Mostrando postagens com marcador Kawasaki. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Kawasaki. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A kawasaki tomou juízo, a bmw ainda não aprendeu a lição

A kawasaki do Brasil tomou juízo quanto ao intervalo de troca de óleo recomendado, enquanto a bmw ainda não aprendeu uma dura lição...

O triste é que essa lição será tomada com gente se machucando e se dando muito mal por conta de uma política de vendas totalmente errada.

Não se negligencia a segurança em motocicletas.

Usar como argumento de vendas 10 mil km sem manutenção do óleo do motor — denunciado na postagem de ontem — colocará a vida de muita gente em perigo.

Quem está há mais tempo no mercado brasileiro já percebeu que a coisa por aqui é séria e diferente do resto do mundo, e já tomou atitude para livrar a própria cara. 

Lembra daquela postagem sobre os 12 mil km da troca de óleo das kawasaki?
Imagem: Postagem http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/04/os-12-mil-km-da-troca-de-oleo-da.html

Conforme alertado pelo leitor Sergio Brunner, que me enviou a imagem abaixo e a quem agradeço muito, a kawasaki do Brasil não embarcou nessa onda de 12 mil quilômetros para troca de óleo da matriz.

O pessoal no Brasil teve o bom senso de determinar a troca de óleo com a metade da quilometragem recomendada lá no exterior:

O manual brasileiro recomenda a troca de óleo e do filtro de óleo a cada 6 mil km, e não os absurdos 12 mil km determinados no Japão.

Mas são 6 mil km mesmo?

Não.

Você leu as letras miúdas da observação nº 2?

"Efetue o serviço (troca de óleo e filtro de óleo) com mais frequência quando pilotar a motocicleta em condições severas: regiões com muita poeira, úmidas ou lamacentas, pilotagem em alta velocidade ou com partidas/paradas frequentes."

Ora, essa é praticamente a condição de pilotagem de todas as Ninja, na estrada ou em trânsito urbano... que outra condição existe?

Aliás, é a condição de pilotagem de praticamente qualquer motocicleta...

Fora disso, só aquelas motocicletas que ficam sempre no mesmo lugar:
Imagem: http://www.bellecityamusements.com/our-midway/

Na prática, a kawasaki do Brasil está falando sem dizer para fazer a troca do óleo e filtro a cada 3 mil km...

Ou seja, reduziram de 12 mil km para 6 mil km, mas se você não quiser ter problemas, troque o óleo e o filtro de óleo a cada 3 mil km...

Enquanto isso, a bmw usa como argumento de vendas o "óleo mágico" para 10.000 km sem manutenção...

"Maior economia com menor custo de troca de óleo."

Onde foi que já ouvi isso antes?

Ah, lembrei!

A honda começou com essa história do "óleo mágico" para 3 mil, depois 4 mil e agora 6 mil quilômetros usando como argumento de vendas a maior economia de manutenção.

Deu no que deu para as motos pequenas de arrefecimento a ar e a ar/óleo CB 300, XRE 300, Titan, Fan, Bros... 

Jogaram a imagem da honda lá no chão, tiveram que trocar os motores, e nem assim os problemas acabaram porque foram potencializados pela adoção de um óleo inadequado para o Brasil.

Pelo menos a kawasaki caiu na real e teve o bom senso de se adequar à realidade nacional.

Fato:

Os proprietários brasileiros não se ligam em detalhes de manutenção e não repõem o óleo consumido.

Aliás, nem medem o nível de óleo da moto.

Quando medem o nível de óleo, sempre medem do jeito errado, sem ligar e desligar o motor, conforme foi ensinado nas concessionárias... ops!

Caramba, as concessionárias ensinam errado uma coisa tão importante, né?

As montadoras deviam prestar atenção nisso, está fazendo muita gente estragar o motor com baixa quilometragem e até correr risco de vida nas estradas...

