terça-feira, 31 de outubro de 2017

O que tem dentro do motor da sua moto?

Vídeo bacana que mostra os componentes internos do motor de uma moto de maneira bem legal:


Divirta-se entendendo como o motor funciona. 

A diferença fundamental em relação ao motor de uma CG com comando no cabeçote é apenas o cilindro mais inclinado.

Fora isso, todos os componentes fundamentais estão ali.

0:00 Virabrequim e biela

0:05 Pistão

0:07 Câmbio e motor de partida

0:10 Corrente e engrenagens de comando

0:12 Válvulas e balancins do comando de válvulas

0:17 Metade esquerda da carcaça do motor

0:18 Metade direita da carcaça com bomba de óleo no canto dianteiro inferior 

0:20 Embreagem multidiscos

0:25 Filtro de óleo centrífugo

0:30 Rotor magnético do alternador

0:33 Cilindro e cabeçote

0:37 Válvula de aceleração (substitui o carburador nas motos com injeção eletrônica)

0:40 Vela de ignição no cabeçote e tampas do motor (com as bobinas do alternador não mostradas dentro da tampa do lado esquerdo)

1:10 Exemplos de como antecipar a retífica do motor e a troca de peças bem caras deslocando o óleo para a parte traseira do motor, fora do alcance da bomba, fazendo com que ele gire seco e se desgaste muito mais rápido.

A propósito, a hero é uma montadora de motos indiana.

Era uma parceria local chamada honda-hero e recentemente passou a seguir rumos próprios.

Para todos os efeitos, agora não é mais honda, é só hero.

Se a filial brasileira mudasse de nome e lançasse motos novas com projeto original honda, usando peças da honda e pagando royalties para a honda, ela deixaria de ser honda?

Tá bom... conta outra.

Um abraço,
Jeff

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Quando a vida imita muito mal as artes

Irmãos Metralha reclamando de ir para a cadeia por motivo absurdo:
Imagem traduzida de http://tiahblog.blogspot.com.br/2016/01/

Será essa a nossa realidade no Brasil em 2018?
Imagem e reportagem: https://g1.globo.com/carros/noticia/pedestres-e-ciclistas-poderao-ser-multados-a-partir-de-2018.ghtml

A novidade é que agora estão querendo multar os pedestres que atravessarem a rua fora da faixa, e também os ciclistas abusados... (beem... hummm...)

Como é previsível, será uma multa muito difícil de ser cobrada, já que depende de a infração ser comprovada e também de o infrator ser identificado.

Como farão a identificação? Pedindo os documentos?

E se o pedestre se negar a fornecer o RG por não querer produzir uma prova contra si mesmo, como garante a Constituição?

Irão colocar o pedestre contra a parede, revistando e conferindo os documentos?

Já vi esse filme... e não gostei.
Imagem: http://elinorflorence.com/blog/if-day-ww2-winnipeg

Não, não foi na Europa de 1940. 

Foi aqui mesmo no Brasil nos anos 1970. 

Bastava ter cabelo comprido (naquela época eu tinha, e era comprido) e você era parado e revistado pelas otoridades. Ter cabelo comprido era coisa de subversivo e maconheiro. Mais ou menos o que fazem com os motociclistas hoje. Tá de moto, é ladrão até prova em contrário. Otoridades não gostam de quem destoa da manada. Otoridades não gostam de quem contesta a autoridade de quem não tem, e se valem da truculência para impor seu ponto de vista. Tanto à esquerda quanto à direita.

E mesmo que identifiquem o 'infrator', como as otoridades cobrarão essa multa?

Mandando pra cadeia quem se recusar a pagar?

Impedindo de receber a aposentadoria quem tiver multas em aberto?

Foi a esse governo policialesco, opressor, escorchante e "democrático" a quem delegamos o poder de nos representar via voto?

A quem esses governantes representam, além de eles mesmos?

Não me entenda mal, o caos no trânsito precisa ser combatido — pedestres e ciclistas desatentos colocam suas vidas em perigo, e também as nossas.

Como motociclistas, somos tão vulneráveis quanto pedestres e ciclistas, e frequentemente eles nos envolvem em situações perigosas.
Imagem e reportagem: http://www.obemdito.com.br/regiao/moto-atinge-pedestre-e-e-colhida-por-picape-dois-morrem/13565/

Bom, nós também volta e meia não fazemos nossa parte...
Imagem e reportagem: https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/motociclista-e-pedestre-morrem-apos-atropelamento-em-frente-ao-palacio-do-planalto.ghtml

Mas o caminho para solucionar o problema não está em multar alguém que nunca foi ensinado a atravessar uma rua, alguém que nunca aprendeu sobre os perigos do trânsito...

