terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Pane elétrica

Respondendo ao leitor João Gabriel:

(...) tenho uma shineray XY50 Q (bombinha), tava andando normalmente voltando do trabalho quando de repente ela começou a dar uns cortes na aceleração, mas tudo bem, acabei de chegar em casa e quando fui sair de novo a moto não quis funcionar. 

Daí desmontei as carenagens na esperança de que fosse algum fio das bobinas ou CDI que tivesse soltado, pois troquei o CDI dela há pouco tempo, mas pra minha decepção não era isso, então gostaria que me ajudassem, ficaria muito grato.

Obs: Ela parece não estar dando faísca no cabo de vela.

Olá, João!

O sintoma parece ser de cachimbo solto com mau contato. Já tentou reencaixar na vela?

O cachimbo pode se soltar numa tentativa de dar partida em que o pé se enrosque no cabo, ou algum "amigo" pode soltar o cachimbo só para te ver sofrer.

Não há faísca no cabo de vela ou no conector? 

Motivo da pergunta: 

Você retirou o cachimbo do cabo para ver se existe faísca no próprio cabo?

Ele pode se soltar. Experimente torcer o cachimbo no cabo para melhorar o contato. Se nada disso resolver, comece a trocar os componentes.

Certeza de que não é a vela, né? É o componente mais barato e o mais vulnerável à queima, se tiver que começar a trocar, comece por ela.

Sua moto tem energia da bateria para acender a luz do painel?

Se não tiver, pode ser mau contato nos cabos da bateria ou fusível queimado. 

Um fusível nem sempre se queima de ficar visivelmente rompido, nem se romper totalmente. Se ele for de vidro pode acontecer de se romper e ficar dando mau contato na união com a tampinha metálica, você olha e não vê problema.

Se não for fusível, não houver nenhum terminal de cabo com mau contato, e não houver faísca no cabo de vela quando você tenta acionar o motor, então algum componente elétrico se queimou. Pode ser o próprio CDI (pode pifar com pouco tempo, às vezes acontece), ou então a bobina pode ter se queimado.

Boa sorte!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Mais uma vítima da má sinalização viária

Denúncia de Natal

Nem pude entrar de férias, aconteceu um acidente gravíssimo aqui em Floripa, que irá se repetir se as autoridades não tomarem providências, e que por isso não posso deixar para comentar mais tarde.

Do começo:

Esta tarde eu passei mal e fui parar no hospital, mas dizem que nada acontece por acaso. Na sala de espera era comentado o caso do sargento da PM que morreu em um acidente de moto na região do elevado Rita Maria.

Eu já sabia do acidente, mas não tinha informações suficientes para uma postagem. A reportagem do G1 só falava em acidente de moto e ônibus, não tinha uma foto.


O comentário no hospital foi que o piloto não conseguiu dominar a moto em uma curva porque vinha muito rápido, a moto era muito pesada, bateu contra a mureta e foi atropelado. 

Pela descrição, até imaginei onde esse acidente poderia ter ocorrido, há algumas armadilhas viárias por aqui com curvas extremamente fechadas. Mas havia informações que não se encaixavam... a moto seria uma CB 300, então o fator moto pesada não se encaixava. 


Em casa, medicado, comecei a pesquisar e encontrei uma foto, e descobri que não era o lugar que eu tinha imaginado, mas outro local onde certamente isso não poderia ter acontecido do modo que foi dito:




Consegue ver o local do acidente? 


No centro da imagem há uma viatura parada na pista, atrás dos dois ônibus subindo o viaduto.


Uma aproximação permite ver melhor o local:


Quase embaixo das pontes que dão acesso à Ilha e logo antes do elevado Rita Maria.

Você consegue ver o assassino causador do acidente na foto?

Segundo a polícia, e o que o pessoal comentou, o sargento que morava no interior do Estado estava na capital para um curso, e saindo de lá, colidiu contra um ônibus, caiu e foi atropelado. Mas eu conheço esse local e não foi isso que aconteceu, eu garanto.

Este outro ângulo permite ver o local do acidente (na verdade, o local onde o corpo do piloto foi parar, porque o choque contra o ônibus e o atropelamento aconteceram vários metros antes) indicado pela seta vermelha, e seu real causador, o assassino de motociclistas claramente visível e ignorado por todos:

Imagem: Google View

Tachões...

