quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Posso usar aditivos no óleo da moto?

Essa é uma dúvida muito comum entre os proprietários, e as opiniões se dividem. 

Nenhum fabricante recomenda seu uso, porque não fecharam acordo comercial não sabem que marca de aditivo o proprietário poderá colocar no motor, e não querem dor de cabeça durante o período de garantia.

Os aditivos mais comuns são do tipo espessantes do óleo e melhoradores de atrito, o mais conhecido talvez seja o Bardhal B12.

Esse aditivo é realmente muito bom para motores de automóveis, mas os motores de motos têm uma diferença crucial:

A embreagem das motos funciona em banho de óleo, o mesmo óleo que vai no motor e câmbio.

Então aditivos que diminuem o atrito, como o Bardhal, podem tornar nossa embreagem ineficaz. E depois de contaminados, é impossível limpar, só mesmo trocando os discos da embreagem.

Uma falha da embreagem pode ser muito perigosa, a minha está pedindo troca (e eu pedindo um tempo) e outro dia fui entrar na Via Expressa, acelerei tudo que a moto dava e a embreagem patinou bem na frente de um ônibus da Catarinense... quase fui parar no Jornal do Almoço. 


Imagem: Jurassic Park (é, eu sei que você sabia...)

Não queira perder velocidade na frente de um ônibus. Ainda mais da Catarinense.

Caso você resolva experimentar aditivos não recomendados por sua conta e risco, tome cuidado também com a proporção da diluição. 

As embalagens são feitas com a dose para um motor de automóvel, e você não pode despejar todo o conteúdo no motor da moto.

Alguns desses aditivos são extremamente viscosos, e uma dosagem excessiva fará com que a bomba de óleo não aguente movimentar um óleo tão denso. 

O resultado será a falha de lubrificação das partes mais exigidas do motor, causando sérios danos (em compensação, o câmbio vai ficar feliz como um pato na lagoa). 

Há outros tipos de aditivos químicos como o Militec, que não interferem na viscosidade do óleo e aderem somente a metais e não aos discos de cortiça da embreagem, portanto não apresentam os mesmos inconvenientes.

Quem usou falou muito bem, não relatou problema nenhum com a embreagem; como nunca utilizei, só retransmito o que li e ouvi de amigos com grande experiência e em quem confio, talvez um dia eu experimente.

Ou talvez não, porque estou cada vez mais preguiçoso e pão-duro.

Atualização:
Também existem os aditivos para descarbonização do motor (retirada do carvão acumulado na câmara de combustão pistão e anéis do pistão), alguns são adicionados ao óleo e outros à gasolina. Sobre os aditivos para o óleo, leia a postagem Descarbonização do motor, filtro centrífugo e aditivos.

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

Seu amigo fêmur

Sabe o fêmur?

Aquele ossão grandão que tem na perna, bem ali na coxa, cabeçudinho?

Imagem: Encontrada em busca do google por fêmur cartoon, mas autor não localizado para os créditos devidos. 

Ele mesmo.

O fêmur é um osso bacana, camarada, com quem você sempre pode contar. 

É o tipo do osso que o tempo todo te dá o maior apoio, que sempre te carregou nas costas desde que você era gente miúda, sem nunca te pedir nada em troca.

E já que o fêmur é e sempre foi um cara tão legal contigo, não custa retribuir, não é mesmo?

Aí você pergunta, mas comofas?

Fácil:

Sabe quando você está andando com sua moto, e vê o sinal/sinaleiro/semáforo fechando lá na frente? 

E aí você faz aquele cálculo mental "acho que dá", e quanto mais perto você chega, vai virando "ih, acho que ainda passo no amarelo" e depois vira "putz, o cara não tá me vendo"?

Então, em consideração ao seu amigo fêmur, não faça esse tipo de coisa. 

Porque senão, depois do "putz" seu fêmur poderá vir reclamar cara a cara contigo que você devia ter tido mais cuidado.

E ainda trazer junto seu amigão ilíaco, aquele ossão da bacia.

Acredite, você não quer encontrar esses dois cara a cara. É melhor eles ficarem lá embaixo, escondidinhos, e o resto de você aí em cima, na boa.

Dar de cara com eles é o tipo de discussão que só termina quando chega a turma do deixa-disso (o pessoal do SAMU).

