Vídeo bacana que mostra os componentes internos do motor de uma moto de maneira bem legal:
Divirta-se entendendo como o motor funciona.
A diferença fundamental em relação ao motor de uma CG com comando no cabeçote é apenas o cilindro mais inclinado.
Fora isso, todos os componentes fundamentais estão ali.
0:00 Virabrequim e biela
0:05 Pistão
0:07 Câmbio e motor de partida
0:10 Corrente e engrenagens de comando
0:12 Válvulas e balancins do comando de válvulas
0:17 Metade esquerda da carcaça do motor
0:18 Metade direita da carcaça com bomba de óleo no canto dianteiro inferior
0:20 Embreagem multidiscos
0:25 Filtro de óleo centrífugo
0:30 Rotor magnético do alternador
0:33 Cilindro e cabeçote
0:37 Válvula de aceleração (substitui o carburador nas motos com injeção eletrônica)
0:40 Vela de ignição no cabeçote e tampas do motor (com as bobinas do alternador não mostradas dentro da tampa do lado esquerdo)
1:10 Exemplos de como antecipar a retífica do motor e a troca de peças bem caras deslocando o óleo para a parte traseira do motor, fora do alcance da bomba, fazendo com que ele gire seco e se desgaste muito mais rápido.
A propósito, a hero é uma montadora de motos indiana.
Era uma parceria local chamada honda-hero e recentemente passou a seguir rumos próprios.
Para todos os efeitos, agora não é mais honda, é só hero.
Se a filial brasileira mudasse de nome e lançasse motos novas com projeto original honda, usando peças da honda e pagando royalties para a honda, ela deixaria de ser honda?
Tá bom... conta outra.
Um abraço,
Jeff
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terça-feira, 31 de outubro de 2017
sexta-feira, 15 de setembro de 2017
Mecânicos de confiança e manuais de proprietário
Estávamos eu e meu amigo Felizbão cafezando na padoca lá de Santa Catarina (já tem uns 3 anos) quando entrou um cara de capacete na mão.
Como sempre faço, tento alertar o maior número de pessoas para que não tomem prejuízo e não corram riscos.
Perguntei para o sujeito se eu já tinha falado sobre o nível de óleo da moto, e ele disse que já.
Fiquei contente e perguntei se tinha feito diferença...
Ele fez aquela clássica torcida de boca acompanhada daquele gestinho de desprezo com a mão, como quem empurra no ar uma coisa sem importância, e juro que vi um balãozinho em cima da cabeça dele dizendo isso é besteira.
A resposta dele foi:
— Nem olhei, eu levo a moto na oficina e deixo na mão do mecânico.
Felizbão fez um jóinha de aprovação e soltou um sorridente "é isso aí!"
Como eu tento me convencer de que sou uma boa pessoa e me esforço (só um pouquinho) para não desejar mal a ninguém, torço para que esse sujeito (e meu amigo Felizbão) levem sempre suas motos a bons mecânicos.
Depois que o tal sujeito foi embora, Felizbão quis provar que eu estava errado e começou uma pesquisa na internet.
Felizbão disse que é a coisa mais fácil encontrar muita gente disposta a ajudar os novatos com postagens ou vídeos ensinando a trocar o óleo da moto:
Pô, Felizbão...
Kansas com 1 litro de óleo???
Falei para ele que eu tinha uma Kansas e que colocar só 1 litro de óleo e medindo do jeito certo não chegava nem no mínimo da vareta... o dono dessa moto já perdeu esse motor há muito tempo.
Ou então passou pra frente achando que deu azar, que é o que todo mundo faz...
Felizbão não se convenceu e continuou sua pesquisa, e me veio com essa postagem de um mecânico bastante experiente:
Trocar o óleo da moto e colocar apenas 900 ml de óleo, nem uma gota a mais, não colocar o litro todo, apenas 900 ml, enroscar a vareta e pronto, pé na tábua e boa viagem...
E ele enfatizou bastante os 900 ml...
— Pois é, Felizbão...
O cara é mecânico de motos, ganha a vida consertando motos, só faltou aproveitar para fazer propaganda da oficina dele, né?
Dizer algo como:
Quando sua moto tiver algum problema, me procure.
Hummm... 900 ml e nem uma gota a mais?
Tá serto, vai nessa que é suça...
Outras pessoas simplesmente arrotam na internet o que pensam que sabem, falam para fazer procedimentos em total desacordo com o manual do proprietário, e criticam quem fala para ler o manual... contradição total.
Ignorância ou má fé. Ou burrice mesmo.
O tal blogueiro tipo Teo Pereira é o escriba que vos tecla neste momento. Esse comentário patético foi postado em algum lugar do blog que nem me lembro mais.
A propósito, "arrotos errôneos" seria um bom nome para uma banda de rock.
Felizbão, Felizbão... você pelo menos conferiu o que diz a fabricante da moto?
Afinal as concessionárias autorizadas entendem — ou deviam entender — melhor do que ninguém da sua moto.
Lá eles seguem — ou deviam seguir — as instruções da fabricante e fazem tudo direitinho.
Pelo, menos, é o que se espera que façam.
Olha só o que o novo manual da CG 125 fala sobre a quantidade do óleo na página 59:
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Bom, essa informação é mais recente que a do mecânico experiente lá de cima.
E entre colocar 900 ml e 1 litro, se eu fosse você, colocaria 1 litro e verificaria o nível de óleo, como manda o fabricante.
Agora o curioso é que a fabricante fala para medir, mas não fala nada na mesma página sobre como medir o nível logo depois de trocar o óleo. Facilitava, né?
Felizbão não se conteve:
— Bah, não tem mistério, é só tirar a vareta, limpar e colocar de novo... todo mundo sabe disso.
Uma única vez eu medi assim logo depois de colocar 1 litro de óleo e o nível deu lá em cima, bateu certinho...
— Felizbão, algum dia você leu o manual?
— Não precisa, moto é tudo igual e todo mundo sempre colocou 1 litro de óleo. Todo mundo faz assim desde sempre.
— Tá bom, Felizbão... só que eu não sou assim. Eu leio o manual para ver se não tem alguma informação a mais, alguma pegadinha que ninguém notou até agora.
E olha lá a instrução, ele fala para você sair da página 59 e voltar duas páginas para ler a página 57.
Felizbão disparou:
— Orra meu, baita asneira... Conferir o nível do óleo para quê?
Se eu acabei de colocar 1 litro de óleo, como manda o manual?
1 litro é 1 litro, né?
Não pode colocar mais que 1 litro, então vou medir pra quê?
— Não, amigo Felizbão, você não leu a informação mais importante.
Ela está bem ali, tão discreta que você nem deu bola — porque está na página 57.
O que você encontra escrito lá na página 57?
Na página 57 você encontra uma grande ATENÇÃO falando sobre o consumo de óleo durante a utilização da motocicleta.
— Bah, minha moto é nova, não faz fumaça, não queima óleo, não tem nada a ver isso aí...
Acabei de trocar o óleo, nem liguei o motor, como é que vem falar em óleo consumido? Se liga, meu!
Perda de tempo, cara!
— Engano seu, Felizbão leitor feliz que só lê a primeira linha!
Não se afobe!
Se o manual mandou voltar e ler, faça o que o manual diz...
Leia tudo, apesar de a informação aparentemente ser contraditória — pode ter alguma coisa ali que você ainda não percebeu...
Lá também está escrito que para ver o nível do óleo não é só retirar e conferir a vareta — o vendedor mentiu para você.
Se o motor estiver frio, você tem que ligar o motor.
Aquele dia que você conferiu e o nível deu lá em cima, você não mediu do jeito certo como fala no manual...
A fabricante mandou ligar e desligar o motor, e colocar mais óleo que a quantidade recomendada até atingir o nível correto, então é isso que você tem que fazer — no seu interesse, não pule essa etapa.
E continue lendo, que o texto continua na página 58.
— Mais perda de tempo, meu!
A página 58 fala sobre colocar óleo se o nível estiver "abaixo ou perto da marca inferior".
Isso nunca que vai acontecer porque eu acabei de colocar a quantidade recomendada pelo fabricante, 1 litro de óleo, e o nível fica lá em cima, um dia eu conferi.
— Conferiu direito, Felizbão?
Tem certeza disso?
Você põe sua mão no fogo de que você está certo?
Olha lá, hein?
O mecânico lá de cima não inventou aqueles 900 ml, essa era a quantidade que a honda mandava colocar nas primeiras CGs... e aí?
Apesar de isso ser falado em outra seção e parecer ser um assunto totalmente diferente, o manual diz que se o nível estiver baixo, você precisará completar até o nível máximo da vareta, certo?
Se o manual mandou verificar, não custa verificar, né?
E se por acaso ele estiver baixo?
Ah, mas ali fala que só precisa ligar o motor se estiver frio, e quando eu troquei o óleo a moto tava quente, então não preciso ligar o motor pra conferir...
Errado, muito errado, meu caro desconhecedor de noções básicas de Mecânica.
Ao colocar o óleo ele fica todo lá embaixo no cárter e o nível parece lindão na vareta / visor.
Mas você precisa ligar o motor para encher a bomba de óleo, os dutos e o filtro de cartucho (caso das suzuki e várias motos de grande cilindrada) ou o filtro centrífugo (hondas, dafras, traxxes, shinerays, etc. de pequena cilindrada).
Só aí é que você vai ver o nível correto da maneira que a fabricante determinou — e não do jeito que te ensinaram. Errado.
A propósito, você lembra quem foi que te ensinou que para medir o nível era só tirar a vareta e medir igual se faz nos carros?
Porque todo mundo parece receber essa informação, e eu não consigo descobrir de onde ela vem...
Como é que ela se espalhou pra todo mundo, apesar de nos manuais de proprietário estar escrito coisa diferente?
Se você lembrar quem te falou isso, promete que me conta quem te passou essa informação errada? E de onde essa pessoa tirou isso?
Fico grato antecipadamente.
Mas voltando à vaca fria:
Uma coisa que você não sabe, e isso não é informado no manual, é que depois de ligar o motor o óleo vai abaixar bastante na vareta / visor... e é aí que mora o perigo. Poxa, por que não informam isso? Economia de tinta? Economia besta, só uma dúzia de palavras.
Então o Felizbão me disse:
Mas se o fabricante falou para colocar 1 litro e eu fiz o que ele mandou, coloquei a quantidade recomendada de 1 litro, é besteira conferir, não é?
1 litro é 1 litro...
Para ficar na segurança e não no achismo, só por via das dúvidas:
Experimente fazer a coisa exatamente como está escrito no manual logo de manhã cedo no dia seguinte que você trocou o óleo ou a moto voltou da revisão da concessionária... ou chegou zero km.
Se por acaso (por mero acaso) o nível estiver baixo, você já aproveita para fazer aquilo que está escrito no manual: complete até a marca superior.
Porque no manual está escrito que se o motor funcionar com pouco óleo ele será danificado.
O que não está escrito no manual é que um motor com pouco óleo pode travar ou perder a potência no meio da estrada, com grande chance de causar um acidente.
Taí uma Kansas que rodava só com 1 litro colocado na concessionária, viu só o que aconteceu lá no alto da serra de Ubatuba?
Motor fundido com apenas 7.623 quilômetros, ainda na garantia com óleo sempre trocado em concessionária...
