sábado, 30 de novembro de 2013

Capacete coquinho

Você reparou o que está errado nesta foto?



Nenhum dos dois está usando capacete!

Aquele coquinho na cabeça do piloto não é um capacete de verdade; é uma imitação de brinquedo que o infeliz está usando na ilusão de que não vai tomar multa.

Se o cara tivesse lido a etiqueta que veio nele, provavelmente encontraria isto:

"Este é um item de brinquedo e não se destina ao uso como equipamento de segurança. USE POR SUA CONTA E RISCO!"

Esse é um cuidado a ser tomado quando comprar um capacete barato pela internet.

Imagem: http://www.michigan.gov/msp/0,4643,7-123-1593_30536_25802-154932--,00.html


O pessoal vende qualquer coisa, não está nem aí. Desconfie das pechinchas.

E o desavisado que compra uma imitação dessas só descobre a burrada que fez quando é tarde demais; adeus, vida.

Existem capacetes coquinho que oferecem um pouco de proteção, esses são legalizados. No Brasil, teriam o selo do Inmetro no lugar do selo DOT:


Imagem: http://www.michigan.gov/msp/0,4643,7-123-1593_30536_25802-154932--,00.html

Existe uma camada protetora de isopor que oferece alguma proteção contra impactos.



Mas até mesmo o capacete coquinho legalizado, em termos de proteção, é quase um zero.

Na hora do tombo, ele protege somente contra impactos diretos no coco, típicos de acidentes em alta velocidade, quando o piloto voa e aterrissa de cabeça. 


Reportagem: http://apnendenovaodessa.blogspot.com.br/2011/03/uso-de-capacetes-reduz-risco-de-lesoes.html

As estatísticas de acidentes comuns em velocidades médias nas ruas mostram que a maior parte dos impactos é recebida nas regiões que o coquinho não protege, particularmente queixo, testa e nuca.



É por esse motivo que os capacetes integrais oferecem proteção tremendamente superior:



Imagina só o estrago se o dono deste capacete tivesse optado por um coquinho:

 Imagem: Vai saber quem postou

Ao escolher um capacete, leve isso em consideração e, na medida do possível, não economize.

Uma última coisa: 

Alguns partidários do coquinho alegam que um capacete mais pesado, como o integral, pode favorecer lesões na coluna cervical por deslocamento do pescoço.

Uma análise de 40 mil colisões de motocicletas entre 2002 e 2006 nos EUA mostrou o contrário.
Fonte: Deficiente Ciente - 18/03/2011

Resumindo, não há vantagem alguma no uso do capacete coquinho, a menos que você pense somente em aparência.

Mas a sua própria aparência poderá ser seriamente comprometida por causa disso. 

Caso sobreviva a um tombo besta.




Este filme e mais informações foram publicados originalmente na postagem Entendeu porque capacete aberto não serve para nada?

Para saber mais sobre capacete coquinho, leia a postagem Capacete coquinho matou filho do Erasmo Carlos.

Para saber mais sobre capacetes abertos, leia a postagem Modinhas tolas.

E uma postagem que se aplica tanto ao capacete coquinho quanto ao capacete aberto: Nem o Exterminador se salva...

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Bobeira inocente

"Eu saí, olhei os velocímetros dos dois carros parados. O meu estava em 50 km/h. O do outro motorista estava em 120 km/hQuando desci, já vi ela [a vítima atropelada na calçada] no chão e entrei em pânico, em desespero. Não consegui olhar. Tenho pavor de sangue, sabe? Virei o rosto e já pedi para alguém chamar o socorro."


Tadinho do Elton Rafael Garcia, né?

Quem lê isso pensa que ele é vítima inocente do outro motorista abusado, preocupadíssimo com a senhora atropelada num acidente em que ele 'não teve culpa'.

Mas para azar do Elton Rafael Garcia, existia uma câmera de segurança que flagrou o acidente e mostrou claramente quem é que estava em maior velocidade.


Reportagem: http://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2013/11/familia-de-mulher-atropelada-no-pr-deve-entrar-na-justica-contra-taxista.html

Não dá para saber a quanto ele vinha, mas certamente o outro motorista não estava a 120 km/h.

