sexta-feira, 31 de julho de 2015

Enfim uma motocicleta nacional de verdade — ou quase

O Brasil finalmente tem uma motocicleta de fabricação nacional que não fica devendo nada às que vêm de fora:


Reportagem: http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2015/06/tecnico-deixa-manutencao-de-avioes-e-cria-bicicletas-tunadas-em-sao-jose.html

E o melhor de tudo, é altamente econômica, não polui e roda 50 km com um litro de água para o seu motor sustentável e não poluente.

O único senão é estar limitada a rodar em ciclovias — olhe de novo, essas motos são bicicletas...

O que me fez lembrar que outro dia eu vi uma bicicleta totalmente estilo moto custom rodando aqui em Floripa.


Imagem: http://bicicletachopper.com/bicicleta-chopper-ws-costum/ 

Não era essa, mas era parecida.

Taí uma bicicleta que me dá vontade de ter... só falta colocar um motorzinho...

Mas meus problemas acabaram!

Já existem bicicletas custom / chopper motorizadas!


Imagem: http://bicicletachopper.com/bicicleta-chopper-ws-costum/ 

Essas bicicletas e bicicletas motorizadas estão sendo fabricadas aqui em Santa Catarina por uma empresa chamada WS Cruiser, quem sabe ela se torne a origem de um fabricante de motos verdadeiramente nacionais?

Só estamos 120 anos defasados do resto do mundo, mas até aí...


Fala sério, fabricar uma moto não envolve Física quântica nem tecnologia aeroespacial... não sei como o Brasil ainda não é capaz de fabricar uma motocicleta 100% nacional, até mesmo no motor. Ah, se eu tivesse grana... 

Se essas bicicletas continuarem sendo desenhadas estilosas assim, vou finalmente fazer o que o médico recomendou, encostar as motos e começar a praticar exercícios. Nhééé, nem верховая езда.

Este outro modelo poderoso aqui é fabricado na Espanha:


Imagem: http://www.gentetuning.com/php/index.php?topic=11207.0

Pena que quanto maior o peso, mais difícil é a pedalada.

Será que os fabricantes e os compradores estão pensando nisso?

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Animais, carcaças e aves na pista

Animais na pista são um enorme perigo para motoristas e motociclistas, mesmo quando não passam de uma carcaça na beira da estrada. Me refiro aos animais, não a este que vos fala quando volta de viagem. Aliás, estou devendo a postagem.

Os mais comuns nas cidades são os cachorros e gatos, mas basta ir para os subúrbios que você encontra cavalos, vacas e outros animais de criação cruzando a via. 




E não pense que animais soltos na pista são coisa de cidade do interior ou de estradas secundárias não.

A irresponsabilidade dos proprietários de animais se estende de norte a sul do Brasil.
Reportagem: http://osoldiario.clicrbs.com.br/sc/noticia/2012/10/acidente-com-cavalo-causa-fila-na-br-101-em-balneario-camboriu-3919414.html

Redobre a atenção quando avistar animais na pista ou no acostamento, eles podem mudar de direção e cruzar sua frente de maneira totalmente irracional. Esperar o quê de uma mula?
Reportagem: http://www.cliquenoticias.com.br/plus/?pg=mostra&id=23457

Pois é, o coitado do motociclista vai parar no hospital e o pessoal se comove é com a situação da mula... estamos mal na fita.

À noite o perigo se torna ainda maior, esses bichos ficam invisíveis na escuridão.


Frear no susto é isso aí... os freios da moto podem ser muito traiçoeiros. Pratique frenagens de emergência.

Animais de grande porte representam um grande risco mesmo depois de atropelados e mortos, porque suas carcaças podem provocar outros problemas.

Carcaças de animais podem obstruir parte da via, obrigando a desvios repentinos, além de tornarem a pista escorregadia.

Uma simples carcaça de cavalo caída à beira da estrada pode causar acidentes fatais, como você vê neste vídeo incrível.



O acostamento é um lugar muito perigoso... ainda mais se não houver sinalização em acidentes. Evite ficar no acostamento após um acidente, os acidentes secundários são muito comuns. Caso seja necessário sinalizar um acidente, tome cuidado extremo para não ser atropelado.

Animais menores também complicam a vida dos motociclistas — você não precisa ser um HOG para dar de cara com um porco na estrada:
Reportagem: http://www.midiamax.com.br/noticias/764757-porco-atravessa-pista-e-causa-acidente-com-moto-de-750cc-em-rodovia-no-interior-de-ms.html

E não basta tomar cuidado apenas com os animais circulando ou caídos na beira da pista.