Essa Kansas não era da nossa turma, nós a encontramos por acaso parada no acostamento bem na hora em que o motor fundiu.
Naquele feriadão as nossas Kansas com 1,4 litro de óleo foram de São Paulo até Trindade no Rio de Janeiro — e voltaram numa boa.
— O que acontece é o seguinte, Felizbão (disse eu):
Na hora da troca com o seu motor totalmente quente, você coloca o óleo e ele se dilata, fica alto na vareta medidora ou enche o visor de nível de óleo.
Mas as galerias, bomba e filtro (e até o radiador de óleo nas motos que usam) estão vazios.
Depois que você liga o motor, o nível abaixa e abaixa muito, e demora um tempão para voltar a subir.
Mas isso não é tudo:
Experimente medir o nível no dia seguinte pela manhã exatamente como o manual manda fazer — com o motor totalmente frio, e aquecendo no máximo por apenas 5 minutos como manda o manual (porque 5 minutos mal dá para aquecer o motor, o óleo não chega a se dilatar totalmente).
Se por um "acaso misterioso" você encontrar o nível lá embaixo, perto da marca de nível mínimo, ou até abaixo dela, não deixe de completar exatamente conforme orientado pelo seu manual de proprietário do seu modelo de moto.
Depois você volta aqui e diz o que você descobriu por si mesmo, e não porque eu falei.
Mas deixo uma dica:
Não espere o nível ficar abaixo ou perto do mínimo não... nem sei porque as fabricantes recomendam isso...
Elas mesmas falam que rodar com o óleo baixo prejudica o motor.
Aquela faixa que tem na vareta ou no visor de nível de óleo se chama faixa de segurança.
Rodar com o óleo no nível mínimo ou abaixo da faixa de segurança não traz nenhum benefício para o motor.
Se eu fabricasse motos, nunca que eu recomendaria para um cliente meu esperar o óleo chegar ao mínimo ou abaixo dele. Afinal, sou um cara honesto.
Recomendaria reabastecer de óleo assim que o nível chegasse na metade da faixa para não dar chance de o motor rodar com óleo baixo e esquentar demais.
Uma vez a minha moto, com o óleo no nível certo, foi obrigada a ficar uns 5 minutos ao lado de um caminhão com outro atrás colando o para-choque.
Eu não conseguia ultrapassar, nem sair da frente... o jeito era acelerar ao máximo porque o cara atrás estava rebitadão.
Assim que deu brecha, fui para o acostamento.
O motor estava tão quente que não dava mais para mudar as marchas, mais um pouco que ficássemos ali, o motor travava e nós tínhamos virado notícia: "motociclista perde controle e é atropelado".
Se o nosso motor quase travou com a quantidade certa de óleo, um motor com nível baixo certamente teria se travado.
E por isso que é tão importante manter o nível de óleo sempre lá na marca de nível superior.
Eu só gostaria que a honda* explicasse o motivo de o manual do proprietário não mandar SIMPLESMENTE LIGAR O MOTOR DEPOIS DE ABASTECER antes de conferir o nível de óleo.**
Se essa informação estivesse no manual, ninguém rodaria por aí com o óleo no mínimo e os motores durariam muito mais.
*Cito a honda por ser a autora do manual usado para explicar o procedimento confuso e incompleto, mas todos os outros fabricantes fazem coisa parecida.
** Esta postagem foi escrita ainda em Santa Catarina há uns 3 anos. Depois disso a honda atualizou os manuais e agora o procedimento diz exatamente aquilo que eu cobrava aqui.
A honda e demais fabricantes certamente sabem o que fazem, e devem ter seus motivos pra isso — quem sou eu para falar alguma coisa, né?
Sou apenas um consumidor motociclista que comprova as coisas na prática porque é o meu patrimônio e a minha vida que estão investidos nessas máquinas.
Agora, Felizbão, se depois de tudo que eu falei, você não ficar disposto a pelo menos conferir na sua moto o que eu estou dizendo, faça o seguinte:
NÃO FAÇA NADA!
Não se preocupe com isso, saia por aí despreocupado e dizendo que eu sou um imbecil que não conhece o manual do proprietário.
Que tenho total falta de conhecimento de motores (apesar de ser técnico em Mecânica Industrial com especialização em Manutenção de Máquinas).
E que invento coisas porque tenho a imaginação fértil...
E continue levando a moto lá no seu mecânico de confiança.
Afinal nível de óleo é uma coisa pessoal, cada um coloca quanto óleo quiser, continue fazendo como sempre fez porque acha que é o certo — apesar de o fabricante dizer o contrário... a moto não é minha mesmo!
Não sou eu quem vai estar em cima da sua moto se o motor fundir no alto da serra ou travar no meio de uma BR...
E quando sua moto tiver problema, não me procure.
Felizbão não se conteve:
— Ah, vai me dizer que você é louco de botar mais óleo do que o fabricante manda?
Sou sim, porque não sou burro.
O fabricante manda colocar mais óleo até atingir o nível correto.
E fiz e continuo fazendo muitos bons amigos graças a essa minha "loucura" de obedecer o manual do proprietário.
Amigos tão loucos quanto eu e que um dia resolveram sair de São Paulo e dar um pulinho nas três fronteiras com suas Kansas 150, todas com 1400 ml de óleo...
...apesar de o manual do fabricante mandar colocar apenas 1 litro (e o sac da empresa dizer que não pode colocar nem uma gota a mais do que 1,2 litro, que é a capacidade máxima declarada por eles).
A propósito, fomos e voltamosmetendo o pé na tábua enrolando o cabo e fizemos uma ótima viagem, e estamos rodando até hoje sem retificar o motor, ok?
E depois disso Jezebel ainda trouxe minha mudança para Floripa na garupa... me levou daqui até o Rio de Janeiro... me levou daqui a Ilhabela... Santo André e Campinas várias vezes... 83 mil km de bons serviços.*
*83 mil km na época que criei a postagem... agora em 2017 ela está na casa dos 100 mil km, e poderia estar com uns 110 mil km se nesse meio tempo eu não tivesse rodado 10 mil km cravados com a Edith, minha saudosa Fenix Gold...
— Ô, loco, meu!
Tua moto anda com 1 litro e 400 de óleo?
E não estourou retentor, não estourou junta, não deu vazamento?
— E por que iria estourar, por que iria vazar, Felizbão???
O motor das Kansas comporta todo esse óleo porque é maior que o motor das CG Titan e Fan.
Esse óleo extra é necessário para lubrificar o balanceiro, onde cabem uns 200 ml de óleo a mais do que nas CG.
Com 1400 ml ela roda com o nível de óleo correto conforme o manual, e não com excesso.
Motor com o nível de óleo certo funciona bem que é uma beleza.
Felizbão foi embora e, sinceramente, não me pareceu convencido.
Escutei ele murmurando alguma coisa que me pareceu que ele dizia que eu era um débil mental...
Felizbão, Felizbão...
Um dia ele vai descobrir na moto dele que não vale a pena deixar de ler o manual do proprietário.
Um abraço,
Jeff
Como sempre faço, tento alertar o maior número de pessoas para que não tomem prejuízo e não corram riscos.
Perguntei para o sujeito se eu já tinha falado sobre o nível de óleo da moto, e ele disse que já.
Fiquei contente e perguntei se tinha feito diferença...
Ele fez aquela clássica torcida de boca acompanhada daquele gestinho de desprezo com a mão, como quem empurra no ar uma coisa sem importância, e juro que vi um balãozinho em cima da cabeça dele dizendo isso é besteira.
A resposta dele foi:
— Nem olhei, eu levo a moto na oficina e deixo na mão do mecânico.
Felizbão fez um jóinha de aprovação e soltou um sorridente "é isso aí!"

Depois que o tal sujeito foi embora, Felizbão quis provar que eu estava errado e começou uma pesquisa na internet.
Felizbão disse que é a coisa mais fácil encontrar muita gente disposta a ajudar os novatos com postagens ou vídeos ensinando a trocar o óleo da moto:
Pô, Felizbão...
Kansas com 1 litro de óleo???
Falei para ele que eu tinha uma Kansas e que colocar só 1 litro de óleo e medindo do jeito certo não chegava nem no mínimo da vareta... o dono dessa moto já perdeu esse motor há muito tempo.
Ou então passou pra frente achando que deu azar, que é o que todo mundo faz...
Felizbão não se convenceu e continuou sua pesquisa, e me veio com essa postagem de um mecânico bastante experiente:
Trocar o óleo da moto e colocar apenas 900 ml de óleo, nem uma gota a mais, não colocar o litro todo, apenas 900 ml, enroscar a vareta e pronto, pé na tábua e boa viagem...
E ele enfatizou bastante os 900 ml...
— Pois é, Felizbão...
O cara é mecânico de motos, ganha a vida consertando motos, só faltou aproveitar para fazer propaganda da oficina dele, né?
Dizer algo como:
Quando sua moto tiver algum problema, me procure.
Tá serto, vai nessa que é suça...
Outras pessoas simplesmente arrotam na internet o que pensam que sabem, falam para fazer procedimentos em total desacordo com o manual do proprietário, e criticam quem fala para ler o manual... contradição total.
Ignorância ou má fé. Ou burrice mesmo.
A propósito, "arrotos errôneos" seria um bom nome para uma banda de rock.
Felizbão, Felizbão... você pelo menos conferiu o que diz a fabricante da moto?
Afinal as concessionárias autorizadas entendem — ou deviam entender — melhor do que ninguém da sua moto.
Lá eles seguem — ou deviam seguir — as instruções da fabricante e fazem tudo direitinho.
Pelo, menos, é o que se espera que façam.
Olha só o que o novo manual da CG 125 fala sobre a quantidade do óleo na página 59:

Bom, essa informação é mais recente que a do mecânico experiente lá de cima.
E entre colocar 900 ml e 1 litro, se eu fosse você, colocaria 1 litro e verificaria o nível de óleo, como manda o fabricante.
Agora o curioso é que a fabricante fala para medir, mas não fala nada na mesma página sobre como medir o nível logo depois de trocar o óleo. Facilitava, né?
Felizbão não se conteve:
— Bah, não tem mistério, é só tirar a vareta, limpar e colocar de novo... todo mundo sabe disso.
Uma única vez eu medi assim logo depois de colocar 1 litro de óleo e o nível deu lá em cima, bateu certinho...
— Felizbão, algum dia você leu o manual?
— Não precisa, moto é tudo igual e todo mundo sempre colocou 1 litro de óleo. Todo mundo faz assim desde sempre.
— Tá bom, Felizbão... só que eu não sou assim. Eu leio o manual para ver se não tem alguma informação a mais, alguma pegadinha que ninguém notou até agora.
E olha lá a instrução, ele fala para você sair da página 59 e voltar duas páginas para ler a página 57.
Felizbão disparou:
— Orra meu, baita asneira... Conferir o nível do óleo para quê?
Se eu acabei de colocar 1 litro de óleo, como manda o manual?
1 litro é 1 litro, né?
Não pode colocar mais que 1 litro, então vou medir pra quê?
— Não, amigo Felizbão, você não leu a informação mais importante.
Ela está bem ali, tão discreta que você nem deu bola — porque está na página 57.
O que você encontra escrito lá na página 57?