Mas o fato é que o pessoal da kawasaki sabe que a turma usa as motos para chinelar no fim de semana, e sabem perfeitamente que óleo velho com nível baixo pode dar uma grande колбаса, tanto é que publica em todos os seus manuais:

Mais cedo ou mais cedo ainda, a bmw também vai descobrir que usar como argumento de vendas um óleo que aguenta 10 mil km sem manutenção não compensa.

Os proprietários leigos interpretarão "sem manutenção" como "sem preocupação de repor o óleo consumido" — o que colocará a vida dos usuários da moto em perigo.

O artifício de dizer que "proprietários que percorram longas distâncias poderão ter de trazer as motocicletas para revisão antes da próxima data programada" — na prática, a cada 5.000 km — não funciona no Brasil.

Os proprietários rodarão 10.000 km sem nem mesmo conferir o nível de óleo. 

Motores começarão a estourar ainda este ano, mais tardar em janeiro de 2018, anote o que estou dizendo.

Os riscos envolvidos não só para os usuários — que verão seus motores travarem e estourarem em alta velocidade na estrada — como para a imagem da marca e seus produtos, não compensam as vendas iniciais.

Pelo visto, a kawasaki do Brasil já descobriu. Mas suas concessionárias continuam entregando as motos da revisão sem óleo suficiente... 

Muita gente vai dançar graças a essa política de vendas totalmente errada da bmw.

O negócio é rezar para ninguém morrer por conta disso.

Um abraço,
Jeff

terça-feira, 11 de abril de 2017

Os 12 mil km da troca de óleo da kawasaki

Eu pensava que a cara de pau das fabricantes quanto a altas quilometragens recomendadas para a troca de óleo já tinha atingido seu limite, mas...

O troféu temporário agora vai para a kawasaki.

12.000 km.
Perdi a informação de quem me enviou o link, peço desculpas por não poder dar crédito ao leitor que sugeriu a postagem, procurei no email e nos comentários do blog e não encontrei... my bad.

Troca do óleo e do filtro de óleo a cada 12 mil km...

Mas o que importa aqui é o seguinte:

A kawasaki está recomendando trocar o óleo do motor a cada 12 mil quilômetros, e em menor quilometragem em caso de uso severo — mas não define bem o que é uso severo.



Eles falam em condições empoeiradas, úmidas, lamacentas, de alta velocidade, ou partidas e paradas frequentes.

Mas não dizem que a principal condição de uso severo para todos os motores é aquela que as pessoas pensam que é uso leve:

Ir de moto para o trabalho ou escola em jornadas curtas de até 30 km todos os dias... não dando tempo para o motor esquentar adequadamente.

O resultado é óbvio, os proprietários vão pensar que não fazem uso severo e somente irão se preocupar com a troca aos 12 mil quilômetros acreditando nas virtudes do óleo mágico...

SÓ QUE A KAWASAKI NESSE MANUAL NÃO FALA NADA SOBRE ÓLEO SEMI/SINTÉTICO...
Quem lê o manual em inglês, se sente autorizado pela fabricante a usar óleo mineral...

OPS, pequena correção: 

A categoria SM é de óleos sintéticos. Mas SG, SH e SJ são óleos minerais. 

De qualquer forma, isso não é mencionado no manual e eles não fazem distinção entre um tipo e outro para chegar a 12 mil km.

Ao contrário de outros países onde a venda casada é proibida, aqui no Brasil ela só é proibida no papel, porque na prática é honda mandando usar óleo da honda, yamaha mandando usar óleo da yamaha, kawasaki mandando usar óleo da kawasaki...

Esta última tem um acordo comercial com a mobil para usar o óleo semissintético Super Moto 4T MX 10W-40 (o mesmo que a suzuki recomenda):
Olha lá o kawasaki na parte inferior do rótulo...

Será esse óleo semissintético que será colocado na sua moto kawasaki, então você estará um pouco melhor aqui no Brasil do que os clientes lá na Índia, de onde esse pdf do manual foi obtido.

