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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

A preferencial nunca é da moto

Mais um bom exemplo para ilustrar porque você nunca deve pensar que sua moto terá a preferencial respeitada:
Vídeo e reportagem: https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2020/02/22/motociclista-e-arremessada-apos-ser-atingida-por-carro-dirigido-por-adolescente-em-maringa-video.ghtml

Não são só os adolescentes sem habilitação que desrespeitam a preferencial.

A maioria dos motoristas (e motociclistas) não se liga nesse detalhe em ruas tranquilas de bairro, vejo isso todos os dias nos cruzamentos aqui perto de casa.

Além de não estarem atentos a motocicletas, qualquer motorista pode deixar de ver uma moto nos cruzamentos porque ela pode ficar oculta atrás da coluna dianteira do carro.

Esse tipo de acidente é mais comum exatamente em situações como esta — com o carro do lado esquerdo da motocicleta.

Nessa direção, a coluna dianteira direita encobre uma área maior da visão do motorista.

Já a coluna do lado esquerdo encobre uma área menor e o motorista pode perceber melhor o som da motocicleta se aproximando, mas ainda assim existe o risco de você passar batido. Literalmente.
O motorista, quando muito, dá uma olhada rápida para ver se não vem outro carro, então ele só olha na sua direção por um breve instante.

Se coincidir de ele dar essa olhada no momento em que você e sua moto estão encobertos pela coluna, já era. Pior que geralmente é o que acontece.

No instante em que a moto aparece na frente do carro, o motorista não tem tempo de parar, não dá tempo nem de pisar no freio — e o motociclista nem imagina que uma coisa tão inesperada possa ocorrer.

Essa ocultação está relacionada à distância entre os veículos em cada faixa de rolamento, ao ângulo de visualização, e à posição e distância entre o motorista e cada coluna dianteira.  

Então, a melhor coisa a fazer é sempre encarar os cruzamentos já contando que você e sua moto não serão vistos e que nunca irão respeitar sua preferencial.

Mesmo na preferencial, sempre diminua a velocidade e olhe duas vezes para cada lado antes de iniciar a travessia — um primeiro olhar pode não perceber um carro ou outra moto se aproximando em alta velocidade.

Se você atravessa na inocência achando que ninguém vai desrespeitar sua preferencial, na hora em que você percebe que o carro (ou a outra moto) não vai parar, já não dá tempo de fazer mais nada — só limpar o capô e beijar o asfalto.

Mas se você chegar ao cruzamento preparado para essa possibilidade, já com os dedos no freio dianteiro e o pé pronto para atuar o freio traseiro, você não será pego de surpresa e conseguirá evitar a colisão — esse cuidado simples já me livrou de incontáveis acidentes.

Só tome cuidado para não reduzir a velocidade bruscamente se houver um carro ou outra moto muito perto atrás de você — eles não estarão esperando que você reduza ou pare de repente e não terão tempo de reagir.

Além disso, a moto tem a capacidade de reduzir bastante a velocidade só com o freio-motor, e o freio-motor não aciona a luz de freio.

De repente você evita a batida no cruzamento, mas é derrubado por quem vem atrás... Não bom.

Nessa situação, se você precisar parar totalmente, mantenha-se em uma posição que permita a passagem livre do fominha que vem atrás de você.

Evite ser atropelado no cruzamento, deixe o fominha passar te xingando e assista de camarote a batida dele com o sujeito que não respeita a preferencial.

E, se ninguém se feriu a ponto de precisar de socorro, se mande de lá antes que os dois comecem a discutir quem irá pagar o prejuízo...  

Nessas discussões, sempre pode sobrar uma bala perdida para quem não tem nada a ver com a encrenca.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 17 de outubro de 2017

A falta de visão que o caminhoneiro tem de motos e bicicletas

Três vídeos com a visão do caminhoneiro para você entender a dificuldade que é ver uma moto no trânsito:



Te poupei todo o tempo que ele ficou preso sem poder sair da garagem porque os manés não deram vez... 

Se quiser e tiver 7 minutos para perder, veja a tensão que ele passa já no começo do dia de trabalho só para sair da garagem.

E agora vendo a cabine, note como os veículos, principalmente moto e bicicleta, aparecem pequeninos nos espelhos.

Elas desaparecem totalmente quando entram no ponto cego da cabine: 

A moto já sumiu do espelho, mas ainda não está visível na janela da porta.