Carniça sendo devorada por cães ou aves carniceiras também precisam de atenção. 

Urubus e carcarás costumam atacar em bando as carcaças de animais atropelados, e com a aproximação de veículos eles podem sair voando em todas as direções. 


Caso você não conheça, dê uma olhada no comportamento imprevisível dessas aves e entenda porque são tão perigosas para nós motociclistas:




Algumas dessas aves sempre podem sair voando na direção da moto, e em uma estrada ou avenida de alta velocidade o resultado da colisão com pássaros de grande porte — até 1 kg para carcarás, até 2 kg para urubus — pode ser fatal.

Esse tipo de acidente não costuma ser noticiado com grande destaque, mas costuma acontecer com alguma frequência. 

Este atropelamento seguido de queda aconteceu aqui na minha cidade:
Reportagem: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL951860-5598,00-PEDREIRO+MORRE+APOS+TER+MOTO +ATINGIDA+POR+ URUBU+EM+SC.html

Fique precavido contra alguma dessas aves sair voando na sua direção — passar longe do bando alvoroçado ou se preparar para um possível impacto pode evitar um tombo perigoso.

Mas alguns acidentes acontecem porque a ave se enrosca na roda ou na corrente de transmissão, então ao avistar uma concentração desses bichos, reduza a velocidade (mas não seja atropelado por quem vem atrás) e desvie o máximo que puder.


Nunca subestime a capacidade de um bando de aves atrapalhar o trânsito.


Se um único urubu ou galinha é capaz de derrubar o motociclista, do que não será capaz um mar de patos furiosos?


Melhor parar e esperar.

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Treinar frenagens de emergência no mínimo economiza um bom dinheiro

Reportagem: http://www.saocarlosagora.com.br/policia/noticia/2014/11/16/59278/motociclista-nao-consegue-frear-e-bate-em-carro-na-avenida-sao-carlos/

Segundo o motociclista, o sinal estava fechado para ele, no entanto não conseguiu parar porque não está acostumado com freios a disco como os dessa moto, então acabou derrapando na faixa e atingindo o carro.

Resumindo:


Não soube usar os freios na hora em que precisou porque nunca treinou frenagens de emergência com aquela moto.


Se você não treina manobras e frenagens de emergência, na hora em que um carro entra na sua frente você fica sem saber se freia ou se desvia...


Fica com medo de frear a moto e perder o controle, fica com medo de frear a moto e capotar...


Fica pensando em tanta coisa que acaba vendido e segue reto para a encrenca. 

Sem treinamento, você pensa demais e não age por instinto, que é o que a situação exige que você faça.

O resultado é que você não consegue escapar de acidentes facilmente evitáveis como este aqui:



Um motociclista mais experiente teria escapado facilmente dessa situação agindo por reflexo. A Speed tem bons freios e boa capacidade de manobra, é só saber usar. Andei dois meses com a moto do Daniel.

Ele poderia ter freado intensamente e aliviado os freios no último momento para manobrar a moto e passar no enorme espaço livre que havia, mas seguiu reto até bater.

É o efeito shit shit shit.


E não basta ficar craque com uma moto:


Todas as vezes que você mudar de modelo, principalmente se for uma moto maior, o que você aprendeu precisará ser adaptado para as novas velocidades, macetes de frenagem e manobras que sua nova amada será capaz (ou não) de fazer.


Você terá de reaprender a pilotar com ela e rapidamente saber como os freios dela responderão para não ter prejuízo.


É pena, mas o pessoal só lembra de acelerar e se esquece da importância de saber frear.

Só vai perceber o quanto esse descuido pode sair caro em situações como essas.

Felizmente os prejuízos foram apenas materiais — mas foram grandes, viu?

Dá uma conferida na quantidade de carenagens quebradas ali no chão no canto esquerdo da foto...

Um conserto desses para uma moto esportiva não sai por menos de 10 mil reais, e sem fazer tudo 100%. 

E ainda tem o prejuízo do carro para pagar:


Reportagem: http://www.saocarlosagora.com.br/policia/noticia/2014/11/16/59278/motociclista-nao-consegue-frear-e-bate-em-carro-na-avenida-sao-carlos/

Uma suspensão nova e desentortar o quadro de qualquer moto também não é coisa barata.

Somando tudo dava para comprar outra moto menos brava... talvez fosse melhor não ter trocado de moto.

Invista em você, pratique e treine para não se acidentar em uma mera frenagem de emergência.