Pra piorar a situação do Elton Rafael Garcia, ele postou fotos na internet que ele mesmo bateu no local do acidente, junto com as pérolas:


Reportagemhttp://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2013/11/familia-de-mulher-atropelada-no-pr-deve-entrar-na-justica-contra-taxista.html

Resultado disso é que, além da família da vítima, o dono do táxi que ele destruiu também abriu um processo contra o Elton Rafael Garcia por conta do prejuízo, e juntou o vídeo, a declaração mentirosa e as postagens alegres como evidências.

A única notícia boa nisso tudo é que a vítima atropelada se recupera relativamente bem, apenas braços e perna quebrados e algumas cirurgias; mas nasceu de novo. 

“Foi um momento de bobeira, de inocência. Não tinha ideia da proporção que isso poderia tomar.”

Pois é, foi mesmo, Elton Rafael Garcia.

kkkkkkkkkk

Jeff
PS: O que isso tem a ver com motos? É só para lembrar a regra de ouro, nunca confie que irão respeitar sua preferencial. Tem muitos Eltons por aí.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Planejamento de viagem

As férias estão chegando... Motoca na garagem implorando por uma aventura...

Só por brincadeira, vamos planejar uma viagem de uns 500 km, tipo São Paulo ao Rio, ou vice-versa?

A primeira coisa é determinar o roteiro, e nesse caso nem sempre a distância mais curta é a melhor viagem.

Mapa: Google Maps

Uma ida de SP ao Rio (são exemplos, considere as cidades locais de sua região) pode ficar muito mais interessante se você fugir da mesmice da via Dutra e explorar o litoral norte de SP/sul do RJ, uma das regiões mais lindas do mundo, por dentro da reserva da Mata Atlântica à beira-mar. E ainda fazer um passeio por Lídice, com direito a túnel escavado a mão na montanha e uma estradinha com curvas e paisagens de serra maravilhosas.

Você adiciona 120 km e várias horas, mas ganha uma viagem inesquecível...  pode ser muito mais vantagem.

Para calcular quanto tempo vai durar a viagem, a conta que você faz é do tipo 500 km, 100 km/h, em 5 horas você estará lá, certo?

Muito errado!

Mesmo que você escolha ir pela via Dutra e o Google te diga que você faz 430 km em 4 horas e 42 minutos, esse cálculo é ainda mais irreal para motos.

Começa que a velocidade real envolve negociar ultrapassagens com caminhões, velocidade reduzida em trechos urbanos e de serra com muitas curvas, você não consegue manter a velocidade máxima o tempo todo.

Para uma 150, você pode considerar uma média horária real de 65 km/h, esse é um dado real obtido em velocímetro digital.

Além disso, você precisa estimar paradas de 15 minutos a cada hora, hora e meia. Se você não parar, sua companheira que não vê a luz do dia pedirá divórcio antes do fim da viagem.

E as paradas são ótimas oportunidades de descobrir coisas incríveis, como o riacho pedregoso que passa no fundo do posto de gasolina e que você nem imagina que existe. Rendem ótimas fotos.

Então, no exemplo SP/RJ, a estimativa do google indo direto pela Dutra é de 4 horas e 42 minutos, mas você pode considerar que levará 6 horas e 40 minutos a 65 km/h, mais 1 hora de almoço mais umas duas horas de paradas, arredondando, 10 horas de viagem. Se estiver em grupo, as paradas serão mais demoradas e frequentes, bote 12 horas no seu cálculo.

E se fizer pelo caminho mais longo, menores velocidades, considere uma média de 45 km/h. Pode chutar umas 16 horas de viagem.

E aí entra um fator fundamental a ser considerado: o cansaço.

Chegar cansado a uma cidade grande com trânsito agitado que você não conhece pode ser muito perigoso.

E depois de 12 horas de viagem, você não tem mais condição física de prosseguir.

Primeiro, porque o cansaço na pilotagem pode ser fatal. Segundo, porque estará escurecendo numa região que você desconhece. Seus reflexos estarão mais lentos, sua capacidade de raciocínio terá diminuído, sua agilidade poderá ser insuficiente. E terceiro, porque certamente sua moto estará precisando repor o óleo do motor e ajustar/lubrificar a corrente.

Todas as vezes que tentei extrapolar esse limite das 12 horas o resultado foi terrível; a sensação de incapacidade de continuar pilotando a moto, a incerteza de conseguir completar as curvas devido ao cansaço, o desespero de saber que não há um local para parada nas imediações tornam proibitivo ultrapassar esse limite físico.

Então, na hora de planejar uma viagem mais longa, use esses conhecimentos para não ser surpreendido pelo cansaço no meio do nada. 