Imagem: Vídeo https://youtu.be/MZPLsoPDmII aos 07:33

Esta imagem foi feita aos 7:33, note que a moto ainda não apareceu e o ciclista de camisa preta permaneceu oculto à frente da coluna e do visorzinho da câmara de ré em cima do painel (coisa ainda rara por aqui).

Se o motociclista ou o ciclista tentassem aproveitar o trânsito lento para costurar na frente do caminhão, dificilmente seriam percebidos a tempo de evitar um esbarrão suficiente para derrubar a moto ou bicicleta debaixo da roda dianteira.
Imagem: Vídeo https://youtu.be/eHoRMhq_uaI aos 7:15. Esse vídeo foi incluído na postagem Nunca ultrapasse um veículo lento pela direita com outros bons exemplos de situações complicadas com caminhões e caminhoneiros.

Fica ainda mais fácil não perceber motos e bicicletas porque os caminhoneiros aproveitam esses momentos de trânsito quase parado para checar os compromissos do dia...

E veja o espelho do lado direito:

É praticamente impossível enxergar uma moto nos espelhos do lado direito — esse é o motivo de ultrapassagens pela direita serem proibidas.

O segundo vídeo é bem legal, mostra a rotina diária de um caminhoneiro de carga líquida, a moto aparece aos 4:55Recomendo fortemente não assistir os primeiros 30 segundos do vídeo, se você assistir não conseguirá desassistir, depois não reclame, quem avisa amigo é.


Eu avisei, não avisei? Teimoso!

O que vale destacar aqui é que cargas líquidas são as mais perigosas.

Mudanças bruscas no volante desequilibram a carga, esses caminhões tombam com mais facilidade, então não conte com a possibilidade que um deles venha a desviar de você em uma emergência.

Entre botar fogo (ou despejar leite) num quarteirão inteiro, perder o patrimônio de meio milhão e arriscar parar no hospital ou além, mais alguns meses sem faturar o frete de cada dia — ou atropelar um motociclista imprudente — adivinha qual a melhor mais tentadora opção para o caminhoneiro?

Neste terceiro vídeo, é apenas um furgão, mas a dificuldade de visualização nos espelhos é a mesma.

Note como o espelho direito raramente é monitorado.

O espelho direito somente é olhado no momento em que o motorista quer voltar para a pista de veículos lentos depois de ultrapassagens.



A imensa maioria dos motoristas não procura por motos no espelho, motos só são lembradas na hora de falar "cara, desculpa, não te vi!"...

E motos têm o péssimo mau hábito de rodar bem acima da velocidade dos outros veículos, causando surpresas.

Se um motociclista apressado resolve se enfiar pelo lado direito de um caminhão ou ônibus, e até mesmo um carro ou uma moto pilotada por mim, ele não será visto.

Dificilmente haverá tempo de evitar um susto — ou um acidente bem feio.

Note que tanto no furgão quanto nos caminhões as colunas da cabine encobrem tranquilamente uma motocicleta e até um carro inteiro.

Agora você entende porque tem tantos vídeos no youtube de caminhões arrastando carros por aí.



Ao compreender a dificuldade que é dirigir um veículo com mais de quatro rodas, ainda mais os grandalhões, você aprende a respeitá-los.

Assim você não cria situações difíceis para eles e extremamente perigosas para você.

Um abraço,
Jeff

terça-feira, 7 de março de 2017

Como pilotar nas nuvens

Pilotando desse jeito você está pilotando nas nuvens...

Nas nuvens porque não está atento ao trânsito à sua volta...

Ou porque está muito perto de pilotar diretamente no céu.
Imagem: Vídeo em http://olddogcycles.com/2017/03/existem-motociclistas-velhos-e-motociclistas-audazes.html

Assista ao vídeo na postagem do Olddogcycles neste link.

E não me venha com o mimimi "o cara do ônibus não olhou no espelho".

O motociclista é quem saiu pilotando sem considerar o trânsito à sua volta.

Os motoristas não contam com a agilidade das motocicletas, é algo fora da realidade deles — e das regras de trânsito.

Além de não prever que o ônibus poderia fazer a conversão, naquela velocidade ele não teria condição de ver a seta piscando.

Nem daria tempo de abortar a tentativa de passar pelo ônibus a tempo de impedir a batida.

Essa é a diferença entre pilotar e pilotar feito um doido.

O motofilmador saiu junto com ele e não se acidentou...

O acidentado nasceu de novo.

