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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Amaciamento de motores de arrefecimento líquido

Vou contar minha experiência com o amaciamento na estrada do motor da Edith, minha mvk regal raptor Fenix Gold:


Edith Giovanna não é esta aqui, mas é parecida...
O manual do proprietário recomenda o seguinte procedimento de amaciamento, que funcionou muito bem para um motor de arrefecimento líquido (à água):

- Evite uso prolongado do motor em alta rotação ou outra condição que possa provocar superaquecimento do conjunto — ou seja, não acelere no talo, não mantenha acelerações intensas por período prolongado — o que não impede de dar uma esticada ou outra quando realmente necessário.

- Primeiros 150 km: Evite operação prolongada a mais de 1/3 da abertura total do acelerador, variando a velocidade, e pare a cada hora por 10 minutos para resfriamento do motor.


- 150 a 500 km: Evite operação prolongada a mais de 1/2 da abertura total do acelerador, sem usar aceleração total.


- 500 a 1000 km: Evite acelerações superiores a 3/4 da abertura total do acelerador.


Só lembrando, fiz o amaciamento em uma viagem de 1000 km com Edith Giovanna, condição que não é a ideal para amaciar o motor. 

Não esforçar o motor durante esse período funcionou muito bem, mas é necessário lembrar que uma moto resfriada à água não tem dilatações do motor tão grandes quanto a imensa maioria das motos resfriadas apenas a ar — as condições de trabalho são mais brandas.


Aproximadamente aos 350 km, fomos obrigados a fazer uma ultrapassagem e não tive dúvida de colocar Edith a 110 km/h reais (ela é uma 250).

E quanto ao óleo?

Logo de cara, a quantidade de óleo colocada pela concessionária não bateu com o nível recomendado. 


A quantidade de óleo recomendada é de 1,9 litro, e o pessoal me informou que já haviam colocado 2 litros redondos.

Mas, para não contrariar a denúncia feita em A esperteza dos fabricantes e a ingenuidade do povo, o macaco velho que vos tecla conferiu e precisou acrescentar mais 300 ml para atingir o nível recomendado máximo da vareta medidora.


Ou seja, foram necessários 400 ml a mais em um motor recomendado para 1,9 litro, o que dá de cara uma diferença de 21% — a diferença entre o nível estar no máximo ou no mínimo da vareta medidora.

NOTA: Percebi depois que essa medição foi feita a quente... medida a frio, foram necessários no total 750 ml para a moto ficar com o nível de óleo correto.

Se tivéssemos saído de SP com a quantidade de óleo colocada na concessionária, sem conferir, certamente o motor teria se fundido na estrada.


Mas com a quantidade certa, bastou respeitar os limites e seguir viagem com tranquilidade e pronto, repondo o óleo quando necessário, e estava feito o amaciamento do motor.

Durante o trajeto ela consumiu mais 500 ml na estrada, repostos em duas etapas até a primeira troca, que fiz em Curitiba quando o motor chegou aos 700 km. 


Como ia ser jogado fora, eu até poderia ter reposto menos do que 500 ml, mas não gosto de rodar com óleo abaixo da metade da faixa da vareta medidora. 


Prefiro jogar vinte reais fora do que me arriscar a comprometer a vida inteira do motor — ainda mais em uma primeira viagem. 

E como confirmado por um grande fabricante, colocar menos óleo do que o nível máximo da vareta medidora pode causar travamento do motor.


Por que eu não esperei dar 1000 km para a primeira troca? 

Porque não há concessionária mvk na região de Floripa. As revisões e a manutenção dessa moto correrão por minha conta e risco. La garantía soy yo!

E também porque eu não confiava no óleo do primeiro enchimento — aquele óleo famoso que só tem propaganda e que ao chegar aos 700 km já virou água suja. 

Além disso, saímos de SP em um dos dias mais quentes da temporada, 37 graus. Quase desidratei em cima da moto, não estava fácil para o óleo.

Se eu não fizesse a troca em Curitiba, iria ter de fazer mais 300 km até Floripa com um óleo que eu sei que abre o bico aos 700 km... 

Meu receio também era que o filtro de tela estivesse entupido com sujeira da produção, como já vi acontecer no motor de uma moto chinesa que tive oportunidade de abrir a trabalho... 

Naquela outra moto, era um festival de cavacos e cola e fiapos de estopa que dava pena do motorzinho, acho que nem passava óleo por ali.

Mas não foi isso que ocorreu com a Edith, o filtro estava muito limpo:

Sinal que a fabricação dos motores é cuidadosa bem acima da média para uma moto chinesa. Fiquei ainda mais contente.

Com o óleo renovado pela minha marca predileta, senti tranquilidade para continuar a viagem.

Completei o óleo e prosseguimos, e nesses 300 km coloquei mais 300 ml.

Na primeira medição pela manhã, já em casa, o nível estava bem próximo do máximo, sinal de que a quantidade reposta foi acertada.

E já fiz a segunda troca, com apenas 800 km (hoje ela está com 1570 km).

O motivo de trocar tão rápido foi um mau entendido — parei na oficina de troca de fluidos para comprar líquido do radiador e quando voltei já tinham esvaziado o cárter.
Mas desconfio que Edith teve participação nisso...

Não esquentei porque planejava mesmo trocar aos 1000 km.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Amaciamento do motor

Comprei minha moto zero km e pretendo fazer uma viagem. Posso viajar durante o amaciamento do motor?

Depois de ler esta postagem, poderá sim. 


Mas antes de começarmos, o que é o amaciamento do motor?