Frenagens e manobras de emergência serão coisas muito comuns enquanto você estiver em cima de uma moto — por gente que não te vê, gente que te vê e não gosta de motoqueiro, por cachorro, tatu, calopsita... 

Em todos esses anos nesta indústria vital, sempre vi moleques e não tão moleques empinando ou tentando empinar a moto, mas só vi alguém praticando frear a moto com segurança me olhando no espelho.

E isso me livrou de tantos tombos e me economizou tanto dinheiro que fiquei rico perdi a conta.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 28 de julho de 2015

Bujão de óleo e arruela de vedação, heróis esquecidos

Tem um cuidado que você precisa ter quando tira a moto da revisão, ou quando você mesmo faz a troca de óleo:



Conferir se o bujão de drenagem do óleo foi apertado corretamente.

Um bujão mal apertado se solta com a vibração da moto, e pode causar um tombo muito perigoso — você viu o que o óleo vazando na frente do pneu traseiro é capaz de matar.

Mas o segredo do aperto do bujão de drenagem não está em aplicar uma força cavalar.

Pelo contrário, um aperto exagerado pode trincar a carcaça do motor, e o prejuízo é enorme por conta de uma coisa tão besta quanto uma simples arruelinha de vedação. 

O bujão do óleo usa uma arruela de vedação feita de um material mais mole, tipo alumínio ou cobre, ou então um anel de borracha (O-ring).

Essa vedação é feita de material mais mole justamente para vedar e garantir que o bujão não se solte sozinho com a vibração, sem precisar de um aperto estupidamente estúpido.

Além de vedar, o material deformado atua como uma mola que dificulta o afrouxamento do bujão, mas isso só funciona da primeira vez que ele é deformado.

Depois de deformada e aquecida, a arruela ou anel de borracha perdem a capacidade de vedar e travar o bujão. Fale isso para um mexânico e ele dirá que é bobagem, não precisa trocar.

Você sempre deve trocar essa vedação em forma de arruela ou anel para que ela continue vedando e travando o bujão.

9 em cada 10 mecânicos não trocam essa arruela que custa menos de 10 centavos, e "compensam" no aperto excessivo do bujão.

O resultado é que a rosca da carcaça do motor é de alumínio e acaba se deformando, e a cada troca precisa de um aperto mais intenso para o bujão vedar.

Chega uma hora em que a carcaça trinca ou a rosca espana.


Mesmo todo o aperto não é mais suficiente para garantir o bujão no lugar e ele se solta despejando mais de um litro de óleo na frente do pneu traseiro. É tombo certo.

Então exija ou providencie a troca dessa vedação a cada troca, você fica tranquilo e seu motor agradece.

Aproveitando, existe um bujão com algo a mais que vale a pena comentar.
Essa pontinha preta é um ímã e sua utilidade é reter o pó e cavacos de aço e impedir que circulem junto com o óleo do motor. 

Um bujão magnético retém uma parte dessa sucata antes que chegue na bomba de óleo. É o tipo de coisa que sempre penso em colocar na moto e nunca me lembro.

Mas assim como arruelas de vedação novas, é o tipo de investimento barato que vale a pena fazer pela vida útil de seu motor. 

Vale a pena tomar esses pequenos cuidados com esses modestos heróis esquecidos para evitar grandes prejuízos.

E grandes dores de joelho.


Um abraço,


Jeff

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Olha a falta que faz uma vacina de pneu e pneus novos



Vacina de pneu: R$ 27,00

Câmara de ar nova: R$ 37,90

Pneu dianteiro novo: R$ 265,00

Se livrar de um acidente por furo do pneu dianteiro em uma curva: Não tem preço.
Preços de câmara e pneu de Falcon. Outras motos menos ainda. Ou bem mais, mas sempre vale a pena.

Não economize com sua vida. 

Um pneu furado causa perda de controle e pode te jogar para fora da pista.


Num instante você passa feliz da vida buzinando e no outro está caído no acostamento dependendo da ajuda de estranhos. 


Uma câmara nova vacinada sai por menos de 70 reais.


A vacina é uma gosma que dificulta o ar sair pelo furo, impede o esvaziamento rápido do pneu se o furo for menor do que 6 mm.

Câmaras e pneus novos têm menos propensão a estourar. 

Não descuide desses itens, sua vida vale muito mais.

Aproveitando:

A mulher de azul foi muito criticada nas postagens do youtube, mas foi a única que se preocupou em verificar se a vítima estava conseguindo respirar.

É importante não mexer na vítima para não agravar lesões, mas não se pode deixá-la morrer por sufocamento...

Faça um curso de primeiros socorros para saber como agir corretamente nesses casos.