Essa armadilha mortal para nós, motociclistas, está instalada bem na entrada de Florianópolis, e para quem não conhece a cidade, é muito difícil escapar dela.

PS: Na manhã de Natal fui lá conferir o local e, mesmo sabendo o que vinha pela frente, as condições do trânsito quase me impediram de escapar dos malditos tachões. É uma armadilha extremamente traiçoeira.


Imagem: Google View

Quem vem do continente chega à ilha de Florianópolis pela ponte Pedro Ivo Campos. 


Quem busca a avenida Beira-mar Norte e toda a parte norte e nordeste da ilha, incluindo a Lagoa da Conceição, sai da ponte por uma alça de saída que se une a outras duas faixas que vêm do sul da ilha, vamos chamar esse conjunto de pistas 1, 2, 3 e 4.


Então você é o turista que acabou de chegar e está em baixa velocidade na faixa da direita, a faixa 4, em uma curva ampla. No meio dessa curva você vê a indicação: Litoral Norte, use as faixas 1 e 2; para ir para o Centro, faixas 3 e 4.


Você vê o viaduto logo ali na frente com as faixas 1 e 2 e repentinamente precisa ir para lá com muito cuidado, atravessando a faixa 3 e se encaixando no trânsito pesado.


Mas como você é novo na cidade, não imagina que bem antes de as pistas se separarem, encoberta pelos outros veículos, existe no solo uma demarcação desnecessária, perigosa e fico tentado a chamá-la de criminosa e assassina, feita com enormes e malditos tachões.


O resultado é que você, pilotando em velocidade normal compatível com o tráfego, se desequilibra e cai da moto na frente de/se choca contra um ônibus. 


Para os noticiários e os leigos, "motociclista perde o controle da moto e é atropelado", "motocicleta é um veículo perigoso", "motociclistas abusam da velocidade", "motociclistas não têm juízo", etc., etc.


O que eu digo é:


Essa foi mais uma morte causada por uma má sinalização viária que instala tachões a torto e a direito sem atentar para o risco que eles representam para os motociclistas.


O sargento morreu não porque estivesse em alta velocidade — ele não estava, apenas acompanhava o trânsito local. 


Insinuar que o sargento estivesse desrespeitando a legislação viária em alta velocidade é uma ofensa à sua memória e ao seu trabalho.


O sargento morreu apenas porque ainda não conhecia bem esta cidade e suas armadilhas viárias. 


A sinalização de trânsito tem de ser universal — ela não pode servir apenas a quem mora e conhece bem a cidade. Ela não pode representar riscos para os visitantes.


Quem vem de fora não pode ser surpreendido por obstáculos à circulação dificilmente visíveis e capazes de derrubar motociclistas — e esta crítica não é apenas contra a prefeitura de Florianópolis. A sanha pela instalação de tachões afeta todo o Brasil.



Vale dizer, obstáculos que não são representados apenas pela sinalização viária — eu já havia comentado aqui sobre o defeito no asfalto da alça de saída da ponte Pedro Ivo, que derrubou um motociclista em 22 de maio de 2013. Falha que já era velha de anos e ainda levou mais de um ano para ser reparada.


A sinalização viária e as vias têm de ser pensadas para todos, não apenas os automóveis. Se houver risco na implantação, não a sinalizem com tachões. Falhas no asfaltamento não podem ser consideradas apenas quando incomodam os motoristas; muito antes disso, elas já estão derrubando motociclistas.


Esse é um cuidado tão simples, mas tão difícil de ser entendido pelos engenheiros e responsáveis pela sinalização e manutenção viária...

Quantos outros motociclistas terão de morrer por conta dessa irresponsabilidade dos departamentos de trânsito de todo este meu país?

Meus sentimentos à família do sargento, e um abraço a todos nesta manhã de Natal,

Jefferson

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Blog entrando de férias

Olá, pessoal!!!

Depois dessa semana tensa, a partir de hoje, entro em férias por tempo indeterminado para recarregar as baterias (as motos e eu estamos precisando...).

Agradeço de coração a todos que acompanharam o blog por mais este ano... tanta gente que postou comentários no facebook, comentários que acabei lendo, mas que não consegui responder... 