E com sorte você passará os próximos seis meses deitado e engessado até a cintura, sem poder coçar as partes coçáveis, e muito menos as incoçáveis...

O lado bom é que você não vai precisar trabalhar pelos próximos dois anos. 

O lado ruim é que você vai passar esse tempo reaprendendo a andar. Vai doer bagaray.

E pelo resto da vida você vai se lembrar que tentar aproveitar o amarelo do semáforo não vale o risco.

Se você ainda ficou com dúvida depois de ler esta postagem, confira a matéria do g1 sobre um acidente de moto neste link.

Agradeço ao Mac Fróis do SAMU pelo relato que inspirou esta postagem, e a todos os seus colegas pelo país afora pela dedicação em dar aquela força para nós, motociclistas, na hora em que mais precisamos.

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta ou olhando o visor é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Uma coisa que talvez você não saiba

Para pilotar, você tem que ter os reflexos de um ninja. 

Imagem: Apareceu no jornal The Portland Mercury. Como comentado: He's just doing his part to Keep Portland Weird.

Lado a lado, posando para a foto, um samurai numa Hayabusa e um ninja numa Ninja. 
Coisa difícil de se ver.

Nem eu nem você somos oniscientes, quer dizer, não temos como saber o que se passa na cabeça dos outros, então temos que nos preparar para nos livrarmos da encrenca sem perder tempo pensando.

Escrevo isso porque ontem eu seguia uma motocicleta e um carro à frente dela.

O motorista reduziu a velocidade e desviou para a direita, até eu pensei que ele ia parar.

O motociclista à frente também pensou, e iniciou a ultrapassagem no espaço deixado vago pelo carro.

O fato é que nem eu nem ele sabíamos o que ia na cabeça do motorista.

O cara do carro não estava parando, ele estava desviando de uma cratera. 

Assim que se livrou dela, voltou para o meio da pista.

Pois é, ele nem imaginou que o motociclista estava fazendo a ultrapassagem sem mudar de pista.

Resulta que os dois quase se tocam, o cara da moto foi ninja em desviar do carro.

E o macaco velho aqui ficou na dele, só vendo a encrenca de perto.

Moral da história: 

Se você quiser ultrapassar, faça da maneira tradicional, mudando de faixa ou de pista.

Nem todo mundo é ninja (ou dá a sorte de escapar de ser jogado debaixo do tráfego em sentido contrário).

Portanto, nunca se precipite achando que os outros estão fazendo aquilo que você supõe.

Na imensa maioria das vezes, você estará enganado e um engano de moto pode ser fatal.

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Dicas de manutenção do Roberto Agresti

No dia 22 de agosto, o G1 publicou uma postagem muito boa sobre manutenção de motos:


Fonte: http://g1.globo.com/carros/dicas-de-motos/noticia/2013/08/10-erros-que-acabam-mais-rapido-com-sua-moto.html

São 10 dicas que valem muito a pena para que sua moto não te deixe na mão.

Óleo do motor, embreagem, pneus, amortecedores, banguela, corrente, caixa de direção, regime de rotações do motor, lavagem ou lavação da moto (como se diz aqui no Sul) e qualidade da gasolina são os assuntos abordados.

Discordo apenas do comentário que o autor faz sobre a ponteira do escapamento soltar fumaça ser indício de necessidade de retífica do motor, porque alguns óleos produzem esse efeito mesmo antes de atingirem o limite de quilometragem para a troca.

Entre retificar o motor e trocar de marca de lubrificante, esta última opção sai bem mais em conta...

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A diferença entre ir para a oficina ou ir para o hospital

Pode acontecer de um dia sua moto tentar te avisar que não está legal e precisa ir ao médico à oficina com urgência.

Se você não der a devida atenção ao que ela diz, você é que poderá acabar na emergência do hospital. 

Sexta-feira Jezebel tentou me avisar que não estava se sentindo bem... percebi que o espelho esquerdo começou a vibrar num ritmo diferente, menos para um samba e mais para uma rumba.

Não dei bola, porque ultimamente ela tem feito um monte de charmes, tipo soltar as porcas das pedaleiras e do suporte do escapamento só para chamar a atenção.

