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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Prenda muito bem seus cacarecos

Uma pequena bobagem pode se complicar tremendamente num piscar de olhos.

Um descuido bobo e você não imagina o que acontece...


O motociclista estava improvisando o transporte de um bagulho, ele se soltou e acabou causando por via indireta um acidente — que poderia ter sido muito mais grave.

A primeira motorista parou porque... ah, sei lá... 

Acho que ela pensou que tinha acontecido algo mais sério, alguém poderia estar precisando de ajuda quando viu o motociclista parar a moto e sair correndo.

Ou talvez ela atropelou a coisa caída e parou pelo susto. Vai ver que pensou que era um gato... Metade do mundo ama gatos. 

Já a motorista que veio atrás não percebeu a parada inesperada e encheu a lata bonitamente.

É até possível que ela já estivesse com o celular antes da batida, não tem como saber só pelo vídeo... 

Mas o que desencadeou essa sequência de eventos, sem dúvida, foi a queda do traste troço tolete tarugo de espuma. Que Бутылочная пробка de динозавр era aquela?

O fato é que a coisa complicou na hora em que a motorista do celular alegou para o motorista da picape que estava grávida...

O susto da explosão ensurdecedora do airbag pode ser traumático em uma gravidez.

E aí, meu caro, a situação fica muito mais dramática... 

Já imaginou se ela perde a criança direta ou indiretamente por conta de seu cacareco mal transportado?

Como ficaria sua consciência?

No final o motociclista acabou tomando uma multa de 316 dólares (± 1.000 temeridades) por conta de transportar carga sem fixação adequada — se quiser reverter, vai ter de apelar para o juiz. Lá a coisa é rápida, tudo se resolve em poucos dias.

Difícil um juiz reverter a multa com base no vídeo.

É capaz até de ele dar outra multa por causa da sacolinha no guidão, e mais uma por não estacionar a moto direito... e se reclamar, é capaz de decretar uma semana no xilindró.

Quando você se complica com a lei, a coisa só tende a piorar cada vez mais para o seu lado.

Então fica a lição:

Não improvise na hora de transportar coisas na moto.

Pequenos deslizes podem se tornar grandes dores de cabeça.

Quando não se tornam coisas bem mais sérias.

Nunca confie em apenas um único elástico para prender uma carga — se ele se romper, seu bagulho já era.

Não basta prender, é necessário prender com muita firmeza — a vibração da moto afrouxa os elásticos e a carga pode se deslocar e se soltar.

Se puder optar entre um bauleto e alforjes, eu sugiro os alforjes, apesar do inconveniente de não guardar o capacete.

O capacete você pode prender na moto com a corrente que você passa na roda.

Os alforjes têm a vantagem de manter o centro de gravidade da moto mais baixo.

Além disso, um bauleto mal instalado vai ficar batendo e pode até trincar a traseira do chassi.

E pior ainda, ele facilita o shimmy, que pode se tornar uma situação bem perigosa. 

E se optar por uma mochila, nunca transporte nada que possa causar ferimentos em caso de queda, porque a primeira coisa que vai para o chão é o barrigão, depois o cabeção capacete.

Por que eu falei barrigão se a mochila vai nas costas?

É que eu estava pensando em quem leva a mochila na frente, sobre o tanque, a fim de dar espaço para a garupa...

E sobre o comentário do leitor no facebook, cujo comentário sumiu enquanto eu escrevia:

Ele prendeu o capacete na trava da moto e ele se soltou com a moto em movimento.

Quando eu falei em prender o capacete na moto, estava pensando somente na condição de moto parada.
Não é recomendável andar com o capacete da garupa preso na moto porque ele é um volume grande que pode resvalar nos carros e causar um acidente.

Além de poder se soltar.

PS: Acrescento o ótimo depoimento do leitor Eduardo:

Bom dia Jeff.
Nesse post tenho que reconhecer minha culpa. Já fiz este tipo de M..., mais de uma vez. Mas, já faz bastante tempo. 

Já perdi compras de mercado pelo caminho, e era a sacola dos produtos mais caros (queijos e similares). 

Já perdi garrafas de óleo de moto (esse caso me deixou muito preocupado, com os outros, e me envergonha). 