Alguém não habilitado a ser um pedestre.

Se o trânsito não for ensinado nas escolas, não será multando e oprimindo nosso povo que teremos um trânsito mais seguro.

Chega dessa palhaçada de querer arrancar dinheiro do povo de todo jeito!

Qual será o próximo passo?

Tatuar RG e CPF no braço dos cidadãos?
Ê ô ô vida de gado... povo marcado, ê... povo feliz...

Colocar chip no povo?

Monitorar nossos celulares?

Nos obrigar a usar roupas com números?

E não falo dos números das camisetas dos Irmãos Metralha, mas de algo muito mais sinistro de 80 anos atrás.

Algo tão velho que poucas pessoas estão vivas para lembrar o que não pode ser esquecido jamais...
Imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/Identification_in_Nazi_camps

Conhecer a História serve para não deixar repetir os erros do passado.

Pode parecer exagerado comparar esse excesso de interferência do governo na vida das pessoas com o que aconteceu na Europa nazista.

Mas ninguém percebeu o que ocorria na Alemanha até ser tarde demais.

Se cedermos, permitiremos que o governo se torne (ainda mais) uma máquina gigantesca que age impune e sem fiscalização, impondo o que bem entende a todos nós.

Um governo que desrespeitará nossos direitos mais básicos — como o direito sagrado de ir e vir, o direito de nos associarmos em paz e com liberdade, o direito de recusar injustiças.

Se cedermos a tudo, seremos sufocados e transformados em meros autômatos pagadores de impostos.
Imagem: Pink Floyd, The Wall  Paradoxal, né? Usar um vídeo criticando o ensino para falar sobre a necessidade de Educação. 
É que não se trata de robotizar o povo, mas de conscientizá-lo para que vivam uma vida melhor. Ou pelo menos, mais longa.

Autômatos pagadores de impostos e multas que trabalham a vida toda por um salário indigno.

E que não recebem de volta nada que valha alguma coisa — como Educação, Saúde, Segurança, Justiça, Aposentadoria Digna, Malha Viária Decente e Trânsito Seguro.

Apenas corrupção.

Um abraço,
Jefferson

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Os problemas da royal enfield Himalayan e sua implicação para toda a indústria de motocicletas

Apareceram denúncias de problemas de fabricação muito sérios após o lançamento da royal enfield Himalayan.

Problemas que chamaram minha atenção pela sua similaridade com os ocorridos no lançamento da dafra Kansas — chassi se partindo ao meio.


Jezebel e Lala Kansas e Himalayan: unidas pelo destino?

Para começar, o que é a Himalayan?

É uma moto lançada em 2016 na Índia pela royal enfield, cuja marca chegou ao Brasil este ano, mas ainda não trouxe esse modelo para cá.

Ela faz parte de uma tendência "nova" no mercado, motos 'aventureiras' com chassi reforçado que encaram sem medo estradas muito ruins.

Qual a novidade nisso?

Basicamente, a Himalayan compete na faixa de uso, potência e mercado de uma honda Falcon — motor monocilíndrico de 400 cm3.

Mas o que distingue a Himalayan é o projeto robusto e sem frescura, com protetores de motor e de tanque feitos de aço em vez de abas de plástico, e a preparação para receber acessórios úteis em viagens prolongadas:
Sim, são dois galõezinhos de combustível adicionais, um de cada lado do tanque. Não usaria nunca, não sou doido de cair em cima de um coquetel molotov.

Tudo nela (menos os galõezinhos adicionais) foi pensado para enfrentar tombos, e não para vender peças a cada queda.

Notou o farol?
Imagem e site oficial: https://royalenfield.com/motorcycles/himalayan/

É fixado no protetor de tanque e não na suspensão dianteira.

Isso quer dizer que na hora em que você (não eu) cair aquele tombo besta, não precisará trocar o farol inteiro nem o caro aro cromado ralado não encontrável na concessionária que até hoje passados cinco anos você olha e lamenta.

Ela tem grande distância livre do solo, muito útil para atravessar riachos...

