocorrência de acidentes... O direito romano diz caveat emptor, o comprador que se cuide. Mas como o comprador pode se cuidar contra riscos que desconhece? Por mais que as fabricantes passem a ideia de um veículo seguro para a juventude, as motonetas são inerentemente inseguras para todas as idades. Cumpriram seu papel até 40 anos atrás, quando o tráfego menos intenso permitia quedas com menor risco de atropelamento ou colisão contra obstáculos. Mas são profundamente inseguras nos dias de hoje. Essas são coisas que as propagandas não dizem e nunca dirão. Para vender o produto, o pessoal do marketing faz propagandas que apelam para sua emoção. E muita gente boa não tem pudor de apelar até para o ridículo, o que vale é vender o peixe.
Imagens desta postagem: Pesquisa no google por scooter advertising. Fabricantes diversos ao redor do mundo, nem todos presentes no Brasil.
Então não se deixe enrolar pelas propagandas.
Na hora de optar entre uma motocicleta ou uma motoneta para sua primeira moto, pense nos buracos e na velocidade das vias que você encontrará no seu trajeto diário. Analise racionalmente se ela será a moto ideal para enfrentar as dificuldades do trânsito na sua região. Vias expressas, ruas esburacadas, longos percursos em alta velocidade não combinam com motonetas. Se mesmo assim o seu sonho é ter uma motoneta, e você não abre mão disso, pelo menos escolha uma com rodas grandes. E use capacete integral, seu maxilar agradece. Um abraço, Jeff PS 1: Caramba, aconteceu de novo... outra vez uma postagem entrou no ar sem finalização. Peço desculpas a quem leu, os últimos dias foram atípicos.
Desta vez é a Piaggio, que criou a Vespa em 1946. Nem vou falar os preços para você ter o prazer de descobrir na reportagem do g1. Só dou a dica de que pelo preço da Vespa 150 edição especial série histórica, a versão mais cara, se você abrir mão do charme italiano, pode comprar a nova yamaha Neo 125.
Imagem: yamaha MT-03 em 27/10/2016 Pois é, a Neozinha está custando 8 mil temeridades, a MT-03 19.452, totalizando 27.452 temeridades. A Vespa 150 série histórica está custando 27.930, você ainda economiza uns bons tanques de gasolina para as duas motos na garagem. E com a MT-03 tendo o dobro de cilindrada, potência e diâmetro de rodas da Vespinha, você vai poder pegar estrada sem se preocupar com os caminhões do seu lado e atrás de você. Se não tiver espaço na garagem para duas motos, pode optar apenas por uma 250 ou 300 da honda, yamaha, suzuki ou kawasaki ainda por um preço menor que a Vespa 125 mais barata menos cara. E se chorar umas pitangas, capaz de levar a moto (não a Vespa) emplacada e com seguro. Se preferir ainda mais segurança na estrada, pelo mesmo preço da Vespa 150 edição especial série histórica você compra a cavalona honda CB 500 — com freios ABS.
Imagem:honda CB 500em 27/10/2016 A CB 500 com ABS, emplacada e com seguro é capaz de sair mais em conta que a Vespona 300 (33 mil temeridades). Quantos deslumbrados e deslumbradas terão a coragem de dar 22 a 28 mil reais em uma motoneta 125 / 150 quando se pode pagar tão menos e levar muito mais? Inclusive scooters mais potentes, modernos e confortáveis de outras marcas, como a suzuki Burgman 400? (29.100 temeridades em 27/10/2016, o que já é um absurdo de caro...)
Imagem: suzuki Burgman 400 E olha que as motos e motonetas vendidas no Brasil já são muito mais caras em comparação aos outros países... "Ah, mas Vespa é moto de grife, vai ser vendida em boutique e shopping center..." Sério, a proposta é essa mesma...
Reportagem: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2016/10/vespa-primavera-125-e-150-primeiras-impressoes.html Ainda bem que o cafezinho é grátis, né? Se mesmo assim você ainda achar que vale a pena pelo diferencial e exclusividade de tomar um 'espresso' e ter uma legítima moto italiana Piaggio — e não uma reles e comum motinho xing-ling... Isso provaria que além de ser um xenófobo preconceituoso que torra sua grana sem dó, você é alguém muito mal informado. Mas não vou contar para não estragar a surpresa... Tomara que eu esteja errado quanto ao sucesso da Piaggio no Brasil, porque torço mesmo para que ela se estabeleça definitivamente por estas terras. Que se firmem no mercado com sucesso, porque além das Vespas eles têm outras motos para oferecer. Mas seria a quarta ou quinta vez que eles dariam um tiro no pé aqui no mercado brasileiro. E começam lançando essas motinhos simpáticas aqui a esse preço? Me preocupo que pareçam estar usando uma estratégia fadada mais uma vez ao fracasso. No Brasil as empresas vão à falência e não sabem o motivo... Depois botam a culpa na conta do café. Um abraço, Jeff
Posso usar cinquentinha ou motoneta em rodovia? Não. E não é questão de a polícia proibir, é questão de você não morrer. E nem vou falar da instabilidade, das rodas pequenas para os buracos, do vento lateral que as desequilibra. Usar uma moto acima do que ela aguenta faz o motor travar na frente de um caminhão.
