quarta-feira, 30 de abril de 2014

O pensamento mágico

Essa situação acontece comigo tantas vezes que sou obrigado a postar.


Imagem: http://achibuu.blogspot.com.br/2012/10/headache.html

Volta e meia sou obrigado a frear de cantar pneu e ficar só na roda dianteira por uma pedestre que resolve cruzar a faixa como se caminhasse sobre nuvens.

Eu poderia dizer um pedestre, mas na imensa maioria das vezes, é uma mulher que atravessa a faixa como se as coisas do mundo obedecessem a outras leis que não as da Física.


Principalmente aquela de dois corpos não ocuparem o mesmo espaço ao mesmo tempo. Ou aquela da inércia, que diz que um veículo em movimento necessita de tempo para parar, não existe frenagem instantânea.


A pessoa simplesmente resolve que vai atravessar a rua e se coloca a atravessar, os outros que se danem, porque nada vai acontecer com ela.


É o que ela pensa.


Outro dia, uma pedestre estava atravessando a avenida com um desses minitabletefones com câmera no pulso. Seu braço estava em posição de quem estava filmando. 

Ela provavelmente queria mostrar como as pessoas não respeitam a faixa de pedestres, e atravessava a via sem a menor precaução, os motoristas (e pilotos) que se virassem.

OK, a lei diz que o pedestre tem preferência sobre a faixa de pedestres, e os motoristas são obrigados a parar.

Mas provocar deliberadamente um engavetamento para impor o seu direito é um desrespeito ao direito à segurança dos outros.

Sair atravessando sem perder 30 segundos esperando um momento mais oportuno, além de egoísmo, é perigoso, mero capricho, mimimi de adolescente, coisa de revolucionário de butique.

Existe uma coisa chamada bom senso. Pelo menos, antigamente existia um pouco mais de bom senso.

Esse tipo de pensamento mágico, de que a pessoa é invulnerável, de que nada de ruim poderá acontecer, mesmo que não tenha a menor lógica, é uma característica humana que também se manifesta em outras situações.


É o cara (geralmente homem) que faz a ultrapassagem na curva (porque não vai vir ninguém), é o cara que mergulha no rio de cabeça (porque não vai ter uma pedra embaixo da água), é o cara que enche a cara (e sai dirigindo/pilotando).

De certa forma, o pensamento mágico nos ajuda a viver, faz parte da nossa estratégia de sobrevivência. Nos permite uma certa ousadia que move a vida para frente.

Sem uma certa dose de fé, não andaríamos de moto, há riscos suficientes para arrepiar os cabelos de qualquer mãe.

Mas essa fé não pode ser cega e burra.

Atravessar na faixa não garante que você não será atropelado; se vier alguém na curva, não dará tempo de desviar; se houver uma pedra no fundo do lago, você quebrará o pescoço; bêbado, você não conseguirá desviar da traseira de um ônibus parado. 

Postar aqui não vai mudar nada, as pessoas continuarão sendo pessoas e fazendo as mesmas coisas, sem pensar. A vida continua.

Mas ela continuará por mais tempo para quem tomar pequenos cuidados.

Tipo esperar um momento seguro para sair atravessando a faixa de pedestres. Não é possível estancar uma moto ou um carro em dois metros.

Menos pensamento mágico e mais raciocínio lógico, por favor.

Desculpe o desabafo.


Um abraço,

Jeff

PS: Agrego o depoimento do Vinícius sobre esse tipo de atitude:

Pois é Jeff, recentemente assisti uma cena que chega a ser um pouco mais imbecil que esta.

Quando vou ao Poupa Tempo, costumo deixar a moto em um estacionamento mais a frente e do outro lado da rua (pois é mais barato), por pura preguiça de andar mais um pouco, eu atravesso um pouco antes da faixa de pedestre. Enquanto esperava, surgiu um sujeito que simplesmente se jogou na frente dos carros e ainda falou para os demais que esperavam:

"Agente é pedestre, os carro que se lasque, eles que tem que parar."

Isso em um local onde existe faixa e semáforo para pedestres.


Eu mesmo não estava certo, mas pelo menos procurei ter o mínimo de bom senso, afinal, a maior responsabilidade pela minha própria segurança cabe a mim, e do meu ponto de vista, se eu me atirar na frente de um carro, a responsabilidade moral por todo e qualquer dano causado ao condutor é minha.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Conhecer seu adversário evita encrencas

Estávamos nós, Jezebel e eu, na avenida Beira-mar de São José quando vemos pelo espelho o Felizberto se aproximando.