Perguntas aparentemente sem nexo como qual seu nome, qual sua idade, que dia é hoje, que dia você faz aniversário servem para avaliar o grau de consciência da vítima.

Servem como indicativo da seriedade das lesões. 


Quanto mais responsivo, melhor. 


Se a vítima responder com um palavrão, pode comemorar.


O leitor Felipe Leal comentou no Facebook, é importante saber, então transcrevo aqui com alguns destaques para que fique claro para todos:

Jeff, perguntas como essas, que muitos consideram "sem nexo" são muito importantes após um acidente, servem não só para verificar se a vítima está consciente, mas também para fazer o cérebro dela reagir.

Quando perguntamos seu nome, idade, onde mora...o cérebro é forçado a trabalhar e envia mais sangue para cabeça, assim evita perda de consciência, memória e desmaios (É como se desse um tranco nos neurônios meio tontos para eles funcionarem).

Importante fazer isso também caso alguém esteja com um princípio de derrame.

Coisas desse tipo deveríamos ter aprendido na escola, no ensino fundamental, mas infelizmente não tivemos esse privilégio.


Obrigado pela colaboração, Filipe!


No meu tempo ensinava-se Primeiros Socorros na escola, mas era algo muito superficial. 


Fiz um curso em uma instituição de voluntários e é algo que recomendo a todos, porque realmente pode fazer A diferença no momento de socorrer alguém.


Colaboração do leitor Wesley Moreira:

Pneu com câmara é praticamente obrigatório a vacina. E câmaras novas sempre, de preferência daquelas câmaras grossas que o pessoal usa pra fazer enduro. Agora pneu sem câmara é mais tranquilo.

Obrigado por colaborar, Wesley! 

Olha só como é importante compartilhar as informações: 

Por nunca ter tido moto de trilha, eu não imaginava que as câmaras para essas motos eram reforçadas. 

Aprendi mais essa, ótima dica!

Um abraço,

Jeff

Feliz Dia do Motociclista!



Presente do meu amigo Edifrans, que compartilho com os amigos leitores do blog!

Feliz Dia do Motociclista,

Jeff

domingo, 26 de julho de 2015

Qual a importância de lubrificar os cabos de comando?

A manutenção correta dos cabos de comando, com a lubrificação e substituição preventiva periódica, diminui a chance de coisas como estas:



Casey Stoner, campeão pela Ducati em 2007 e o cara que obrigou a lenda Valentino Rossi a dar uma de Prost (= jogar sujo) para ganhar uma corrida, protagonizou este acidente por causa do acelerador travado.



O blog do uol diz que foi o "regulador de pressão"... E agora, em quem será que eu devo acreditar?

Bom, vou ficar com a versão do Casey porque até onde eu sei, o motor dele não é turbinado.

Já a throttle grip (que nós chamamos de manopla do acelerador) controla a válvula borboleta daquilo que os gringos chamam de throttle valve (a válvula de aceleração — eles não são muito criativos para nomes)

E apesar de nos motores superalimentados a válvula de aceleração controlar o fluxo de ar para o motor, o que poderia ser interpretado com muito boa vontade como um regulador de pressão, mas não é assim que essas coisas são chamadas.

O verdadeiro regulador de pressão da admissão é a válvula limitadora de pressão do turbo, que até onde eu vejo, não teria como causar o travamento do motor em alta rotação. Se a moto fosse turbinada... mas não acompanho nem a Fórmula 1, quanto mais motovelocidade. 

O Casey Stoner acabou quebrando só a escápula (o grande osso chato do ombro) e a tíbia (lá vem o Tíbio e o Perôniooo...)

Teve sorte, porque a moto quase caiu em cima dele.

Um stuck throttle é um acelerador emperrado, e ele pode emperrar na manopla, no cabo ou na própria válvula de aceleração. 

A fonte mais provável de emperramento é o cabo desgastado, mas no caso dele pode ter sido um problema na montagem da válvula, porque uma moto de competição não teria um cabo desgastado, a menos que estejam contratando estagiários.

Além disso, pode ser que essa moto use acelerador sem cabo mecânico, totalmente eletrônico, e aí pode ser uma pane elétrica. 

Mas para nós, humanos comuns, o cabo do acelerador nada mais é do que um arame trançado que corre dentro de uma capa de plástico emborrachada, com um encaixe na ponta da manopla e outro encaixe na ponta do carburador / válvula de aceleração.

Se algum arame do cabo se soltar e começar a desfiar, ele poderá enroscar dentro da capa e impedir que a válvula borboleta / pistonete ou a própria manopla do acelerador retorne para a posição de descanso.