Na página 57 você encontra uma grande ATENÇÃO falando sobre o consumo de óleo durante a utilização da motocicleta.
— Bah, minha moto é nova, não faz fumaça, não queima óleo, não tem nada a ver isso aí...
Acabei de trocar o óleo, nem liguei o motor, como é que vem falar em óleo consumido? Se liga, meu!
Perda de tempo, cara!
— Engano seu, Felizbão leitor feliz que só lê a primeira linha!
Não se afobe!
Se o manual mandou voltar e ler, faça o que o manual diz...
Leia tudo, apesar de a informação aparentemente ser contraditória — pode ter alguma coisa ali que você ainda não percebeu...
Lá também está escrito que para ver o nível do óleo não é só retirar e conferir a vareta — o vendedor mentiu para você.
Se o motor estiver frio, você tem que ligar o motor.
Aquele dia que você conferiu e o nível deu lá em cima, você não mediu do jeito certo como fala no manual...
A fabricante mandou ligar e desligar o motor, e colocar mais óleo que a quantidade recomendada até atingir o nível correto, então é isso que você tem que fazer — no seu interesse, não pule essa etapa.
E continue lendo, que o texto continua na página 58.
— Mais perda de tempo, meu!
A página 58 fala sobre colocar óleo se o nível estiver "abaixo ou perto da marca inferior".
Isso nunca que vai acontecer porque eu acabei de colocar a quantidade recomendada pelo fabricante, 1 litro de óleo, e o nível fica lá em cima, um dia eu conferi.
— Conferiu direito, Felizbão?
Tem certeza disso?
Você põe sua mão no fogo de que você está certo?
Olha lá, hein?
O mecânico lá de cima não inventou aqueles 900 ml, essa era a quantidade que a honda mandava colocar nas primeiras CGs... e aí?
Apesar de isso ser falado em outra seção e parecer ser um assunto totalmente diferente, o manual diz que se o nível estiver baixo, você precisará completar até o nível máximo da vareta, certo?
Se o manual mandou verificar, não custa verificar, né?
E se por acaso ele estiver baixo?
Ah, mas ali fala que só precisa ligar o motor se estiver frio, e quando eu troquei o óleo a moto tava quente, então não preciso ligar o motor pra conferir...
Errado, muito errado, meu caro desconhecedor de noções básicas de Mecânica.
Ao colocar o óleo ele fica todo lá embaixo no cárter e o nível parece lindão na vareta / visor.
Mas você precisa ligar o motor para encher a bomba de óleo, os dutos e o filtro de cartucho (caso das suzuki e várias motos de grande cilindrada) ou o filtro centrífugo (hondas, dafras, traxxes, shinerays, etc. de pequena cilindrada).
Só aí é que você vai ver o nível correto da maneira que a fabricante determinou — e não do jeito que te ensinaram. Errado.
A propósito, você lembra quem foi que te ensinou que para medir o nível era só tirar a vareta e medir igual se faz nos carros?
Porque todo mundo parece receber essa informação, e eu não consigo descobrir de onde ela vem...
Como é que ela se espalhou pra todo mundo, apesar de nos manuais de proprietário estar escrito coisa diferente?
Se você lembrar quem te falou isso, promete que me conta quem te passou essa informação errada? E de onde essa pessoa tirou isso?
Fico grato antecipadamente.
Mas voltando à vaca fria:
Uma coisa que você não sabe, e isso não é informado no manual, é que depois de ligar o motor o óleo vai abaixar bastante na vareta / visor... e é aí que mora o perigo. Poxa, por que não informam isso? Economia de tinta? Economia besta, só uma dúzia de palavras.
Então o Felizbão me disse:
Mas se o fabricante falou para colocar 1 litro e eu fiz o que ele mandou, coloquei a quantidade recomendada de 1 litro, é besteira conferir, não é?
1 litro é 1 litro...
Para ficar na segurança e não no achismo, só por via das dúvidas:
Experimente fazer a coisa exatamente como está escrito no manual logo de manhã cedo no dia seguinte que você trocou o óleo ou a moto voltou da revisão da concessionária... ou chegou zero km.
Se por acaso (por mero acaso) o nível estiver baixo, você já aproveita para fazer aquilo que está escrito no manual: complete até a marca superior.
Porque no manual está escrito que se o motor funcionar com pouco óleo ele será danificado.
O que não está escrito no manual é que um motor com pouco óleo pode travar ou perder a potência no meio da estrada, com grande chance de causar um acidente.
Taí uma Kansas que rodava só com 1 litro colocado na concessionária, viu só o que aconteceu lá no alto da serra de Ubatuba?
Motor fundido com apenas 7.623 quilômetros, ainda na garantia com óleo sempre trocado em concessionária...
Essa Kansas não era da nossa turma, nós a encontramos por acaso parada no acostamento bem na hora em que o motor fundiu.
Naquele feriadão as nossas Kansas com 1,4 litro de óleo foram de São Paulo até Trindade no Rio de Janeiro — e voltaram numa boa.
— O que acontece é o seguinte, Felizbão (disse eu):
Na hora da troca com o seu motor totalmente quente, você coloca o óleo e ele se dilata, fica alto na vareta medidora ou enche o visor de nível de óleo.
Mas as galerias, bomba e filtro (e até o radiador de óleo nas motos que usam) estão vazios.
Depois que você liga o motor, o nível abaixa e abaixa muito, e demora um tempão para voltar a subir.
Mas isso não é tudo:
Experimente medir o nível no dia seguinte pela manhã exatamente como o manual manda fazer — com o motor totalmente frio, e aquecendo no máximo por apenas 5 minutos como manda o manual (porque 5 minutos mal dá para aquecer o motor, o óleo não chega a se dilatar totalmente).
Se por um "acaso misterioso" você encontrar o nível lá embaixo, perto da marca de nível mínimo, ou até abaixo dela, não deixe de completar exatamente conforme orientado pelo seu manual de proprietário do seu modelo de moto.
Depois você volta aqui e diz o que você descobriu por si mesmo, e não porque eu falei.
Mas deixo uma dica:
Não espere o nível ficar abaixo ou perto do mínimo não... nem sei porque as fabricantes recomendam isso...
Elas mesmas falam que rodar com o óleo baixo prejudica o motor.
Aquela faixa que tem na vareta ou no visor de nível de óleo se chama faixa de segurança.
Rodar com o óleo no nível mínimo ou abaixo da faixa de segurança não traz nenhum benefício para o motor.
Se eu fabricasse motos, nunca que eu recomendaria para um cliente meu esperar o óleo chegar ao mínimo ou abaixo dele. Afinal, sou um cara honesto.
Recomendaria reabastecer de óleo assim que o nível chegasse na metade da faixa para não dar chance de o motor rodar com óleo baixo e esquentar demais.
Uma vez a minha moto, com o óleo no nível certo, foi obrigada a ficar uns 5 minutos ao lado de um caminhão com outro atrás colando o para-choque.
Eu não conseguia ultrapassar, nem sair da frente... o jeito era acelerar ao máximo porque o cara atrás estava rebitadão.
Assim que deu brecha, fui para o acostamento.
O motor estava tão quente que não dava mais para mudar as marchas, mais um pouco que ficássemos ali, o motor travava e nós tínhamos virado notícia: "motociclista perde controle e é atropelado".
Se o nosso motor quase travou com a quantidade certa de óleo, um motor com nível baixo certamente teria se travado.
E por isso que é tão importante manter o nível de óleo sempre lá na marca de nível superior.
Eu só gostaria que a honda* explicasse o motivo de o manual do proprietário não mandar SIMPLESMENTE LIGAR O MOTOR DEPOIS DE ABASTECER antes de conferir o nível de óleo.**
Se essa informação estivesse no manual, ninguém rodaria por aí com o óleo no mínimo e os motores durariam muito mais.
*Cito a honda por ser a autora do manual usado para explicar o procedimento confuso e incompleto, mas todos os outros fabricantes fazem coisa parecida.
** Esta postagem foi escrita ainda em Santa Catarina há uns 3 anos. Depois disso a honda atualizou os manuais e agora o procedimento diz exatamente aquilo que eu cobrava aqui.
A honda e demais fabricantes certamente sabem o que fazem, e devem ter seus motivos pra isso — quem sou eu para falar alguma coisa, né?
Sou apenas um consumidor motociclista que comprova as coisas na prática porque é o meu patrimônio e a minha vida que estão investidos nessas máquinas.
Agora, Felizbão, se depois de tudo que eu falei, você não ficar disposto a pelo menos conferir na sua moto o que eu estou dizendo, faça o seguinte:
NÃO FAÇA NADA!
Não se preocupe com isso, saia por aí despreocupado e dizendo que eu sou um imbecil que não conhece o manual do proprietário.
Que tenho total falta de conhecimento de motores (apesar de ser técnico em Mecânica Industrial com especialização em Manutenção de Máquinas).
E que invento coisas porque tenho a imaginação fértil...
E continue levando a moto lá no seu mecânico de confiança.
Afinal nível de óleo é uma coisa pessoal, cada um coloca quanto óleo quiser, continue fazendo como sempre fez porque acha que é o certo — apesar de o fabricante dizer o contrário... a moto não é minha mesmo!
Não sou eu quem vai estar em cima da sua moto se o motor fundir no alto da serra ou travar no meio de uma BR...

Felizbão não se conteve:
— Ah, vai me dizer que você é louco de botar mais óleo do que o fabricante manda?
Sou sim, porque não sou burro.
O fabricante manda colocar mais óleo até atingir o nível correto.
E fiz e continuo fazendo muitos bons amigos graças a essa minha "loucura" de obedecer o manual do proprietário.
Amigos tão loucos quanto eu e que um dia resolveram sair de São Paulo e dar um pulinho nas três fronteiras com suas Kansas 150, todas com 1400 ml de óleo...
...apesar de o manual do fabricante mandar colocar apenas 1 litro (e o sac da empresa dizer que não pode colocar nem uma gota a mais do que 1,2 litro, que é a capacidade máxima declarada por eles).
A propósito, fomos e voltamos
E depois disso Jezebel ainda trouxe minha mudança para Floripa na garupa... me levou daqui até o Rio de Janeiro... me levou daqui a Ilhabela... Santo André e Campinas várias vezes... 83 mil km de bons serviços.*
*83 mil km na época que criei a postagem... agora em 2017 ela está na casa dos 100 mil km, e poderia estar com uns 110 mil km se nesse meio tempo eu não tivesse rodado 10 mil km cravados com a Edith, minha saudosa Fenix Gold...
— Ô, loco, meu!
Tua moto anda com 1 litro e 400 de óleo?
E não estourou retentor, não estourou junta, não deu vazamento?
— E por que iria estourar, por que iria vazar, Felizbão???
O motor das Kansas comporta todo esse óleo porque é maior que o motor das CG Titan e Fan.
Com 1400 ml ela roda com o nível de óleo correto conforme o manual, e não com excesso.
Motor com o nível de óleo certo funciona bem que é uma beleza.
Felizbão foi embora e, sinceramente, não me pareceu convencido.
Escutei ele murmurando alguma coisa que me pareceu que ele dizia que eu era um débil mental...
Felizbão, Felizbão...
Um dia ele vai descobrir na moto dele que não vale a pena deixar de ler o manual do proprietário.