Muito possivelmente foi o que aconteceu com esta Pop 100 em plena BR-324. Não vou postar o link do vídeo porque as imagens são chocantes demais.
Reportagem: http://bahianoar.com/motociclista-e-carona-morrem-apos-serem-atropelados-por-caminhao-na-br-324-feira-de-santana/ No vídeo o policial rodoviário comenta que o piloto e garupa foram atropelados quando o motociclista "se perdeu" e parou na frente do caminhão. Pode ter parado porque faltou gasolina, um pequeno descuido que pode ser fatal em rodovias... Mas muito mais provavelmente o motociclista parou porque o motor pifou — e essa é uma causa que dificilmente deixa evidências, verdadeira epidemia silenciosa. Sua vida depende de você não usar sua moto acima do que ela aguenta. Quando a moto é exigida no limite, o motor esquenta demais e chega uma hora em que ele acaba fundindo e travando, aí não tem o que fazer. Motos pequenas em rodovias ficam o tempo todo no limite. O principal motivo de quebra é exigir demais de um motor e transmissão que já estão sofrendo no limite por rodar sem óleo suficiente. Uma Pop e todas as outras motonetas ou motos de baixa cilindrada não são feitas para rodar em estradas. O pessoal se ilude e até posta vídeos mostrando o quanto a maquininha anda:
Isso é ilusão. Os velocímetros de ponteiro das grandes fabricantes têm um erro mínimo de 5% a 10% para mais a fim de evitar reclamações de gente sendo multada — quanto menor a cilindrada, maior o erro. Essa motinho chegou no máximo a 90 km/h reais. O outro motivo porque isso é ilusão é que chegar a 90 km/h em um vídeo de 1 minuto e 35 segundos é uma coisa... Outra bem diferente é ser obrigado a fazer todo dia o trajeto completo para casa rodando ao máximo do que o motor aguenta. E com pouco óleo. O motor estoura. A velocidade de cruzeiro, aquela em que o motor consegue trabalhar sem esquentar demais, é de 80% a 90% da máxima — para diminuir a chance de travar o motor. E apenas com o piloto. Levando garupa, o motor faz mais força, esquenta mais. Para compensar, o prudente é viajar a 80% da velocidade máxima. Uma pop somente poderia rodar em uma rodovia a uma velocidade real na casa dos 70 km/h, velocímetro marcando 80 km/h. E carros, ônibus e caminhões na rodovia com velocidade máxima permitida de 90 km/h rodam a 110 km/h — reais. Dependendo da rodovia, bem acima disso. Ou seja, a velocidade baixa e segura para rodar sem risco de travar o motor das motonetas e motos pequenas é perigosa porque aumenta o risco de você ser atropelado. E nesse caso aumentar a velocidade não é solução porque você força demais o motor. Assim, você não pode fazer trajetos longos em rodovias com uma motinho de baixa cilindrada — 5 minutos rodando com aceleração máxima já são uma temeridade para o aquecimento de um motor no limite. Aquela moto do acidente possivelmente não teria matado seus ocupantes se: 1) A motinho não fosse obrigada a dar o máximo o tempo todo em uma BR; 2) O piloto não estivesse levando garupa; 3) O motor estivesse com o nível correto de óleo. Motinhos como as cinquentinhas, a pop 100, 110 e similares não são feitas para pegar estrada. Garupa, só naquele passeio até a sorveteria do bairro no fim de semana. Não são motos para ir e voltar do trabalho pegando rodovia. Nem sozinho. Uma 125 / 150 já é o mínimo do mínimo para encarar uma estrada, e ainda exige que você use a faixa da direita, correndo perigo junto dos caminhões — e atrapalhando os caminhões, eles irão te ultrapassar em manobras superarriscadas. Não pegue uma rodovia para longos percursos garupado com menos do que uma 200 / 250, daí para mais. E caso precise fazê-lo, sempre mantenha o óleo no nível correto e respeite os limites da moto para não ficar com o motor travado na frente de um caminhão. Um abraço, Jeff
Você está pensando em comprar uma motoneta porque ela parece menos perigosa do que uma moto? E para acompanhar, um capacete aberto daquele tipo que se usa com motonetas? Não se iluda, uma motoneta é mais perigosa do que uma motocicleta — e um capacete aberto é a sua pior escolha para uma motoneta.