... e não entalar a moto no barranco lá no riozinho da praia dos Castelhanos (não que isso tenha acontecido comigo).

Postei esse vídeo por brincadeira, porque uma travessiazinha dessas você faz até com uma Kansas, se mantiver o motor acelerado para não deixar entrar água no escapamento e controlar a embreagem para não deixar o motor morrer...

A única dificuldade da Kansas será enfrentar o barranco na saída do riozinho da praia dos Castelhanos por causa da pequena altura livre do solo, aí ela fica entalada e você e sua moto (não eu nem a Jezebel) caem dentro da água. Aquele meu amigo teve muita sorte naquele dia de não entrar água no motor. E não ter ninguém filmando.

Ou seja, para motociclistas com esse meu perfil, é um pacote interessante e vendido basicamente pelo mesmo preço de uma Falcon, se não menos:

O preço da Himalayan lá na Índia é a partir de 1,55 lakhs, ou 155.000 rúpias, o que dá exatos 7.735 reais brasileiros... com nossa carga de impostos mais LVB (Lucro Vampiro Brasil), chegará por aqui perto do preço da Falcon.

Mas os problemas ocorridos desde o lançamento da Himalayan foram muito 
sérios — diversos casos de quebra de chassi, algo extremamente grave:
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html

A seriedade dessas denúncias precisa ser considerada com cuidado, porque tem proprietário que acha absurdo (e até faz vídeo reclamando) a moto quebrar ao passar por obstáculos como este:

Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU aos 5:08

Resta saber se ele passou realmente pelo meio da trilha, ou se — como eu suspeito — errou a manobra e enfiou a moto de cara na pior parte do valetão.

Fala sério, ninguém faz um estrago desses se não trombar de frente com uma parede vertical:

Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=CHrAH488_EU 

Como a Himalayan vendeu muito bem inicialmente, a concorrência local está empenhada em divulgar casos como esse aos quatro ventos para derrubar a imagem da moto e da empresa.

Não que a royal também não tenha os seus pecados... 

Mas neste caso, não seria a primeira vez que alguém destrói a moto por inabilidade e depois tenta recuperar o prejuízo tentando botar a culpa na fabricante.

Ou faz isso intencionalmente visando queimar a concorrência

No começo eu acreditava que era isso que acontecia com as Kansas, mas o tempo provou que eu estava errado.

Todos os outros casos registrados merecem ser analisados em profundidade, porque parecem apontar para problemas realmente sérios em toda a cadeia de produção:

Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html

A primeira foto mostra um cordão de solda muito bonito, mas que não penetrou no material de base.

É um fenômeno típico da soldagem MIG, aquela que usa arame fornecido continuamente e derretido debaixo de uma proteção de gás inerte argônio.

Isso se chama "colagem", algo que não acontece na soldagem com eletrodos revestidos comuns.

O metal simplesmente é depositado e não forma uma união resistente, e o resultado é o descolamento com esforços muito menores do que o esperado.

A colagem é o pesadelo dos técnicos de soldagem, porque não é detectável por inspeções de qualidade, nem mesmo por exames de ultrassom ou raios X.

O soldador precisa ser muito bem treinado para ele mesmo detectar e corrigir o problema, o que nem sempre é possível.

A atenção e a concentração do pessoal variam muito em função da posição do time no campeonato, do salário e do sucesso no relacionamento com a patroa na noite anterior... 
Imagem e reportagem: https://www.rushlane.com/royal-enfield-himalayan-quality-reliability-12237993.html

A segunda foto mostra uma fratura preocupante.

O material visivelmente sofreu um esforço bastante superior ao que conseguia suportar.

Se for a mesma moto, esse esforço maior pode ter sido consequência do descolamento da solda MIG.

Sem o reforço da longarina principal, a secundária simplesmente não resistiu e se rompeu. 

No entanto, a granulosidade do aço na fissura mostra o que é conhecido pelos técnicos e tecnólogos de soldagem como "fratura frágil".

Fraturas frágeis acontecem em material com teor de carbono elevado, e os quadros de nossas motos não podem ser fabricados com aço de alto teor de carbono.

Quanto mais elevado o teor de carbono, mais resistente mecanicamente será o aço, mas também mais frágil e quebradiço.

Um quadro frágil e quebradiço é tudo que não queremos em uma moto. 

Em uma condição extrema, é melhor ter um quadro empenado do que uma motocicleta partida ao meio.