Deixei cair uma mochila nova, com uma jaqueta (dessas com proteções), uma buzina nova, e três DVDs de locadora. Esse último episódio em uma rodovia. Sorte que era de dia e os motoristas perceberam que era uma mochila e ninguém se acidentou, mas tudo ficou destruído.

Meu diagnóstico: transportar objetos em motos não é trivial. Nunca amarrei nada com apenas um elástico. 

Existem objetos, tipo garrafas d'água (ou de óleo) que se deformam e acabam ficando frouxas. 

Vários objetos pequenos, fixados com vários elásticos, podem não ter atrito suficiente e escorregarem.

No caso da mochila, existia uma sacola plástica grande amarrada ao banco, embaixo dela, que escorregou e ficou sem sustentação. 

Como você mesmo disse, o ideal é usar dispositivos tipo alforges. Ou, pelo menos, ter um volume só pra amarrar. 

Tipo uma sacola grande e resistente, para jogar tudo dentro. E, além disso passar o elástico por dentro das alças da garupa, e não só naqueles pinos. 

E se for algo pesado que fique o mais perto possível do centro da moto.

Muito obrigado pelo depoimento, Eduardo!

Me fez lembrar que eu também já perdi um litro de óleo na estrada, estava sem alforjes... é o tipo de objeto impossível de prender sem uma rede ou sacola.

Um abraço,
Jeff

terça-feira, 14 de junho de 2016

Alforjes e bom senso

É nessas horas que a gente lamenta não ter uma câmera filmando.

Um amigo e a moto dele se mudaram recentemente para a casa do pa...rente, e ainda estão se adaptando.

O portão para a entrada não se abre no meio, é lateral e permite apenas a passagem de pedestres.

Pedestres e motos magrinhas. Até meio gordinhas, se entrar com cuidado. 

O irmão desse meu amigo até entra e sai com uma Shadow, é só esterçar no ângulo certo e girar o guidão na hora exata que a moto passa certinha naquele espaço apertado.

Mas esse tonto desse amigo meu tem uma moto com alforjes laterais muito bonitos que ele não tira por nada — são muito úteis para ir ao supermercado e carregar óleo, ferramentas e panos, diz ele...

O problema é que se não fizer a manobra direitinho, o alforje fica no portão. Pelo menos um deles.

Pois é, hoje ficou.

É nessas horas que a gente lamenta não ter uma câmera filmando.

Felizmente esse meu amigo é descolado, sabe que é só fazer uma emenda. Ou remendo. Em todo caso, não vai ser o primeiro. Lavou, tá novo. Pensei besteira.

Mas fica o lembrete, tantas vezes passa o alforje pelo portão que um dia ele fica no caminho. Melhor parar de ser vagabundo e começar a abrir os dois lados do portão.

Pelo menos o alforje dele é do tipo convencional, envelope.

Já pensou o prejuízo se ele tivesse feito uma осел пронзительный dessas?



Pelo amor de Deus, ninguém faça isso, é uma péssima ideia.

Ser possível fazer uma coisa não quer dizer que ela deva ser feita — antes é necessário considerar coisinhas bobas como a segurança, por exemplo.

Se encontrarem esse cara rodando por Belzonte ou qualquer lugar do país, avisa ele que ele pode morrer com isso.

Ou ser parado pela primeira viatura de polícia, porque isso é francamente contra a lei.

Sério, nenhum acessório pode ultrapassar a largura da moto, ou seja, a largura dos espelhos.

Cada uma que a gente vê por aí...

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Tem como uma moto pegar fogo sozinha?

Bom, na verdade ela precisa de uma ajudinha do dono...

Não é só caindo que sua amada pode virar cinzas.

Sabe o que acontece quando você prende a mochila na moto de qualquer jeito em cima do banco?

Uma alça da mochila fica esfregando no pneu, ou então encosta no escapamento quente, e adivinha?
Sua mochila pega fogo, seu banco pega fogo e você fica de... ahn... cabeça quente numa situação bem complicada...

O piloto poderia ter se acidentado ao perceber o fogo atingindo suas nád... ahn... costas.

Por uma bobagem dessas, a moto inteira podia ter sido destruída em minutos.

Outra besteira capaz de botar fogo em uma moto é um problema no freio traseiro.