Mas ao cair da tarde (depois que as oficinas fecham), colocando a moto sobre o cavalete central, percebi um pequeno, leve, sutil, quase imperceptível movimento da ponta do guidão... e novamente do lado esquerdo...

Ora, o que nunca se mexeu, de repente começa a se mexer? 

Aí tem...


Imagem: A imagem ilustrativa é uma piada, não a leve a sério. A menos que seja necessário.

E tinha mesmo. 

Inspecionando com cuidado, encontrei uma grande rachadura na dobra do guidão.


Imagem: Dan Floripa - SC
Atraso da Imagem: Mr. Smith, CIA - Washington DC, USA


Tala para reforço de guidão, mais um produto das Organizações Tabajara.

Na verdade, essa rachadura não apareceu do nada, mas foi consequência de anos e anos de esforços repetitivos, um fenômeno físico chamado fadiga, somado a um defeito do material de fabricação e um pequeno tombo com a moto parada que não chegou a entortar o guidão, mas fez com o que o cromado se descascasse bem ali.

Com o uso, e da mesma forma que um clipe dobrado várias vezes, o guidão começou a rachar num ponto em que um problema metalúrgico do aço (provavelmente excesso de enxofre), se juntou a um ponto de concentração de tensões: a curva imposta ao tubo durante a fabricação e lesionada naquele tombinho.

O fato de ser um guidão mais alto multiplicou o efeito de alavanca, esse tipo de coisa não acontece com um guidão normal.

Os anos de esforços aplicados sobre o guidão na hora de subir e descer da moto se encarregaram do resto. (Nota mental: Não se apoiar no guidão para subir e descer da moto; colocar a moto no cavalete central forçando somente a alavanca do cavalete com o pé).

Mas o importante nessa história é o seguinte:

Se eu não tivesse investigado e percebido que o guidão estava rachado, ele iria se quebrar quando eu freasse a moto, certamente me levando para o chão -> maca do SAMU -> corredor do Hospital Geral. 

E o pior de tudo, Jezebel iria para o pátio, sei lá por quantos dias.

Ter entendido o que ela me dizia permitiu que eu voltasse para casa apenas tomando o cuidado de não fazer força no lado esquerdo do guidão.

Como segunda-feira ela já havia marcado consulta para trocar os rolamentos da caixa de direção e roda traseira, no sábado somente fui atrás de um guidão novo e hoje deixei a moto na oficina. 

Moral da história: 

Fique atento para o que sua moto te sussurra para que ela não precise explicar de uma maneira dolorida.

Mas atenção:

Você não deve sair pilotando sua moto sem condições de segurança! Você pode morrer por causa disso!

O que eu quero dizer é que você precisa saber distinguir o que é uma situação administrável de outra que exija o transporte da moto até a oficina. 

Ou seja, conheça sua moto para adquirir a noção do que você pode e não pode fazer com ela numa situação de emergência.

Isso pode ser a diferença entre você conseguir levar a moto para a oficina ou ela te levar para o hospital.

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

sábado, 24 de agosto de 2013

Veja e seja visto no trânsito

Edifício É difícil ver as motos no trânsito.

São pequenas, ágeis e, dependendo de quem as pilota, magrinhas (não é o meu caso).

Se nós motociclistas já começamos com essa desvantagem, como revertê-la?

Simples:

Maximize sua visualização entre os carros!


Imagens: http://www.moto.com.br  e http://carros.uol.com.br

A diferença é brutal, e pode ser vital.

A maneira mais simples e prática de fazer isso é manter sempre o farol alto aceso durante o dia, e o farol baixo à noite (a menos que você esteja em uma rodovia e não exista tráfego em sentido contrário).

Muitas motos novas já saem com esse recurso de fábrica, mas a imensa maioria das motos no mercado não. Ainda assim, o padrão é acender o farol baixo, não o farol alto.

Por isso, nada de usar apenas as lanternas, como é o hábito de muitos motoristas (e alguns motociclistas amigos meus). Elas são muito fracas para garantir a visualização e nos dar segurança.

Muita gente tem receio de usar o farol alto na cidade, mas durante o dia ele não ofusca os motoristas e tem a vantagem de te deixar bem mais visível. 

E à noite, um farol baixo bem regulado também não ofusca ninguém.

Use esse recurso e livre-se de 40% das fechadas habituais, satisfação garantida ou seu dinheiro de volta.