Mas não muito melhor, porque um óleo semissintético não é um óleo puramente sintético.

É preciso tomar cuidado com algo essencial:

Todas as motos da kawasaki trabalham com arrefecimento líquido, exceto as pequenas fora de estrada como a KLX 110:
Imagem: http://kawasakibrasil.com.br/produtos/klx110/

Então o uso de um óleo de menor viscosidade que a recomendável para as temperaturas em nosso país não será um problema tão crítico para a maioria das máquinas deles — mas certamente será problema para as trilheiras.

Motores de arrefecimento líquido trabalham com temperatura limitada a 115-120 °C, bem abaixo dos 160-170 °C típico dos motores esfriados a ar.

Mas apesar de o arrefecimento líquido aliviar as coisas, com 12 mil km para troca não há óleo que aguente tanta contaminação por partículas de desgaste... 

Nem motor que mereça tamanho sacrifício.

Note que o óleo da parceria mobil/kawasaki não é um óleo puramente sintético de qualidades amplamente superiores como foi visto no vídeo promocional da shell.

É um óleo semissintético, ou seja, uma mistura principalmente de óleo mineral com uma parcela de óleo sintético e aditivos para compatibilizar os dois...

E a kawasaki está dizendo que esse óleo aguenta 12 mil km, assim como o filtro de óleo...

Difícil, hein?

Serão longos 12 mil km com seu motor sofrendo com as partículas de desgaste lá dentro do motor.

Na hora da primeira troca, você já estará meio decepcionado com o desempenho do câmbio e motor.

Aí ele ganhará um refresco com o óleo novo, e você passará mais 12 mil km vendo o comportamento da moto piorar cada vez mais...

Já na segunda revisão, depois de quase um ano, o pessoal vai te sugerir a compra de um modelo mais novo e você estará inclinado a aceitar alegremente achando que é um ótimo negócio.

São as sutilezas que os intervalos de troca de óleo extremamente longos proporcionam.

Não sei porque fui lembrar agora daquele negócio de cozinhar uma rã viva lentamente...

Conhece a história?

Cozinhando uma rã em fogo baixo, ela não percebe que está sendo cozida e morre sem nem tentar fugir...

Não sei o que isso tem a ver com troca de óleo a cada 12 mil quilômetros, deve ser coisa da minha cabeça.

Acho que foi por causa da cor verde.
Imagem: http://convenientsolutions.blogspot.com.br/2014/05/frogs-in-pot.html

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Os recalls de motos de arrepiar e o mistério daquela honda Gold Wing que pegou fogo sozinha no meio da estrada

A lista de motos recém lançadas que passaram por recall nos EUA nos últimos tempos é enorme.

Primeira página de outras muitas...
Somente no ano de 2015 você teve recalls da harley-davidson Dyna / Softail, aprilia Shiver 750, aprilia Caponord 1200, polaris Slingshot, brammo Empulse, can am Spyder, kawasaki Concours 14, indian Scout, ducati Multistrada 1200...

Vários modelos da yamaha deram problema no seletor de marchas, harley-davidson Street e Touring por problema na embreagem, ktm, yamaha R1, triumph Daytona 675 e Speed Triple e honda CBR 1000S por problemas nos amortecedores...

45 mil motos de vários modelos da honda por erro de aplicação de selante no interruptor de partida capaz de deixar a moto inoperante, honda CB 500F e CB 500R, bomba de combustível das harley-davidson Street 500 e Street 750, freio nas motonetas KYMCO, mangueira de freio nas motonetas bmw C 600, pinça do freio dianteiro nas suzuki GSX 1000...

Tudo isso só em tempos recentes.

Em 2017 já foram mais 6, descontando aqueles dos 7 modelos da indian.