Por falta de ajuste ou por um problema de travamento das sapatas do freio, as lonas ficam se atritando contra o tambor e causam um superaquecimento capaz de fazer o pneu traseiro e todo o resto pegar fogo.

Algo que pode ser evitado se o piloto tiver noção de que a dificuldade da moto em ganhar velocidade pode estar sendo causada por isso.

Forçar a moto sem identificar e eliminar a causa do problema pode resultar nesta cena triste:

Mas a maneira mais fácil de uma moto pegar fogo é por vazamento de gasolina diretamente sobre o motor.

Sabe aquele vazamento bobinho na fixação da torneirinha, que você resolveria apenas apertando a porca de fixação com uma ferramenta, mas que você fica com preguiça e deixa para o dia seguinte?

Pois é...

Avance até os 2:00 minutos ou fique contemplando aquelas lindas máquinas até começar a fogueira...

Que dó...

É de partir o coração... uma máquina tão linda dessas...

Motos exigem mais cuidado que um carro.

Tudo em uma moto está muito perto do limite.

Coisas simples como prender uma carga de maneira descuidada ou negligenciar uma pequena manutenção podem fazer você passar o maior sufoco.

Se você gosta de sua moto, não vacile. 

Não deixe que um pequeno vazamento acabe com seu sonho... — Já estou levando o grifo, Jezebel!

PS: E é claro, também tem a forma clássica do churrasco de moto

Não é bem pegar fogo sozinha, mas o vídeo enviado pelo Deivisson Nobre é bom demais para deixar de publicar... Obrigado, Deivisson!

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Moto não é cabide

Imagem: http://pinturaquefala.blogspot.com.br/2013/01/moto-cinquentinha-violao-imprudencia-acidente-terrivel-musica.html

Moto não é cabide para você ficar pendurando bolsas e outros penduricalhos. E também não é palquinho para ficar se exibindo.

Moto é um veículo motorizado o qual, se você descuidar da pilotagem, te derrubará no meio do trânsito, podendo causar um acidente fatal.

E um item de distração muito comum é justamente aquela bolsa ou sacola que você não sabe onde carregar e acaba pendurando no guidão... ou levando na mão.


Não faça isso!

O guidão é uma grande alavanca que facilita você manobrar a moto. Por ser uma grande alavanca, basta o mínimo de força para movê-lo com as mãos.

Essa é a ideia. Pequena força = movimento fácil do guidão.

E quando você pendura uma bolsa ou sacola, ela balança e exerce uma pequena força sobre o guidão. Percebeu?


Imagem e reportagem neste link
Sua moto estará sendo pilotada por você E por sua bolsa. E uma sacola cheia de alface não é lá muito inteligente.

Ela ficará balançando no guidão, fazendo com que sua moto fique o tempo todo se desviando da trajetória. Instabilidade é a palavra.

O guidão não é cabide, nem o seu antebraço. A mesma força que o vento e as curvas aplicarão sobre sua sacola no guidão também atuará sobre sua sacola no antebraço, podendo provocar um desequilíbrio momentâneo.

Ou se enroscará nos comandos do guidão, impedindo que você acione a embreagem, o freio dianteiro ou gire o guidão, fazendo com que você se desequilibre. 

E basta um momento para acontecer um acidente...

Aí você me pergunta, onde eu posso carregar uma bolsa ou sacola?

Imagem: http://blogs.bolsademulher.com/decarona/2013/11/12/10-dicas-para-economizar-no-combustivel-da-moto/

Certamente também não é sobre a plataforma do scooter...

Basta que a bolsa escorregue para o lado para que sua atenção se desligue do trânsito à frente e da trajetória da moto. Se ela cair então...

Sair por aí carregando pendurada no braço ou a tiracolo uma bolsa que certamente terá um celular e uma carteira é um convite para ser assaltad\a/\o/ — por um pedestre enquanto você aguarda no semáforo, ou por um assaltante na garupa de uma moto.   

O lugar certo para transportar bolsas ou sacolas é no bagageiro do scooter ou nos alforges ou no bauleto da sua moto.

Ah, mas minha moto não tem alforges nem bauleto, e não dá para prender uma sacola de compras no bagageiro aberto da moto...