Outra maneira de ficar visível é usar jaquetas e capacetes de cores que chamem a atenção. Tons em vermelho, laranja e amarelo chamam muito mais atenção do que verde ou azul.

A cor preta é a pior de todas para o motociclista, porque faz com que ele literalmente desapareça no meio dos outros veículos; não é à toa que preto é a cor preferida daqueles loucos suicidas que se matam com suas motocas envenenadas*.

Um abraço,

Jeff
* Eu sei, mãe!!! Mas o que seria do azul se todos gostassem do vermelho, né mesmo? ;) 

** Quis o destino que esta fosse a postagem de número 200! Muito obrigado aos leitores pela sua santa paciência!

ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Minha moto dá trancos quando troco de marcha

É normal a moto dar pequenos trancos quando você engata as marchas, e isso pode ser minimizado com o uso da técnica de pilotagem correta.

Isso ocorre porque o câmbio das motos não é igual ao dos carros, ele não tem um ponto morto entre todas as marchas.

O câmbio da imensa maioria das motos tem apenas um ponto neutro (equivalente em função ao ponto morto, mas não na construção) somente entre a primeira e a segunda marchas, então todos os acoplamentos de engrenagens são feitos diretamente. 

Como as engrenagens giram em velocidades diferentes, é normal haver um pequeno tranco durante o acoplamento.

A técnica para minimizar esse efeito é tentar casar os giros do motor com a velocidade da próxima marcha sendo engatada.

Ao passar de uma marcha mais baixa para mais alta, você faz o desacoplamento com o motor em alta rotação, então precisa voltar o acelerador um pouco e tornar a acelerar assim que a embreagem é liberada.

Se você entrar com a mesma rotação do motor, ela não será compatível com a a velocidade da moto na marcha mais alta, e a moto dará um tranco.

Isso fica mais fácil de entender quando você reduz as marchas:

O acoplamento é mais suave quando você eleva a rotação do motor para receber a marcha mais baixa.

Ao entregar a marcha mais baixa com rotação do motor mais elevada, a velocidade de giro das engrenagens estará mais adequada à velocidade da moto naquele momento.

Fica difícil de explicar com palavras, mas agora você sabe porque os motoqueiros gostam tanto de fazer vrum-vrum ao reduzir.

Vale lembrar, trancos excessivos podem ser sintoma de uma embreagem precisando de regulagem, falaremos sobre isso em outra postagem. 

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A lâmpada do farol da minha moto vive queimando

Lâmpadas de motos queimam com maior frequência que as dos carros, a culpa é do maior nível de vibração de nossas meninas.

Mas existem alguns truques para minimizar o problema.


Imagem: Moto do filme Tron encontrada no blog http://www.returnofthecaferacers.com . Para quem curte motos cafe racer, um prato cheio. Ou melhor, uma xícara e tanto. Hummm... café...

Primeiro, verifique se o seu farol está bem fixado. Um farol frouxo amplifica a vibração, e quem paga o pato é o filamento da lâmpada.

Segundo, passe a usar lâmpadas de boa qualidade fabricadas especialmente para uso em motos, do tipo H4. 

As lâmpadas H3 têm o mesmo formato, mas são fabricadas para carros, são mais frágeis.

Terceiro, fuja das lâmpadas chinesas e paraguayas. Uma boa lâmpada nacional vai custar tanto quanto as várias outras que você irá substituir, com a vantagem de não te deixar no escuro.

Por último, aí vai o segredo para ter farol funcionando por muito tempo:

Durante o dia, use o farol alto. 


Se você roda apenas na cidade, à noite você usará apenas o farol baixo, já que o farol alto é proibido em área urbana.


O filamento aquecido da lâmpada acesa se torna mais frágil — usando o farol alto durante o dia, você estará poupando o farol baixo para o uso noturno. 


Dessa maneira, você divide o desgaste por dois e sua lâmpada durará muito mais do que o dobro do que se você usar apenas o farol baixo dia e noite.


E com vantagens:


O farol alto durante o dia não ofuscará os outros condutores, a luz indicadora no painel servirá de lembrete de que ele está aceso e sua moto ficará bem mais visível no trânsito.

Bom para sua segurança, bom para o seu bolso.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ética e troca do óleo do motor

Com que frequência devo inspecionar e trocar o óleo do motor da minha moto?