Teve mais um outro da polaris que eu nem comentei porque é um triciclo que eu pensava que o Slingshot não era vendido aqui no Brasil.
Imagem: http://www.moto.com.br/acontece/conteudo/polaris-suspende-vendas-do-triciclo-slingshot-83247.html

Vou comentar somente os recalls com grande risco de vida para os ocupantes:

Você encontra casos apavorantes como o recall de 46.426 motos de vários modelos da bmw só nos EUA por possibilidade de quebra do flange de montagem da roda traseira.
Imagem e divulgação: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2015/04/bmw-convoca-4558-motos-no-brasil-para-recall.html

Aqui no Brasil o recall afetou somente os modelos K 1200 e K 1300, mas note que foram chamadas motos fabricadas durante 8 anos inteiros...

Ou seja, o excesso de aperto determinado no projeto foi aplicado durante esses 8 anos e só foi detectado depois que as motos mais antigas começaram a dar problema...

Não queria estar na pele do proprietário de uma dessas no momento em que a roda traseira rachou e se soltou.

Com o travamento da roda traseira, o tombo é certo e o risco de atropelamento — bah, não quero nem pensar.


Entre os recalls nos EUA não está a história bizarra e não muito bem explicada do recall das kawasaki Ninja ZX-10R e Concours 14 feito aqui no Brasil...
Imagem e ivulgação: http://g1.globo.com/carros/noticia/2012/08/kawasaki-comunica-recall-dos-modelos-concours-14-e-ninja.html

Sabe o que eu achei curioso na divulgação feita na mídia?

As reportagens para falar do recall mostram fotos dando destaque para a Concours 14 (acima) por causa de um problema menor — o acúmulo de sujeira externa que bizarramente exige a substituição do cilindro mestre (linhas azuis)...

E ninguém deu destaque ao caso muito mais grave da moto muito mais vendida Ninja ZX 10R (linhas vermelhas)...
Imagem: Divulgação kawasaki

Nas manchetes o pessoal fala de um simples "acúmulo de óleo" fora do motor... 

E só nas letrinhas miúdas quase no final da reportagem quando ninguém mais está lendo — do lado de uma fotinho discreta da moto — é que falam que isso pode causar perda de controle da Ninja. 
Divulgação: http://g1.globo.com/carros/noticia/2012/08/kawasaki-comunica-recall-dos-modelos-concours-14-e-ninja.html

Ninguém fala em lugar nenhum que será necessário trocar a carcaça fundida defeituosa e fazer a reconstrução completa do motor... Mania de dourar a pílula que esse pessoal tem.

Ou será que taparam o furo com uma gambiarra de epóxi? Dona kawa, fala sério, hein?

Descobrir uma falha grosseira de fundição, ocorrida na primeira etapa do processo industrial, somente depois que a moto já está na garagem do dono? 

Que raio de controle de qualidade vocês estão usando aí no Japão? Ou é na fábrica da Tailândia, onde a mão de obra é mais barata? Sinceramente... pô, que decepção, dona kawa...

Outro caso que não teve o destaque merecido por aqui foi o recall da yamaha para as YZF R1 por uma falha potencialmente mortal — a quebra das engrenagens do câmbio.

O recall envolveu TODAS as motos fabricadas em 2015...
Imagem e reportagem: http://www.moto.com.br/acontece/conteudo/yamaha-yzfr1-2015-recall-por-problema-no-cambio-92568.html

Esse recall foi pouco noticiado no Natal porque não ocorreu no Brasil já que a yamaha não importa essa nova viúva negra para cá —então não chamou a atenção da grande mídia, mas devia, pela seriedade do problema.

Uma engrenagem quebrada no câmbio de um carro faz o seu fusca travar no meio da avenida Rubem Berta no horário de pico. Já fui contemplado com uma dessas, só saí de lá com guincho.

Se eu estivesse de moto não tinha blog.

