Assim que voltei à internet, recebi a notícia do recall da yamaha Crosser 150, agradeço ao leitor que indicou o assunto, mas não localizei mais a mensagem.
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Um recall para troca do quadro completo da moto é muito sério, ninguém merece ter a moto se desintegrando no meio do trânsito...
O que faz com que um quadro se rompa aparentemente sem motivo?
Problemas de qualidade do aço, da execução das soldas, subdimensionamento do projeto ou uma combinação de tudo isso.
Motos que não quebram lá fora acabam se partindo ao meio aqui no Brasil por causa das condições de nossas ruas e estradas, e da ingenuidade dos pilotos que pensam que elas foram projetadas para rodar nas condições brasileiras.
Projetos modernos feitos no Japão, China, Itália, Alemanha ou Inglaterra são feitos por engenheiros em salinhas com ar condicionado que não imaginam as condições carroçáveis das ruas deste fundão de quintal chamado Brasil.
Motos projetadas para rodar apenas metade do ano (porque no resto cai neve e as motos ficam na garagem) em estradas bem conservadas do primeiro mundo não aguentam o tranco por aqui se o projeto não for reforçado.
Lombadas são algo desconhecido no exterior. São redutores de velocidade, mas os alegres motociclistas brasileiros usam como rampinha de salto... a moto não foi projetada para isso e acaba quebrando.
Essas características do Brasil eram conhecidas dos engenheiros brasileiros da velha geração... o antigo presidente da honda declarou em uma entrevista que as CG — aquelas que ficaram famosas pela durabilidade, não as atuais — tiveram de ser reforçadas para aguentar as estradas e os pilotos brasileiros.
Infelizmente, hoje os novos executivos dessas montadoras apenas trazem os projetos / quadros / motores lá de fora sem fazer as devidas e necessárias adaptações e reforços, e a yamaha agora está pagando o preço dessa perda de conhecimento da nova geração.
Aliás, parece que os novos engenheiros não estão conseguindo projetar nem mesmo motos para rodar poucas voltas em condições ideais de pista, veja o caso da kalex do piloto Luís Salom...
Reportagem: http://grandepremio.uol.com.br/motogp/noticias/testemunha-do-acidente-fatal-de-salom-oliveira-relata-momento-assustador-vi-que-perdeu-a-roda-dianteira
Como o pessoal da yamaha vai resolver definitivamente esse problema das Crosser?
Se for simples falta de qualidade do aço, vão trocar seis por meia dúzia, a menos que o aço sofra um rigoroso controle de qualidade metalúrgica.
Se o projeto estiver subdimensionado, o único jeito será fabricar quadros reforçados com aço mais espesso, o que quer dizer aumento de custo.
Insignificante para os fabricantes, mas eles adoram choramingar caraminguás...
Vale lembrar que essa troca obriga a numerar novamente o chassi.
Resta saber se o chassi novo já virá com a mesma numeração ou se sobrará para o cliente correr atrás da renovação da documentação...
Recall para troca de chassi completo não é novidade, a honda fez a mesma coisa com as Biz em fevereiro de 2008, e até hoje provavelmente tem motinhos por aí que nunca fizeram a troca por desconhecimento dos proprietários.
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Recall convocado em 2008 |
Também teve o caso das dafra Kansas, que até hoje ficam se partindo ao meio e eles nunca tiveram a hombridade de convocar o recall.
Não adie fazer essa troca convocada pela yamaha.
Um quadro partido provocará perda de controle da moto, e se piloto / garupa caírem na frente de um veículo, o resultado pode ser o pior possível.
Felizmente, as empresas um pouco mais sérias não se negam a fazer recalls diante da possibilidade de novas ocorrências (alguém deve ter caído e sobrevivido para que o problema fosse notado).
Já as empresas sem a menor seriedade adiam o recall por 8 anos e dizem para o Ministério Público que as motos não apresentam problema algum...