Felizbão, como é conhecido pelos amigos, acabou de comprar/ganhar uma moto novinha, e está empolgadão.


Imagem: http://darkblip.deviantart.com/art/Snake-bike-toon-19440795

Cada curva é uma busca da tangência no limite, a placa de velocidade da avenida só tem uns numerozinhos que não são para ele, Felizbão só quer saber de acelerar sua motoca o que dá e o que não dá.

Pois bem, lá vinha o Felizbão dando tudo que podia (na motoca), ultrapassando todo mundo. 

Só que o Felizbão não estava sabendo/considerando que a pista dele tinha uma redução com malditos tachões bem na curva onde ele ia se emparelhar conosco.

A lembrança desses tachões estava bem fresca na memória... só não fui parar embaixo de um caminhão ao mudar de faixa porque o caminhãozinho chinês era estreitinho. 

Na hora em que Felizbão estivesse do nosso lado, naquela velocidade, ou ele se esborrachava no asfalto ou ia tentar se livrar dos tachões, jogando tudo para cima de quem estivesse na outra faixa.

Ora, nós estávamos na outra faixa. Falei pra Jezebel: 

— Isso vai dar medra. 

Jezebel e eu achamos prudente ir para o lado mais à direita da faixa, deixando espaço suficiente para o Felizbão se livrar da encrenca.

Não deu outra, Felizbão deu de cara com os tachões e tirou para o nosso lado, que já estava livre esperando pelo feliz babão.

Felizbão foi embora e nem percebeu que não se quebrou inteiro junto com sua moto novinha (e a nós) porque tinha um macaco velho na parada.

Bom, esse é o fim da história.

Quem esperava um final dramático e emocionante, com o Felizbão indo parar no hospital, sinto muito decepcionar. 

Quem sabe na próxima semana, porque o Felizbão continua empolgadão e sem noção.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vem chegando o inverno, um calor no coração...

E só no coração, porque o resto congela.

Para me precaver, já comprei luvas de inverno antes que caia neve no Cambirela.

Imagem: http://a-barricada.blogspot.com.br/2013/07/alpes-catarinenses-fotos-da-neve-no.html

Eu costumo usar um sanduíche de luvas de couro, até que funciona bem, mas um dos pares pediu aposentadoria.

Na loja me ofereceram uma novidade (disseram eles e eu também não lembro de ter visto por aí):

Imagem: rj.bomnegocio.com
Luva impermeável Quatto, da Alba. 

Gostei da filosofia, são dois pares de luvas, um par interno de malha com a função de segunda pele, isolante térmica, e a novidade, uma luva externa impermeável de tecido emborrachado. O par com os polegares do lado esquerdo é mostrado aí do lado.

Os dois pares podem ser lavados na máquina.

Aqui na região eu morri com 46 reais, mas vá lá, se resolver o problema, está valendo.

Vendida como “refletiva, impermeável, anatômica e térmica”, resolvi testar no melhor campo de provas que existe, as noites frias de Floripa.

As quatro propostas ela cumpre, mas o resultado final não é tão empolgante.

A primeira impressão foi ruim, a superfície externa da luva impermeável estava literalmente gosmenta, pegajosa, esquisita mesmo. Isso desapareceu em dois dias, mas vai dificultar as vendas no balcão.

Vamos ao teste prático:

Primeiro você calça veste a luva de malha de uma mão e em seguida sua luva impermeável. Isso é explicado no manual de utilização (ói que chique!), e serve para evitar que a malha enrosque no velcro da segunda luva. Não evita.

E para desenganchar uma da outra, só rompendo alguns filamentos. Não bom.

A luva calça veste muito bem, com boa pegada e sensibilidade. É quase uma luva de tecido. 

A luva passou nos testes de pegar moeda no chão, pegar moeda no bolso (impossíveis com luvas de couro), fechar zíper da jaqueta, fechar fivela do capacete, abrir cadeado da corrente, ligar a moto e sair pilotando.

E o mais importante: ela foi aprovada para fazer cafuné no gato e segurar e abrir tampa de rosca do pote de ração (meu gato é externo).

As mãos ficam realmente quentinhas, mas só enquanto a moto está parada.