A inspeção deve ser diária, porque vazamentos podem começar de um dia para outro. E sempre antes de retornar de uma longa jornada, tipo 200 km ou mais.

Não tenha medo de completar e perder a garantia, o manual do proprietário diz que VOCÊ DEVE completar o óleo no período entre as trocas.

Quanto à frequência das trocas, minha sugestão é que você sempre leia e obedeça ao manual do proprietário, MAS NÃO DEIXE QUE TE FAÇAM DE BOBO!

Imagem: Propaganda de óleo sem noção

Faço meu o comentário do Eliezer (Neka) postado na internet sobre essa propaganda: 

“Sem noção" é quem cria uma campanha como esta. 

Eu, Jeff, tenho muito boa noção e sei o que é melhor para minha moto. E não será uma propaganda dessas, que desrespeita o consumidor que não usa esse óleo, que vai me convencer a usá-lo.

De uns tempos para cá tenho notado que as empresas estão mais interessadas em ter um mercado de consumidores cativos (no pior sentido) do que em vender produtos confiáveis.

Hoje em dia, vale-tudo. “Vamos esfolar os patos porque eles não reclamam mesmo...”

E um bom exemplo é a frequência recomendada para a troca do óleo do motor.

Antigamente No meu tempo, as motocicletas de pequena cilindrada sempre trocavam o óleo aos 1.000 km. Foi assim com minha primeira moto na virada dos anos 70 para os 80.

Mas há alguns anos, sem que houvesse alguma revolução significativa nas características mecânicas dos motores, a recomendação mudou para 1.500 km... 

Bom, vá lá... essa quilometragem até é possível, desde que você use um óleo muito bom e fique sempre atento ao nível, porque abaixar é normal.

O problema é que da mesma forma que antigamente, os óleos se degradam com o calor e as pancadas a que são submetidos, e algumas marcas (mobilize-se e pesquise) aos 700 km já estão tão finos e pouco viscosos que o motor começa a fumar e consumir óleo através da folga normal dos anéis do pistão.

Você pensa que é sua moto que está com problema no motor, mas é o óleo que é ruim (geralmente, quanto mais propaganda tem o óleo, pior ele é... propaganda preocupada em vender imagem de qualidade geralmente é feita para ocultar os problemas de um produto ou empresa. Pior ainda é chamar clientes em potencial de sem noção. Quem tem noção de verdade não cai nessa.)

Até existem óleos que conseguem chegar saudáveis aos 1.500 km, mas o custo é muito alto e são difíceis de achar... em geral, a média de desempenho eficiente dos bons óleos é mesmo de 1.000 km para motos arrefecidas a ar.

Insistir em prolongar essa quilometragem só faz a alegria do fabricante da moto, porque seu motor se desgastará mais cedo e você será obrigado a comprar peças de reposição, adivinha de quem.

O pior é que de uns tempos para cá começaram a aparecer motos arrefecidas a ar com período de troca de óleo recomendado de 3 ou 4 mil km

Como é que é???? 3 ou 4 mil km???

Meu amigo, minha amiga... caia na real antes que seu motor vá para o infinito e além.

Uma quilometragem tão mais elevada só se justificaria para motos com algum diferencial mecânico que não sacrificasse tanto a vida do óleo. Arrefecimento líquido, por exemplo.

O arrefecimento a água + aditivo, que o pessoal da "imprensa especializada" chama de refrigeração líquida (mas como seu motor não faz cubinhos de gelo, então o nome certo é mesmo arrefecimento líquido) é um sistema que evita o superaquecimento do motor e, portanto, do óleo.

Nos motores arrefecidos a ar, o óleo ajuda a remover o calor das partes mais quentes (cabeçote e cilindro) e dissipá-lo na parte baixa da carcaça, por isso que é tão importante manter sempre o nível de óleo próximo do máximo recomendado. 

Motores arrefecidos a ar trabalham mais quentes, e a alta temperatura é inimiga da vida útil do óleo.

Ora, se a sua moto é arrefecida a ar, ou a ar e óleo (caso das 250 equipadas com radiador de óleo), não há tecnologia no mundo que permita uma vida útil 3 a 4 vezes maior para o mesmo tipo de óleo mineral que até outro dia só rodava 1.000 km e olhe lá.