Programei postagens sobre muitas desses comentários, que acabaram atropeladas por outras, pelos trabalhos sempre cada vez mais urgentes, pelos prazos cada vez mais curtos, pela vida gritando lá fora... uma vida é muito pouco tempo para fazer tudo o que se quer e se precisa. 

Então ficamos assim:

Nos vemos novamente em janeiro ou fevereiro ou março se o Hômi lá de cima quiser — e até lá, esqueça o blog, e aproveite esse tempo extra para curtir a vida! 

Nada de ficar colado ao micro esperando a próxima postagem entrar no ar, porque não sei quando eu volto! 

Os dias de férias passam muito rápido...

Nesse meio tempo, aproveite para aproveitar muitas praias, muitas serras, muitas cachoeiras, muitas estradas, muita curtição!!!! (alguém ainda fala curtição?)

Não se esqueça que as férias de verão são especiais, mas também são a época recordista de acidentes...

Muita gente bêbada, muita gente sem dormir, muita gente aproveitando para dormir no volante... ultrapassagens imprudentes e muitos novatos nas estradas.

Repasse as dicas de segurança e tenha ótimas férias!

Fica aqui meu presentinho de Natal, começou a tocar na hora em que eu finalizava esta postagem, então compartilho com todo mundo:



Um abraço, e obrigado por tudo, e feliz Natal e Ano Novo,

Jeff, (assinando por Vinícius e Daniel)

Água na altura do joelho te derruba da moto

Não se iluda, a água tem muita força.

Água na altura do joelho já tem força suficiente para derrubar sua moto. 

Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/12/chuva-faz-corregos-transbordarem-e-alaga-vias-arvore-cai-e-deixa-1-morto.html

Cair em uma enxurrada dessas pode te levar para uma boca de lobo, onde você corre o risco de ficar preso até o fim da enchente.

Enchentes levam horas para escoar, e você não consegue prender a respiração por mais de 30 segundos... muita gente se afoga presa em galerias. 


Lugares baixos podem alagar muito rápido, fuja deles sem se descuidar do trânsito.


Se a sua moto cair na enxurrada, não tente ligar o motor!


A água entrando no motor pelo filtro de ar e escapamento poderão causar um calço hidráulico, ou seja, na hora que o pistão subir vai encontrar uma parede de água que não se comprime — e o motor tentará comprimir...


O resultado é a biela empenando, pistão quebrando, o prejuízo é igual ao de fundir o motor, terá de trocar todas as peças.


Somente depois de remover a(s) vela(s) de ignição, retirar toda a água de todo o circuito de admissão de ar, verificar se entrou água no cárter (e aí trocar o óleo), verificar se entrou água no tanque de gasolina (e aí trocar todo combustível), e depois de secar os componentes elétricos da ignição é que você poderá acionar o motor de preferência com o pedal de partida sem grande risco — repita isso várias vezes para expulsar a água de dentro da câmara de combustão — o prudente é levar a moto a um mecânico para uma desmontagem e inspeção para só então reinstalar as velas e dar partida de verdade no motor.  


Na hora do aperto, tentando fugir da chuva, todo mundo dirige e pilota de modo imprudente, não se torne uma vítima desse caos


Mesmo águas calmas têm perigos ocultos como tampas de bueiros arrancadas, veja a postagem Buracos alagados.


Então, encontrando águas calmas ou turbulentas, não se arrisque.


E tenha boas férias de verão!


Um abraço,


Jeff

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Ganhei meu presente de Natal — conversa com proprietário de moto fundida

Hoje pela manhã fui rastelar a conta no banco, e quando voltei tinha um carro estacionado na entrada/saída do estacionamento de motos.

Fiquei indignado, porque se fosse uma moto atrapalhando a saída dos carros, seria um Deus nos sacuda, sabe como é, né?

Enquanto sondava se o dono estava nas imediações, vi um rapaz fumando e perguntei se ele sabia quem era o dono.

Ele se aproximou, não sabia, e comentou que esse desrespeito é diário, ele deixa a moto dele ali todos os dias.

— Ah, aquela Bros é sua?


— É, mas tô vendendo, vou pegar outra agora no começo do ano.