Com qual dos dois você prefere aprender alguma coisa?

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 25 de outubro de 2016

SAI DE BAIXO!!!

Cara, se um dia tu veres vires ficares cara a cara com um caminhão ou ônibus virando na tua frente desse jeito aqui:

Tu te manda daí rapidinho porque a coisa vai ficar muito, muito feia pro teu lado...

Caminhões longos e ônibus são obrigados a avançar para a contramão a fim de dobrar uma esquina sem que as rodas traseiras passem por cima da calçada.

E lá do alto da cabine o caminhoneiro enxerga lhufas. Lhufas = голубь nenhuma.

Assim como tu não consegue ver o motorista, o motorista não consegue ver tu.

Tu e a tua moto somem totalmente atrás da coluna e do espelhão na lateral da cabine do caminhão. Ou do busão.

Se você não sair do caminho, ele VAI passar por cima de tu e da tua moto.

As imagens acima foram invertidas porque a cena se passa nas terras da rainha, onde todo mundo anda na contramão, acha normal e pensa que a gente é que é doido.

Então não estranhe de ver no vídeo o motociclista parando onde ele para — ele está na mão correta deles lá.

O vídeo original da lambança é este aqui:
 ~
Então já sabe, vendo a encrenca vindo pra cima de ti, caia fora.

Preveja que vai dar селезень e saia da frente.

Se puder, leve a moto junto.

Mas se não der... 

Antes ela virar tutu do que tu.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 19 de julho de 2016

O que o caminhoneiro vê lá da cabine

Com a ajuda do amigo caminhoneiro, motociclista, WD±40 e kanseiro contumaz Edifrans, estou postando duas fotos tiradas de dentro da cabine de um caminhão Cargo parecido com esse aí do lado. 

A intenção é dar uma ideia do que o motorista do caminhão vê — e não vê — de lá de cima...

Primeira foto de dentro da cabine, Jezebel e eu parados bem à frente do caminhão — como se estivéssemos esperando a abertura de um portão semáforo.

Seria uma situação assim, com a moto no centro da faixa:
Jezebel reclamou que não é ela nesta foto. Tudo bem, o caminhão também não é. E eu não sou barrigudo.

Já na segunda foto de lá da cabine, eu e Jezebel aparecemos costurando no trânsito parado — como se estivéssemos cortando a frente do caminhão, vindos pelo lado direito, tentando mudar de um corredor para outro.

Uma situação assim, com a moto mais para o lado direito do caminhão:
Idem, idem, idem, não sou eu dando jóinha.

Olha só a Jezebel e eu na frente do caminhão:
Achou a gente na foto?

Nós estamos aqui no lado direito, olha só o meu capacete:
Pois é, nós dois desaparecemos completamente na frente do caminhão. Até eu me surpreendi.

E vale lembrar o que disse o Edi, em caso de caminhões bicudos (cuja cabine não seja frontal) a visão de veículos imediatamente à frente fica ainda mais reduzida que no cara-chata utilizado nas fotos.

Na frente de um caminhão bicudo, não ia dar para ver nem o capacete já na primeira foto.

Então o negócio é nunca ficar no ponto cego do motorista, mesmo que o trânsito esteja parado.

Porque se a tua moto cismar de apagar bem ali na frente na hora em que o semáforo abrir, o caminhoneiro vai passar por cima simplesmente porque ele não está te vendo.

Na hora em que escutar o barulho dos ferros retorcidos embaixo do caminhão e sentir aquele solavanco, ele vai ficar muito irado porque vai perder o dia de trabalho na delegacia e não vai poder fazer a viagem contratada. 

Se ele te pegar, vai sobrar pouca coisa de você.

Não satisfeito, ele ainda vai falar nomes muito feios (e merecidos), e vai ficar pulando, esperneando, socando e chutando o que restou da sua moto...

Isso se você não for muito apegado à sua máquina.

Porque se você for muito apegado, estará embaixo da roda do caminhão junto com ela.

Um abraço,

Jeff e Edifrans

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Chegar muito perto dá nisso — parte 1

Preste atenção neste vídeo.

Dois motoristas discutindo acabaram causando um acidente com um motociclista que não estava na briga. 

A fechada em cima da moto não foi intencional, o motorista da frente deu um toque no freio para assustar quem estava atrás e esse cara foi obrigado a frear e desviar, acertando o motociclista que não tinha nada a ver com o babado.