Porque na hora que comecei a rodar, senti um ligeiro refrigério nas costas das mãos. Nada de assustar, mas considerando que a temperatura naquela noite estava na casa dos 15 graus, senti que só essa luva não será suficiente para enfrentar os rigores catarinenses. Para outras regiões, tudo bem.

O lado bom é que ela não fica volumosa, então será possível colocar por cima outra luva térmica. Porque as de couro não conseguiram entrar por cima.

Na hora de tirar, foi preciso um pouco de paciência. Ela só sai dedo a dedo, e luva a luva.

Na primeira retirada, tive paciência. Na segunda, a mão já estava suada, e a sensação na hora de tirar a luva de malha foi a mesma de tirar uma meia suada: ela virou uma bolinha com cinco furos para os dedos. Ideal para jogar boliche de mesa.

Em nova reutilização, foi necessário desembolar as luvas de malha, e elas já não entraram tão facilmente por causa do suor...

Veredito final:

A ideia é boa, parabéns à Alba pela iniciativa, se ela for realmente original, mas na minha opinião essa luva ainda não chegou lá. Talvez ela se saia melhor em regiões de clima mais ameno.

Em viagens ela funciona melhor do que em trajetos curtos, então duvido que os motoboys (mercado alvo) caiam matando em cima dela.

Vou continuar a usar uma luva de couro por baixo e uma luva térmica que caiba por cima da luva de couro. Se necessário, com um par de luvas de látex para garantir a impermeabilidade; é mais prático porque consigo tirar e colocar o sanduíche montado. 

E nos dias muito, muito frios, a Quatto poderá ficar por baixo de outra luva térmica, porque sozinha no frio catarinense ela não dará conta não.

Um abraço,


Jeff

sábado, 26 de abril de 2014

Limpando o tanque de combustível

Tem um amigo meu que costuma ir ao banco e ao posto de combustível mais longe de casa porque a paisagem é ainda mais bonita o passeio vale a pena enchendo o tanque longe de casa, ele não fica vazando com a moto estacionada.

Então ele sempre vai primeiro ao banco e depois ao posto, e aí direto para casa, rodar uns 10 km já abaixou o nível o suficiente para não transbordar.


Imagem: http://thegordon.libguides.com/content.php?pid=296235&sid=2432056

Só que esse amigo meu é muito esquecido, e volta e meia ele passa primeiro no posto, abastece, aí passa em frente ao banco e lembra de parar para ver a quantas anda o vermelhão.

Aí sai do banco e dá de cara com o tanque da moto lavado de gasolina, toca voltar para o posto a fim de limpar.

Bom, todo esse prelúdio é para confirmar que aquela dica de limpar o tanque com um pano embebido em óleo diesel funciona mesmo.

O diesel remove a gasolina e ainda deixa uma camada protetora. Não jogue água, porque a água libera o álcool da gasolina, e álcool é solvente de tinta. 

Pude constatar que a limpeza é realmente eficaz, e agora resta verificar com esse amigo meu (se ele se lembrar) de ver se a aplicação de um óleo em aerossol também faria o mesmo efeito.

O jeito é esperar até a próxima vez que eu for ao banco.

Quer dizer, eu não — o meu amigo.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Rapagão do balacobaco

Narrativa: http://viagemdemoto.com/viagens-pelas-americas/857-viagem-de-moto-pela-america-latina


Para ler e saborear, a história completa está contada neste link.

Espírito motociclista é isso aí, espero chegar sacudido assim aos 70. 

Mas falta muito... acho eu, perdi a conta.

A postagem é uma lição de vida (e esta frase é um tremendo clichê)

Para quem ficou curioso, ele pagou o equivalente a 1.200 libras esterlinas por uma CG Cargo zero km no México.

Isso é o equivalente hoje a 4.490 reais — aqui no Brasil, sai no mínimo por 5.390 reais base SP.

O detalhe é que a moto é fabricada aqui no Brasil e vendida lá no México pagando frete transcontinental mais impostos mexicanos, e ainda custa menos do que para nós.

Postagem enviada pelo amigo Edifrans lá do torrão andreense, minha terra natal.

Acho que ele está querendo se inspirar para pegar a estrada...

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Viagens em grupo - II

Ao viajar em grupo, normalmente quem puxa o comboio é a moto menos potente do grupo, para que ela dite o ritmo de todas as outras. 