A melhor opção sempre será contar com um local correto para transportar objetos. Todo mundo precisa transportar carga em algum momento, mas pouquíssimas pessoas instalam acessórios para transportar cargas, preferem improvisar. E improvisos em motos geralmente dão muito errado. 

Caso você precise realmente transportar uma única sacola com peso não superior a 2 kg, o melhor local é na dobra do cotovelo, longe dos comandos da moto e onde o peso não atua com tanta intensidade sobre a alavanca do guidão.

Ele até atua, mas você tem todo o peso do corpo mais a força de todo o braço para compensar. É diferente de o peso estar colocado próximo ao guidão.

Mas eu comecei falando que moto não é cabide, e há coisas inacreditáveis que o pessoal pendura na moto, como pranchas de surfe.

Aqui em Santa Catarina há muitos surfistas e não é raro vermos uma cena como essa. São comercializados suportes fabricados especialmente para essa finalidade.

Ué, mas se existe o suporte especial para isso, o pessoal instala direto em bicicletas, qual o problema? 

O problema é que essa coisa é extremamente perigosa em alta velocidade na estrada. O fato de ter alguém vendendo não quer dizer que seja algo aprovado por qualquer critério de segurança.
  
Reportagem: http://mundotransito.com.br/index.php/2013/05/29/transporte-de-pranchas-de-surf-em-motocicletas/

Uma prancha colocada na moto é a mesma coisa que uma asa. Com vento suficiente, sua moto sai voando.

Bah, que exagero... ela nem está na horizontal...

Você só está considerando o vento causado pelo rodar da moto, se esquece que existem outros ventos. 

Quem pensa que não tem problema nunca sentiu o vento lateral em um descampado, ou o vento lateral deslocado por caminhões e ônibus em alta velocidade na rodovia

Basta um grandalhão desses passar ao seu lado e sua moto irá para o acostamento, você não terá força para segurá-la na estrada — e se tiver um carro parado por lá, ou um buraco... você, sua moto e sua prancha já eram.

E para finalizar, olha só que ideias toscas:



Tomara mesmo que fiquem só na zoação com photoshop...

Tomara...

Um abraço,

Jeff

PS: Agradeço ao Daniel pela sugestão do tema. Há outras sugestões enviadas pelos leitores, elas estão na fila, me desculpem pelo atraso, mas os dias não têm sido normais neste começo de ano.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Transportar gás também quebra o quadro da moto

Reportagem: http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2014/07/motos-estao-em-80-dos-acidentes-com-mortos-e-feridos-em-teresina.html

Transportar cargas superiores à capacidade da moto, como botijões de gás, também faz o quadro de sua moto se quebrar.

Uma moto é dimensionada como condução individual que pode levar uma garupa em parte do tempo.

O critério é:

Piloto de 75 kg durante 100% do tempo (óbvio, né?)

Garupa de 60 kg durante 33% do tempo (é mais ou menos o que o pessoal faz, tipo carregar a namorada só nos finais de semana).

Esse critério de dimensionamento permite uma vida útil normal da moto. Passou disso, a expectativa de vida diminuirá. 

O quanto essa vida útil diminuirá, e com que rapidez, dependerá de quanto esse limite for ultrapassado ou abusado.


É por esse motivo que uma moto projetada para transporte de carga, como a honda Cargo, prevê um báu + carga de apenas 20 kg. 


20 kg todo o tempo corresponde ao esforço aplicado por uma carga de 60 kg (o peso típico de uma garupa) durante um terço do tempo de uso da moto. 

Pois é, você está enganado quando pensa que pode colocar 60 ou 70 kg de peso sobre a moto (o equivalente a uma garupa) durante todos os dias de trabalho sem que isso prejudique sua moto.


Prejudica sim, ela se tornará menos confiável. Todas as peças se desgastarão em taxas mais aceleradas. Não dá para mudar as leis da Física.


E quando sua moto é usada para o transporte de botijões de gás, seu quadro irá se romper em pouco tempo por fadiga (falamos disso ontem)

Para saber o que acontece quando o quadro se rompe, leia a série de três postagens que começa com O jogo das diferenças

Lá eu falo da Kansas, a diferença é que a Kansas 2008-2009 não precisa transportar botijões de gás para romper o quadro, ele se parte sozinho mesmo.