— Você vai pegar uma moto nova, trata ela direito, não confie nas concessionárias. A honda fala que esse motor é 1 litro de óleo, mas se você medir do jeito certo que fala no manual do proprietário, ligando e desligando o motor frio, descobre que eles te entregam a moto da revisão só com o mínimo de óleo — você roda o tempo todo com a moto seca.

— Quer dizer que precisa colocar mais óleo? Um mecânico uma vez me falou que esse motor não era 1 litro, era 1 litro e 200...

— Esse é um mecânico honesto! Que bom que ainda existe gente assim no mundo!


— Mas aí eu fui na concessionária e eles disseram que não pode colocar mais do que 1 litro de óleo, senão estraga o motor...


— Pois é, só que isso não é verdade porque o manual do proprietário, o manual de serviços e o curso de treinamento dos mecânicos mandam fazer o procedimento correto, colocando mais óleo até chegar no nível máximo da vareta.

— Ah, então foi por isso que o motor da minha outra moto abriu o bico...

— Fundiu com quantos quilômetros?

— 40 mil km.... 

— Tá vendo, uma honda não é para durar tão pouco. Você estava usando o óleo novo 10W-30?

— Cara, nem sei o tipo, era o mobil que a concessionária colocava. 

Poder alertar esse proprietário, confirmar mais uma vez tudo aquilo que venho dizendo e saber que ele não será lesado (ou lesionado) por sua próxima moto me fez ganhar o dia.

E o ano inteiro.

Fui embora do estacionamento manobrando beeem rente ao carro estacionado.

Se o dono viu, deve ter infartado.


E como é Natal e eu estou imbuído de um grande espírito natalino, tomara que ele tenha visto.

Foi realmente um ano muito bom, este que se encerra.

Um ano em que voltei a acreditar na força da amizade e no bom caráter dos seres humanos (com exceções)

Um abraço, e feliz Natal para você também!

Jeff

domingo, 21 de dezembro de 2014

Vale a pena migrar de uma 150 para uma 250?

Respondendo ao leitor Darci Neto:

"(...) estou pensando em trocar minha Bros 150 por uma moto 250, a princípio uma Fazer, a minha curiosidade era saber uma opinião imparcial sobre se vale a pena trocar uma moto 150 por uma 250, considerando que eu ando mais na cidade, mas pego a estrada, e quase sempre com baú cheio e com minha namorada, somando no total algo em torno de 160 kg, minha dúvida é em relação se realmente existe uma melhora de desempenho, e agora que tu está equipado com uma 250, acredito que fique mais fácil pra ti dar tua opinião (...)


Olá, Darci! Obrigado por acompanhar o blog!


Demorei para responder porque queria ter mais experiência com minha nova moto antes de falar qualquer coisa.


Tinha esperança de viajar neste final de ano para um tira-teima, mas o serviço apertou e estou adiando as viagens por enquanto.


Sem dúvida o desempenho de uma 250 para quem viaja com garupa será melhor, mas no seu caso existem alguns pontos a considerar.


Sua moto já consegue um desempenho bastante bom para duas pessoas em termos de aceleração e conforto; a limitação é a velocidade máxima, que acredito seja próxima ou um pouco melhor que a da Kansas.


Vou falar da minha experiência com a Kansas e a Fenix Gold, depois a gente volta para o seu caso.


Eu também sempre tive essa dúvida, se valeria a pena ou não passar de uma 150 para uma 250, porque o aumento de custo de manutenção é significativo em relação ao relativamente pequeno ganho de velocidade.

Comparando, eu mantinha velocidades de cruzeiro de 85 km/h reais na Kansas (90% da velocidade máxima), o que permitia uma média geral de 65 km/h com as serras, negociações de ultrapassagens, trânsito pesado, etc. 


Em termos práticos:



Imagem: Google mapas

Saindo de São José (fica ao lado de Floripa), eu chegava ao hotel em Juquiá percorrendo uma distância de 500 km após 10 horas de viagem, o que também era o meu limite do cansaço.

Nessas 10 horas, estão inclusas 2 horas para lanches, abastecimento, esticar as pernas, almoço, esticar as pernas, aliviar as cãibras, etc., então são 8 horas rodando naquela velocidade que falei.  