A moto mais potente fica como o ferrolho no fim do comboio, já que pode alcançar facilmente o restante do grupo no caso de alguém precisar parar e não ser notado pelos demais.


— Você devia ter virado à esquerda em Albuquerque!!!
Imagem: http://home.comcast.net/~superalce/movies.html

E existe uma técnica para ultrapassagens:

Ela é feita de maneira invertida, primeiro o ferrolho e o bloco do final do pelotão vão para a faixa livre, depois o pelotão intermediário, por último o cabeça da fila se junta ao grupo, e aí todo mundo avança.

Essa técnica funciona muito bem, mas traz embutidas duas armadilhas:

O automatismo da ação e o ponto cego no espelho.

Tantas vezes a operação é repetida que chega uma hora em que o cabeça do grupo vê pelo espelho os companheiros mudando de faixa lá atrás e é induzido a mudar também, a coisa se torna automática.

Só que vai chegar uma hora em que o comboio mudará de faixa e haverá um carro no ponto cego do cabeça da fila. 

Aí ele muda de faixa no piloto automático e cataploft.

Outro fator que contribui para esse tipo de acidente é o cansaço de uma viagem longa. Ainda mais se for feita com sacrifício de algumas noites mal dormidas. 

Junte o cansaço com a monotonia da repetição das ultrapassagens, mais a pressão autoimposta de não querer atrasar o grupo, e isso resulta na desatenção ao ponto cego do espelho.

Se o cabeça da fila tiver muita sorte, sai do hospital com três pontos no cotovelo. Mas se não... glup!

Para evitar se envolver em um acidente nessa situação, nunca dispense aquele beijinho no ombro aquela olhadinha básica por cima do ombro antes de mudar de faixa, torne isso um hábito condicionado, não mude de faixa sem olhar por cima do ombro.

Eu nunca mudo de faixa sem olhar primeiro pelo espelho e depois por cima do ombro e, para me precaver, tenho espelhinhos convexos fixados nos espelhos convencionais.

Olho pelo espelho, confiro o espelhinho para ver se não tem ninguém no ponto cego e dou a virada de pescoço básica para ter certeza de que não vou entrar na frente de ninguém.

E não pego a estrada sem dormir, porque chega uma hora que o cansaço vence, e vence bonito.

Um abraço,

Jeff
PS: Esta postagem é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas da vida real retornando de Santa Catarina para o Rio de Janeiro terá sido mera coincidência.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Canção da América

Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves dentro do coração...

Assim falava a canção que na América ouvi...

Mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir...

Mas quem ficou, no pensamento voou com seu canto que o outro lembrou... 

E quem voou, no pensamento ficou com a lembrança que o outro cantou...

Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito...

Mesmo que o tempo e a distância digam "não"...

Mesmo esquecendo a canção... 

O que importa é ouvir a voz que vem do coração...

Pois seja o que vier, venha o que vier...

Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar...

Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar...


Fernando Brant e Milton Nascimento, e eu assino embaixo




Muito obrigado aos amigos que vieram de tão longe e com tanto sacrifício só para alegrar minha Páscoa, e também àqueles que quiseram e não puderam vir, e também àqueles que se torturaram para preparar e não falar algo que entregasse a surpresa (e que não saíram na foto)!

O bom de usar capacete é que ninguém vê as lágrimas quando o grupo de amigos se afasta na curva da estrada lá na frente...

Qualquer dia, amigos, a gente vai se encontrar de novo!

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 17 de abril de 2014

O selo do inmetro no capacete

Como você sabe, o selo do inmetro é obrigatório nos capacetes, sejam nacionais ou importados.

A coisa fica complicada para os donos de capacetes importados, como explicado no blog do Wolfmann, assunto da postagem de hoje do blog Olddogcycles.

A novidade que ele conta é que está tramitando uma série de certificações obrigatórias que complicarão nossas vidas, leia a postagem do Wolfmann e também a postagem do Wilson Roque citada lá.

Bom, esse selo do inmetro no capacete não seria problema para quem usa capacete nacional, porque você já compra o capacete certificado com ele colado, certo?

Aí é que você se engana.

O maldito selinho do meu capacete caiu, saiu voando, escafedeu-se uns seis meses após a compra.


Meu capacete é esse aí.
Aproveitei a ida a SP para passar na loja da fábrica em busca de um selo de reposição, mas isso não existe.