Óleo semissintético permite isso? Não sei, nunca testei e tenho sérias dúvidas.

Sou defensor da ideia de que, no mundo capitalista selvagem que vivemos, devemos desconfiar das intenções do fabricante de sua moto quando ele promete milagres como esse. Um lado só tem a ganhar enquanto o outro (você) tem tudo a perder.

Caso você perceba que sua moto está barulhenta, com dificuldade de engatar as marchas, dificuldade de achar o neutro, esquentando mais do que o normal, verifique e complete o óleo imediatamente, e considere seriamente a possibilidade de reduzir o intervalo das trocas.

Uma moto com óleo baixo ou muito fino (que perdeu a viscosidade por excesso de quilometragem) não apresenta perda de rendimento. Pelo contrário, ela costuma andar muito bem, porque isso facilita o giro do motor.

Em compensação, seu câmbio e outros componentes que dependem de uma viscosidade mais elevada para a lubrificação correta estarão sendo sacrificados e a conta da oficina virá mais tarde, e não será pequena.

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

Deixei a moto estacionada e agora ela não funciona

Esta postagem também poderia se chamar "Sacanagens que o pessoal adora fazer com os novatos".



Imagem: http://missmoots.wordpress.com Diário de uma jovem universitária morando do outro lado do mundo e que flagrou esta moto escondida de seu dono. Esse truque nem eu conhecia.

Esta é a continuação da postagem de ontem, Minha moto não dá sinal de vida, e foi inspirada pelo comentário do Will, amigo de longa data.

Se a sua moto não pegar na segunda tentativa, faça a verificação básica obrigatória:

– O corta-corrente está na posição correta?

O pessoal adora acionar esse botão só para ficar rindo de suas tentativas de fazer a moto funcionar. Ou você mesmo esbarrou nele sem perceber. Ou desligou intencionalmente e se esqueceu de ligar. (Não que algum dia eu tenha feito isso, jamais. Eu nego. Não tem como provar.)

– O cabo da vela está conectado?

Outra sacanagem que o pessoal faz com a finalidade de se divertir ou aplicar o velho golpe do "mecânico passando casualmente" e arrancar um dinheirinho fácil dos incautos. Se o cabo estiver solto ou mal encaixado, basta empurrá-lo contra a vela (não precisa girar) que ele se encaixará como uma tampa numa caneta, fazendo creeeec. Ou clic. Ou poc.

Atualização: Conforme alertado pelo meu amigo Cássio (muito obrigado!!!), há uma variante desse golpe:

Alguém pode colocar um papel de bala dentro do cachimbo da vela para isolar a corrente e impedir o funcionamento do motor. O cachimbo fica encaixado  perfeitamente o papel de bala é difícil de visualizar, você terá de removê-lo com a chave da moto ou um clipe.  

Esse truque pode ser usado para o golpe do mecânico ou para reter a vítima isolada num estacionamento deserto, depois que todo mundo vai embora fica fácil para eles te assaltarem.

– Não fecharam a torneirinha da gasolina?

Sim, a maldade humana não conhece limites. Fecham o registro de passagem de combustível para que você se atrapalhe ao sair do estacionamento. É outra manha usada pelos golpistas para oferecer um "conserto". Ou um assalto.

Fazendo essa conferência básica, você não cai nesses golpes e ainda sai dando risada dos manés com cara de tacho que estão espreitando.

E pode começar a se considerar alguém "experiente" com motos. 

Ou quase.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Minha moto não dá sinal de vida

Às vezes a moto se apaga totalmente.

Não liga, não acende uma luz, não dá sinal de querer pegar, não responde quando a gente chama, não acorda nem com reza, respiração boca a boca ou massagem cardíaca.

Muita calma nessa hora... porque pode ser algo bem simples.
Imagem: http://www.reed.edu/biology/professors/sblack/motorcycle.html uma postagem do blogueiro Steven D. Black, professor de Biologia, sobre sua Norton, sua primeira motocicleta. Alguém conhece algum blog sobre meu primeiro carro? Ou donos que conversam com eles? Só mesmo motos para despertarem essa paixão.

Motos vibram, então componentes como lâmpadas se queimam com muito mais facilidade que nos carros, assim como parafusos se soltam com frequência não vista em outros meios de transporte, exceto talvez as diligências do velho oeste.