Ou seja, você abre o acelerador e não consegue fechar, porque mesmo girando a manopla, o cabo fica travado e mantém a válvula de aceleração que alimenta o motor totalmente aberta.

E com o motor acelerado, a moto não tem mais freio motor. 

Ela segue desembestada e você vai junto, a menos que não entre em pânico, acione a embreagem e desligue o corta-corrente. 

Se não fizer isso, a rotação do motor irá para o espaço e seu motor entrará na faixa vermelha.

Enquanto a embreagem permanecer acoplada, os freios não terão força suficiente para estancar a moto.

Se você estiver em uma competição fazendo as curvas no limite, dificilmente terá tempo de controlar a moto antes da próxima curva e acabará comprando um belo terreno em grande estilo.

O melhor a fazer para não passar sustos com o acelerador é verificar periodicamente a condição do(s) cabo(s) do acelerador (algumas motos têm dois) e trocá-lo(s) antes que representem uma ameaça.

A mesma coisa para o cabo da embreagem, se bem que em caso de rompimento é possível passar as marchas sem necessidade da embreagem.

E nunca ouvi falar de cabo da embreagem enroscado, mas você tem fácil acesso à alavanca de acionamento pelo lado de fora do motor.

Os cabos do acelerador e da embreagem são baratos, vale a pena trocá-los preventivamente a cada 20 ou 25 mil km. Mais detalhes nesta postagem

O último cabo que coloquei na Jezebel já tem uns 30 mil km, já passou da hora de trocar.

Como não gosto de passar por situações de risco evitáveis, a troca do cabo acabou de entrar na minha lista de prioridades máximas.

Mais ou menos em 6º lugar.

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 24 de julho de 2015

A moçada que dá aula nas autoescolas de hoje...

Choveu muito na madrugada de sexta-feira aqui na região, a ponto de alagar a avenida da saída do bairro, o que estranhei.

Chegando à ponte, vi o rio nivelado com a margem, coisa que nunca tinha visto acontecer.

Mas passada essa região, o trânsito fluiu normal até perto da padoca, quando a avenida se alarga e passa a ter duas faixas em cada pista.

Assim que a pista alargou, o carro à minha frente deu seta indicando que iria parar para entrar à esquerda, e eu sinalizei minha intenção de mudar de faixa para fazer uma ultrapassagem permitida pela direita.

Macaco velho deu o beijinho olhou por cima do ombro e lá estava o carro da autoescola me ultrapassando pela direita, apesar de minha sinalização de mudança de faixa.

O vidro era filmado, não pude ver se era aluno ou instrutor guiando o carro, mas fosse quem fosse, ia sobrar para o instrutor.

O código de trânsito é claro: ultrapassar pela direita é proibido, ponto final.

Emparelhamos (hehehe) e sinalizei amistosamente (maioumeno, né?) para o motorista abaixar o vidro — era o instrutor sozinho no carro.

Seguiu-se o diálogo:

— Como é que você, instrutor de autoescola, faz uma ultrapassagem pela direita? 

Justificativa do instrutor de autoescola:

— É uma via de duas faixas.

— Você não aprendeu que é proibido ultrapassar pela direita?

— Mas é uma via de duas faixas...

— Você sabe ler? Leu o código de trânsito? É proibido ultrapassar pela direita.

E a "discussão" ficou nisso, porque aqui é Santa Catarina e ninguém se estressa por pouca bobagem.

Essa "justificativa" de ser uma avenida de duas faixas é a coisa mais ridícula que alguém pode alegar, eu sempre tinha discussões muito sérias com quem me dizia isso. E era o meu pai, hein?

É óbvio que a regra sobre não ultrapassar pela direita se aplica justamente a vias de duas faixas ou mais, porque se fosse aplicável a vias de uma única faixa, a regra seria "é proibido ultrapassar pela calçada".

Ouvir isso de um instrutor de autoescola.... bah! 

Com todo esse conhecimento das regras e a vivência no trânsito que um garoto de no máximo 25 anos pode ter, ele está "formando" os novos condutores.

Fui para a padoca, tomei meu sagrado matinal, e enquanto a vida se infiltrava lentamente em minhas veiasTM by Garfield , rascunhei mentalmente esta postagem.


Garfield: https://garfield.com/

Voltei para casa e ao chegar ao alagamento, pude entender porque aquele trecho que nunca alagou estava alagado:

Todo o campo da fazenda ali do outro lado tinha virado uma enorme lagoa cheia de garças e outras aves bicudas, até as palmeiras lá longe estavam ilhadas...