As peças recém fabricadas do seu motor ainda possuem superfícies com rebarbas microscópicas que precisam ser aparadas/desgastadas para que as peças deslizem melhor entre si. 


Algumas medidas ainda não chegaram no ajuste ideal, então o motor gira com maior atrito, gira "preso". Isso causa maiores esforço e temperatura, condições que não podem ultrapassar um determinado limite para não prejudicar permanentemente o motor.


Basicamente, faça exatamente o que recomenda o manual do proprietário da sua moto. Mas caso você se esqueça, ou se estiver amaciando um motor recondicionado, tenha em mente o seguinte:

O amaciamento apenas exige que você não abuse do motor durante os primeiros milhares de quilômetros.

O que importa é não forçar o motor. Não tente descobrir qual é a velocidade final da sua moto nas primeiras semanas ou meses. 


Posso acelerar acima do recomendado durante o amaciamento? 


Sim, se for por pouco tempo — isso não vai estragar o motor, a menos que você mantenha essa condição forçada por vários minutos.


Varie o acelerador de vez em quando, evite uma rotação fixa. Isso evita que o motor se desgaste mais em regime baixo do que em regime alto. 

Só não permaneça muito tempo em regime mais alto, dê tempo para o motor se recuperar. E pare por 10 minutos a cada hora para descansar e o motor esfriar.


É bom ir na boa e evitar ultrapassagens, não passar da rpm recomendada (que corresponde a aproximadamente 70 km/h em motos 125/150 sem conta-giros). Mas se for necessário, não vacile. 


Ultrapassagens não podem ser feitas com receio, senão a margem de segurança vai embora rapidinho.



http://tvig.ig.com.br/variedades/videos-da-internet/ultrapassagem-perigosa-termina-em-capotamento-na-russia-54219069d8c8cd2d2a0000ff.html

Um motor novo somente correrá risco de travar por superaquecimento se a situação de esforço excessivo durar vários minutos.

Que cuidados tomar ao amaciar a moto na estrada? 


Em viagens, sempre carregue um litro de óleo com você, e não somente durante o amaciamento.

Na estrada seu motor consumirá muito mais óleo do que em um amaciamento na cidade. 


O vento e o óleo fazem o resfriamento do motor de sua moto arrefecida a ar. 


Durante o amaciamento, seu motor estará muito justo porque as peças ainda não se acomodaram (não desgastaram) uma à outra, o que gera calor adicional.


E quem mais sofre com isso é o óleo, que tende a evaporar e ser consumido mais rápido que o normal no início do período de amaciamento. Algumas marcas mais rápido que outras.


O manual ensina a medir o nível de óleo com o motor frio pela manhã, com a moto perfeitamente vertical e nivelada, depois de ligar e desligar o motor por 2 a 3 minutos. Como saber o nível com o motor quente o tempo todo?


Fácil:


Você inicia a viagem com o óleo no nível máximo da vareta, medido pelo procedimento correto (ligando e desligando por 2 a 3 minutos o motor frio e nivelado). Isso é mais do que a quantidade indicada pelo fabricante, leia esta postagem

Com o motor em funcionamento contínuo o óleo quente se dilata, e o nível fica acima da marca de nível máximo recomendado, o que é absolutamente normal.


O motor não está sofrendo prejuízo nessa condição, isso é previsto no projeto e alguns manuais de proprietário até mencionam isso.


Como no início da viagem o óleo estava no máximo e se dilatou acima disso, durante a viagem basta se preocupar em sempre manter o nível não muito abaixo da marca de nível MÁXIMO.


Sim, eu disse marca de nível MÁXIMO. Ela será sua referência na condição de motor quente. 


Faça paradas a cada 250 ou 300 km e reponha o óleo consumido, adicionando óleo no motor quente até ficar pouquinha coisa acima da marca de nível MÁXIMO com a moto perfeitamente vertical. Inclinações para frente ou para trás, ou para os lados, darão uma indicação errada. 


Parece absurdo, mas não é.

Quando você conferir o nível na manhã do dia seguinte, verá que com o motor frio o óleo voltou a ficar perto da marca de nível máximo, coincidindo ou ligeiramente abaixo dela, porque o óleo frio se contrai, diminui de volume.


Garantindo o nível de óleo correto a cada 300 km, é possível viajar durante o amaciamento, desde que você vá em um ritmo tranquilo. 


Querer acompanhar um grupo será impossível, porque o ritmo do grupo será muito forçado para seu motor novo.

E muito cuidado quanto à reposição do óleo gasto: um nível de óleo baixo é prejudicial ao motor, e um nível de óleo excessivo também.

O segredo da vida longa de um motor é manter o nível de óleo sempre próximo do máximo recomendado de acordo com os procedimentos de medição estabelecidos pelo fabricante, nem mais nem menos.

Tudo que foi dito aqui está de acordo com isso.


E um amaciamento cuidadoso durante o período recomendado é fundamental.


Sua moto arrefecida a ar (e óleo) somente ficará com o motor redondo depois dos 5 ou 6 mil km. 


O procedimento de amaciamento para motos arrefecidas a água é diferente, isso será abordado em outra postagem.


Com o tempo você irá adquirir a percepção da situação do motor pedindo óleo pela tocada e pelo ouvido. 

Motores com nível de óleo baixo rendem muito, porque não precisam vencer a resistência natural do óleo, mas ficam barulhentos, e barulho significa desgaste acelerado do motor.


O motor da sua moto fala contigo, se você souber escutar.

Um abraço,

Jeff