E já que falamos dos perigos de transportar botijões de gás para quebrar o quadro de sua moto, vou aproveitar para falar dos perigos de se transportar botijões de gás para quebrar sua cabeça.

Em um acidente, os botijões vão sair voando — veja na foto. 

E botijões voando acabam caindo em cima de alguma coisa.

E essa coisa pode ser sua cabeça.

Então, caso ganhe a vida com a sua moto transportando gás ou outras cargas pesadas, conheça os riscos e tome muito cuidado, porque isso aumenta muito o perigo para o piloto em caso de acidente.

Cargas pesadas exigem maior espaço para frenagem, revisões mais frequentes e manutenção em dia dos componentes dos freios e suspensão.

E ainda mais cautela que o normal durante a pilotagem.

Ah, só lembrando:

A lei 12.009 de 29 de julho de 2009 estabelece que motos somente poderão transportar botijões de gás com capacidade máxima de 13 kg e galões contendo água mineral com capacidade máxima de 20 litros com o auxílio de um semirreboque ou sidecar, senão é multa.


Reportagem: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2011/08/lei-para-transporte-de-cargas-entra-em-vigor-mas-sem-fiscalizacao.html

Mas parece que essa lei não pegou.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Uma moto, um violão

Um cantinho, um violão, uma moto, um caminhão...

O que pode dar errado?




Ao transportar uma carga desajeitada como um violão, guitarra, muletas (já vi muitas! e geralmente, eram do piloto com o pé engessado...), nunca se esqueça que ela se projeta para as laterais, bem além da largura do guidão.

Mesmo que você coloque uma carga como um violão bem vertical, mas não fixada corretamente, ela se deslocará com a trepidação e se projetará para fora.

Uma grande mochila presa à sissy bar de uma moto custom também se deslocará se não estiver bem fixada, podendo atrapalhar a passagem no corredor ou te desequilibrar.

Então, ao transportar cargas desajeitadas, não tente passar pelo corredor, mesmo que o trânsito esteja parado.

Basta um esbarrão para mudar sua vida para sempre.


E os seus amigos e familiares querem a vida sempre assim com você perto de mim.


Ops, já ia me esquecendo:

Nunca socorra uma vítima de acidente fazendo o que o piloto da moto fez, tentando colocar o acidentado de pé!


Alguma fratura que poderia ser imobilizada e tratada facilmente, se tornará uma fratura exposta com severa hemorragia e complicada recuperação por pinagem e fisioterapia.

Na melhor das hipóteses. 

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Oscilação por desalinhamento e desbalanceamento de rodas

Respondendo à dúvida da leitora Mariana lá da Espanha (internet é um barato!):

(...) Tem um mês que comprei minha primeira moto, moro na Espanha (Yamaha Sr special 250 ano 2003). 


(...) O problema é que eu instalei uma caixa na moto (36L), ela fica meio pra fora e as vezes eu sinto a moto rebolando. Eu andei só 2 vezes com ela sem caixa, então não sei se é isso. De qualquer maneira eu preciso da caixa então não dá pra tirar agora (mais pra frente penso em mudar por alforjes, se mudarem esse problema). 


As vezes é o asfalto que tem algum desnível e faz a roda rebolar no próprio eixo, mas em velocidades mais altas é algo parecido com o que eu vi nesses filmes (mas bem mais suave). Dá bastante incômodo a 90 por hora. 


Eu peso só 46 kgs... Não sei se tenho que regular o pneu e suspensão diferente do que tinha o dono anterior.... Que você acha? No manual fala algo sobre regulagem de pneu diferente caso o peso total seja menor que 90 kgs, mas eu não entendo direito a que se refere esse peso total. Alguma sugestão? :)


Vamos lá, Mariana:


O que no idioma espanhol é chamado de caja (caixa) é o que chamamos de baú ou bauleto aqui no Brasil.


A yamaha SR 250 Special é este bonito modelo que infelizmente não é comercializado no Brasil.

Note que ela tem a traseira alta, então um baú instalado na traseira fica bastante elevado ou deslocado para trás.

Baú (caixa) em posição alta e recuada desloca o centro de gravidade da moto para trás e para cima, o que deixa a moto instável e torna a frente da moto extremamente leve. Certamente isso colabora para sua dificuldade em controlar a moto.