Indo ao Rio (ou vindo de lá) pelo melhor caminho, recomendo pernoitar em Trindade ou Paraty. Duas localidades tão apaixonantes que talvez façam você desistir de continuar a viagem e ficar por lá mesmo, só curtindo.

Um abraço,


Jeff 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A marcha lenta da minha moto fica variando

Se a marcha lenta da sua moto fica variando, uma hora está abaixo de 1000 rpm, outra hora está bastante acelerada, daqui a pouco fica baixinha novamente, sua moto está com a famosa "entrada de ar falso".

Hummm... tem algum cilindro com ar falso...
Imagem: http://www.ohgizmo.com/2013/05/22/king-of-all-motorcycles-red-baron-bike-is-powered-by-an-airplane-engine/


Esse nome é uma grande bobagem, porque o ar que entra por onde não deve é bem verdadeiro. Mais correto seria chamar de 'entrada falsa de ar'.

Mas o que seria esse tal de "ar falso"?

Seguinte: 

Para funcionar redondinho em todos os regimes do motor, seja na marcha lenta, seja durante a aceleração, a proporção de ar e combustível tem que ser a mais próxima possível de um valor ideal. 

Combustível a mais ou a menos irá alterar o desempenho do motor, sempre para pior. 

Para garantir a proporção exata, a mistura de ar e combustível tem que chegar à câmara de combustão sem alterações.

Se o carburador estiver mal fixado ao flange de união com o cabeçote (o chamado isolante ou coletor — nome totalmente inadequado para motos monocilíndricas), o vácuo do motor sugará ar diretamente da atmosfera, alterando a mistura dosada pelo carburador. Ou bagunçando os cálculos da injeção eletrônica nas motos IE.

O sintoma mais evidente será a rotação de marcha lenta subindo e descendo sem motivo aparente.

O motivo é aquela folga que aumenta ou diminui em função de motivos aleatórios, inclusive a temperatura do motor. 

Não confunda essa variação de rotação ao acaso, típica do ar falso, com o aumento gradual da rpm que ocorre conforme a temperatura do motor vai aumentando; em dias frios, é normal a marcha lenta começar baixa e ir aumentando ao longo da manhã devido ao aquecimento normal dos componentes.

Você constatou que é mesmo ar falso, e agora? 

Tem que levar na oficina?

Só se o problema não desaparecer com um pequeno aperto daquelas porquinhas (ou parafusos) que fixam o carburador ao isolante, e o isolante ao cabeçote. Algumas motos usam uma abraçadeira.

Se depois disso o problema não desaparecer, então a origem da entrada falsa de ar poderá ser uma vedação estragada ou uma trinca no isolante, aí só trocando as peças... mas elas são baratas.

Se a sua moto for do tipo injeção eletrônica, esse problema de flutuação não precisa ser causado necessariamente por 'ar falso'. 

Ele também pode aparecer por algum sensor eletrônico com mau contato ou defeituoso; no primeiro caso, apertar o conector poderá resolver, mas no segundo, será necessário substituir a peça.

Em todos os casos, não deverá ser um reparo caro, a menos que o próprio módulo IE precise ser trocado, o que é algo muito raro — mas tentador para a oficina, se a sua moto estiver fora de garantia.

Nessa última situação, tente fazer uma segunda avaliação em outra oficina antes de autorizar a troca.

Muitas concessionárias têm apenas trocadores de peças e não mecânicos de verdade.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Malditos tachões

Um dia um mau engenheiro sujeitinho desprezível interessado em ganhar dinheiro fácil teve uma ideia de um produto novo e versátil que serviria para a separação de pistas e redutores de velocidade transversais.

Sem se importar com os possíveis riscos que seu novo invento traria, saiu feliz da vida vendendo para prefeituras e autarquias 'especializadas' em segurança viária por todo este Brasilzão velho de guerra.

Encheu os bolsos, porque segurança viária aqui é piada e a grana das licitações públicas fala mais alto.


É, estou falando dos malditos tachões, tartarugas, olhos-de-gato, catadióptricos ou sei lá como chamam aí na sua terra.

Depois de algum tempo, os eleitores proprietários de automóveis começaram a reclamar de que essa praga dos infernos estava danificando a suspensão de seus carros.


Também estavam derrubando e matando motociclistas, mas com esses ninguém se importa.