Por aqui a yamaha não fez o recall da R1, mas em compensação fez o da YZF-R3, a rival da Ninjinha, por problemas na bomba de óleo, embreagem e possível erro de montagem das travinhas do câmbio...
Imagem e divulgação: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2016/06/yamaha-r3-entra-em-recall-para-trocar-bomba-de-oleo-e-placa-de-embreagem.html

TRÊS problemas extremamente graves em um único modelo — TRÊS defeitos com potencial para derrubar o motociclista e causar um acidente fatal.

Como foi testada essa moto antes do lançamento que não perceberam TRÊS problemas assim graves?

Não fizeram testes de rodagem de alta quilometragem? 

Deixaram essa tarefa para os proprietários? 

Os donos agora são pilotos de teste sem remuneração? Ou melhor, pagando para servir de cobaias? Francamente....

A yamaha também fez o recall da MT-09 por outro motivo, a quebra da coroa de transmissão — outro problema com o mesmo perigo de derrubar os ocupantes:
Imagem e divulgação: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2015/11/yamaha-mt-09-e-chamada-para-recall-no-brasil.html

A MT-09 é esse modelo que você não vê na foto da divulgação do recall. Será que não queriam queimar a imagem?

A quebra de engrenagens ou eixo do câmbio, e também da coroa de transmissão, pode causar o travamento da roda traseira no meio de uma rodovia.

Um tombo certo com muita possibilidade de resultar em lesões graves, atropelamento e morte.


O ano de 2016 não foi muito bom para a yamaha...
Imagem e divulgação: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2016/05/yamaha-xtz-150-crosser-tem-recall-por-possivel-quebra-do-chassi.html

Quem diria que a yamaha conseguiria lançar a Crosser com risco de quebra do chassi, um defeito que a gente só viu acontecer na dafra Kansas?

Exatamente o mesmo problema que a dafra nunca teve a hombridade de assumir.
Recall da yamaha Crosser: g1 autoesporte
Eu adoro a sutileza e a cara de pau do texto do recall...

Para eles o problema não está no chassi ter sido MAL PROJETADO...

Está nas "determinadas situações de uso frequente da motocicleta"...

"em pisos irregulares com trepidação constante"...

Pô, yamaha, não vem com esse papo de dafra!

Projeta uma moto que não aguenta ser usada por um ano e vem por a culpa nas ruas e condições normais que vocês não souberam prever?

Ora, faça o favor! Pelo menos a yamaha teve a decência de convocar o recall... 

Tantos problemas tão graves em motos recém lançadas, dona yamaha... 

O que está acontecendo com sua engenharia e controle de qualidade, dona yamaha?

Um recall por motivo semelhante ao da R1 — e risco idêntico — foi feito pela suzuki em relação a uma moto com boas vendas no Brasil, a GSR 150i.

Tome cuidado na hora de comprar uma dessas de segunda mão, verifique se o antigo dono soube do recall.

Melhor ainda, não confie na informação dele, verifique você mesmo se o recall foi feito visitando uma concessionária suzuki — lá eles têm como comprovar se o reparo foi executado. Ou tome muito cuidado ao passar pela Rubem Berta.

Recalls não têm prazo de validade, a montadora é obrigada a resolver o problema criado por ela — o que você não pode é ficar esperando o pior acontecer.

Sentiu falta de alguém?

Não falei até agora da honda, né?

Pois é.

Se o ano de 2016 foi péssimo para a yamaha, o de 2015 foi muito ruim para a honda...

Em 2015 a honda convocou mais de 12 mil motos de 10 modelos aqui no Brasil — incluindo a NC 700, NC 750, a Shadow 750, e as quatro cilindros CBR 600, Hornet e CB 650.