Um abraço,
Jeff
quinta-feira, 18 de maio de 2017
Fabricantes respeitáveis e suas tabelas de óleo risíveis
Dá só uma olhada na tabela de viscosidades em função da temperatura deste manual de proprietário de um carro qualquer da volvo:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=wyF3o3c1uug aos 03:24
É interessante notar que esse vídeo foi feito por um proprietário interessado no assunto.
E apesar de escolher a melhor opção para a região dele, ele não percebe a incoerência da tabela — como acontece com a imensa maioria de proprietários.
Vamos lá:
Pela seta cor de rosa, dá para notar que o óleo preferencial deles era o SAE 10W-30, né?
E em destaque está a frase:
"O uso de óleo de viscosidade incorreta pode encurtar a vida [útil] do motor."
Sinal que a viscosidade correta é importante, certo?
ENTÃO, o que justifica a volvo fornecer uma tabela ERRADA?

Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=wyF3o3c1uug aos 03:24
Você viu naquele vídeo russo, óleos de mesma viscosidade SAE têm o mesmo comportamento e, portanto, são recomendados para a mesma faixa de temperatura.
Você percebeu os erros da tabela?
A volvo está dizendo que um óleo 5W-30 pode trabalhar somente se a temperatura máxima local for de 15 a no máximo 20 graus Celsius...
... mas o óleo 10W-30 recomendado por eles pode trabalhar com temperatura local de 35 até 40°C...
Ora, dois óleos de mesma classificação de viscosidade SAE xxW-30 deveriam possuir o mesmo limite — caso contrário, não estariam na mesma classificação. Simples assim.
O número antes do W indica o comportamento do óleo em uma temperatura de frio extremo, enquanto o número sem o W indica a viscosidade medida a 100°C.
Dois óleos de viscosidade a quente SAE 30, independente de suas características a frio, têm obrigatoriamente o mesmo limite de trabalho em função da temperatura ambiente.
E o mesmo erro curioso acontece com as faixas recomendadas para os óleos 5W-40 e 15W-40.
O limite inferior das faixas de temperatura é coerente, o 5W atinge temperaturas mais baixas ainda líquido, enquanto o 15W não deverá ser usado abaixo de –10 a –15°C.
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=V5a4kP-5Jiw exibido na postagem http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/05/para-entender-de-vez-esse-negocio-de.html
A imagem acima mostra óleos em temperatura inferiores a –30 °C, onde o ideal seria usar o óleo 0W-30 da figura ou 0W-20 recomendado pela honda automóveis, toyota, gm e outras montadoras aqui no Brasil.
Mas nada justifica que a viscosidade SAE 40 desses óleos atinja limites máximos de temperatura ambiente diferentes...
É absurdo que tanto o óleo 10W-30 e o óleo 0W-40 tenham limite de temperatura igual, ambos de 40°C.
É absurdo que o óleo 15W-40 apresente um limite indefinido e superior ao seu equivalente 0W-40.
É inadmissível que a tabela não ofereça a possibilidade de uso de óleo 5W-50, 15W-50 ou 20W-50 para regiões de alta temperatura como se esses óleos não existissem.
Tudo nessa tabela puxa a brasa para a sardinha do óleo 10W-30 recomendado pela fabricante volvo.
Ora, a função dessa tabela é ajudar a escolher um óleo que se comportará melhor dentro do seu motor em função da temperatura ambiente local.
E isso é importante "para não encurtar a vida [útil] do motor".
Ao oferecer uma tabela errada induzindo os proprietários a usar preferencialmente o óleo 10W-30, em uma faixa de temperaturas que a gente sabe de cor e salteado que não é recomendável para esse óleo, o que a volvo está fazendo?
É a volvo fornecendo a prova contra ela mesma.
E o mais legal é que depois da postagem pronta,encontrei esta discussão em fórum na internet a respeito da viscosidade recomendada mutante da volvo de 2004 a 2007.
Aproveitei e incluí a de 1997, que é a do vídeo acima:
Imagem: Fórum http://forums.swedespeed.com/showthread.php?225822-Volvo-Recomended-Oil-Viscosity-in-Owner%92s-Manual-by-Year
Não apenas existe incoerência entre óleos de mesma viscosidade serem recomendados para limites de temperatura diferentes.
SAE xxW-30 com limites diferentes de temperatura máxima...
SAE 5W-xx com limites diferentes de temperatura mínima...
SAE 5W-30 que vale para 20, 30 e 40°C...
Qual o critério para o óleo 5W-30 ser o recomendado preferencial em 2007, se a faixa de temperaturas que ele atende é inferior à de outros óleos nos extremos de temperatura?
Esses limites mudam para mais e para menos — quando as leis físicas que regem o Universo são constantes.
Para variar, até onde vi não apareceu ninguém para explicar isso, simplesmente porque não tem explicação.
Inexplicável é depois de todos esses anos com tanto cuidado (bom, mais ou menos, né...) elaborando tabelas de viscosidades em função da temperatura ambiente, isso ter sido jogado fora.
O manual dos volvo 2016 diz o seguinte:
Manual do proprietário: http://volvo.custhelp.com/app/manuals/ownersmanualinfo/year/2016/model/S60
Mas ohhhh...
Em 2016 acabou essa complicação, você só usa óleo 0W-30 ou 5W-30 para TODAS as temperaturas, na Sibéria ou no Saara...
"Óleo de viscosidade incorreta pode encurtar a vida [útil] do motor sob uso normal. SAE 5W-30 fornecerá boa economia de combustível e proteção do motor. Veja a tabela de viscosidades."
Segundo a volvo, o óleo SAE 0W-30 é recomendado para "condições de condução extremas".
Mas ATENÇÃO:
Somente para os motores volvo de 4 cilindros usados em condições extremas, o óleo certo é o 0W-20, que nunca deverá ser usado em motores de 5 e 6 cilindros.
Agora eu te pergunto:
O que são "condições de condução extremas"?
Eu entendo que seja pilotagem esportiva, altas acelerações, altas cargas, viajar sempre lotado com família, sogra, malas e bagagens.
Ou seriam condições extremas de temperatura?
Extremas de calor ou de frio? Afinal a volvo é sueca, fica ali do lado de Arendelle.
Se for de calor, qual a diferença entre dois óleos xxW-30?
Se for de frio, a recomendação não fará sentido, porque o 0W-30 atinge temperaturas menores.
Então qual é a lógica de recomendar um óleo ainda menos viscoso tanto a frio quanto a quente como o 0W-20 para condições extremas de condução para os motores de 4 cilindros?
Você proprietário de volvo, que resolva o enigma, mas cuidado:
Se escolher a opção incorreta, o reparo não será coberto pela garantia porque você que foi burro e idiota de interpretar errado as instruções claramente confusas.
E sobre essa questão de usar um óleo de viscosidade mínima para "condições de condução extremas" — releia esta postagem depois da postagem de amanhã... você a verá com novos olhos.
Uma tabela mais próxima da realidade seria esta aqui, engenheiros dahonda volvo:
Montagem sobre imagem extraída do vídeo https://www.youtube.com/watch?v=wyF3o3c1uug aos 03:24
Introduzi também a viscosidade 20W-50 para o caso de alguém aqui no Brasil querer importar um de seus carros, e 0W-20 para o caso de alguém querer comprar lá no Canadá. De nada.
Viu, volvo?
É assim que se faz.
Bom, poderia ter sido feita com mais capricho, mas fiz questão de manter a tabela bem mal feita mesmo.
Afinal, eu não trabalho nessa indústria e nem tenho obrigação de fazer uma tabela perfeita — vocês têm.
Longe de mim querer ensinar alguma coisa aos engenheiros da volvo ou da ford (que na época desse carro ainda era proprietária da sueca volvo) ou da geely (a nova dona chinesa), todas grandes fabricantes de automóveis que sabem muito bem o que fazem.
Só quero dar uma ajudinha porque você sabe, enganos acontecem — ainda mais na hora de indicar um produto vital para a longa vida útil de nossos motores.
Não é impressionante que isso aconteça?
Tanto cuidado para fabricar o carro ou a moto, e tantos deslizes de tantos fabricantes na hora de recomendar/orientar sobre o óleo e/ou supervisionar o trabalho de suas concessionárias quanto ao nível de óleo...
Opa, esqueci de dizer... tem outra postagem a caminho falando sobre essa história do nível de óleo em carros...tsk, tsk... quantas coincidências infelizes... para nós.
Por favor, fabricantes...
Sejam menos descuidados na hora de elaborar uma tabela importante como essa...
Porque como vocês mesmos disseram, "o uso de óleo de viscosidade incorreta pode encurtar a vida [útil] do motor."
Um abraço, mas só aos leitores,
Jefferson
Explicação sobre a tabela de viscosidades
Os óleos para motores precisam atender a duas condições básicas:
1) A temperatura mínima em que trabalharão, para que estejam líquidos em condições de frio extremo e não impeçam a partida.
2) A viscosidade que ainda terão na alta temperatura de trabalho dentro do motor.
O resto não importa.
Mas como não seria prático você ficar testando o óleo em uma frigideira, e isso não daria a menor ideia do comportamento do óleo dentro do motor, os engenheiros elaboram essa tabela.
A ideia é facilitar a questão da escolha da viscosidade do óleo em função da temperatura ambiente do local onde o motor será usado.
A temperatura ambiente favorece ou dificulta o esfriamento do motor.
Em nosso país, condições de alta temperatura são mais prevalentes do que as de baixa temperatura, e mesmo nossos dias mais frios estão muito acima do limite de preocupações.
Se a temperatura ambiente já é quente, o óleo — e seu motor — trabalharão em condição pior do que se estivessem em um país de clima ameno.
Então você precisa selecionar um óleo suficientemente viscoso ("grosso") para que ele ainda tenha uma viscosidade suficiente na alta temperatura de trabalho.
A tabela permite a você ter uma ideia de como o óleo se comportará e protegerá seu motor na hora em que a coisa fica realmente feia.
Foi isso, por exemplo, que os engenheiros da honda esqueceram de levar em conta quando fecharam o acordo comercial para vender óleo 10W-30 no Brasil.
Engraçado é que em outros países do mundo eles não se esqueceram...
Curioso como esses engenheiros dessas grandes empresas vivem cometendo esses erros bobos.
Não é mesmo?
Outro abraço,
Eu de novo
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=wyF3o3c1uug aos 03:24
É interessante notar que esse vídeo foi feito por um proprietário interessado no assunto.
E apesar de escolher a melhor opção para a região dele, ele não percebe a incoerência da tabela — como acontece com a imensa maioria de proprietários.
Vamos lá:
Pela seta cor de rosa, dá para notar que o óleo preferencial deles era o SAE 10W-30, né?
E em destaque está a frase:
"O uso de óleo de viscosidade incorreta pode encurtar a vida [útil] do motor."
Sinal que a viscosidade correta é importante, certo?
ENTÃO, o que justifica a volvo fornecer uma tabela ERRADA?

Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=wyF3o3c1uug aos 03:24
Você percebeu os erros da tabela?
A volvo está dizendo que um óleo 5W-30 pode trabalhar somente se a temperatura máxima local for de 15 a no máximo 20 graus Celsius...
... mas o óleo 10W-30 recomendado por eles pode trabalhar com temperatura local de 35 até 40°C...