Côsa mais maior de linda!

Vendo uma paisagem dessas, não tem como continuar com sentimentos negativos. 

Qualquer hora passo lá na autoescola para tomar um café e incutir um pouco de vivência na cabeça daquele novato.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Coisas que você não sabe sobre o limite de giros do motor

Para que serve o corte de giro do motor?

Para que serve a faixa vermelha do painel da moto? 


Aquela faixinha vermelha que aparece no final da escala do tacômetro de alguns carros e motos (com conta-giros) ou do velocímetro (motos sem conta-giros) indica o limite de rotações do motor, mas não só isso.

Imagem: Wikipedia

A indicação colorida deste conta-giros significa que você deve evitar o uso acima de 5500 rpm e não deve usar o motor acima de 6000 rpm.

A faixa vermelha é um regime de rotações que o seu motor atinge, mas que você não deve usar, a menos que sua vida dependa disso e por pouquíssimo tempo em raras situações — ou então você seja um piloto profissional, porque aí quem paga o motor é a equipe. Se o motor estourar em uma competição, o autódromo tem áreas de escape e equipes de resgate.

Nas motos mais modernas, existe uma limitação eletrônica para não entrar naquela que seria a faixa vermelha do motor, que alguns jénios tratam de eliminar para a moto andar mais. 

O que acontece quando o motor é usado por longo tempo na faixa vermelha ou cortando giros?

Você destrói o motor da sua moto com grande chance de abreviar sua estada neste mundo: 

O vídeo é longo, mas vale a pena assistir inteiro com som para entender o que levou o motor a estourar e ver o quanto esse rapaz gostava da moto dele, a ironia da intuição que ele teve de que naquele dia ele ia filmar um acidente, e o quanto essa moto andava bem... Para ir direto ao acidente, avance a fita para 13:00 minutos.



Muita gente boa pensa que o único problema da faixa vermelha é o motor perder o sincronismo entre o giro do pistão ou pistões e a abertura/fechamento das válvulas.

O motor gira tão rápido que as molas das válvulas não conseguem acompanhar o ritmo do pistão, as válvulas saem de sincronismo ou então se quebram batendo no pistão que estoura e deixa de guiar a biela dentro do cilindro.

A pancada destrói o que estiver no caminho: biela, virabrequim, cilindro e mancais do virabrequim, trincando a carcaça — em alguns casos, a biela fura a parede do motor como se fosse um pinto (epa!) saindo do ovo.

Mas o que o pessoal nem imagina é que a faixa vermelha indica uma condição de trabalho inaceitável para o motor também por outro motivo:

O calor gerado por uma sequência tão rápida de explosões não consegue ser retirado do pistão na mesma taxa em que é produzido. 

O pistão é feito de uma liga de alumínio que derrete em temperaturas superiores aos 660 graus normais para o alumínio puro. 

Mas os gases de escape podem atingir bem mais do que 660 graus. Esse escape aí embaixo está a uns 950 graus Celsius. 




Normalmente você não vê o escape de uma moto brilhar no escuro porque em movimento o vento diminui sua temperatura.


O fato é que a temperatura do pistão não pode passar dos 300 graus centígrados, porque acima disso a liga de alumínio amolece, perde a resistência mecânica.


Se esses pistões aí em cima estivessem fazendo força para mover a moto, estourariam. Aliás, mais um pouco e eles estourariam de qualquer jeito...

Mas o fundamental é entender que aquilo que resfria o pistão de alumínio e impede que ele derreta é o óleo do motor borrifado esguichado por baixo dele.




Por isso é tão importante rodar sempre com a quantidade correta de óleo — além de lubrificar para evitar o atrito entre as peças, é o óleo que retira o calor concentrado na pequena área do pistão e o resfria na enorme área das paredes da carcaça do motor. 


Se o óleo for pouco, ele nem chegou a esfriar direito e já está sendo enviado de volta ainda muito quente para o pistão. 

Ou seja, ele perde eficiência para esfriar o alumínio na hora em que o pistão mais precisa.

Pouco óleo = incapacidade de retirar todo o calor do pistão + degradação química acelerada = aumento do atrito + desgaste acelerado das peças + maior risco de derretimento do pistão + maior risco de travamento do motor. 


Mesmo com a quantidade correta de óleo, se o motor permanecer trabalhando por alguns minutos na faixa vermelha, o aquecimento do pistão será tamanho que o óleo deixará de dar conta do resfriamento. 