Aquela viagem em que fiz 750 km talvez tenha sido conseguida graças aos analgésicos, que quase me mataram ao me fazer cochilar na estrada, então não vou considerar como distância de uma viagem normal


Agora com a Fenix, viajando 20% mais rápido, poderei manter velocidades de cruzeiro de 100 a 105 km/h e percorrer 600 km nas mesmas 10 horas do limite do cansaço, o que não permitirá economizar um pernoite — no máximo chegarei até Itanhaém.


Ficam faltando apenas duas horas para terminar a viagem e economizar um pernoite, mas será que o risco de pegar o trecho de trânsito mais movimentado com os reflexos e as reações lentas não seria risco demais? Imagino que sim.

Por outro lado, nem adiantaria viajar mais rápido do que isso, o risco de multas é enorme e está cada vez maior.


Então para você que já roda com velocidades de cruzeiro melhores do que a da Kansas, eu imagino que a vantagem de passar a rodar com uma 250, no seu caso que anda sempre acompanhado, talvez não seja tão significativa a ponto de ser realmente vantajosa.


Haverá um ganho em velocidade, claro, mas será muito pequeno. Também um pequeno ganho em conforto, imagino.


E será útil como aprendizado para aprender o domínio antes de partir para uma moto ainda maior, mas pelo seu perfil de utilização de casal com bagagens, no seu lugar eu almejaria uma 500 ou 600 assim que possível.


Nem estou considerando a Falcon como opção porque quem fez o mesmo percurso que eu jurou que nunca mais repetiria a experiência devido ao excesso de vibração.


Por outro lado, o consumo de uma 600 fica bastante elevado para o uso diário na cidade, e isso precisa ser levado em conta.

Outro dia encontrei o dono de uma Shadow, e ele comentou sobre o consumo alto e o custo de peças abusivo; então, chega uma cilindrada em que a grande vantagem da moto, a economia, começa a desaparecer.

Eu acredito que esse limite de custo/benefício para uma motocicleta fique na cilindrada de 250, e a Fazer é um pacote muito bom em termos de conforto e economia.

Então, se a sua expectativa não for elevada quanto ao ganho em desempenho, poderá sim ser uma ótima opção. 

Mas na hora de decidir, faça o que o seu coração mandar!


Nada se compara à realização de um sonho, e não se deixe influenciar por raciocínios muito lógicos.


Moto é paixão e paixão não tem a menor lógica...


Felicidades com a nova moto!


Um abraço, feliz Natal e Ano Novo,


Jeff

sábado, 20 de dezembro de 2014

Uma grande injustiça

Este acidente foi filmado na China e o ciclista saiu ileso após ser atropelado por uma carreta.



Esse é um acidente muito comum também com motocicletas, exatamente como no vídeo, mas sem final feliz:


Reportagem: http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2014/07/motociclista-morre-em-mombuca-atropelado-por-caminhao-de-cana.html

Conforme a reportagem, "o motociclista seguia no mesmo sentido do caminhão, que atingiu o motociclista ao fazer uma conversão. A suspeita é que a vítima teria tentado ultrapassar o caminhão."

É um erro fatal:

O motociclista se coloca no ponto cego do motorista do caminhão
, onde ele não enxerga absolutamente a motocicleta, e tenta fazer uma ultrapassagem proibida pela direita confiando na agilidade da moto ou pensando que o caminhão vá seguir reto — aí o cara esterça o caminhão e é o fim da história.


Imagem: http://www.oregonautoaccidentattorney.com/portland-truck-accident-attorney-avoidTips.html

A reportagem diz que o motorista foi considerado culpado pelo acidente, o que é uma enorme injustiça — devem ter considerado que ele não deu seta, mas mesmo que tivesse dado, o ciclista não teria como vê-la, então esse não foi o fator principal do acidente.

Precisariam colocar esses togados e multadores no assento do condutor de um caminhão para que eles entendessem como funciona o mundo real.


Mesma coisa esse ciclista e todos os motociclistas ingênuos e irresponsáveis que se posicionam desse modo na saída dos semáforos — na motoescola, devia ser obrigatório conhecer as dificuldades dos condutores dos outros veículos. Isso evitaria que muita gente se metesse em encrenca.


Por mais ágil que seja sua moto, você não conseguirá atravessar na frente de um caminhão fazendo a conversão.


Você será colhido e verá sua moto ser transformada em pastel — e será a última visão de sua vida.