Reportagem: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/06/video-mostra-queda-de-motociclista-da-ponte-da-joatinga-no-rio.html

Mas envolvido em briga ou não, esse tipo de acidente é muito comum — cansei de ver fechadas como essa acontecendo com outros motoqueiros.

O que dá para ver claramente no vídeo é que o motociclista ficou colado no carro à frente.

Na hora em que o motorista freou, a moto precisou desviar para a direita, aí o motorista também desviou e bateu na moto.

Isso mostra a importância de manter uma distância de segurança em relação ao carro na sua frente.

Não adianta o velho mimimi "o motorista não deu seta" — quem está em uma briga de trânsito não dá seta.

E mesmo que desse, o piloto não veria seta nenhuma, nem daria tempo de fazer nada.

Mudar de faixa erraticamente era algo que o motorista já estava fazendo — portanto, era previsível que podia dar зебра.

O motociclista se colocou sozinho na boca de um lobo raivoso — ele se quebrou todo ao cair de um viaduto de 15 metros de altura, agora é torcer e rezar para que ele escape bem dessa.

Que pelo menos este acidente sirva de alerta para o pessoal quanto a duas coisas:

– Nunca fique colado no carro da frente, ele pode parar ou desviar de repente e você não vai ter tempo de fazer nada.

– O motorista nunca espera que alguém ultrapasse pelo lado direito — ele vai desviar para esse lado sem nem sequer olhar no espelho.

E mesmo que ele olhe no espelho (coisa que quase ninguém faz), sua moto estará invisível naquela posição.

É interessante notar que o motociclista experiente (o motoboy) não se meteu nessa fria.

Foi justamente um motociclista que usa a moto a lazer ou na ida para o trabalho / escola quem se acidentou.

Estou chutando que seja a primeira moto do piloto acidentado — se for, isso confirmaria que a falta de vivência no trânsito com uma moto pode ser muito perigosa.

Sobrevivendo e aprendendo.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Ciclistas ocultos na faixa de ônibus

Olá, pessoal!

Aí vai a primeira postagem gerada nesta nova etapa do blog! Estou preparando uma especial para contar sobre a volta de Jezebel, mas ainda dependo de algumas fotos... vai ter de esperar um pouquinho.

Vamos lá:

Tem coisas que a gente vê melhor quando não está andando de moto.

E em um desses dias em que eu andava de ônibus, tive oportunidade de ver uma cena interessante.

Estou no ponto de ônibus quando vejo um grande perigo para nós, motociclistas:
 
 
Imagem: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/67731-ciclistas-adotam-cameras-para-denunciar-motoristas.shtml

Pois é, um ciclista.

Na faixa exclusiva para ônibus, uma fila desses grandalhões começou a reduzir a velocidade para parar no ponto, e escondido atrás do primeiro deles vinha um ciclista totalmente à direita, andando perto da calçada.

Na verdade, vinha aquele que considero o pior dos ciclistas: o cara de meia idade com bicicleta esportiva, completamente equipado.

Gente que anda assim costuma se arriscar ainda mais no trânsito. Tem habilitação para carros e não anda de moto porque acha a motocicleta muito perigosa. Pensa que aquele capacete o protege de verdade. Acha que sabe tudo e não sabe nada.

Não deu outra:

Assim que o ônibus à frente dele começou a reduzir a velocidade, o ciclista saiu de trás do ônibus para fazer a ultrapassagem sem diminuir a velocidade. Ciclista detesta frear a bicicleta.

Como tinha experiência no trânsito, o otário respeitável cidadão desmotorizado deu aquela olhadinha rápida para ver se não vinha nenhum carro, e se mandou como deu.

Olhou para ver se não vinha nenhum carro na faixa ao lado, mas não o suficiente para ver uma motocicleta no corredor.

Não fosse o motociclista cravar os freios, o ciclista feliz tinha ido se ralar no asfalto e o motoqueiro infeliz tinha caído na frente da roda do segundo ônibus.

Errou o ciclista?

Claro que errou, o ciclista é sempre o culpado ele não podia mudar de faixa daquele jeito.

Mas o motoqueiro também errou, o motociclista é sempre o culpado ele não pode trafegar sempre pelo corredor, ainda mais com o trânsito em movimento.

Ao se posicionar entre os carros e os ônibus, a moto fica exatamente no ponto cego de todo mundo, a começar pelos motoristas de ônibus e carros.