Então, para não desagradar os motoristas com seus preciosos amortecedores, em 2009 o Contran proibiu o uso de tachões como redutores de velocidade transversais (lombadas).


A lei não pegou (esses da foto acima foram instalados em 2012) e também não impediu a criatividade do pessoal de criar novas e mais traiçoeiras armadilhas para os motociclistas, porque assim se ganha mais dinheiro.



Denúncia: http://www.revistamotoclubes.com.br/2013_11/Materia_2013_11_01_CurtaseGrossas.htm

Imaginou você vindo no meio da pista atrás de um veículo que encubra a visão e de repente você está em cima disso?

Já estará desequilibrado pelos 3 tachões centrais, e para qualquer lado que você tente desviar, encontrará uma fila de tachões para acabar de te derrubar. 


Muito cuidado com essa praga infernal.


Não faça ultrapassagens sem antes visualizar se não encontrará tachões separando as pistas lá na frente.


Caso você erre seu cálculo, poderá ter o mesmo destino deste colega:



Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2013/11/jovem-de-19-anos-morre-em-acidente-caminho-de-aniversario-de-prima.html

Sim, ele errou ao fazer uma ultrapassagem em local proibido. Pagou com a vida ao se desequilibrar nos tachões. 

Não cometa esse erro.


E também não cometa o erro de subestimar a imbecilidade de alguns motoristas idiotas, daqueles que acham que é ofensa ser ultrapassado.


Você correrá o risco de iniciar uma ultrapassagem em local permitido, e o imbecil ao seu lado acelerar para não permitir sua ultrapassagem, te jogando no início dos tachões.


Não sei se foi isso que aconteceu aqui, não estou tentando aliviar para o lado do motociclista; mas tenho cicatrizes pra provar que isso pode acontecer.


Não se deixe empolgar achando que a moto pode fazer ultrapassagens em locais proibidos por ser estreita e se encaixar facilmente no trânsito. 

Nunca faça ultrapassagens em locais proibidos, desobedecer a sinalização viária é chamar por encrenca. Além disso, tachões e motoristas ineptos são armadilhas que geralmente não prevemos. 

Tenha sempre uma margem de reserva e, se não tiver jeito, evite rodar sobre os tachões; cruze-os da maneira mais fechada possível.


Como se fosse um obstáculo de trilha.

Um abraço, e boa sorte,

Jeff
PS: Depois de postado o texto, encontrei uma crônica excelente com o mesmo nome e tema no blog Cariocadorio. Não deixe de lê-la, é muito tocante e te deixará ainda mais revoltado com esse descaso criminoso contra uma parcela da população, a nossa.

domingo, 24 de novembro de 2013

Alerta aos proprietários de kawasaki [atualizado]

Minha moto kawasaki fica fraca quando esquenta...

Vocês devem ter notado que a kawasaki foi a grande ausente da denúncia quanto ao nível de óleo, e isso ocorreu por dois motivos:

Eu comecei a pesquisa com motos 125/150, e demorei a encontrar um proprietário de uma Ninja 250 — ninjas são difíceis de ver (ainda mais por esse preço).


Ninja 300 2014 0 km com ABS por 5.800 doletas (12.600 reais). 
Mas só se a Luiza trouxer do Canadá.
Um dia ainda faço um comparativo de preços lá e cá.
Argentina e Chile também.

Mas agora consegui falar com um proprietário e ter acesso ao manual de proprietário, e ele fez o teste e comprovou que o macete do óleo denunciado aqui não acontece, a quantidade indicada é suficiente para atingir o nível recomendado.

Menos mau para a kawa

Atualização: 

Ao que parece, a denúncia é válida também para a kawasaki — dê uma olhada como fica o nível após a troca nesta moto do vídeo que encontrei agora em 2015:



Assista o vídeo abaixo e verifique na sua moto se ela volta da revisão com o nível mínimo de óleo quando medido do jeito certo — ligando e desligando o motor como você vê no vídeo (a medição sempre é feita depois de ligar e desligar o motor, leia no seu manual do proprietário):


Então aquele proprietário talvez esteja enganado, ou isso ocorra apenas na Ninjinha... você precisará verificar na sua moto. 

Mais uma:

O proprietário de uma ER-6n também encontrou falta de óleo, leia ao final desta postagem.

Conferindo o manual da kawasaki Ninja 250, constatei que ele não tem a armadilha de dizer uma coisa aqui e outra lá na frente.

No entanto... nada é perfeito.