E isso foi noticiado pela rede globo como risco de desligamento repentino do motor por "curto-circuito e superaquecimento do interruptor de partida".
Imagem e divulgação: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2015/08/honda-faz-recall-de-11922-motos-modelos-podem-desligar-sozinhos.html

Mas o recall norte-americano falava em risco de o motor apagar e não voltar a funcionar em 33 modelos por causa do excesso de selante no solenoide de partida — starter relay switch.
Divulgação do recall: http://www.motorcycle-usa.com/2015/07/article/honda-recalls-45153-motorcycles/

Esse site americano nem sequer mencionou a possibilidade de incêndio do chicote elétrico e outros sites divulgaram com pequeno destaque a chance de a moto pegar fogo. Estranho.

Por que aqui no Brasil na mesma época o mesmo recall, apesar de noticiar corretamente os riscos envolvidos, foi divulgado de maneira diferente?

Sem falar nada sobre o desleixo na aplicação do selante no relé, a versão brasileira publicada no g1 disse que o problema estava no interruptor de partida:
Divulgação do recall: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2015/08/honda-faz-recall-de-11922-motos-modelos-podem-desligar-sozinhos.html

Eu até pensei que fosse erro da globo, mas entrei no site de recalls da própria honda e a informação diferente e errada partiu mesmo de lá:
Recall: https://www.honda.com.br/noticias/honda-convoca-proprietarios-de-diferentes-modelos-para-inspecao-e-caso-necessario

É isso que dá botar estagiário para escrever literatura técnica...

A tradução correta de starter relay switch é simplesmente relé de partida, e não interruptor de partida e nem interruptor do relé de partida, como está no site da montadora.

Quem ativa e desativa o relé de partida é o interruptor de partida no guidão — o relé é completo em si mesmo, chamá-lo também de interruptor só serve para causar confusão. Como essa.

Interruptor e relé de partida nem ficam perto um do outro...
O resultado é que o boletim de recall saiu errado e incompleto...

Concorda que noticiar um curto-circuito no interruptor de partida dá a impressão de que o problema é menos sério?

Mais fácil de resolver no guidão do que nas profundezas do chassi, né?

Não digo que isso tenha sido intencional, mas o fato é que a divulgação aqui no Brasil omitiu a causa do problema — uma falha grosseira na aplicação do selante durante a fabricação da peça.

Afinal, por que lá fora disseram a causa e aqui no Brasil não falaram nada? Nem falaram que o curto-circuito pode torrar o chicote elétrico?

Negar informações aos clientes brasileiros sobre o problema não ajuda o pessoal a se conscientizar da urgência em cumprir o recall, viu dona honda?

Custava falar exatamente o que a matriz lá no Japão determinou? 

Lá na Austrália e nos Estados Unidos foram bem claros... a aplicação incorreta do selante pode causar o travamento do relé causando parada do motor e a impossibilidade de ligar novamente com risco de acidente para os ocupantes e terceiros, ou um curto-circuito e também eventualmente causar o incêndio do chicote elétrico e da moto.

Porque pensando que o problema está no interruptor ali no guidão, e o interruptor não dando problema nenhum, o que o cidadão faz?

A tendência dele é pensar que a moto está livre de precisar atender o recall, né?

Isso não contribui para aumentar a baixa média de atendimento a recalls que segundo o PROCON de SP está abaixo de 13%... 

Parece que o pessoal lá não conhece piscologia. Piscologia vem de piscis, peixe em latim. Dori não manda lembranças.

Voltando a falar dos recalls nos EUA, note que na lista de 33 modelos com risco eventual de curto-circuito no chicote elétrico lá dos EUA não está relacionada a honda Gold Wing.

Ela estava pegando fogo na parte dianteira, inclusive roda e mangueira do freio dianteiro, e não há nenhum recall para algo parecido com isso.


O que poderia levar uma moto a pegar fogo sozinha como aconteceu com aquela?

Seria um caso que exigiria recall e que não foi convocado pela montadora?

É o que discutiremos na postagem de segunda-feira.

Até lá, um abraço e um bom fim de semana,

Jeff

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Mais CB 300 ferrando o cabeçote... por que será, hein, dona honda?