Então aprenda com este vídeo e não faça essa idiotice. 


E nem cause essa injustiça para o caminhoneiro.


Um abraço,


Jeff

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Um caso concreto e um bom exemplo

Meu irmão tem uma Fazer 150 e ao trocar o óleo ofereceram pra ele o novo Yamalube 10W-40 semissintético, normalmente ela usa o óleo 20W-50 mineral.

A moto está com pouco mais de 12 mil km, porém após a troca do óleo na primeira partida pela manhã, após a moto ficar a noite toda parada ela sai um pouco de fumaça azulada pelo escapamento e em poucos segundos ela cessa. 

O nível do óleo está correto até porque uso o mesmo tipo de óleo na minha Kawasaki ER6n e fiz a medição aqui em casa e completei com uns 150 ml aproximadamente pra ficar na marca de máximo. 


Reitero que sai a fumaça por poucos segundos e apenas na primeira partida do dia, depois ela não sai mais fumaça. Será que é pelo fato do óleo mais fino ?


Devo trocar imediatamente esse óleo ou posso usar por um tempo?




Respondendo ao leitor Deivisson Nobre:

Olá, Deivisson, esse caso é muito ilustrativo.


Moto de baixa quilometragem queimar óleo não é normal. Isso só acontece quando o óleo é ruim, inadequado, passou da hora da troca ou existe um problema mecânico.

O óleo recomendado para a Fazer 150 é o Yamalube 20W-50, correto?


Primeira coisa, quem ofereceu esse outro óleo 10W-40? Um vendedor de óleo ou a concessionária? 


Que grau de conhecimento técnico tem essa pessoa? Ele agiu por conta própria ou instruído pelo marketing da empresa?


Será que esse vendedor ou empresa não está apenas interessado em vender um óleo bem mais caro no lugar de um mineral de viscosidade adequada que funciona muito bem? 


Segunda coisa, esses motores que você mencionou trabalham em condições totalmente diferentes — a Fazer 150 é arrefecida a ar, enquanto a ER6-n é arrefecida a líquido.

Uma moto usar uma viscosidade de óleo não quer dizer que todas as motos possam fazer o mesmo. 


O óleo 10W-40 é aceitável com restrições para a ER6-n, e também para a yamaha XJ6 (a naked equivalente da yamaha) porque são motores de arrefecimento líquido. E foi para esse tipo de motor que trabalha mais frio que eles lançaram esse semissintético menos viscoso.


O arrefecimento a ar é menos eficiente, então o motor da Fazer 150 trabalha mais quente do que o motor da ER6-n — o uso de um óleo de viscosidade mais baixa é totalmente contraindicado. 


A honda fez isso com a linha das Titan e trouxe uma série de problemas para a clientela.


Terceira coisa, lavaram o cárter com o novo tipo de óleo para evitar a degradação? Pelo jeito, não, simplesmente despejaram o óleo novo no cárter molhado com o óleo antigo.


Quarta coisa... por ser mais fino, esse óleo passa sim mais facilmente entre os anéis do pistão e também pelos retentores de óleo das válvulas e o resultado é a fumaça azulada pela manhã. 


A parte mais volátil do óleo está virando fumaça e a parte menos volátil está virando borra e carvão no interior do motor. 


Quanto mais tempo você deixar esse óleo no cárter, pior a coisa vai ficar.


Usar um óleo de viscosidade menor é uma mudança que nunca traz bom resultado. 

Usar uma viscosidade maior do que a recomendada é algo que se pode fazer quando o fabricante diz que a temperatura média local deve ser considerada, ou quando o bom senso o determina — nem todo importador tem conhecimento técnico para fazer a tropicalização do produto.


Motores desgastados pela alta quilometragem melhoram de rendimento com óleos mais viscosos para compensar as folgas maiores — Jezebel está usando óleo 25W-60 com Militec e está feliz da vida. 

Mas mudar para um óleo menos adequado à temperatura local...

Se foi a concessionária que recomendou o uso desse óleo, então a yamaha entrou em um processo de hondanização e o resultado vai aparecer com o tempo. 


Você e seu irmão estão experimentando as consequências em primeira mão, mas desconfiaram que as coisas estavam erradas e ainda podem corrigir antes que o problema se torne grave.