Quer dizer, no Paraguai existe — mas o selo é falso, dá multa e processo.

Selo no capacete, só mesmo o original que vem com ele.

O interessante foi o comentário da vendedora:

"Ih, esses selinhos caem dos capacetes até aqui na loja, na prateleira, dentro da caixa."

Nada como unir o útil ao agradável, não é fabricantes de capacetes?

Selos mal colados, motociclistas pressionados a usar capacete com selo, se não quiser se arriscar circulando sem o malfadado, a única alternativa será comprar um capacete novo.

Os fabricantes deviam considerar que ninguém gosta de ser feito de otário...

Já tive dois capacetes dessa marca e modelo. Acho confortável para minha cabeça, o terceiro certamente também seria do mesmo modelo e marca, mas não será mais.

Rodar por aí sem o selinho do inmetro no capacete dará multa.

Não se esqueça, antes de comprar um capacete, verifique se ele não solta o selo do inmetro ainda na loja.

Um abraço, menos aos fabricantes desatentos à eficácia da colagem (sei...),

Jeff

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Tocando em frente

Imagem: http://positivelyparkinsons.blogspot.com.br/2011/07/anatomy-of-corner.html

Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais...

Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe? Só levo a certeza de que muito pouco eu sei... ou nada sei...

Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs...

É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir...

Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente...

Como um velho boiadeiro levando a boiada, eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou... Estrada, eu sou...

Todo mundo ama um dia todo mundo chora, um dia a gente chega e no outro vai embora...

Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz...


*****

Almir Sater e Renato Teixeira disseram tudo. 

Inesperadamente algumas postagens ganham um significado todo especial, e esta é uma delas.

Era para ser apenas a transcrição da letra da música.

Mas procurando por uma imagem para ilustrar, encontrei também um texto que reflete bem o meu sentimento quando eu escrevia.

O autor é o motociclista Bob Kuhn, e foi postada no site Positively Parkinson's

Estou providenciando a tradução, e assim que postá-la, você entenderá a associação. 

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 15 de abril de 2014

Novidades sobre a postagem de ontem

Aos poucos vão surgindo os detalhes da tentativa de assassinato de que foi vítima a dona do capacete de ontem.


“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.”(Mt 5:6)
Imagem: http://conscienciaviva.wordpress.com/2012/06/15/jesus-e-seu-conceito-de-justica/

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/04/o-capacete-enroscou-embaixo-do-carro-diz-marido-de-mulher-arrastada.html

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/04/pai-diz-pm-que-filho-que-arrastou-mulher-por-800-m-estava-embriagado.html

Segundo o motociclista, o guri motorista ultrapassou a moto pela direita, perdeu o controle e foi parar num jardim.

O motociclista gritou "Você está louco!" e seguiu em frente, sendo alcançado pelo piá que derrubou a moto, passou por cima e foi embora.

A garupa não ficou presa embaixo do carro, mas dentro da caixa de roda dianteira direita.

Ela machucou o tronco e abdômen em atrito com o pneu, e joelhos e pernas em atrito contra o asfalto. A roda girando empurrava o corpo contra o solo, por isso que o capacete foi ralado na parte superior.

Isso explica porque ela não quebrou o pescoço, ele não foi forçado lateralmente, deslocando as vértebras, mas sim no sentido da compressão, em que é mais resistente.

Para finalizar com chave de ouro, o advogado do garotinho com uma arma de quatro rodas declarou que seu cliente "não é esse monstro que estão pintando".

O garotinho, de uma família conhecida da pequena cidade da serra catarinense, alega ter sido surpreendido ao ser ultrapassado pela moto em uma conversão e por isso perdeu o controle do carro.

Ele também alega que fugiu quando o noivo (não era marido) da garupa começou a bater em sua janela. 

O garotinho fugiu com medo que outros motociclistas que participavam de um encontro de motos na cidade aparecessem e o cercassem. 

Medo de motociclistas que nem sequer estavam no local do acidente... temeroso o menino.

Senhor advogado, ninguém está pintando ninguém de monstro. 

Os fatos falam por si.

Alguém fazendo uma conversão normal não perde o controle e vai parar do outro lado da rua, quebrando o para-choque... 

Está claro para todos que essa versão não se sustenta; somos obrigados a concluir que seu cliente lhe contou uma versão branda dos fatos.