Eu sempre tive a convicção de que motonetas eram mais perigosas porque são mais instáveis diante das irregularidades do asfalto. Os pneus finos e as rodas pequenas sofrem muito mais com as irregularidades do caminho, a baixa potência não permite circular com desenvoltura por vias de alta velocidade, e os freios são o que há de pior, geralmente do tipo tambor. Como são baixinhas, elas são mais difíceis de ver no meio dos carros, e seus pilotos não enxergam o trânsito por cima dos carros à frente.
Mas o leitor Netinho Eneias Negralha encontrou a evidência de outro perigo muito mais grave quando comentou o seguinte na postagem Você nunca viu motonetas tão rápidas: Impressão minha, ou nessas motinhos tipo Biz o impacto parece ser direto na "cabeça"? Este vídeo eu já havia publicado naquela postagem, mas vale a pena ver de novo: Comprove você mesmo como nos tombos os pilotos batem violentamente a cabeça no asfalto: A evidência de que as motonetas tendem a jogar a cabeça do piloto no solo me deixou curioso e pesquisei outros vídeos com acidentes normais de trânsito:
E realmente, como você pode ver, mesmo no trânsito normal as motonetas têm maior tendência de jogar o piloto de cabeça contra o asfalto, diferentemente das motocicletas. E a conclusão a que chegamos é de que isso se deve a três fatores: A velocidade relativamente mais baixa das motonetas, a menor altura em relação ao solo e a falta do tanque de combustível entre as pernas do piloto, tudo isso facilita cair de cabeça contra o chão. E aí vem se somar o último fator que agrava os acidentes com motonetas: A moda...
Todas as imagens acima são de propagandas feitas pelos fabricantes associando capacetes abertos a motonetas. Vendendo a ilusão de que as motonetas são mais seguras, a moda e as propagandas dos fabricantes empurram goela cabeça abaixo dos compradores e compradoras os famigerados, ultrapassados, anacrônicos e inseguros capacetes abertos. É só fazer uma busca no google por capacetes para motonetas ou scooter helmets que você vai encontrar isto:
Imagem: Pesquisa do Google Os vídeos provam que boa parte dos acidentes com scooters jogam o piloto de cara no chão, mas a imensa maioria dos capacetes vendidos para os proprietários dessas motonetas é do tipo aberto. Os fabricantes de motos não sabem disso? Não têm estatísticas mostrando o que a gente acaba descobrindo por acaso aqui no blog? Para os fabricantes de capacetes abertos essas estatísticas não importariam, porque o custo de fabricação de um capacete aberto é menor, dá menos trabalho e usam menos material para fabricar — e portanto a margem de lucro é maior. Eles continuariam fabricando capacetes abertos mesmo que ficasse provado que matam e desfiguram muito mais gente do que os fechados. Mas eu acredito que os fabricantes de motos têm esse conhecimento sim, sabem de tudo isso e devem ter estudos aprofundados a respeito... mas faz parte das regras do marketing: Se você quiser aumentar as vendas de um produto, nunca passe aos clientes em potencial a impressão de que ele seja perigoso. Muita gente inocente acredita naquilo que lhe é mostrado, não tem acesso a outras informações, e acaba sendo induzido a um erro muito grave. E é um erro que se perpetua há gerações, pelo menos desde o final dos anos 60... O que explica a lógica de "capacetes femininos não precisam ser tão seguros quanto capacetes masculinos", já que ambos correm os mesmos riscos? Capacetes integrais são fabricados desde 1967.
Em 1970 o piloto que competiu com o Fórmula 1 que não era um charutinho mais bonito de todos os tempos, o nosso bicampeão mundial Emerson Fittipaldi (sem falar do campeonato da Indy e os dois GP de Indianápolis), já corria usando um capacete integral.
Capacete aberto é coisa para Speed Racer, Trixie ou Penélope Charmosa, não para pilotos da vida real. Os tempos evoluíram, os capacetes evoluíram, e as câmeras de vídeo estão aí para acabar com esses velhos mitos. Nem as motonetas são mais seguras do que as motos, nem os capacetes vendidos para os donos de motonetas são seguros o suficiente para o tipo de acidente mais comum entre as motonetas.
Apesar de ser a escolha de nerds como Howard e Sheldon, o capacete aberto, além de ser uma fria, não é a escolha mais inteligente. Será que vale a pena se deixar levar pela moda em uma situação em que é a sua vida, seu nariz e os seus dentes que estão em jogo? Leve isso em consideração na hora de escolher sua primeira moto e seu primeiro capacete. Boas escolhas, Jeff