O pistão se dilatará mais do que o aceitável e acabará se fundindo à camisa do cilindro, ou então amolecerá e furará, ou se romperá na região do pino do pistão (conexão com a biela). 


Se der tempo de o sistema ser sensibilizado, o indicador de temperatura da sua moto teoricamente irá alertá-lo antes que o motor seja danificado — se tudo correr bem.

O medidor de temperatura monitora apenas a temperatura do líquido de arrefecimento ou do óleo em condições normais de funcionamento.

Mas na faixa vermelha tudo acontece tão rápido para o pistão que não dá tempo de os sensores acusarem o problema.   


Imagine o pistão se avermelhando lá dentro... está a um passo de estourar ou derreter, e o ponteiro da temperatura ainda está começando a se mover.

Em ambas as situações, flutuação de válvula ou pistão estourando, o resultado é o mesmo — carcaça do motor rachando, quebrando, voando pedaços, tudo isso em um segundésimo de segundo.


Num momento você está curtindo sua moto na velocidade máxima com seu motor acima do limite de giros da faixa vermelha, ou cortando giro... 




E no instante seguinte você continua na velocidade máxima, mas com o motor e roda traseira travados em zero rpm e sua moto desesperadoramente saindo de controle — você só quer salvar sua vida.



Você tem de ser muito rápido para acionar a embreagem no instante em que suas rodas traseiras travam (as duas), mas isso não resolve. 

O rombo aberto na carcaça do motor está fazendo o óleo do motor jorrar, deixando um longo rastro de óleo por dezenas de metros bem no caminho do pneu traseiro.

Sua moto começa a deslizar de um lado para outro patinando sobre sabão e só te resta rezar para não cair. 

Quase certamente você cairá, e aí é rezar para não dar de cara com um carro, ônibus, caminhão, guia, poste ou guard-rail. Graças a Deus o motor não estourou durante a primeira tentativa junto dos caminhões...

O motor dessa 750 (a Sete Galo) já devia ter uma quilometragem elevada, provavelmente sempre foi tratado com o mínimo de óleo e devia estar com o mínimo de óleo porque quase ninguém lê o manual. E mesmo quem lê faz o procedimento errado...

Motores idosos não podem ser exigidos no limite, e muito menos acima do limite. 

As motos carburadas mais antigas não possuem corte de giro, o controle tem de ser feito exclusivamente pelo piloto — não invadindo a faixa vermelha.

Caso você precise entrar na faixa vermelha por uma ultrapassagem mal calculada, faça-o pelo mínimo tempo possível e deixe o motor esfriar rodando com a moto em uma velocidade tranquila por vários 20 minutos, senão poderá acontecer o que você viu.


Não pare para o motor esfriar, que aí as peças superaquecidas vão acabar se fundindo mesmo. 

O motor precisa receber vento para ir esfriando lentamente, continuando a funcionar, com a moto em movimento, mas sem fazer força.



Isso só acontece com motos velhas?

Negativo, motores novos correm o mesmo risco.


Forçar o motor ainda na fase de amaciamento é tão perigoso quanto, porque nesse período as peças estão fazendo mais força e se aquecendo mais do que a condição normal de projeto.


Além disso, modificações sem critério podem ser fatais.


O piloto lá de cima estava estreando uma nova relação mais alongada com o objetivo de ganhar velocidade final.

É um jogo de compensações: 

Para ganhar velocidade, o motor precisa fazer mais força do que aquela para a qual foi projetado... tudo jogou contra a veterana.

Esse é o pistão furado de uma motoneta envenenada para melhorar o desempenho. 

O motor estourou quando o piloto chegou a 105 km/h.

Não é problema apenas de motos de alta cilindrada.

Uma cinquentinha original de fábrica tem a mesma chance de travar o motor que uma Titan, Factor, Yes, Kansas ou uma superesportiva — até uma custom, que normalmente não tem conta-giros, possui uma faixa vermelha pintada no velocímetro. Menos a Kansas.

Desrespeitar a faixa vermelha não compromete apenas motores cansados de motos antigas.

Motos novas correm o mesmo risco porque o limite mecânico está relacionado à resistência dos materiais e das peças da fabricação do motor.


Curiosamente, os fabricantes economizam tinta vermelha nos painéis das motos de pequena cilindrada, como se elas não estivessem sujeitas ao risco de travamento do motor.

Ah, que nada, moto nova corta o giro e o motor não estraga!


Ah, tá. 


Vai nessa que você se dá bem. 

Bem mal.

Tudo é uma questão de quanto tempo você fica exigindo o máximo do motor, e em que condições seu motor está sendo lubrificado.