No entanto, o fato incontestável é que ele realmente atropelou uma moto e saiu arrastando e esfolando viva uma pessoa por 800 longos metros, e só parou porque um taxista local o impediu de prosseguir.

Se alguém jogou tinta no seu jovem clientezinho, foi ele próprio quem segurou o balde.

Tinta vermelha cor de sangue.

Que ele jamais conseguirá lavar das mãos, por mais que se empenhe em convencer as pessoas de que ele foi apenas uma vítima das más intenções de um casal de turistas do mal.

Se eu fosse o senhor, ouviria minha consciência e abriria mão do caso; defender o indefensável é eticamente indefensável. 

Saudações,

Jefferson
PS: Atualização de última hora: O pai do criminoso declarou que o filho estava embriagado no momento do crime. Suspeitei desde o início, mas não queria levantar uma falsa acusação. 

Resta saber se isso será usado pelo advogado como agravante ou como atenuante para o criminoso. Ou como motivo ético para abandonar esse caso, já que desde o início ele vem sendo enganado, não é mesmo, doutor?

Uma bobagem que pode te deixar numa situação perigosa

Se o câmbio de sua moto é desse tipo da foto, com uma haste de articulação entre o pedal e o eixo do câmbio, existe uma situação que pode ficar bastante complicada.


De uma hora para outra, pode ficar impossível de passar as marchas.

Você sai no semáforo e na hora que joga a segunda, a moto entra num falso neutro, você fica sem capacidade de aceleração.

Aí precisa ficar brigando com o pedal para conseguir mudar de marcha, e na hora que joga a terceira, enfrenta o mesmo problema.

Começa a imaginar que há um problema sério no câmbio e leva na oficina, volta para apanhar no fim do dia e descobre que resolveram o problema na rebimboca da parafuseta e a conta é de 80 reais.

Ou...

Você leva sua moto na renomada Jeff's Garage Workshop (porque oficina da garagem do Jeff não dá o mesmo status) e o psicólogo motociclístico de plantão aplica um aerossol lubrificante tipo WD-40 nas duas articulações do pedal do câmbio...

... e a moto fica nova de novo. Custo total: um café na padoca.

Ou faz você mesmo a custo zero acompanhando o tutorial do blog Kansas 150 do Professor Manuka (lá se foi meu pão de queijo...)

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Um capacete que valeu cada centavo

Depois ainda aparece gente dizendo que o capacete não protege, não serve para nada.

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/04/mulher-e-arrastada-por-carro-por-cerca-de-800m-apos-briga-de-transito.html

Esse aí se pagou até o último centavo.

A vítima foi arrastada embaixo de um carro por cerca de 800 metros por um criminoso ao volante. 

Ele alega que durante uma discussão, a moto foi jogada contra o carro dele e ele não percebeu que havia alguém preso gritando embaixo do carro. 

O motociclista com a esposa na garupa (a dona do capacete) alega que foi o motorista que jogou o carro contra a moto, e a esposa na garupa ficou presa embaixo do carro e foi arrastada.

Curiosamente, para quem joga a moto em cima de um carro, o carro não ficou preso embaixo da moto. 

Não sei você, mas acho a versão do marido motociclista mais crível do que a primeira. 

Quando for a julgamento, eu gostaria de estar presente só para olhar nos olhos desse motoristazinho rapazinho (21 anos).

Se eu estivesse no lugar dele, sentiria medo, muito medo. 

Medo dia e noite, noite e dia, a cada momento, a cada segundo, de que alguém fizesse a mesma coisa comigo.

Por acidente, claro.

Um abraço,

Jeff

domingo, 13 de abril de 2014

S'embora esquadrão de aço

Ia para o centro hoje pela manhã quando se aproxima uma moto buzinando sem parar.

Instintivamente confiro se meu cavalete lateral está recolhido e o alforje está fechado, quando o cara me ultrapassa sem tirar a mão da buzina.

Viseira aberta, bermuda e chinelão, sem camisa e com a bandeira do Figueirense enrolada no pescoço, hoje foi dia de final do campeonato catarinense.


Nem dá tempo de avisar que aquela bandeira poderia enroscar na roda e matá-lo, já estava o entusiasmado torcedor do Furacão lá na frente.

Na bifurcação, um carro parado impediu que ele avançasse, e ele continuou ali, firme na buzina, comemorando o título por antecipação.

Tão mamado estava o bezerrão que não conseguiu coordenar os movimentos, deixou escapar a embreagem e bateu parado no carro parado.