Há outro indício de que esse aço tem excesso de carbono:

A ruptura ocorreu no limite da zona afetada pelo calor da solda.

Quando você faz uma soldagem, a vizinhança do cordão de solda se avermelha e esfria mais rápido do que o próprio cordão fundido.
Imagem: http://www.hotrod.com/articles/1112phr-tig-weld-like-a-pro/ Imagem meramente ilustrativa da zona afetada pelo calor. Esse material é aço inoxidável, não suscetível à têmpera. Pelo menos, não à têmpera nos mesmos moldes que o aço comum, os fenômenos aqui são outros.

Aquecimento elevado e esfriamento rápido são a base do processo de têmpera do aço.

Têmpera é um processo que torna o aço ainda mais duro e, portanto, ainda mais frágil e quebradiço.

Um aço de alto teor de carbono será temperado e poderá trincar no limite da região afetada pelo calor (região mais escura na foto), onde o resfriamento aconteceu mais rápido.

Um aço de carbono elevado acaba sofrendo têmpera na zona afetada pelo calor, e é por isso que as soldas geralmente nunca quebram, mas sim as áreas vizinhas a ela.

Um aço com teor mais elevado de carbono somente será útil para um chassi de motocicleta se ele receber a adição de outros elementos que estabilizem essa tendência de temperar facilmente, como o molibdênio.

A desgraça é que os engenheiros aproveitam que agora o aço com molibdênio resolve o problema da soldagem e é mais resistente, mas como esse elemento de liga é mais caro, passam a usar aço mais fino com a desculpa de tornar a moto mais leve...

Aí bastam variações mínimas nos teores (mínimas mesmo, na casa dos centésimos porcentuais) para o material deixar de atender ao que se espera dele...
Imagem e depoimento: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=y3hTqbih3Do

Esta outra foto mostra o metal da bandeja fraturado em vários locais, como se tivesse sido corroído.


Não parece uma chapa de aço nova, mas sim um material velho com muitos anos de corrosão.

Posso estar enganado, mas me parece o sintoma de aço com alto teor de contaminantes, principalmente enxofre e fósforo.

Fósforo e enxofre têm o dom de se enfiarem entre os cristais que formam o aço, e têm extrema afinidade com água.

Enxofre + umidade = ácido sulfúrico

Fósforo + umidade = ácido fosfórico

São ácidos que geram corrosão entre os grãos cristalinos do aço, e o resultado é esse aí da foto...

São problemas metalúrgicos e de execução que não são exclusividade de uma única fabricante, mas que podem aparecer em qualquer moto de qualquer marca.

Problemas estruturais de produção que surgem nas usinas siderúrgicas, durante a produção do aço, e que são extremamente difíceis de resolver. 

Lembra de como os carros nacionais apodreciam de um ano para outro nos anos 70 e 80?

Imagem e reportagem: https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/dez-coisas-dos-velhos-tempos-que-nao-eram-nada-boas/

Carros com 30 mil km já mostravam rombos de chapa podre ainda durante os testes de quilometragem da revista 4 Rodas.

O material já saía contaminado e mal refinado da siderúrgica, e resolver isso não estava ao alcance das montadoras.

E o que acontecia no Brasil nos anos 70 e 80 agora periga acontecer em escala mundial até mesmo nos países que sempre se pautaram pelos elevados padrões de qualidade:
Imagem e reportagem: http://money.cnn.com/2017/10/24/news/economy/japan-inc-scandals-kobe-steel/index.html

A kobe steel é simplesmente uma das maiores siderúrgicas e metalúrgicas do mundo com base no Japão. 

E o que é esse escândalo reportado pela CNN e também pela globo?
Reportagem: http://money.cnn.com/2017/10/16/news/companies/kobe-steel-scandal-what-we-know/index.html?iid=EL

"Essencialmente, os funcionários da Kobe [Steel] falsificaram relatórios para fazer parecer que os produtos atendiam às especificações solicitadas pelos clientes quando de fato eles não atendiam." 

"Isso levantou dúvidas sobre [a qualidade de] milhares de toneladas de material produzido ao longo de mais de 10 anos."

E qual o motivo de os materiais não atenderem às especificações a ponto de levar os funcionários à falsificação de relatórios?


Bom, além da pressão por resultados e prazos imposta de cima para baixo, suspeito de um fator importante: uso de material reciclado.