Ora, dois óleos de mesma classificação de viscosidade SAE xxW-30 deveriam possuir o mesmo limite — caso contrário, não estariam na mesma classificação. Simples assim.
O número antes do W indica o comportamento do óleo em uma temperatura de frio extremo, enquanto o número sem o W indica a viscosidade medida a 100°C.
Dois óleos de viscosidade a quente SAE 30, independente de suas características a frio, têm obrigatoriamente o mesmo limite de trabalho em função da temperatura ambiente.
E o mesmo erro curioso acontece com as faixas recomendadas para os óleos 5W-40 e 15W-40.
O limite inferior das faixas de temperatura é coerente, o 5W atinge temperaturas mais baixas ainda líquido, enquanto o 15W não deverá ser usado abaixo de –10 a –15°C.
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=V5a4kP-5Jiw exibido na postagem http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/05/para-entender-de-vez-esse-negocio-de.html
A imagem acima mostra óleos em temperatura inferiores a –30 °C, onde o ideal seria usar o óleo 0W-30 da figura ou 0W-20 recomendado pela honda automóveis, toyota, gm e outras montadoras aqui no Brasil.
Mas nada justifica que a viscosidade SAE 40 desses óleos atinja limites máximos de temperatura ambiente diferentes...
É absurdo que tanto o óleo 10W-30 e o óleo 0W-40 tenham limite de temperatura igual, ambos de 40°C.
É absurdo que o óleo 15W-40 apresente um limite indefinido e superior ao seu equivalente 0W-40.
É inadmissível que a tabela não ofereça a possibilidade de uso de óleo 5W-50, 15W-50 ou 20W-50 para regiões de alta temperatura como se esses óleos não existissem.
Tudo nessa tabela puxa a brasa para a sardinha do óleo 10W-30 recomendado pela fabricante volvo.
Ora, a função dessa tabela é ajudar a escolher um óleo que se comportará melhor dentro do seu motor em função da temperatura ambiente local.
E isso é importante "para não encurtar a vida [útil] do motor".
Ao oferecer uma tabela errada induzindo os proprietários a usar preferencialmente o óleo 10W-30, em uma faixa de temperaturas que a gente sabe de cor e salteado que não é recomendável para esse óleo, o que a volvo está fazendo?
É a volvo fornecendo a prova contra ela mesma.
E o mais legal é que depois da postagem pronta,encontrei esta discussão em fórum na internet a respeito da viscosidade recomendada mutante da volvo de 2004 a 2007.
Aproveitei e incluí a de 1997, que é a do vídeo acima:
Imagem: Fórum http://forums.swedespeed.com/showthread.php?225822-Volvo-Recomended-Oil-Viscosity-in-Owner%92s-Manual-by-Year
Não apenas existe incoerência entre óleos de mesma viscosidade serem recomendados para limites de temperatura diferentes.
SAE xxW-30 com limites diferentes de temperatura máxima...
SAE 5W-xx com limites diferentes de temperatura mínima...
SAE 5W-30 que vale para 20, 30 e 40°C...
Qual o critério para o óleo 5W-30 ser o recomendado preferencial em 2007, se a faixa de temperaturas que ele atende é inferior à de outros óleos nos extremos de temperatura?
Esses limites mudam para mais e para menos — quando as leis físicas que regem o Universo são constantes.
Para variar, até onde vi não apareceu ninguém para explicar isso, simplesmente porque não tem explicação.
Inexplicável é depois de todos esses anos com tanto cuidado (bom, mais ou menos, né...) elaborando tabelas de viscosidades em função da temperatura ambiente, isso ter sido jogado fora.
O manual dos volvo 2016 diz o seguinte:
Manual do proprietário: http://volvo.custhelp.com/app/manuals/ownersmanualinfo/year/2016/model/S60
Mas ohhhh...
Em 2016 acabou essa complicação, você só usa óleo 0W-30 ou 5W-30 para TODAS as temperaturas, na Sibéria ou no Saara...
"Óleo de viscosidade incorreta pode encurtar a vida [útil] do motor sob uso normal. SAE 5W-30 fornecerá boa economia de combustível e proteção do motor. Veja a tabela de viscosidades."
Segundo a volvo, o óleo SAE 0W-30 é recomendado para "condições de condução extremas".
Mas ATENÇÃO:
Somente para os motores volvo de 4 cilindros usados em condições extremas, o óleo certo é o 0W-20, que nunca deverá ser usado em motores de 5 e 6 cilindros.
Agora eu te pergunto:
O que são "condições de condução extremas"?
Eu entendo que seja pilotagem esportiva, altas acelerações, altas cargas, viajar sempre lotado com família, sogra, malas e bagagens.
Ou seriam condições extremas de temperatura?
Extremas de calor ou de frio? Afinal a volvo é sueca, fica ali do lado de Arendelle.
Se for de calor, qual a diferença entre dois óleos xxW-30?
Se for de frio, a recomendação não fará sentido, porque o 0W-30 atinge temperaturas menores.
Então qual é a lógica de recomendar um óleo ainda menos viscoso tanto a frio quanto a quente como o 0W-20 para condições extremas de condução para os motores de 4 cilindros?
Você proprietário de volvo, que resolva o enigma, mas cuidado:
Se escolher a opção incorreta, o reparo não será coberto pela garantia porque você que foi burro e idiota de interpretar errado as instruções claramente confusas.
E sobre essa questão de usar um óleo de viscosidade mínima para "condições de condução extremas" — releia esta postagem depois da postagem de amanhã... você a verá com novos olhos.
Uma tabela mais próxima da realidade seria esta aqui, engenheiros da
Montagem sobre imagem extraída do vídeo https://www.youtube.com/watch?v=wyF3o3c1uug aos 03:24
Introduzi também a viscosidade 20W-50 para o caso de alguém aqui no Brasil querer importar um de seus carros, e 0W-20 para o caso de alguém querer comprar lá no Canadá. De nada.
Viu, volvo?
Bom, poderia ter sido feita com mais capricho, mas fiz questão de manter a tabela bem mal feita mesmo.
Afinal, eu não trabalho nessa indústria e nem tenho obrigação de fazer uma tabela perfeita — vocês têm.
Longe de mim querer ensinar alguma coisa aos engenheiros da volvo ou da ford (que na época desse carro ainda era proprietária da sueca volvo) ou da geely (a nova dona chinesa), todas grandes fabricantes de automóveis que sabem muito bem o que fazem.
Só quero dar uma ajudinha porque você sabe, enganos acontecem — ainda mais na hora de indicar um produto vital para a longa vida útil de nossos motores.
Não é impressionante que isso aconteça?
Tanto cuidado para fabricar o carro ou a moto, e tantos deslizes de tantos fabricantes na hora de recomendar/orientar sobre o óleo e/ou supervisionar o trabalho de suas concessionárias quanto ao nível de óleo...
Opa, esqueci de dizer... tem outra postagem a caminho falando sobre essa história do nível de óleo em carros...tsk, tsk... quantas coincidências infelizes... para nós.
Por favor, fabricantes...
Sejam menos descuidados na hora de elaborar uma tabela importante como essa...
Porque como vocês mesmos disseram, "o uso de óleo de viscosidade incorreta pode encurtar a vida [útil] do motor."
Um abraço, mas só aos leitores,
Jefferson
ADENDO para quem está chegando agora na conversa:
Explicação sobre a tabela de viscosidades
Os óleos para motores precisam atender a duas condições básicas:
1) A temperatura mínima em que trabalharão, para que estejam líquidos em condições de frio extremo e não impeçam a partida.
2) A viscosidade que ainda terão na alta temperatura de trabalho dentro do motor.
O resto não importa.
Mas como não seria prático você ficar testando o óleo em uma frigideira, e isso não daria a menor ideia do comportamento do óleo dentro do motor, os engenheiros elaboram essa tabela.
A ideia é facilitar a questão da escolha da viscosidade do óleo em função da temperatura ambiente do local onde o motor será usado.
A temperatura ambiente favorece ou dificulta o esfriamento do motor.
Em nosso país, condições de alta temperatura são mais prevalentes do que as de baixa temperatura, e mesmo nossos dias mais frios estão muito acima do limite de preocupações.
Se a temperatura ambiente já é quente, o óleo — e seu motor — trabalharão em condição pior do que se estivessem em um país de clima ameno.
Então você precisa selecionar um óleo suficientemente viscoso ("grosso") para que ele ainda tenha uma viscosidade suficiente na alta temperatura de trabalho.
A tabela permite a você ter uma ideia de como o óleo se comportará e protegerá seu motor na hora em que a coisa fica realmente feia.
Foi isso, por exemplo, que os engenheiros da honda esqueceram de levar em conta quando fecharam o acordo comercial para vender óleo 10W-30 no Brasil.
Engraçado é que em outros países do mundo eles não se esqueceram...
Curioso como esses engenheiros dessas grandes empresas vivem cometendo esses erros bobos.
Não é mesmo?
Outro abraço,
Eu de novo
quarta-feira, 17 de maio de 2017
Parte 3 - O tiro no pé de de distorcer o que é dito aqui no blog com bons argumentos... contra eles mesmos
E finalmente, a última postagem sobre essa crítica — a menos que algum leitor queira mais informações ou tenha críticas.
Porque você sabe, EU não me furto às críticas...
Faço questão de responder e deixar as coisas muito claras, Tintin por Tintin.
Imagem: https://terrademordor.wordpress.com/2014/01/19/voce-sabia-tintin-12/
Para tentar dar peso de autoridade para sua crítica, o autor transcreveu textos de sites consagrados de gente que realmente entende do assunto.
Para variar, voltando a falar apenas de óleos xxW-30 e desconsiderando totalmente o óleo 0W-20 determinado pela HONDA:
Fórum: https://www.htforum.com/forum/threads/o-persistente-mito-do-oleo-fino-demais-para-nosso-clima.243520/
Original: http://www.upmpg.com/tech_articles/motoroil_viscosity/
Segue a tradução:
"Eu nem sei dizer quantas vezes eu ouvi alguém, geralmente um mecânico de automóveis, dizer que eles não usariam um óleo para motor 5W-30 porque ele é, "muito fino". Então eles podem usar um óleo para motor SAE 10W-30 ou SAE 30. Nas temperaturas de trabalho do motor esses óleos são os mesmos. O único momento em que o óleo 5W-30 é "fino" é nas condições de partida a frio onde você precisa que ele seja "fino".
E ainda este texto do Bob, the Oil Guy (Bob, o cara do óleo):
Fórum: https://www.htforum.com/forum/threads/o-persistente-mito-do-oleo-fino-demais-para-nosso-clima.243520/
Original: https://bobistheoilguy.com/motor-oil-101/
Este primeiro parágrafo chega a ser hilário quando confrontado com os absurdos escritos naquela crítica:
"Todo mundo, incluindo bons mecânicos pensam que são especialistas neste campo, mas poucos entendem de óleos para motores. A maior parte do que ouço é o oposto da verdade. No entanto é fácil ver como as pessoas se confundem, já que sempre há alguma verdade nessa concepção errada.
A maior confusão é por causa da maneira como os óleos para motores são classificados. É um sistema antigo e está confundindo muita gente. Eu sei que a pessoa está confusa quando eles dizem que um óleo 0W-30 é muito fino para seus motores porque o manual antigo diz para usar 10W-30. Isso é errado.