Há até uma piada, há espelhos para motocicletas onde no lugar da gravação "objetos no espelho estão mais próximos do que aparentam", está escrito "objetos no espelho estão se soltando de sua moto".

Pois bem, essa vibração também danifica ou afrouxa outros componentes, como os fusíveis e conexões importantes, como a da bateria.

Ou seja, pode ser que sua moto esteja totalmente apagada porque o fusível se afrouxou ou quebrou (ele não precisa necessariamente ter se queimado por curto-circuito).

Outra possibilidade comum é que os terminais da bateria podem estar frouxos, não deixando passar corrente alguma. Nesse caso, basta um aperto dos parafusos e sua moto estará risonha e faceira como sempre.

Mas atenção: 

Ao apertar o parafuso do terminal positivo da bateria (aquele com um sinal + e uma capa protetora), tome cuidado para que a ferramenta não se encoste em partes metálicas da moto, fechando um curto-circuito, soltando faíscas e queimando outros componentes, como o módulo de ignição (CDI).

E sempre que necessário, substitua o fusível por outro de mesma capacidade. Senão, o que hoje foi um apagão amanhã poderá ser um fogueirão.

Nem sempre um fusível queimado ou interrompido é identificável a olho nu, só medindo sua resistência (não deve ter nenhuma) ou substituindo. Remover e instalar novamente o fusível pode eliminar a oxidação dos contatos, outra causa de apagões.

Para outros possíveis problemas não mencionados aqui, veja a postagem Minha moto não funciona.

Um abraço,


Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

sábado, 17 de agosto de 2013

Modificações que não dão certo - Parte 1

Quem gosta de personalizar sua moto se entusiasma com o projeto, mas em geral não faz ideia dos riscos que isso pode trazer.

Uma modificação muito comum e tentadora é a troca do guidão. 

Guidões mais baixos deixam a moto mais "esportiva", guidões mais altos a deixam "custom", há gosto pra tudo. 


Imagem: http://olddogcycles.com um dos melhores blogs sobre motos e espírito motociclístico/motoqueiro que você vai encontrar neste país tropical.

Essas mudanças parecem apenas estéticas e inofensivas, mas infelizmente a realidade é traiçoeira.

O problema está no risco de pane mecânica gravíssima que pode surgir por conta dessa modificação "bobinha".

Guidões muito mais altos exigem cabos e mangueira de freio mais longos, então você é obrigado a adaptar componentes mais longos.

O problema surge quando o guidão não é assim tão mais alto e o dono fica tentado a reaproveitar os danados...

Os cabos elétricos poderão se romper, provocando uma pane ou curto-circuito, você a pé no meio do nada. À noite. Na chuva. No inverno. Em Santa Catarina. No Morro da Igreja.

E o que é mais perigoso, a mangueira (ou cabo) do freio dianteiro passa a receber esforços para os quais não foi feita.

Sabe aquele arame do clipe que você dobra para um lado e para outro, e ele vai ficando cada vez mais fácil de quebrar? 

Acontece a mesma coisa quando a suspensão sobe e desce: a roda estica a mangueira/cabo inúmeras vezes, até que se rompa.

E provavelmente isso irá acontecer no exato momento em que você mais precisar deles.

Imaginou o que é ver o trânsito parando na sua frente, acionar com vontade o freio e a moto simplesmente não responder?

Isso vai doer muito, no bolso ou em outras partes do seu corpo...

Comento isso porque hoje vi uma moto personalizada, com um belo guidão feito à mão. 

Mas a mangueira do freio estava no limite de se romper... a sorte do novo proprietário foi ter me mostrado a moto para tirar uma dúvida quanto ao motor.

Ao optar por um guidão mais alto, leve em conta a imperiosa necessidade de troca desses componentes. 

Se o guidão não for muito mais alto que o original, é até possível que a simples inversão da posição da conexão da mangueira na pinça de freio seja suficiente para aliviar o esforço sobre a mangueira.

Mas a solução correta é usar flexíveis e cabos mais longos para evitar surpresas muito, muito ruins.