Seja no Japão, na Índia, no Brasil, cada vez mais se usa material reciclado para a produção de aço, alumínio, cobre. 

Como são reciclados carros e motos?

Triturando tudo, separando os componentes ferrosos com eletroímãs e derretendo num alto-forno.

E junto com a sucata também vão junto o óleo e a graxa.

Sai mais barato derreter um carro ou uma moto prensados num bloco do que minerar e produzir material mais puro.

E é mais "eco-friendly"...

Óleo e graxa são extremamente ricos em enxofre, fósforo, carbono e hidrogênio — todos são venenos para o aço, alumínio e outros metais.

A maior parte é queimada e vira escória, mas sempre sobra uma fração residual dissolvida no metal.

E basta uma porcentagem ínfima desses materiais para alterar significativamente para pior as qualidades do aço.

Eliminar totalmente esses contaminantes adicionados junto com a sucata encarece o processo e aumenta os prazos de produção da siderúrgica, o que impede atingir as metas de produção e reduz a lucratividade geral, então...

Possivelmente já tenhamos tido uma amostra disso no caso das Kansas e outras motos chinesas extremamente frágeis.

Antigamente, as empresas mantinham departamentos de testes para assegurar que o aço recebido realmente estava dentro dos limites de carbono e contaminantes exigidos pelo projeto.

Hoje, reduzindo custos, elas confiam totalmente na palavra e laudos dos próprios fornecedores — colocaram os interessados em faturar o produto para garantir sua qualidade...

Só eu vejo um enorme conflito de interesses aqui?

Minha suspeita é de que os problemas da Himalayan sejam apenas um sintoma claramente visível do que se tornará a regra do mercado nestes anos de agora em diante.

Essa suspeita sobre a qualidade variável de lotes de aço foi levantada por mim no fórum da dafra quando as Kansas começaram a se partir ao meio, mas na época ainda não havia estourado nenhum escândalo como esse da Kobe Steel comprovando a existência do problema nas siderúrgicas.

E agora a Kobe Steel mostra esse escândalo em uma siderúrgica não chinesa nem indiana nem brasileira.

Puxe a ponta do fio que coisas piores aparecerão.

Estou vendo um filme antigo acontecer de novo... só mudaram os atores. 

Não será algo agradável ver motos novas se partindo ao meio todos os dias.

Sinceramente, não sei mais o que fazer.

Parem o mundo, porque eu quero descer.

Os pilares que permitiram criar o mundo que conhecemos foram corroídos pela falta de ética tanto capitalista quanto comunista, ambos os sistemas exigindo produtividade, redução de custos e lucros acima de tudo.

Faz parte do esquema de ganhar muito dinheiro que capitalistas, comunistas e qualquercoisistas imponham o silêncio de quem deveria denunciar os problemas — a perspectiva de demissão dos responsáveis pela qualidade sempre fala mais alto, ou os exclui do processo.

Enquanto isso, nós os consumidores acabamos fundidos e reciclados por esses sistemas.

E aqueles que percebem o funcionamento da máquina podre não têm a quem recorrer, porque todos os governos são sustentados no poder por essas indústrias.

É triste, mas é nossa realidade.

Só nos resta saber o que acontece e ficarmos atentos para não acabarmos vitimados pelo sistemão dos acordos repulsivos feitos por baixo dos panos na frente de todo mundo e com transmissão ao vivo pela tv.

Um abraço,
Jeff

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Um vídeo que pode quebrar um grande galho

Assistindo a este vídeo aprendi mais este truque de sobrevivência:

A moto parou no meio do nada porque não gerava faísca na vela.

O pessoal recorreu à arte do improviso para fazer um teste prático usando outra moto para descobrir que o alternador não estava gerando energia.


Abriram e descobriram que o problema era uma chaveta quebrada (uma das peças mais baratas de uma moto).

A chaveta é um pedacinho de aço que serve de peça de união encaixada entre o eixo do virabrequim e o rotor magnético do alternador, e pode vir em vários formatos e tamanhos.
Imagem: http://www.chavetasecia.com.br/

O giro do rotor magnético em frente às bobinas fixas gera energia elétrica que depois é retificada, regulada e enviada para a bateria e para a bobina e vela de ignição.

Sem chaveta, o motor funciona enquanto houver energia da bateria, mas o movimento não é transmitido para o alternador.