"O motor é projetado para funcionar a 100°C (212°F) em todas as temperaturas externas desde o Alasca [o estado americano mais frio] até a Flórida [estado mais quente]. Você pode entrar em seu carro em setembro (primavera nos EUA) e dirigir em zigue zague até o Alasca chegando em novembro (fim do outono no hemisfério norte). A melhor coisa para seu motor seria que ele nunca fosse desligado, ou simplesmente fosse mantido em movimento dia e noite. A espessura do óleo seria uniforme, seria sempre 10 [centistokes]. Em um mundo perfeito a espessura do óleo seria 10 em todas as temperaturas."
A crítica comete um erro grosseiro de usar essa argumentação dos especialistas em lubrificação.
Os especialistas falam sobre o preconceito de usar um óleo de viscosidade de inverno menos viscoso — mas continuando a usar a mesma viscosidade em alta temperatura SAE 30 que eles já estavam usando naquele país de clima temperado.
Um argumento totalmente descabido quando se denuncia a redução da viscosidade em alta temperatura de SAE 30 para SAE 20 no Brasil tropical.
Nenhum dos autores citados corrobora o argumento da crítica feita a este blog.
E a argumentação do segundo especialista em óleo tem um erro de interpretação básico...
Vamos analisar o primeiro bloco:
Viscosidades de inverno não são aplicáveis ao Brasil.
Não temos invernos de cair neve como lá, exceto em um punhado de dias em regiões muito específicas.
Portanto esse texto é inútil como sustentação porque foge do assunto abordado, que é o óleo 0W-20, caso encerrado.
Segundo bloco, esse é mais interessante:
Primeiro parágrafo, paradoxalmente aplicável em sua totalidade ao texto da crítica.
Segundo parágrafo, vide explicação logo acima, caso encerrado.
Terceiro parágrafo, e aqui está o grande X da questão:
Bob, o cara que entende de óleo, diz que o motor trabalha sempre a 100 graus Celsius e por isso o óleo sempre está com viscosidade de 10 centistokes ou 10 mm2/s.
Ele fala em valores médios ideais, temperatura de radiador do motor, quando o problema realmente está nos componentes internos em temperaturas muito distantes dessa média ideal.
São eles que sofrem o efeito do óleo pouco viscoso e se desgastam.
A viscosidade varia conforme a temperatura do óleo, e 100°C é a temperatura estabelecida em laboratório para a medição padronizada da viscosidade.
No entanto, as peças dentro do motor não estão todas uniformemente a 100 graus Celsius.
Há locais muito mais quentes:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=KhL_g5LscTw aos 09:36 na postagem http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/04/o-video-russo-sobre-oleos-sinteticos-5w.html
O radiador estará perto dos 100 graus, podendo chegar a 115 e no limite a 120 porque o sistema é pressurizado, mas essa não é a temperatura do óleo em cada parte do motor.
As peças internas em atrito direto e a uma temperatura muito superior aos 100 graus — como o virabrequim, cilindros, pistões, pinos dos pistões e anéis dos pistões — receberão óleo com viscosidade inferior a 10 centistokes.
E essa viscosidade se reduz instantaneamente, bem abaixo dos tais 10 centistokes, asim que o óleo entra em contato com as peças quentes.
E essas são justamente as peças mais sensíveis ao desgaste, e é para elas que é obrigatório garantir o óleo com a maior viscosidade possível na temperatura em que se encontram.
Se o óleo fino e quente já chegar nelas com uma viscosidade ridiculamente baixa, não fará seu papel.
Daí a necessidade de aumentar a viscosidade em função da temperatura ambiente — regra prática adotada por TODOS os fabricantes de motores e equipamentos industriais em TODOS os países do mundo.
Simples assim, mas um fato que a crítica diz logo no início que é uma "má interpretação simplista e errônea"...
Afirmação que seria cômica, não fosse a tragédia da desinformação embutida.
Então Bob, o cara do óleo, entende profundamente de óleo, mas no trecho selecionado não menciona particularidades internas dos motores.
E por isso ele não considera pontos essenciais.
Não considera a influência da temperatura ambiente na hora do cárter ajudar a esfriar o óleo;
Não considera a influência da temperatura ambiente na hora da tampa de válvulas ajudar a esfriar o óleo;
Não considera a influência da temperatura ambiente em que o ar ou a mistura ar/combustível entram na câmara de combustão para resfriá-la antes da explosão e assim abaixar a temperatura de todo o conjunto;
Não considera a influência da temperatura ambiente na hora de o radiador esfriar o líquido de arrefecimento...
Que por sua vez irá colaborar para que o óleo chegue às peças sensíveis com a maior viscosidade possível...
E agora você entende a lógica da ilustração de temperaturas do vídeo russo — ela mostra temperaturas tão diferentes para o mesmo motor.
São temperaturas de funcionamento nas condições de inverno e verão — o óleo no cárter estará a 80°C em dias com neve e a 150°C em dias de verão nos desertos russos e de países para onde seus veículos são exportados.
Mesma coisa para todas as outras temperaturas mostradas na figura...
São as temperaturas que seu óleo encontrará durante o inverno na Sibéria ou no verão do deserto de Ryn, às margens do mar Cáspio.
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Se o raciocínio do Bob estivesse correto — e a temperatura ambiente realmente não influísse na temperatura de trabalho do óleo — os motores dos carros circulando no Oriente Médio ou em Las Vegas não precisariam usar óleo 5W-50...
Poderiam usar tranquilamente o mesmo óleo 0W-30 do cidadão que mora no Alasca. Só que não.
Por que eles usam 5W-50 e não 20W-50?
Porque apesar de o deserto atingir mais de 40 graus durante o dia, as noites são muito frias, temperaturas abaixo de zero não são raras, então é importante facilitar a partida.
Fonte: https://www.vegas.com/weather/averages.html
Nessas condições um óleo 20W-50 atenderia?
Em um carro mais antigo com motor de partida potente, sim. A partida seria um pouco difícil nas manhãs mais frias, mas não impossível.
Com um óleo 15W-50 o arranque seria melhor e com um 10W-50 melhor ainda, e com um 5W-50 a partida é fácil.
Porque eu enfatizei antigo com motor de partida potente?
Porque tudo na indústria automotiva visa a economia.
Se eles projetam um motor que usa óleo menos viscoso, a partida em dias frios com neve caindo será facilitada, então não há necessidade de um motor de partida tão potente.
Colocam um motor de partida menos potente custando mais barato, mas que dará conta do recado. Supostamente.
Aquele exemplo de dizer que um cidadão pode fazer uma viagem da região mais quente do EUA para a mais fria, ou vice-versa, sem se preocupar com o óleo, é verdadeiro, mas é um exemplo muito fraco.
Uma coisa é fazer uma viagem atravessando regiões de climas diversos — outra muito diferente é viver permanentemente em um desses locais.
Pergunte para o pessoal que mora em Las Vegas e no Oriente Médio porque eles não usam óleo 0W-30 nem 10W-30...
O motorista que viesse do Alasca para a Flórida encontraria um estado com temperaturas quentes para um cidadão alasquiano — mas nada assustadoras para nós aqui no Brasil:
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Florida#Climate
Máximas de 33°C — nada excepcional.
A Flórida atinge essas temperaturas apenas nos meses de verão, enquanto no Brasil muitas de nossas cidades atingem temperaturas acima disso o ano todo...
Bem diferente de Campo Grande, com máxima de 39,7°C:
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_Grande#Clima
Finalizando este bloco com as palavras do próprio Bob, o especialista em óleo:
"É fácil ver como as pessoas se confundem, já que sempre há alguma verdade nessa concepção errada."
Resumindo, a crítica cita autoridades no assunto QUE NÃO CONSIDERAM detalhes fundamentais.
Voltando ao tópico do fórum...
Aquela crítica feita contra este blog disse que somos "um caso clássico de uma simplista e má interpretação de texto (...) gerando uma conclusão incompleta e simplista, portanto, errônea."
Que ironia, né?
E falando em ironia, já que a crítica citou fontes consagradas para pesquisa no exterior, por que não citou a THE ENGINE OIL BIBLE?
Aí vai uma palhinha:
Recomendação: http://www.carbibles.com/viscosity.html
Tradução:
AGORA ESTOU TOTALMENTE CONFUSO. VOCÊ PODE SIMPLIFICAR TUDO ISSO PARA MIM?
Claro. Aqui está uma tabela de três linhas para dar a você uma ideia de onde os óleos para motores típicos são usados:
Só lembrando, alguma coisa parece estar muito fora da ordem (mas dentro da nova ordem mundial?) na visão das montadoras por estas bandas tropicais:
Aí você me pergunta:
Os automóveis honda e toyota já não usavam óleo SAE 10W-30 e funcionavam bem?
Sim, funcionavam satisfatoriamente, mas nunca foram tão duráveis aqui quanto no exterior, onde são famosos pela durabilidade.
Até onde isso pode ser atribuído somente ao desleixo dos proprietários brasileiros é questionável, porque o pessoal nos EUA não é conhecido pelo capricho com a manutenção de seus carros.
Em minha opinião, os motores dos carros japoneses durariam muito mais com o uso de um óleo de viscosidade adequada à nossa temperatura — recomendação que fabricantes como a honda fazem em todo o mundo, mas curiosamente, omitem no Brasil.
A honda não usa 10W-30 nas motocicletas?
Sim, usa — e os motores não estão nada felizes com o óleo 10W-30.
Os motores de motos de arrefecimento a ar estão sofrendo — é só ver as motos da honda e os coitados que se iludiram com a propaganda maciça do óleo genuíno bom pra caramba, tão bom que a honda colocou o nome dela...
Desabafo: http://www.reclameaqui.com.br/17805672/honda/oleo-inadequado/
Sabe, eu adoraria ver o que o dono dessa moto responderia para o autor da crítica quando ele dissesse:
"Outra bobagem: Exageros ao dizer que "óleos mais finos são consumidos muito mais rapidamente"..."
A prova de que são consumidos mais rapidamente foi que o dono acostumado com motos não estava preparado para o ritmo alucinante de sumiço do óleo mais fino.
Sumiço mais rápido assumido pela própria fabricante do óleo, como vimos naquele vídeo da shell.
Os motores de carros e de motos com arrefecimento líquido estão em situação melhorzinha.
Os motores com óleo 10W-30 sofrem sempre?
Os motores com óleo 10W-30 sofrem mais nos dias quentes do ano e nos congestionamentos.
Os motores com óleo 0W-20 sofrem sempre. No inverno todo mundo tem um alívio refrescante.
O problema é que não adianta o motor funcionar bem com o óleo fino na maior parte do ano...
O estrago feito por má lubrificação em um único dia quente pode ser pequeno, mas é irreversível, apenas isso...
E o desgaste é cumulativo e progride geometricamente — ou seja, cada vez mais rápido.
Cada vez que seu motor é submetido ao estresse térmico e de atrito excessivo por má lubrificação por óleo inadequado ele desenvolverá desgastes somente reparáveis com a substituição ou retífica das peças.
Detalhe: motores modernos não admitem retífica de virabrequim, somente trocando o conjunto todo.