Quando cheguei, o motorista (que devia ser avaiano) estava reclamando da atitude do manezão, ao que ele respondia "tudo bem, tudo bem".

Emparelhei com ele e falei que ele não devia pilotar de fogo, ia acabar se matando.

Ao que ele respondeu "tudo bem, tudo bem".

Tentar dialogar com bêbado é perder tempo, saí do enrosco e segui em frente.

Daqui a pouco o manezão me ultrapassa buzinando bem naquelas famosas curvas mata-burro aqui do meu bairro.

Libero o maior espaço e vejo ele ultrapassar o carro à minha frente em plena curva, obrigando o motorista em sentido oposto a subir na calçada para não matar o feliz.

No final da tarde, o Figueirense foi campeão em cima do Joinville com um gol marcado no último minuto, mas duvido que o manezão tenha visto.

Não tem televisão na UTI.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Consumo de óleo em viagens longas

Rodando na cidade, a moto quase não gasta óleo. São percursos curtos, o motor nem esquentou direito e você já chegou a seu destino.

Na estrada, a conversa é outra.

O motor vai o tempo todo perto do limite, por horas e horas. É a melhor condição de trabalho do motor, mas isso exige muito mais do lubrificante.

Minha experiência com Jezebel e seus 67 mil km rodados é que, com o cabo do acelerador todo enrolado, o nível de óleo abaixa mesmo: coisa de 250 ml para cada 300 km, mais ou menos, dependendo de quanto ela foi exigida no trecho.

Então mais ou menos nessas quilometragens, dou uma conferida no visor e completo conforme necessário.


Tem muito "entendido" na internet dizendo que esse é o nível ideal. Não é. É aceitável apenas para uso urbano, quando você pode repor o óleo facilmente. Para iniciar uma viagem, já na medição a frio você tem que começar com o nível máximo F ligando e desligando o motor conforme orientado no manual do proprietário para o nível ir abaixando e ainda continuar acima da marca L.
F = full - cheio / L = low - baixo
Imagem: Visor de óleo de uma suzuki SV650

Como usar o visor de óleo com o motor bem quente?

Na Kansas não pode aparecer bolha de ar com o motor ligado. O visor tem de estar sempre cheio.

“Ué, mas na medição a frio fica uma bolha acima da letra F...”

Sim, mas o óleo quente se dilata, aumenta de volume. O projeto do motor já prevê isso.

Com o motor quente, se aparecer bolha é porque o óleo já foi consumido e precisa ser reposto antes que fique abaixo do mínimo.

Verifique como isso acontece no seu modelo de moto e aprenda a decifrar o visor ou interpretar a vareta também com o motor quente. Se você viajar, essa informação será muito útil e evitará grandes prejuízos.

Usando esses critérios, durante a viagem pude manter o nível de óleo o tempo todo dentro do aceitável para proteger o motor.

Mas quanto óleo acabou sendo usado durante toda a viagem?

Incríveis 1,35 litro, quase 1 ml de óleo consumido para cada km rodado (foram 1.700 km). 

Praticamente a capacidade real de óleo da Kansas, não aquela balela que falam no manual do proprietário.

Pensar que todo o óleo do cárter foi consumido e reposto durante a viagem parece muito, mas 1 ml de óleo para cada km está dentro dos parâmetros aceitáveis para motores 4 tempos. E Jezebel não fuma.

É esse conhecimento quanto ao consumo de óleo que faz falta para muita gente que pega a estrada pensando que só precisará repor o óleo na próxima revisão. 

Se você não repuser o óleo constantemente durante uma viagem longa, irá voltar a pé ou com o motor detonado.

Aí o pessoal sem noção funde o motor no meio do nada e ajuda a manter de pé o mito de que “moto pequena não pode pegar estrada”, e aquela conversa que vendedor adora: “pegar a estrada, só com moto 600... 900... 1200... 1600...”

A vantagem das motos grandes é que o motor é menos exigido, automaticamente acaba consumindo menos óleo. 

E um cárter para 2,3 litros aguenta baixadas de até 500 ml, enquanto um cárter para 1,4 litro aguenta no máximo 300 ml, então com motos grandes você pode rodar mais de 500 km sem se preocupar em repor o óleo.

Fora isso, únicas vantagens são a potência para ultrapassagens e uma velocidade média um pouco mais elevada. 