Sem girar, ele não repõe a energia elétrica consumida. 

Assim que a energia da bateria enfraquece a ponto de não gerar uma faísca capaz de incendiar o combustível, o motor para de funcionar.

Sem faísca, adeus giro do motor, bye bye passeio, hello loneliness concessionária fechada aos domingos guincho.

No mato sem cachorro, eles improvisaram uma nova chaveta com um teco de metal e resolveram o problema para conseguir chegar em casa... parabéns pela criatividade!

Agora o que assusta é a chaveta ter quebrado em uma moto nova como a Himalayan, lançamento do ano passado, a moto mais nova da família da royal enfield lá na Índia.

Tudo nela é totalmente novo em relação às suas parentes, inclusive motor e chassi:
Imagem: https://royalenfield.com/motorcycles/himalayan/bike/

Só há duas explicações:

Um erro de dimensionamento da chaveta — que não aguentou um tranco mais forte (mas previsível em uma moto de uso todo terreno), ou então ela foi feita de material inadequado para o seu trabalho.

De qualquer forma, responsabilidade da fabricante.

Ela deveria ter testado suficientemente a moto e melhorar seu processo de controle de qualidade até mesmo das peças mais baratas para evitar que os fregueses clientes consumidores acabassem expostos a situações bastante desagradáveis, perigosas e geradoras de views no youtube.

Ando acompanhando com interesse as notícias sobre esse modelo novo da royal que acredito que chegará ao Brasil no ano que vem.

De toda a linha das enfield, foi a moto que mais chamou a minha atenção.

Ela está tendo alguns problemas pós-parto bastante sérios, que estão sendo bastante amplificados com megafone pela concorrência local. Até me fez lembrar o lançamento da Kansas.

Mas o que é problema real precisa ser consertado, e as atitudes tomadas pela fabricante — ou não — definirão o sucesso dessa moto. Ou não.

Estou de olho e em breve trarei mais novidades sobre o que estou descobrindo a respeito da Lala, ops, da Himalayan. Xi, dei nome... agora f@deu.

Um abraço,
Jeff

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O desgaste do disco de freio levará a uma queda... inspecione sua moto!

O leitor Eduardo comentou na postagem Nada como uma pane no meio do nada para tornar a aventura divertida :

Bom dia Jeff.

Minha mensagem hoje é de alerta pra quem não inspeciona a moto regularmente. E eu tenho falhado neste fundamento.

Ontem fui até a concessionária trocar a pastilha do freio traseiro da Falcon. 

E... o mecânico percebeu, antes de começar o serviço, que o disco estava rachado. 

Ele já estava bem gasto, não tenho certeza se a espessura ainda estava dentro da tolerância. Fiquei exposto a um acidente sério. 

Dias antes, tinha consultado todas as concessionárias do Rio e ninguém tinha o disco em estoque. Ontem por acaso o disco já tinha chegado. 

Andei reparando nas Falcons que vejo paradas, o disco e as pastilhas traseiros desta moto se desgastam muito rápido. E esta é minha primeira moto com freio a disco na roda traseira.

Ótimo alerta, Eduardo! 

A tolerância para o desgaste dos discos de freio é pequena, e com a desculpa de tornar a moto mais leve, as fabricantes usam a menor espessura possível.

Eles poderiam perfeitamente instalar um disco 2 mm mais espesso, mas aí ia durar a vida toda, nada de vender peças de reposição...

Também contribui para o desgaste prematuro o hábito do pessoal aprendido na motoescola de usar somente o freio traseiro, cujo disco já é mais fino que o dianteiro. Justamente porque deveria ser menos utilizado.

O rompimento do disco de freio em alta velocidade certamente levaria a uma queda. 

E para todo mundo saber o quão frágeis são os componentes do freio da sua moto, veja este vídeo:



Tudo na sua moto é projetado para uso normal. 

Abusar da sua utilização pode quebrar a pinça do freio no primeiro dia de uso...

Inspecione sempre todos os componentes vitais de sua moto e use-os apenas de acordo com sua capacidade.

A pinça quebrou em uma freada mais brusca que felizmente aconteceu com a moto quase parada, mas em alta velocidade poderia causar um acidente.

Da mesma forma que um disco de freio excessivamente gasto poderia se romper e travar totalmente a roda causando um possível atropelamento.

Inspecionar a moto é fundamental.

Pense em sua moto como um avião que voa a um metro do solo. 