Verifique se a instalação foi bem feita, com todos os fixadores bem apertados. Ela tem que estar bem fixa para evitar oscilações, assim como a carga transportada dentro da caixa ou baú.

A primeira coisa a ser verificada é a pressão dos pneus. Quanto maior o peso total sobre a moto (piloto + carga e/ou garupa), maior a pressão a ser usada. 

No seu caso, devido ao baixo peso, você precisará usar a pressão mínima recomendada. Uma pequena diferença na pressão modifica muito o comportamento da moto.  

Se a sua moto não tiver mais a etiqueta com os valores de pressão na balança ou protetor de corrente perto do amortecedor traseiro, você poderá descobrir em uma concessionária ou falando com outros proprietários.

Pneus com pressão acima da ideal para o seu caso colaborarão para tornar a moto instável e "dura", da mesma forma que pneus com pressão abaixo da ideal a tornarão "molenga", pesada e lenta e com alto consumo de combustível. E um perigo nas curvas.

Para o seu peso, a regulagem mínima da suspensão e da pressão dos pneus é o mais recomendado, a menos que você transporte um peso significativo no baú (o que nunca é recomendável) ou garupa.

A segunda coisa a verificar é a condição das rodas raiadas.

Vale a pena mandar fazer um alinhamento e balanceamento, motos com rodas raiadas tendem a precisar de balanceamento com frequência.

Na minha primeira moto esse problema de vibração que surgia perto dessa velocidade sempre era eliminado com o balanceamento. 

Aí você me pergunta, o que é alinhamento e balanceamento (em espanhol, alineado/centrado y balanceo/equilibrado)?

O alinhamento consiste em reapertar e endireitar eventuais raios tortos para melhorar a geometria da roda.


Para girar sem vibrar, a roda tem que estar bem centrada e bem equilibrada. Se o aro estiver ovalizado, o pneu terá desgaste mais acentuado em um ponto do que em outro, então um lado da roda ficará mais pesado.

Uma roda bem balanceada colocada para girar livremente cessa o movimento cada hora em um ponto diferente. Uma roda desbalanceada sempre irá parar com o mesmo lado mais pesado para baixo.

Na moto, é difícil identificar isso por causa da interferência dos freios e da corrente. 
Balanceadora eletrônica de rodas.
En España, equilibradora de ruedas

No balanceamento, a roda removida é colocada para girar em uma máquina dotada de balança eletrônica que descobre onde está o desequilíbrio e calcula o peso e local corretos para compensá-lo.

O balanceamento nada mais é do que adicionar um pequeno peso de chumbo no lado oposto ao mais pesado para compensar o desequilíbrio e anular a vibração. 

Eliminar essa possível fonte de vibração muito provavelmente irá resolver seu problema. 

Outra dica:

Se o baú estiver tornando a frente muito leve, sente-se bem próxima do tanque, assim você compensa o peso da caixa.

E verifique periodicamente a situação do quadro na região da fixação da caixa.

Algumas motos ao receberem um baú acabam trincando porque não foram previstas para um grande peso nessa fixação.

Uma caixa ou baú mal instalados ficam batendo contra o quadro como se fossem um martelo, o que causa fadiga e trincas.

Sobre os alforjes:

Alforjes deslocam o centro de gravidade para baixo e um pouco mais para a frente, não aplicam peso atrás da roda; é uma ótima solução que preserva e até melhora a estabilidade da moto. Mas não permitem guardar um capacete...

Se nada disso eliminar completamente o problema, resta o truque mostrado aos 4:05 no filme para os pilotos de baixo peso: 

Usar um cinto de mergulhador com pesos para aumentar a estabilidade da moto. 

Ah! Lembrei:

Não se esqueça de verificar os rolamentos das rodas ou seus alojamentos nos cubos das rodas quanto a desgaste! 

As rodas devem girar sem movimentos laterais; se os rolamentos ou cubos estiverem com folga, poderá ocorrer uma quebra, travando a roda e causando uma queda!

E o Daniel dá o recado:

Dê uma olhada nas buchas do quadro elástico, nas buchas dos amortecedores, conferir a suspensão dianteira e a caixa de direção. Estes também interferem na estabilidade/comportamento da moto. 