E principalmente, fica no ponto cego dos ciclistas doidos para mudar de faixa sem perder o embalo, e dos pedestres querendo atravessar a rua pela frente dos ônibus.

Os ciclistas e pedestres ficam totalmente encobertos pelos outros veículos e, quando você menos espera, eles cortam sua frente ou trombam contra sua lateral, levando você para o chão.

Então já sabe, nas proximidades de pontos de ônibus esse tipo de coisa acontece com muito mais frequência, então fique atento a essa possibilidade e evite passar perto de coletivos para evitar surpresas desagradáveis como essa de sair rolando abraçado a um barbudo suado logo pela manhã.

Um abraço, porque eu não pedalo,

Jeff

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Olha só porque você não pode olhar pelo canto do olho

Entenda porque antes de mudar de faixa não basta olhar no espelho da moto, nem dar aquela olhadinha de soslaio:

É fundamental dar aquela boa olhada virando a cabeça antes de mudar de faixa.

A ciclista confiou na visão periférica, deu aquela olhadinha de canto de olho, viu a área livre ao seu lado e não percebeu o carro se aproximando.

Ela fez o cálculo de espaço em velocidade de bicicleta e não considerou que os carros se movimentam muito mais rápido. 

Você pode até pensar que o motorista estava em velocidade excessiva, mas o vídeo não me passa essa impressão.

É que a câmera só pegou o momento em que o motorista crava o pé no freio, e naquela distância curta não dá mesmo tempo de parar o carro.

De moto você não vai fazer uma atravessada dessas, porque isso é coisa de ciclista imprudente. 

No entanto, tem muitos ciclistas distraídos assim por aí, então fique sempre atento em posturas de ciclistas que possam indicar que ele vá aprontar uma dessas na sua frente.

Não enxergam um carro, imagine se vão enxergar você e sua moto...

E quando você for mudar de faixa com a moto, fique ciente de que também não basta olhar de canto de olho — sem virar a cabeça rapidamente, você irá correr um risco muito grande de fazer algo parecido com a ciclista do vídeo.

Mesmo espelhos bem regulados têm pontos cegos capazes de esconder um caminhão inteiro.

No trânsito, nunca mude de faixa sem dar um "beijinho no ombro".


Mas tome cuidado, porque as condições do trânsito na sua frente podem mudar num piscar de olhos...

Um pequeno descuido e seu joelho acaba dando uma beijoca no carro da frente.

Um abraço,


Jeff

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Como não ser atropelado por caminhão em cruzamentos

Imagens e reportagem: http://g1.globo.com/goias/transito/noticia/2014/07/motociclista-morre-apos-colidir-contra-caminhao-em-goiania.html

A reportagem e a versão da polícia dizem que o caminhão atropelou a moto quando o motorista abriu para fazer uma conversão à direita, mas olhando o local no google view, isso é impossível.


Imagem: Google Street View
https://www.google.com.br/maps/@-16.709404,-49.317991,3a,75y,90h,89.8t/data=!3m4!1e1!3m2!1s6l9tm_flCYor-k96brAReA!2e0

Ele teria de abrir para a direita para fazer uma conversão à esquerda antes de chegar à avenida do Contorno.

Mas este é o único ângulo da avenida Milão que coloca um bosque atrás do caminhão e uma calçada gramada do lado direito da rua, portanto no meu entender a colisão ocorreu depois da avenida do Contorno. A imagem é de 2011, muita coisa mudou — os postes foram substituídos por fiação subterrânea e metade da avenida do Contorno ainda não havia sido asfaltada.

Para ficar naquela situação, o caminhão teria saído da avenida do Contorno fazendo uma conversão à esquerda, e fechou a motociclista que vinha na preferencial pela rua Milão.

Ou seja, ao contrário do que dizem na reportagem, a motociclista não teria tentado ultrapassar o caminhão pela direita. O motorista não a teria visto e entrou na frente dela. 

É aquela história, nunca confie que irão respeitar sua preferencial. Os motoristas podem não estar te vendo, podem estar desatentos, cansados, com sono, bêbados, chapados... 

E os mortos não podem dar sua versão dos fatos. Ao jogar a culpa sobre eles, os causadores de acidentes escapam mais facilmente das consequências de um processo judicial. 

Não posso provar que tenha sido o que aconteceu aqui, mas isto é Brasil. Até os presidentes e presidentas sabem de nada, inocentes. 