E trate-a com o mesmo cuidado — afinal, uma queda sempre é dolorida.
Imagem obtida em: http://filmesegames.com.br/2013/snoopy-e-o-barao-vermelho-snoopy-and-the-red-baron-botao-solitario/

Um abraço,
Jeff

terça-feira, 17 de outubro de 2017

A falta de visão que o caminhoneiro tem de motos e bicicletas

Três vídeos com a visão do caminhoneiro para você entender a dificuldade que é ver uma moto no trânsito:



Te poupei todo o tempo que ele ficou preso sem poder sair da garagem porque os manés não deram vez... 

Se quiser e tiver 7 minutos para perder, veja a tensão que ele passa já no começo do dia de trabalho só para sair da garagem.

E agora vendo a cabine, note como os veículos, principalmente moto e bicicleta, aparecem pequeninos nos espelhos.

Elas desaparecem totalmente quando entram no ponto cego da cabine: 

A moto já sumiu do espelho, mas ainda não está visível na janela da porta.

Imagem: Vídeo https://youtu.be/MZPLsoPDmII aos 07:33

Esta imagem foi feita aos 7:33, note que a moto ainda não apareceu e o ciclista de camisa preta permaneceu oculto à frente da coluna e do visorzinho da câmara de ré em cima do painel (coisa ainda rara por aqui).

Se o motociclista ou o ciclista tentassem aproveitar o trânsito lento para costurar na frente do caminhão, dificilmente seriam percebidos a tempo de evitar um esbarrão suficiente para derrubar a moto ou bicicleta debaixo da roda dianteira.
Imagem: Vídeo https://youtu.be/eHoRMhq_uaI aos 7:15. Esse vídeo foi incluído na postagem Nunca ultrapasse um veículo lento pela direita com outros bons exemplos de situações complicadas com caminhões e caminhoneiros.

Fica ainda mais fácil não perceber motos e bicicletas porque os caminhoneiros aproveitam esses momentos de trânsito quase parado para checar os compromissos do dia...

E veja o espelho do lado direito:

É praticamente impossível enxergar uma moto nos espelhos do lado direito — esse é o motivo de ultrapassagens pela direita serem proibidas.

O segundo vídeo é bem legal, mostra a rotina diária de um caminhoneiro de carga líquida, a moto aparece aos 4:55Recomendo fortemente não assistir os primeiros 30 segundos do vídeo, se você assistir não conseguirá desassistir, depois não reclame, quem avisa amigo é.


Eu avisei, não avisei? Teimoso!

O que vale destacar aqui é que cargas líquidas são as mais perigosas.

Mudanças bruscas no volante desequilibram a carga, esses caminhões tombam com mais facilidade, então não conte com a possibilidade que um deles venha a desviar de você em uma emergência.

Entre botar fogo (ou despejar leite) num quarteirão inteiro, perder o patrimônio de meio milhão e arriscar parar no hospital ou além, mais alguns meses sem faturar o frete de cada dia — ou atropelar um motociclista imprudente — adivinha qual a melhor mais tentadora opção para o caminhoneiro?

Neste terceiro vídeo, é apenas um furgão, mas a dificuldade de visualização nos espelhos é a mesma.

Note como o espelho direito raramente é monitorado.

O espelho direito somente é olhado no momento em que o motorista quer voltar para a pista de veículos lentos depois de ultrapassagens.



A imensa maioria dos motoristas não procura por motos no espelho, motos só são lembradas na hora de falar "cara, desculpa, não te vi!"...

E motos têm o péssimo mau hábito de rodar bem acima da velocidade dos outros veículos, causando surpresas.

Se um motociclista apressado resolve se enfiar pelo lado direito de um caminhão ou ônibus, e até mesmo um carro ou uma moto pilotada por mim, ele não será visto.

Dificilmente haverá tempo de evitar um susto — ou um acidente bem feio.

Note que tanto no furgão quanto nos caminhões as colunas da cabine encobrem tranquilamente uma motocicleta e até um carro inteiro.

Agora você entende porque tem tantos vídeos no youtube de caminhões arrastando carros por aí.



Ao compreender a dificuldade que é dirigir um veículo com mais de quatro rodas, ainda mais os grandalhões, você aprende a respeitá-los.

Assim você não cria situações difíceis para eles e extremamente perigosas para você.

Um abraço,
Jeff