E por conjunto todo, as concessionárias gostam de trocar o motor inteiro.
Custos de reparação ficam na casa de 21 a 30 mil reais... que não são cobertos pela garantia da honda, porque constituem "mau uso"...
Mesmo quando ocliente consumidor não sai da concessionária:
Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/10208624/honda/honda-civic-2013/2014-com-25000-km-e-fundido/
E sejamos justos com a honda, eu também denunciei a mesma prática pela toyota:
Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/8817481/toyota/corolla-motor-fundiu---/
E quais as consequências da adoção do óleo 0W-20?
No finalzinho de 2014 eu previ uma situação similar às de motos honda com óleo genuíno, muita gente reclamando da pouca durabilidade dos motores.
Passados 2 anos, a quebradeira está começando...
Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/n1pyJP1NXtLU6vza/honda/motor-fundiu-com-menos-de-120-mil-km/
Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/1dhie6VK7E4AUghf/toyota/veiculo-corola-2017/
Sabe, é curioso...
Essa crítica tão empenhada contra o blog não enfocou comparar um óleo SAE 0W-20 com um óleo 10W-30, que era a questão denunciada aqui, e sabe por quê?
Porque para isso não existem argumentos contrários...
Ou melhor, os próprios argumentos que foram usados na crítica se opõem aos fatos...
O autor da crítica sabe muito bem que a viscosidade W se refere à temperatura na partida, abaixo de zero grau, mas faz de conta que ela é importante para discutir a viscosidade a 100°C.
Ele até menciona que o óleo chega a 150° dentro do motor — mas continua a raciocinar exclusivamente em cima do óleo 10W-30...
O conhecimento do assunto que o autor demonstra está acima do nível de um curioso.
Está mais próximo, eu diria, de um profissional da área automotiva... essa é minha opinião.
O que transparece na crítica é mais do que apenas desconhecimento ou engano — existe uma interpretação intencionalmente tendenciosa das coisas que foram ditas e dos fundamentos que ele mesmo cita como fontes.
Na minha avaliação, tal atitude poderia ser interpretada como uma disposição de espírito que inspira e alimenta ação maldosa, conscientemente praticada.
A defesa tão enfática de pontos de vista totalmente errados, tentando desqualificar as denúncias daqui do blog, embasada em argumentos apenas com aparência de corroboração, mas sem ligação com o fato denunciado, faz com que eu acredite cada vez mais na minha "teoria da conspiração".
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Depois de ver essa crítica tão bem elaborada com argumentos tão distorcidos, estou ainda mais convencido de que não é só teoria não...
Fatos:
Os carros são os mesmos, tanto lá como cá.
E as leis físicas que determinam a necessidade de usar um óleo de viscosidade adequada à temperatura da região de utilização são universais.
Chamam-se Leis da Termodinâmica, e sem o conhecimento dela os motores nunca teriam sido projetados...
Elas prevalecem por mais que os defensores do contrário esperneiem e elaborem textos "matadores" demonstrando todo seu [des]conhecimento.
O melhor termômetro para ver o efeito desses óleos recomendados pela honda aqui no Brasil é muito fácil:
Faça uma pesquisa por "honda fervendo" ou "toyota fervendo" no google e tente contar quantos casos aparecem.
O pessoal coloca a culpa na tampa do radiador, coitada...
Confundem efeito com a causa, adiam o problema e correm a postar um vídeo no youtube.
O motor ferver é indicativo de um motor trabalhando em excesso de temperatura.
Excesso de temperatura por excesso de atrito interno por má lubrificação devido a um óleo de viscosidade inadequada para a temperatura ambiente típica do Brasil.
Simples assim.
Por mais que tentem distorcer meus argumentos, é impossível distorcer os fatos e as leis da Física.
Um abraço aos leitores amigos e aos críticos sinceros deste blog, e em especial ao leitor e filósofo John Locke, que defendeu o blog lá no fórum da crítica, sem obter resposta.
Fiquei contente por ele ter postado lá as tabelas que obrigariam o autor da crítica a entrar em detalhes espinhosos — se este estivesse disposto a esclarecer o assunto e não apenas a tentar desqualificar as informações apresentadas aqui.
E também agradeço ao leitor Daniel Wippel que havia me informado sobre as tabelas técnicas de viscosidade lá da Viscopedia por outro motivo, e elas acabaram sendo muito úteis para esta série de postagens.
A postagem de amanhã trará um exemplo muito concreto da prática comum das montadoras de oferecer orientações confusas sobre o óleo do motor.
Não faz parte da série em resposta à crítica, mas o assunto é correlato.
Até a próxima,
Jeff
Porque você sabe, EU não me furto às críticas...
Faço questão de responder e deixar as coisas muito claras, Tintin por Tintin.
Imagem: https://terrademordor.wordpress.com/2014/01/19/voce-sabia-tintin-12/
Para tentar dar peso de autoridade para sua crítica, o autor transcreveu textos de sites consagrados de gente que realmente entende do assunto.
Para variar, voltando a falar apenas de óleos xxW-30 e desconsiderando totalmente o óleo 0W-20 determinado pela HONDA:
Fórum: https://www.htforum.com/forum/threads/o-persistente-mito-do-oleo-fino-demais-para-nosso-clima.243520/
Original: http://www.upmpg.com/tech_articles/motoroil_viscosity/
Segue a tradução:
"Eu nem sei dizer quantas vezes eu ouvi alguém, geralmente um mecânico de automóveis, dizer que eles não usariam um óleo para motor 5W-30 porque ele é, "muito fino". Então eles podem usar um óleo para motor SAE 10W-30 ou SAE 30. Nas temperaturas de trabalho do motor esses óleos são os mesmos. O único momento em que o óleo 5W-30 é "fino" é nas condições de partida a frio onde você precisa que ele seja "fino".
E ainda este texto do Bob, the Oil Guy (Bob, o cara do óleo):
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Fórum: https://www.htforum.com/forum/threads/o-persistente-mito-do-oleo-fino-demais-para-nosso-clima.243520/
Original: https://bobistheoilguy.com/motor-oil-101/
Este primeiro parágrafo chega a ser hilário quando confrontado com os absurdos escritos naquela crítica:
"Todo mundo, incluindo bons mecânicos pensam que são especialistas neste campo, mas poucos entendem de óleos para motores. A maior parte do que ouço é o oposto da verdade. No entanto é fácil ver como as pessoas se confundem, já que sempre há alguma verdade nessa concepção errada.
A maior confusão é por causa da maneira como os óleos para motores são classificados. É um sistema antigo e está confundindo muita gente. Eu sei que a pessoa está confusa quando eles dizem que um óleo 0W-30 é muito fino para seus motores porque o manual antigo diz para usar 10W-30. Isso é errado.
"O motor é projetado para funcionar a 100°C (212°F) em todas as temperaturas externas desde o Alasca [o estado americano mais frio] até a Flórida [estado mais quente]. Você pode entrar em seu carro em setembro (primavera nos EUA) e dirigir em zigue zague até o Alasca chegando em novembro (fim do outono no hemisfério norte). A melhor coisa para seu motor seria que ele nunca fosse desligado, ou simplesmente fosse mantido em movimento dia e noite. A espessura do óleo seria uniforme, seria sempre 10 [centistokes]. Em um mundo perfeito a espessura do óleo seria 10 em todas as temperaturas."
A crítica comete um erro grosseiro de usar essa argumentação dos especialistas em lubrificação.
Os especialistas falam sobre o preconceito de usar um óleo de viscosidade de inverno menos viscoso — mas continuando a usar a mesma viscosidade em alta temperatura SAE 30 que eles já estavam usando naquele país de clima temperado.
Um argumento totalmente descabido quando se denuncia a redução da viscosidade em alta temperatura de SAE 30 para SAE 20 no Brasil tropical.
Nenhum dos autores citados corrobora o argumento da crítica feita a este blog.
E a argumentação do segundo especialista em óleo tem um erro de interpretação básico...
Vamos analisar o primeiro bloco:
Viscosidades de inverno não são aplicáveis ao Brasil.
Não temos invernos de cair neve como lá, exceto em um punhado de dias em regiões muito específicas.
Portanto esse texto é inútil como sustentação porque foge do assunto abordado, que é o óleo 0W-20, caso encerrado.
Segundo bloco, esse é mais interessante:
Primeiro parágrafo, paradoxalmente aplicável em sua totalidade ao texto da crítica.
Segundo parágrafo, vide explicação logo acima, caso encerrado.
Terceiro parágrafo, e aqui está o grande X da questão:
Bob, o cara que entende de óleo, diz que o motor trabalha sempre a 100 graus Celsius e por isso o óleo sempre está com viscosidade de 10 centistokes ou 10 mm2/s.
Ele fala em valores médios ideais, temperatura de radiador do motor, quando o problema realmente está nos componentes internos em temperaturas muito distantes dessa média ideal.
São eles que sofrem o efeito do óleo pouco viscoso e se desgastam.
A viscosidade varia conforme a temperatura do óleo, e 100°C é a temperatura estabelecida em laboratório para a medição padronizada da viscosidade.
No entanto, as peças dentro do motor não estão todas uniformemente a 100 graus Celsius.
Há locais muito mais quentes:
Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=KhL_g5LscTw aos 09:36 na postagem http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/04/o-video-russo-sobre-oleos-sinteticos-5w.html
O radiador estará perto dos 100 graus, podendo chegar a 115 e no limite a 120 porque o sistema é pressurizado, mas essa não é a temperatura do óleo em cada parte do motor.
As peças internas em atrito direto e a uma temperatura muito superior aos 100 graus — como o virabrequim, cilindros, pistões, pinos dos pistões e anéis dos pistões — receberão óleo com viscosidade inferior a 10 centistokes.
E essa viscosidade se reduz instantaneamente, bem abaixo dos tais 10 centistokes, asim que o óleo entra em contato com as peças quentes.
E essas são justamente as peças mais sensíveis ao desgaste, e é para elas que é obrigatório garantir o óleo com a maior viscosidade possível na temperatura em que se encontram.
Se o óleo fino e quente já chegar nelas com uma viscosidade ridiculamente baixa, não fará seu papel.
Daí a necessidade de aumentar a viscosidade em função da temperatura ambiente — regra prática adotada por TODOS os fabricantes de motores e equipamentos industriais em TODOS os países do mundo.
Simples assim, mas um fato que a crítica diz logo no início que é uma "má interpretação simplista e errônea"...
Afirmação que seria cômica, não fosse a tragédia da desinformação embutida.
Então Bob, o cara do óleo, entende profundamente de óleo, mas no trecho selecionado não menciona particularidades internas dos motores.
E por isso ele não considera pontos essenciais.
Não considera a influência da temperatura ambiente na hora do cárter ajudar a esfriar o óleo;
Não considera a influência da temperatura ambiente na hora da tampa de válvulas ajudar a esfriar o óleo;
Não considera a influência da temperatura ambiente em que o ar ou a mistura ar/combustível entram na câmara de combustão para resfriá-la antes da explosão e assim abaixar a temperatura de todo o conjunto;
Não considera a influência da temperatura ambiente na hora de o radiador esfriar o líquido de arrefecimento...
Que por sua vez irá colaborar para que o óleo chegue às peças sensíveis com a maior viscosidade possível...