Vídeo de outro mecânico competente mostrando o que acontece com uma moto bem cuidada, mas que o dono não é leitor deste blog — e portanto desconhece os macetes praticados pelos fabricantes:



Meu agradecimento ao leitor Pedra Veloz que enviou estes dois vídeos, e parabéns ao Furlani por ajudar a esclarecer o povo sobre os absurdos praticados nesse mercado — absurdos que este blog vem denunciando há anos!

Como disse o mecânico, o dono cuidava bem da moto... ele só não sabia de algumas coisas:

1) A quantidade correta de óleo a cada troca da CB 300, CBX 250 Twister e a nova CB Twister é de 1,8 litro e não 1,5 litro como está dito no manual;

2) A quantidade recomendada no manual de todas as motos sempre é insuficiente para atingir o nível recomendado no próprio manual, necessitando de um adicional que os fabricantes nunca dizem qual é;

3) O óleo recomendado pela honda, assim como o óleo recomendado por vários outros fabricantes (suzuki, kawasaki, dafra) são vendidos como maravilhas tecnológicas — mas curiosamente eles costumam desaparecer do cárter mais rápido que outras marcas "não recomendadas" e sem que o dono perceba a moto fumando... esses óleos são bons para quem?;

4) A quilometragem recomendada pela honda (e demais fabricantes) para inspeção e troca é longa demais para ser chamada de decente — mesmo quem recomenda um bom óleo abusa da inocência dos clientes (estou olhando pra você, yamaha!)

Um vídeo como este permite comprovar essa indecência:



A válvula que ele mostra no vídeo é um dispositivo de segurança que se desloca conforme a contrapressão causada pelo entupimento do filtro. 

Se os fabricantes recomendam quilometragens para troca tão longas a ponto de essa válvula de segurança precisar ser acionada em condições normais de uso, é sintoma de que algo está profundamente errado com esse critério de quilometragem adotado pelos engenheiros


Leia a retratação sobre este parágrafo na postagem posterior a esta.

5) A imensa maioria das concessionárias da honda (e demais fabricantes) se limitam a abastecer a quantidade insuficiente recomendada de óleo, fazendo o motor se sacrificar desde o início — elas não fazem a complementação que o próprio manual do proprietário manda fazer;

6) A honda (e demais fabricantes) não impedem as concessionárias de continuarem com essa prática lesiva aos proprietários e que pode colocar nossas vidas em risco no trânsito;

7) A honda (e demais fabricantes) não têm interesse em informar a quantidade correta de óleo a cada troca porque assim vendem muito mais peças de reposição e motos novas em prazo muito mais curto do que seria o normal.

Algumas fabricantes chegam a mentir na maior cara dura para seus clientes, não é dona suzuki? Não é mesmo, dona dafra?;

8) O povo é feito de trouxa por essas práticas abusivas e não há interesse da imprensa em denunciar os fabricantes porque são grandes anunciantes e money makes the world go round;

9) Os governantes não têm interesse em coibir essa prática porque os fabricantes movimentam a economia e geram mais impostos — para variar, às nossas custas.

Além dos itens acima, há uma série de outras pegadinhas que os fabricantes usam para evitar que você trate corretamente da vida do motor de sua moto.

Pesquise nas postagens específicas agrupadas sob as abas Denúncia e Óleo na lateral desta página (visível somente em tela de PC).

Então, meu caro leitor, não seja otário de acreditar que os fabricantes são santos. Eles só estão lá pela grana — a sua grana.

O único cara que tem interesse de verdade no melhor para sua moto é você mesmo, todos os outros querem arrancar dinheiro do seu bolso — e quanto mais cedo, melhor.

Cuide pessoalmente do nível de óleo correto da sua moto e complete até a marca de nível máximo sempre que necessário — porque o importante é garantir o nível correto.

A menos que você queira ver sua moto em algum vídeo como esses aí de cima.

Um abraço,

Jeff