Um abraço!

Tudo de bom, e obrigado por acompanhar o blog,


Jeff

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Alguns cuidados simples

Motos são perigosas porque possuem partes móveis expostas, a mais traiçoeira delas é a corrente de transmissão.

Ao prender cargas na moto, tome cuidado para que os elásticos de fixação fiquem bem firmes. Não use cordas, que tendem a se soltar com o movimento e poderão se enroscar na corrente.

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/02/homem-morre-enforcado-ao-sair-de-moto-para-lacar-vaca-no-vale-do-itajai.html

E principalmente, tome cuidado com roupas soltas que possam se enroscar nos comandos e pedaleiras, ou queimar em contato com o motor ou escapamento. 

O perigo é maior para a garupa. Saias longas tendem a ser aspiradas em direção à corrente e roda traseira com grande perigo, o resultado pode ser um tombo fatal. 

Crianças precisam ter idade e tamanho suficientes para viajarem na garupa, nunca menos de 7 anos. 

Seus pés precisam se apoiar com firmeza nas pedaleiras e elas devem ser orientadas a não curvarem os pés na direção da roda/corrente.

Tome cuidado quando lubrificar a corrente, não o faça com o motor ligado, um descuido e seus dedos poderão ser esmagados.

Se houver crianças e animais nas proximidades, não deixe o motor ligado com a moto no cavalete central engatada, ou mesmo em neutro se a embreagem estiver mal regulada. 

Crianças são atraídas pelo movimento, desconhecem o perigo e podem colocar a mão nos componentes móveis.

E também podem se queimar no escapamento.

Use sempre o bom senso. 

Não improvise, improvisos tendem a acabar muito mal.

Moto não é brinquedo, é uma máquina; e como em toda máquina, um ato mal pensado pode mutilar e matar fácil e rapidamente, sem segunda chance.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

As coisas que a gente faz sem motivo...

Quinta de manhã, café na padoca, deu vontade de pegar a estrada antes de começar a rotina tradutiva tradutífera tradutória de tradução.

Rumei a Palhoça só para chegar mais perto da serra. Desta vez não iria até o Morro dos Cavalos, queria voltar rápido para o trabalho.

Mentira, não queria não. 

Mas sentia que devia, precisava fazer o primeiro retorno, sei lá por quê.

Retorno feito, me preparando para entrar na BR, vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação um caminhão transportando uma carga maior do que ele.


Imagem: www.carnewschina.com

Era algum tipo de tanque de armazenagem em fibra de vidro, daqueles que saem para fora da carroceria dando a impressão de que vão cair a qualquer momento.

Por prudência e macacovelhice, resolvi deixá-lo passar antes de pegar a rodovia.

Na primeira passarela fiquei atento para ver se a carga não ia enroscar ali e sobrar para mim, mas passou até com alguma folga. Sabe como é, caminhões com cargas esquisitas derrubam coisas estranhas.

Foi aí que eu vi que uma das principais cintas de amarração da carga estava solta. 

Se as outras cintas não aguentassem o esforço, aquela carga ia cair no meio da BR, sabe lá a desgraça que ia causar.

Emparelhei com o motorista e sinalizei com dois gestos que para mim significavam claramente "cinta de amarração – lá atrás", mas que agora vejo poderiam ser interpretados como "puxe a descarga – a coisa tá feia".

Felizmente o motorista interpretou o sinal da maneira correta e parou no acostamento para prender a carga, e eu retornei para casa e para o trabalho.

Quer dizer, prometo que começo assim que terminar a postagem. 


Mas o fato é que depois desse incidente fiquei com a sensação renovada de que nada neste mundo acontece por acaso.


Havia uma janela de tempo limitada para prender aquela carga antes que se soltasse completamente, e eu fui colocado ali na hora certa e em condições de sinalizar o problema — um motorista de automóvel teria muito mais dificuldade para se comunicar com o caminhoneiro.

Então fiquei contente de possivelmente ter contribuído para diminuir as estatísticas deste trecho da BR como recordista nacional de acidentes e agora estou motivado para começar a trabalhar.

Mentira, não estou não.

Preciso seguir mais intuições como essa todos os dias...  ;)

Um abraço,

Jeff