E agora você entende a lógica da ilustração de temperaturas do vídeo russo — ela mostra temperaturas tão diferentes para o mesmo motor.
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Demônio da lógica gosta de aparecer |
São temperaturas de funcionamento nas condições de inverno e verão — o óleo no cárter estará a 80°C em dias com neve e a 150°C em dias de verão nos desertos russos e de países para onde seus veículos são exportados.
Mesma coisa para todas as outras temperaturas mostradas na figura...
São as temperaturas que seu óleo encontrará durante o inverno na Sibéria ou no verão do deserto de Ryn, às margens do mar Cáspio.

Se o raciocínio do Bob estivesse correto — e a temperatura ambiente realmente não influísse na temperatura de trabalho do óleo — os motores dos carros circulando no Oriente Médio ou em Las Vegas não precisariam usar óleo 5W-50...
Poderiam usar tranquilamente o mesmo óleo 0W-30 do cidadão que mora no Alasca. Só que não.
Por que eles usam 5W-50 e não 20W-50?
Porque apesar de o deserto atingir mais de 40 graus durante o dia, as noites são muito frias, temperaturas abaixo de zero não são raras, então é importante facilitar a partida.
Fonte: https://www.vegas.com/weather/averages.html
Nessas condições um óleo 20W-50 atenderia?
Em um carro mais antigo com motor de partida potente, sim. A partida seria um pouco difícil nas manhãs mais frias, mas não impossível.
Com um óleo 15W-50 o arranque seria melhor e com um 10W-50 melhor ainda, e com um 5W-50 a partida é fácil.
Porque eu enfatizei antigo com motor de partida potente?
Porque tudo na indústria automotiva visa a economia.
Se eles projetam um motor que usa óleo menos viscoso, a partida em dias frios com neve caindo será facilitada, então não há necessidade de um motor de partida tão potente.
Colocam um motor de partida menos potente custando mais barato, mas que dará conta do recado. Supostamente.
Aquele exemplo de dizer que um cidadão pode fazer uma viagem da região mais quente do EUA para a mais fria, ou vice-versa, sem se preocupar com o óleo, é verdadeiro, mas é um exemplo muito fraco.
Uma coisa é fazer uma viagem atravessando regiões de climas diversos — outra muito diferente é viver permanentemente em um desses locais.
Pergunte para o pessoal que mora em Las Vegas e no Oriente Médio porque eles não usam óleo 0W-30 nem 10W-30...
O motorista que viesse do Alasca para a Flórida encontraria um estado com temperaturas quentes para um cidadão alasquiano — mas nada assustadoras para nós aqui no Brasil:
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Florida#Climate
Máximas de 33°C — nada excepcional.
A Flórida atinge essas temperaturas apenas nos meses de verão, enquanto no Brasil muitas de nossas cidades atingem temperaturas acima disso o ano todo...
Bem diferente de Campo Grande, com máxima de 39,7°C:
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_Grande#Clima
Rio de Janeiro, com máxima de 42,0°C:
São Paulo, com máxima de 37,8°C:
Ou mesmo Porto Alegre, mais ao sul e que teoricamente deveria ser uma cidade mais fria, mas que tem máximas elevadas, com máxima de 40,6°C:
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_Alegre#ClimaFinalizando este bloco com as palavras do próprio Bob, o especialista em óleo:
"É fácil ver como as pessoas se confundem, já que sempre há alguma verdade nessa concepção errada."
Resumindo, a crítica cita autoridades no assunto QUE NÃO CONSIDERAM detalhes fundamentais.
Voltando ao tópico do fórum...
Aquela crítica feita contra este blog disse que somos "um caso clássico de uma simplista e má interpretação de texto (...) gerando uma conclusão incompleta e simplista, portanto, errônea."
Que ironia, né?
E falando em ironia, já que a crítica citou fontes consagradas para pesquisa no exterior, por que não citou a THE ENGINE OIL BIBLE?
Aí vai uma palhinha:
Recomendação: http://www.carbibles.com/viscosity.html
Tradução:
AGORA ESTOU TOTALMENTE CONFUSO. VOCÊ PODE SIMPLIFICAR TUDO ISSO PARA MIM?
Claro. Aqui está uma tabela de três linhas para dar a você uma ideia de onde os óleos para motores típicos são usados:
Só lembrando, alguma coisa parece estar muito fora da ordem (mas dentro da nova ordem mundial?) na visão das montadoras por estas bandas tropicais:
Aí você me pergunta:
Os automóveis honda e toyota já não usavam óleo SAE 10W-30 e funcionavam bem?
Sim, funcionavam satisfatoriamente, mas nunca foram tão duráveis aqui quanto no exterior, onde são famosos pela durabilidade.
Até onde isso pode ser atribuído somente ao desleixo dos proprietários brasileiros é questionável, porque o pessoal nos EUA não é conhecido pelo capricho com a manutenção de seus carros.
Em minha opinião, os motores dos carros japoneses durariam muito mais com o uso de um óleo de viscosidade adequada à nossa temperatura — recomendação que fabricantes como a honda fazem em todo o mundo, mas curiosamente, omitem no Brasil.
A honda não usa 10W-30 nas motocicletas?
Sim, usa — e os motores não estão nada felizes com o óleo 10W-30.
Os motores de motos de arrefecimento a ar estão sofrendo — é só ver as motos da honda e os coitados que se iludiram com a propaganda maciça do óleo genuíno bom pra caramba, tão bom que a honda colocou o nome dela...
Desabafo: http://www.reclameaqui.com.br/17805672/honda/oleo-inadequado/
Sabe, eu adoraria ver o que o dono dessa moto responderia para o autor da crítica quando ele dissesse:
"Outra bobagem: Exageros ao dizer que "óleos mais finos são consumidos muito mais rapidamente"..."
A prova de que são consumidos mais rapidamente foi que o dono acostumado com motos não estava preparado para o ritmo alucinante de sumiço do óleo mais fino.
Sumiço mais rápido assumido pela própria fabricante do óleo, como vimos naquele vídeo da shell.
Os motores de carros e de motos com arrefecimento líquido estão em situação melhorzinha.
Os motores com óleo 10W-30 sofrem sempre?
Os motores com óleo 10W-30 sofrem mais nos dias quentes do ano e nos congestionamentos.
Os motores com óleo 0W-20 sofrem sempre. No inverno todo mundo tem um alívio refrescante.
O problema é que não adianta o motor funcionar bem com o óleo fino na maior parte do ano...
O estrago feito por má lubrificação em um único dia quente pode ser pequeno, mas é irreversível, apenas isso...
E o desgaste é cumulativo e progride geometricamente — ou seja, cada vez mais rápido.
Cada vez que seu motor é submetido ao estresse térmico e de atrito excessivo por má lubrificação por óleo inadequado ele desenvolverá desgastes somente reparáveis com a substituição ou retífica das peças.
Detalhe: motores modernos não admitem retífica de virabrequim, somente trocando o conjunto todo.
E por conjunto todo, as concessionárias gostam de trocar o motor inteiro.
Custos de reparação ficam na casa de 21 a 30 mil reais... que não são cobertos pela garantia da honda, porque constituem "mau uso"...
Mesmo quando o
Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/10208624/honda/honda-civic-2013/2014-com-25000-km-e-fundido/
E sejamos justos com a honda, eu também denunciei a mesma prática pela toyota:
E quais as consequências da adoção do óleo 0W-20?
No finalzinho de 2014 eu previ uma situação similar às de motos honda com óleo genuíno, muita gente reclamando da pouca durabilidade dos motores.
Passados 2 anos, a quebradeira está começando...
Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/n1pyJP1NXtLU6vza/honda/motor-fundiu-com-menos-de-120-mil-km/
Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/1dhie6VK7E4AUghf/toyota/veiculo-corola-2017/
Sabe, é curioso...
Essa crítica tão empenhada contra o blog não enfocou comparar um óleo SAE 0W-20 com um óleo 10W-30, que era a questão denunciada aqui, e sabe por quê?
Porque para isso não existem argumentos contrários...
Ou melhor, os próprios argumentos que foram usados na crítica se opõem aos fatos...
O autor da crítica sabe muito bem que a viscosidade W se refere à temperatura na partida, abaixo de zero grau, mas faz de conta que ela é importante para discutir a viscosidade a 100°C.
Ele até menciona que o óleo chega a 150° dentro do motor — mas continua a raciocinar exclusivamente em cima do óleo 10W-30...
O conhecimento do assunto que o autor demonstra está acima do nível de um curioso.
Está mais próximo, eu diria, de um profissional da área automotiva... essa é minha opinião.
O que transparece na crítica é mais do que apenas desconhecimento ou engano — existe uma interpretação intencionalmente tendenciosa das coisas que foram ditas e dos fundamentos que ele mesmo cita como fontes.
Na minha avaliação, tal atitude poderia ser interpretada como uma disposição de espírito que inspira e alimenta ação maldosa, conscientemente praticada.
A defesa tão enfática de pontos de vista totalmente errados, tentando desqualificar as denúncias daqui do blog, embasada em argumentos apenas com aparência de corroboração, mas sem ligação com o fato denunciado, faz com que eu acredite cada vez mais na minha "teoria da conspiração".

Depois de ver essa crítica tão bem elaborada com argumentos tão distorcidos, estou ainda mais convencido de que não é só teoria não...
Fatos:
Os carros são os mesmos, tanto lá como cá.
E as leis físicas que determinam a necessidade de usar um óleo de viscosidade adequada à temperatura da região de utilização são universais.
Chamam-se Leis da Termodinâmica, e sem o conhecimento dela os motores nunca teriam sido projetados...
Elas prevalecem por mais que os defensores do contrário esperneiem e elaborem textos "matadores" demonstrando todo seu [des]conhecimento.
O melhor termômetro para ver o efeito desses óleos recomendados pela honda aqui no Brasil é muito fácil:
Faça uma pesquisa por "honda fervendo" ou "toyota fervendo" no google e tente contar quantos casos aparecem.
O pessoal coloca a culpa na tampa do radiador, coitada...
Confundem efeito com a causa, adiam o problema e correm a postar um vídeo no youtube.
O motor ferver é indicativo de um motor trabalhando em excesso de temperatura.
Excesso de temperatura por excesso de atrito interno por má lubrificação devido a um óleo de viscosidade inadequada para a temperatura ambiente típica do Brasil.
Simples assim.
Por mais que tentem distorcer meus argumentos, é impossível distorcer os fatos e as leis da Física.
Um abraço aos leitores amigos e aos críticos sinceros deste blog, e em especial ao leitor e filósofo John Locke, que defendeu o blog lá no fórum da crítica, sem obter resposta.
Fiquei contente por ele ter postado lá as tabelas que obrigariam o autor da crítica a entrar em detalhes espinhosos — se este estivesse disposto a esclarecer o assunto e não apenas a tentar desqualificar as informações apresentadas aqui.
E também agradeço ao leitor Daniel Wippel que havia me informado sobre as tabelas técnicas de viscosidade lá da Viscopedia por outro motivo, e elas acabaram sendo muito úteis para esta série de postagens.
A postagem de amanhã trará um exemplo muito concreto da prática comum das montadoras de oferecer orientações confusas sobre o óleo do motor.
Não faz parte da série em resposta à crítica, mas o assunto é correlato.
Até a próxima,
Jeff
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