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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

As montadoras de automóveis cometendo os mesmos erros que as fabricantes de motocicletas

Você pensa que problemas como aquele alegado de cavacos nas galerias de óleo do novo motor da harley-davidson falado na postagem de ontem é só "intriga da oposição"?

Acha que coisas como essas não acontecem na indústria? Engano seu.

Há muitos casos como esse registrados e documentados, e muitos outros que só ficaram sabendo as concessionárias e os donos que pagaram o mico... 

Se o problema realmente estiver acontecendo, a harley-davidson será apenas mais uma em uma longa lista.
Imagem e recall: https://motorbikewriter.com/honda-recalls-300s-engine-failure/

Não se preocupe, essa aí é a honda CB 300 vendida lá na Austrália, o motor é esfriado a água.

Recall em 2016 por travamento do motor devido a falha no controle de qualidade resultando em dano às bronzinas, rolamentos ou mancais... (Bearing pode ser traduzido como rolamento ou mancal, e bearing cap é bronzina, que às vezes é mencionada somente como bearing. O virabrequim usa mancais com bronzinas e rolamentos ou apenas rolamentos, dependendo do tipo do motor. Monocilíndricas costumam usar apenas rolamentos e motores com vários cilindros usam mancais de bronzinas. Provavelmente a CB 300 australiana usa rolamentos.)

Muito provavelmente falha de lubrificação devido a cavacos na galeria de óleo, porque se fosse outro problema dificilmente o motor sairia da fábrica — pifaria no teste por lá mesmo.

Essa praga de recalls por falhas extremamente graves em veículos novos das montadoras não ataca apenas as fabricantes de motos.

É verdade que nas motocicletas os usuários correm maior risco de acidentes graves potencialmente fatais.

Mas na indústria de automóveis as situações de grande risco à vida e mesmo mortes não faltam.

E a lista de exemplos notáveis também abunda. Nossa, infelizmente. 
Imagem e reportagem: http://www.usatoday.com/story/money/cars/2015/09/25/hyundai-recalls-sonata-engine-problem/72797502/

A hyundai dos EUA teve esse recall em 2015 de 470 mil carros com cavacos esquecidos dentro do bloco do motor antes da montagem. quase 100 mil por falha na luz do freio.

E em 2016 a concorrente coreana kia estava para receber uma ação judicial também nos States exigindo recall — exatamente pelo mesmo problema:
Imagem e reportagem: https://topclassactions.com/lawsuit-settlements/lawsuit-news/337085-kia-class-action-lawsuit-targets-engine-oil-defect/

A general motors também deu uma vistosa contribuição para evidenciar a gravidade do problema.

Você soube dos motores V8 de 8,3 litros dos novos chevrolet Corvette Z06 2015 estourando de rachar o bloco com menos de 1.500 km?


Imagine você no primeiro passeio com seu Corvette zero km, ainda amaciando o motor...

A 137 km/h — porque ainda está amaciando e você está pisando leve andando na velocidade máxima permitida naquela região do Texas — o motorzão de 659 hp explode. Faz BOOM-klank-klank-klank.

Olha que coisa linda... perda total do motor antes da primeira revisão por causa de um descuido escabroso na linha de produção:


Não fez o básico do básico...

Cavacos de usinagem não removidos do interior do bloco foram parar na galeria ou filtro de entrada da bomba de óleo e bloquearam a lubrificação das bronzinas — causando travamento do motor e risco de acidente. 

É o mesmo problema que tivemos notícia de estar acontecendo com os motores da nissan e kia... e possivelmente com os da honda e harley-davidson...

A reportagem mostra um aspecto pitoresco da maneira como as empresas tratam o assunto:

Conforme é relatado ali, a chevrolet diz que isso afetou menos de 1% dos 9.000 veículos produzidos.
E isso causou o estouro de 1 em cada 3 dos motores dos carros entregues aos clientes até a data da divulgação da solução do problema.

Eita conta que não fecha... depois de todos os 9 mil carros entregues, mantida a proporção, não seriam 33%?
E será que nos carros entregues restantes os problemas simplesmente ainda não haviam dado as caras?

Ou ocorreram de maneira menos danosa?

Afinal, quantos carros foram afetados de verdade?

Sem dúvida, o raciocínio de quem "explicou" a taxa de defeitos é difícil de entender.

Mas de qualquer forma, dizer que foi menos de 1% dos carros já entregues fica bem melhor na fita, né?
1% é um número irrisório, quase desprezível.

A menos que você esteja a 137 km/h lá no Texas e o motor do seu carro estoure espalhando óleo e fazendo você rodar na pista e dar de cara com um mercedão. Ou um Mack.

A mais que centenária gm começou com gente que já construía carros em 1899, foi oficializada como general motors entre 1908 e 1916 e agregou várias outras montadoras já antigas em 1930.

Essas montadoras unidas eram a Buick, Oldsmobile, Chevrolet, Cadillac, Oakland/Pontiac — anote esse nome — a canadense McLaughlin, a australiana Holden e a tradicionalíssima alemã Opel que ficaram abrigadas sob o guarda-chuva da maior das montadoras originais, a General Motors. Depois vieram outras.

A gm quebrou financeiramente em 2008 tropeçando nos problemas criados por ela mesma e "renasceu" em 2009 afirmando estar livre dos erros da antiga gestão.

Experiência de produção é o que não falta.

Apesar de tudo isso e talvez por causa desse rejuvenescimento pós-falência, nesta década a gm reincidiu em cometer os erros mais idiotas do mundo.

Não foi só o Corvette.

Teve também o caso das bielas que "escaparam do controle de qualidade" dos modelos Maliboom Malibu 2014 recém lançados na terra do seu não meu tio trump — e para o qual a gm não convocou recall.

Se três carros não apresentassem simultaneamente o problema nas mãos dos editores do blog especializado Car and Driver, ninguém ficava sabendo da história dos outros trinta e sabe lá quantos mais.

Essa maneira de lidar com os defeitos escondendo os fatos do público para evitar prejudicar as vendas — mesmo que sua divulgação pudesse evitar mortes — não é exclusividade da general motors.

É uma prática geral na indústria de carros, motos e outros produtos para uso público.

Mas acredite ou não, esses ainda não foram os casos mais patéticos da indústria.

Amanhã finalmente eu conto a incrível história do carro que pegava fogo porque saía de fábrica e das revisões de concessionária sem óleo suficiente para o bom funcionamento do motor.

Que nem uma certa moto que eu conheço. Né, Jezebel?

Um abraço,

Jeff