Na próxima postagem sobre este tema, falarei sobre os problemas do uso de pneus maiores que os originais.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Minha moto dá um tranco quando engato a primeira marcha

O motociclista novato pode se surpreender com algumas coisas que só as motos fazem, mas que são perfeitamente normais:

É normal a moto dar um tranco quando você engata a primeira marcha, ainda mais logo cedo pela manhã.


Durante a noite, o pacote de discos de embreagem (alternadamente de cortiça e aço) ficam secos (o óleo escorre por causa da gravidade) e se colam uns aos outros.


Além disso, as motos não têm sincronizadores no câmbio, o acoplamento entre as engrenagens é feito por ressaltos e rebaixos se encaixando à força, quando você pisa no pedal do câmbio elas são empurradas uma contra a outra.

Quatro ressaltos de uma engrenagem em movimento precisam se encaixar nos quatro rebaixos de uma engrenagem parada... não é uma operação delicada.
Para minimizar esse tranco matinal, acione algumas vezes o manete da embreagem durante o aquecimento do motor para descolar e lubrificar os discos. 

E para minimizar o tranco ao engatar a primeira marcha ao longo do dia, ao arrancar dê um pequeno impulso com o pé ou aproveite o declive da rua para que o acoplamento seja feito com as rodas girando, isso facilita o encaixe e minimiza o tranco.


Se usando essa técnica o tranco não for minimizado, verifique se não está na hora de ajustar o cabo da embreagem. 


Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Livre-se da encrenca

Voltando do almoço, Jezebel e eu nos aproximamos de uma das faixas de segurança da avenida principal aqui do bairro.

De repente, não mais que de repente, uma distinta donzela de salto alto começa a atravessar a rua, e só no meio do caminho é que se lembra de olhar para ver se havia algum carro.

Ou uma moto...

señorita pedreste mulher do secho femenino me viu e acelerou saltitante, sorrindo com seus grandes óculos escuros de hastes largas que a impediam de ver as coisas em volta dela.

Os óculos eram tão eficientes em impedir a visão lateral que não a deixaram ver o 1313 que vinha em sentido contrário. Lado para o qual ela nem olhou, claro.



Fotinho ilustrativa para quem não sabe o que é um 1313. 

Pra sorte dela, o cara da moto era eu (caramba, isso ficou parecendo letra de música sertaneja...)porque antes mesmo que ela me visse, eu já estava reduzindo e administrando a encrenca.

Um péssimo mau hábito dos 1313 é que eles não costumam parar para moçoilas doidivanas. 

Aliás, não conseguem parar e ponto.

Deve ter algo a ver com as leis da Física, sei lá. 

Como eu detesto ver o sangue dos outros e ainda mais o meu, Jezebel e eu nos encolhemos lá para o lado da sarjeta.

E deixamos espaço para o motorista do caminhão jogar o 1313 na contramão, desviando da rapariga estouvada. 

O 1313 veio pra cima da gente e passou bem ali onde eu estaria, se eu não fosse este macaco velho que vos escreve e saúda quase que diariamente.

Com isso, entre mortos e feridos salvaram-se todos. 

Quer dizer, quase todos, porque desconfio que a encrenca pior sobrou para a esposa do motorista do 1313, aposto que ela é quem vai ter de lavar a roupa.

E quanto à donzela coruscante inspiradora desta postagem (e uma série de pensamentos nada edificantes), ela seguiu seu caminho, sem noção de que nasceu de novo.

Só espero que aquela espeloteada aposente aqueles óculos porque, se continuar assim, periga não chegar ao próximo aniversário...

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Um acidente exemplar

Acho que todo mundo viu, mas se não viu, veja porque vale muito a pena:

Não vou entrar em detalhes sobre o que penso do motorista, todo mundo deve estar pensando a mesma coisa.

Mas esses dois motociclistas literalmente se jogaram, ou melhor, caíram na boca do lobo.

Numa situação de congestionamento como essa, era evidente que todos os carros parados iriam tentar se livrar da encrenca.

Era certo que alguém iria jogar o carro para fora da fila, só não dava para prever quem.

Numa situação como essa, nunca avance em uma velocidade que não te permita escapar do perigo. 

Foi muito imprudente usar o corredor nessa situação.

Mesmo na faixa central eles estariam correndo risco, porque é para lá que todos os motoristas estariam fugindo.

Se tivessem lido a postagem Cuidado com o pote de mel, não teriam caído nessa.

Um abraço,

Jeff