Outros milhões de proprietários não desconfiarão e irão pagar o preço, assim como está acontecendo com os proprietários de Titans.


Um abraço,


Jeff

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Como ver o nível do óleo da moto

Atualização: Para ver um vídeo explicando como funciona a lubrificação do motor e entender a importância de manter o nível e o tipo corretos de óleo, visite a postagem O vídeo definitivo sobre o óleo do motor da sua moto.

Há várias denúncias sobre motos específicas de diversos fabricantes e seus níveis de óleo nestes links: 
hondayamahasuzukikawasakibmwtriumphmvk, kasinski e dafra, entre outras.

Ao contrário dos carros, o nível de óleo da grande maioria das motos precisa ser verificado após ligar e desligar o motor por alguns minutos, o procedimento é descrito no manual do proprietário de sua moto, confira.

Se você medir sem ligar e desligar o motor, encontrará um nível alto, mas totalmente falso, porque não é assim que sua vareta medidora foi calibrada, não é assim que se mede o nível de óleo de motos, e você terá um grande prejuízo e colocará sua vida em perigo, porque um motor mal lubrificado mais cedo ou mais tarde irá travar (fundir).

Imagem: www.sodahead.com

Para verificar o nível do óleo da motocicleta, NÃO BASTA retirar a vareta medidora (ou conferir o visor) pela manhã e ver se o óleo se encontra dentro da faixa recomendada a indicação mostrará um resultado irreal.

Fazendo o procedimento descrito no manual do proprietário — ligando e desligando o motor por 2 a 3 minutos (algumas motos pedem 5 minutos, outras o motor completamente quente, e a Falcon e demais motos de cárter seco têm um procedimento especial) — você descobre a situação real do nível de óleo em seu motor:

Na primeira manhã após a troca, com a moto abastecida com a quantidade recomendada pelo fabricante e fazendo a medição do modo errado, você se iludirá achando que o motor tem óleo suficiente, quando na verdade tem apenas o mínimo para não fundir até a próxima revisão... se você não viajar.

Se você deixar de completar o óleo para que esteja sempre próximo da marca de nível superior, conforme é determinado no manual do proprietário, na hora em que você colocar o motor para funcionar com o mínimo de óleo e sair rodando com sua moto o óleo será consumido e o nível ficará abaixo da faixa ideal recomendada, o que é extremamente prejudicial para a vida útil do seu motor, e até perigoso para você.


Imagem: Manual do Proprietário kawasaki Ninja

Ao trabalhar com pouco óleo seu motor esquenta acima do normal porque nas motos resfriadas a ar (que não usam água/líquido de arrefecimento) é o óleo que tira o calor das partes mais quentes e ajuda a dissipar nas paredes mais frias da parte da baixo da carcaça.

O óleo faz a função de líquido de arrefecimento do motor, e algumas motos 250 chegam a usar um radiador de óleo, como a CB Twister, CB 300, Fazer, Comet e Mirage.

Apenas algumas poucas motos 250 possuem radiador de água como a mvk Fenix Gold, kawasaki Ninja, suzuki Inazuma e dafra Next.

Óleo quente é menos viscoso, lubrifica menos e é consumido mais rápido, o que estraga o motor, causa dificuldade de passar marchas, dificuldade de achar o neutro, batida de pino (um som de grilinho metálico dentro do motor que indica que se continuar trabalhando mal lubrificado e quente desse jeito, ele irá fundir em breve). 

Um erro muito comum é o novato medir o óleo logo após a troca, ainda quente. Nessa condição o óleo se dilata com o calor do motor e dá uma leitura falsa e enganosa. 

O certo é fazer o procedimento pela manhã ou pelo menos após 2 horas de descanso do motor — ele estará frio e você terá de ligar e desligar exatamente como recomendado.

Mas o pior erro é colocar a quantidade recomendada, fazer o procedimento de medição corretamente, não encontrar quase nada de óleo, pensar que está fazendo errado e parafusar a vareta para encontrar o óleo — não faça isso!

Por desproporção na hora de fazer o desenho, ficou parecendo que a coisa é menos feia. 
A diferença é toda a faixa de medição, ou seja, 100% cheio X 100% vazio
Neste exemplo, o nível pode ser completado até atingir a marca de nível máximo. 
Não há necessidade nem se deve esperar chegar à marca de nível mínimo.