Mas vamos aproveitar para analisar outros aspectos daquela versão oficial dos fatos, porque é outra situação possível e muito perigosa que acaba tendo o mesmo resultado.


Reportagem: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2014/03/colisao-entre-caminhao-e-moto-deixa-dois-feridos-em-campo-grande.html

A tentativa de ultrapassar um caminhão pela direita é uma causa muito comum de acidentes, por isso que ultrapassagens pela direita são proibidas, é o ponto cego do caminhoneiro, etc. 


O que o motorista vê pelos espelhos...
Imagem: BBC / http://ibikelondon.blogspot.com.br/2013/04/advice-for-us-all-cycling-safely-with.html
Imagem espelhada para mostrar a situação de veículos com direção no lado esquerdo.


E o que ele está deixando de ver.
Sim, todos eles estão invisíveis para o motorista.
Imagens: BBC / http://ibikelondon.blogspot.com.br/2013/04/advice-for-us-all-cycling-safely-with.html
Imagem espelhada para mostrar a situação de veículos com direção no lado esquerdo.

Então, automaticamente, a motociclista lá de Goiânia estaria errada se a situação fosse realmente essa, correto?

Não necessariamente. 

Existe uma condição em que os condutores estão autorizados a ultrapassar pela direita em conformidade com as regras de trânsito, mas não com as leis implacáveis da vida real, portanto exige prudência.

Imagine que o caminhão realmente se deslocava lentamente na faixa da esquerda, antes do cruzamento, sinalizando que iria fazer uma conversão à esquerda, esta situação aqui:



Imagem: Google Street View 
https://www.google.com.br/maps/@-16.709404,-49.317991,3a,75y,90h,89.8t/data=!3m4!1e1!3m2!1s6l9tm_flCYor-k96brAReA!2e0

Ao ver a carreta sinalizando a conversão à esquerda, o motociclista inicia uma ultrapassagem permitida pela direita — já que o código de trânsito diz que é proibido ultrapassar pela direita, a menos que o veículo sendo ultrapassado esteja sinalizando uma conversão à esquerda.

Mas para poder fazer essa conversão, ao chegar perto do cruzamento o motorista do caminhão é obrigado a jogar o cavalo mecânico para a direita, senão as rodas da carreta passarão por cima do canteiro.


Mesmo que olhe pelo espelho, ele não verá uma moto se aproximando no enorme ponto cego atrás e à direita do caminhão.


O motorista do caminhão fica numa situação extremamente complicada. Não tem alternativa: 


Se sinalizar para a direita na hora de abrir a curva para o cavalo mecânico, alguém poderá tentar ultrapassá-lo no momento da conversão à esquerda, colidindo, e o motorista será responsabilizado; sinalizando para a esquerda, ele autoriza a ultrapassagem pela direita, mas é obrigado a fazer a manobra na direção contrária da que está sinalizando. 


Não há uma maneira de ele alertar os outros condutores de que, apesar de estar sinalizando em uma direção, o caminhão precisará ir momentaneamente para a direção oposta.


A única pessoa que pode evitar cair nessa armadilha é o motociclista, mas para isso ele precisa saber que essa manobra e esse perigo existem.


E como ninguém nas auto e motoescolas ensina estes macetes que seriam de sua obrigação ensinar, os motoristas e motociclistas novatos desconhecem essa manobra básica das carretas e veículos longos e se lançam nessa armadilha fatal. 


O resultado é esse, mais uma cidadã brasileira agora está morta com apenas 27 anos. 



Imagens e reportagem: http://g1.globo.com/goias/transito/noticia/2014/07/motociclista-morre-apos-colidir-contra-caminhao-em-goiania.html

Quantos jovens mais irão morrer pelo mesmo motivo, a falta de um ensino abrangente nas auto e motoescolas?

Eu tinha opinião de que os centros de formação de condutores não passam informações úteis e dão apenas o feijão com arroz básico para tirar a carta básica.

Mas esta semana pude ler uma cartilha de primeira habilitação e fiquei surpreso com a qualidade do material, há muitas informações relevantes de pilotagem defensiva.

Mas continuo com a opinião de que os CFCs realmente não formam condutores aptos a enfrentar o trânsito nas ruas. Aquele percurso de parquinho de diversões é ridículo — alguém chegou aqui no blog perguntando no google para que servem a terceira, quarta e quinta marchas...

Enquanto isso, nossa juventude morre pelas ruas, avenidas e estradas.


Um abraço triste,


Jeff