Se você já sai de casa com pouco óleo no motor, iludido com o procedimento confuso da verificação do nível que é feito no manual do proprietário que te induz a rodar sempre com o nível de óleo baixo, acontece isso aqui:


Este outro piloto teve a sorte de não cair. Viu o tecão da carcaça do motor que voou longe?

O motor vazou e deixou um longo rastro de óleo por dezenas de metros até ele conseguir parar a moto com o pneu encharcado de óleo. 

A ironia é que a moto tinha acabado de retornar de um recall do fabricante onde o motor foi aberto para substituir os parafusos das bielas que por defeito de fabricação poderiam se afrouxar e estourar o motor — justamente para evitar o que aconteceu.

A moto supostamente deveria estar em perfeitas condições, mas o motor estourou 40 km depois de sair da oficina... Me pergunto se mediram o nível de óleo corretamente nessa bmw...

Se chegou a rodar 40 km, esse motor estava funcionando normalmente; alguém cometeu um erro grave — será que foi a concessionária que montou, colocou óleo no motor e testou a moto antes de entregar?

Ou será que foi o piloto saudoso que por 40 km colocou no limite de giros um motor refeito que precisaria ser amaciado suavemente até as peças se ajustarem? Tenho um palpite, mas não vou dizer.

Quer ver o motor de uma moto novinha sendo exigido ao máximo e estourando, esguichando e deixando um longo rastro de óleo por dezenas de metros?



Nem mesmo motos aquáticas (os motores são muito similares aos de motos) escapam das leis da Mecânica. 

Olha só o tamanho do estrago deste motor: 



Estourar o motor de um jet-ski é bem menos grave do que estourar o motor de uma moto.

Quando qualquer motor estoura o pessoal que sobrevive fala mal do fabricante, que o motor não presta, etc., etc.


Se há uma coisa que eles podem falar mal e com razão é quanto ao procedimento de medição do nível de óleo confuso que ninguém faz direito porque é diferente dos carros, e da prática de colocar o mínimo de óleo sem que o cliente saiba — sujeitando-os a riscos como este.


Pode apostar que a maior parte das reclamações de motor estourado que aparecem na internet se devem a isso, exigir o máximo do motor sem que ele esteja corretamente lubrificado.


Se mesmo motores dotados de corte de giro para evitar que o motor estoure continuam estourando, o culpado tem de estar em outro lugar, e esse lugar é o nível de óleo dentro da carcaça do motor.


Mas os fabricantes não estão nem aí com um problema que pode tirar vidas. 


Ou por incompetência em percebê-lo, ou porque isso não está incomodando os acionistas porque os lucros vão muito bem, arigatô.


Se você não está nem aí com a tua vida, pelo menos tome cuidado com a vida da tua moto.

Aquelas motos pobrezinhas dos vídeos provavelmente nunca mais verão uma luz no fim do túnel. Nem túnel nenhum.


Para voltar a rodar elas irão depender de um transplante de motor. A carcaça quebrada de um modelo fora de linha não tem conserto nem reposição disponível. 


Tudo lá dentro deve estar quebrado... se algum caco metálico voou nas engrenagens, moeu o câmbio, o prejuízo é total.

Se a moto rodar com menos óleo que o ideal e for exigida no limite do motor, tenha certeza de que seu motor irá fundir.

Se não for hoje, será amanhã — independente da quilometragem ou anos de uso. 

Abusar da moto é algo que o pessoal faz totalmente sem consciência dos riscos, e é por isso que eu bato tanto nessa tecla do óleo.

O pessoal não imagina o quanto forçar o motor perto do limite — e acima do limite — é perigoso, e ainda por cima na pior condição possível de lubrificação, com desgaste acelerado e superaquecimento...

Quem escapa inteiro de uma travada dessas tem muita sorte — eles nasceram de novo.

Exceto o piloto de competição, eles quase entraram para a turma das manchetes misteriosas "motociclista perde o controle da moto..."


Reportagem: http://adilsonribeiro.net/itaperuna-sabado-motociclista-perde-o-controle-da-moto-e-acaba-batendo-no-guard-rail/

Vendo esse longo rastro de óleo por dezenas de metros, você consegue imaginar uma causa possível para este acidente que matou o piloto em Itaperuna?

Tomara que tomando conhecimento desses incidentes a galera se conscientize de que moto não é brinquedo.


Moto é igual a um avião, só que com você a 1 metro do solo. 


Uma motocicleta é uma máquina à qual você confia sua vida — se você não cuidar bem dela, ela não cuidará bem de você.


Um abraço,

Jeff