O que não ajuda muito — mesmo com minha 150, desconfio que tomei uma multa por excesso de velocidade (acima de 60 km/h) num trecho em obras da Raposo Tavares...

Com uma moto pequena, eu posso demorar um pouco mais, mas chego do mesmo jeito... e ainda gastando menos e curtindo melhor a paisagem.

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 9 de abril de 2014

A volta

Resumo da volta:

Primeiro dia: Santo André ao Tio Doca (Campina Grande do Sul): 412 km.

Segundo dia: Tio Doca (Campina Grande do Sul) a São José: 324 km.

Total geral: 1702 km, fora os rolezinhos pelo ABC.


A volta não teve tantas novidades, a melhor delas foi a invenção que salvou minha consciência de dores atrozes:

Fiz uma almofada eficiente e viajei com o conforto de uma HD Ultra Expensive Super Plus. Invenção aprovada pelo MacGyver!

O caminho de volta é meu velho conhecido — para fugir do movimento inicial da Régis Bittencourt e evitar o engarrafamento da serra do Café, eu pego a Imigrantes e a Manoel da Nóbrega pelo litoral até encontrar a BR-116, depois o contorno viário de Curitiba, BR-376 e BR-101 direto até chegar em casa.


Imagem: https://maps.google.com.br

Tio Doca é um posto/restaurante/hotel pouco antes de Curitiba. Foi um dos pioneiros naquela rota, e conserva um charme dos anos 70, acho que é por isso que gosto de lá. 

A comida também é boa, e você dorme ao som dos caminhões passando pela BR.


Imagem: http://5aidade.blogspot.com.br/2011/08/indo-para-o-sul_29.html

É, realmente não sei porque gosto de parar lá. Talvez porque meu pai tenha parado lá na viagem que fizemos em 1966...

Ou então porque eu invoquei que ia comprar um boné do Tio Doca.

Sabe aqueles bonés da Route 66

Pois é, mas aqui é Brasil, uso boné do Tio Doca.

Mas não é que só tinha boné da série comemorativa da copa do mundo?

Boné branco com letras em cores patriotas e bola bordada, aquela bola clássica de padrão preto e branco dos anos 70... nem com toda a boa vontade deu para comprar, sinto muito, Tio Doca.

Logo depois de entrar em Santa Catarina tem uma placa, Estrada Bonita. Fica em Pirabeiraba, logo antes de Joinville. 

Entrei para conhecer a Estrada Bonita, e puxa, que estrada bonita.

Imagem: http://www.sctur.com.br/joinville/estrada_bonita.asp

Pena que a alegria só durou 3,5 km, porque depois vira estrada de terra brita. Assim não tem boniteza que valha a pena, meia volta, caminho de casa.

Aqui em Santa Catarina é muito comum você pegar uma bela estrada rumo à serra, e ela ser asfaltada somente até a primeira cidade. É uma pena, porque afasta potenciais turistas...

Almocei logo depois de Joinville no Zandoná, um balcão de buffet do tamanho de um trem, e quando você termina com o prato cheio, descobre que ainda tem direito às carnes do churrasco. Como não iam caber no prato de ninguém, eles já te fornecem um prato extra só para as carnes.

Nunca comi tanto por 19,90 reais...

Fato pitoresco que aconteceu na ida e eu me esqueci de contar:

Curitiba tem bronca da BR-116. Não há uma placa sequer indicando que você está passando pela rodovia, não há uma sinalização indicando Porto Alegre ou São Paulo.

Para quem vem do litoral de Santa Catarina, o mapa do google diz que basta seguir em frente que você chega na BR-116, mas você chega ao centro da cidade e não vê a danada.

O motivo?

Em Curitiba a BR-116 não se chama BR-116... é “Linha Verde”.


A menos que você seja um turista...

“Linha Verde”... cara, que ódio do político que inventou essa.

Como é que o forasteiro que precisa pegar a BR-116 vai adivinhar que uma rodovia conhecida nacionalmente como BR-116 foi rebatizada no trecho urbano como “Linha Verde”?

“Linha Verde”... anote, porque vindo a Curitiba você precisará dessa informação.

Nas próximas postagens eu contarei particularidades da viagem, como o consumo de óleo (você vai se surpreender) e a velocidade com que um bitrem rasteja pela serra da Ribeira (é menos do que você imagina).

Um abraço,

Jeff