A vareta não deve ser girada na hora de medir!

É só limpar, colocar e tirar com a moto fria e na vertical, e mais nada!


Mas a fé no fabricante é tamanha que o novato coloca a quantidade recomendada, não acredita que possa estar faltando, acha que interpretou errado o procedimento e acaba parafusando a vareta até encontrar o óleo.... ISSO É TOTALMENTE ERRADO!


O manual é explícito: se estiver faltando, complete!


É o que a concessionária teria a obrigação de fazer antes de te entregar a moto da revisão, mas até agora não encontrei uma que o faça.

Ao inventar algo que não está no manual — parafusar a vareta na hora de medir, em vez de completar com mais óleo — o novato condena seu motor a uma privação de lubrificante que reduzirá sua vida útil à metade, ou até menos.

O quadro mostrado acima é válido para todas as motos nacionais brasileiras com motores de tecnologia japonesa e chinesa. 

Pode ser que nas Harley ou motos europeias a vareta/visor estejam calibrados de maneira diferente, então leia o manual do proprietário da sua moto.

Entre as motos nacionais existe um caso particular que precisa ser destacado por sua gravidade, as dafra Speed e Kansas 150, e todas as motos que usam motores do mesmo tipo, como a kasinski Flash. (A green Sport usa motor do mesmo tipo, mas a quantidade de 1,4 litro está correta no manual do proprietário).

Nesses modelos dafra Speed e Kansas, a quantidade de óleo recomendada para o motor está absurda e grosseiramente ERRADA, o que você encontra é isso aqui:
dafra Speed e Kansas 150

A quantidade de 1 litro recomendada pela dafra, quando o nível é medido exatamente de acordo com as instruções apresentadas no manual do proprietário, nem sequer molha a ponta da vareta medidora.

E a quantidade máxima recomendada de 1,2 litro permite chegar apenas ao nível mínimo da vareta. 

Trabalhando nessas condições, esses motores não duram mais do que 30 mil km, com sorte. A maioria já está irremediavelmente danificada aos 12 mil, no máximo 20 mil km, ainda dentro do período de garantia.

Isso foi assunto de discussão nos fóruns de proprietários, foi apontado diretamente ao fabricante, que insistiu na sua versão de que o motor não comporta mais do que o 1,2 litro dito por eles.

Bom, o fato é que alguns proprietários perceberam que insistir com isso era BURRICE e estão até hoje rodando muito satisfeitos com suas motos usando 1,3 a 1,4 litro de óleo. 

A Speed do Daniel chegou aos 100 mil km antes de fazer o motor, e a minha Kansas já está com 76 mil km. Só precisei fazer o câmbio lá pelos 65 mil km por causa de algumas viagenzinhas transportando uns 90 quilinhos acima da capacidade máxima da moto... mas valeram a pena... hehehe

Já os donos de Kansas e Speeds que acreditaram no fabricante pagaram bem caro para fazer o motor completo e muitos acabaram vendendo a moto a preço de banana por causa da má fama (injusta) adquirida.

Espero que essas ilustrações o ajudem a entender como a coisa funciona e o quanto você está sendo prejudicado quando recebe a moto das revisões nessas condições de óleo mínimo.

Se você não tomar a iniciativa de verificar o que fizeram na revisão de sua moto e, se necessário, completar o óleo até atingir o nível ideal (que é o máximo da vareta), ficará na mão com todas as despesas da retífica e troca de peças — veja a postagem O que é fundir o motor?

Se o problema fosse apenas esse, seria apenas o prejuízo material.

O grande perigo é que um motor mal lubrificado se superaquece, perde potência e pode morrer e travar no meio do trânsito. 

Quando isso acontece com um carro, os outros motoristas buzinam, xingam, desviam e vão embora.

Quando acontece com uma moto, eles passam por cima de você antes de xingar, desviar e ir embora. 

Aí você pergunta, se é assim, por que os fabricantes não dizem logo a quantidade correta?

Leia a postagem de ontem e as 5 postagens das denúncias da série A esperteza dos fabricantes e a ingenuidade do povo.

Seja esperto e não tome prejuízo, nem dê chance para o azar.

Um abraço,

Jeff