O manual recomenda genericamente o uso do óleo 10W-40.

Não caia nessa!

Não é porque está escrito um número mágico que você está liberado de ler e interpretar o restante das informações!

O manual também diz que podem ser usadas outras viscosidades de acordo com a necessidade de temperatura de cada país ou região.



Ele até mesmo publica uma tabela de viscosidades aceitáveis em função do clima, e até quem não é um técnico interpreta e conclui que um óleo 20W-50 é o mais apropriado para rodar na Terra dos Papagaios.

Menos RS e SC nas manhãs de inverno — depois do meio-dia, tudo bem ;)

O texto é claro ao dizer que a opção é sua, e aí é que está a pegadinha.

Temos a propensão natural de recear mudar as coisas por conta própria, temendo que essa mudança possa ser prejudicial ao motor.

Nos agarramos à ilusão de que permanecer usando a viscosidade recomendada não trará prejuízo ao motor, apesar de o texto dizer claramente que essa mudança DEVE ser feita pelo proprietário.

Portanto, aqui no Brasil, se o fabricante recomenda 10W-40, o cliente continuará a usar 10W-40, apesar da clareza da recomendação para a adaptação do uso de um óleo adequado à temperatura do local de utilização.

Ao deixar essa adequação da viscosidade em função da temperatura local para o usuário, o fabricante mais uma vez está jogando a responsabilidade pela durabilidade do motor da moto nas costas do proprietário.

Bom para eles, ruim para você. 

Com a viscosidade inadequada, seu motor vai esquentar mais do que o normal e se desgastar muito mais rápido. Superaquecido, o sintoma é o motor "ficar fraco".

Finalmente, o período de troca recomendado é de 3 mil km, que eu particularmente considero muito longo, ainda mais para uma moto rodando com óleo de viscosidade abaixo da ideal para nossas temperaturas.

Com a viscosidade adequada do óleo 20W-50 isso talvez não fosse excessivo, já que a moto é arrefecida a líquido — mas isso teria que ser testado para se ter certeza.

Proprietários de Ninja, ao perceber motor barulhento, tendência de superaquecimento, dificuldade de passar marchas e encontrar o neutro (sintomas de lubrificação deficiente por óleo de viscosidade inadequada — “muito fino”), mudem para um bom óleo mineral 20W-50 que tudo isso deve desaparecer.


Sim, o manual do proprietário permite isso. 

Motor bem lubrificado é motor silencioso. Sempre mantenha o nível de óleo no máximo do visor/vareta, essa recomendação está no seu manual do proprietário:



E se alguém na concessionária disser o mantra que o motor kawasaki é barulhento assim mesmo e que usar um óleo 20W-50 anulará a garantia, bote um advogado em cima deles que é causa ganha, estão tentando te fazer de trouxa.

Está tudo registrado por escrito no documento com validade legal que eles te deram, chamado Manual do Proprietário.

  • Caso opte por mudar de mineral para sintético, ou vice-versa, não se esqueça de lavar o cárter para evitar a formação de borra capaz de fundir o motor devido à reação química entre tipos de óleo diferentes — mais informações na postagem Qual o melhor óleo, mineral ou sintético?


Atualização:

O leitor Deivisson Nobre, dono de uma kawasaki, fez um comentário importante na postagem A quem interessa uma informação incompleta:

Igual um grupo que participo de proprietários da ER-6n e alguns defendem que se deve colocar apenas a quantidade de óleo que fala no manual, 1,9 litro.

Mas quando eu falo que coloco 2 litros e depois verifico o nível de óleo como manda o manual e sempre dá no mínimo ou abaixo e eu completo com mais óleo em torno de 200 a 300 ml, ficam falando que eu vou estragar o motor, que vai vazar óleo pelas juntas, que a moto esconde o óleo e não pode colocar mais de 1,9 litro... 

Minha moto tem 42 mil km, eu mesmo troco o óleo dela e até hoje não estragou nada...

Então faça o teste e comprove você mesmo na sua moto se a quantidade recomendada é suficiente ou não para atingir o nível máximo da vareta, e não se descuide de sempre manter o óleo no máximo.

Um motor com pouco óleo pode travar e causar perda de controle, te jogando embaixo de um caminhão, e aí a notícia nos jornais será apenas: 

Motociclista morre ao perder o controle da moto. 

PS: Encontrei algumas postagens na internet dizendo que a kawasaki recomenda o uso de Motul 3000 ou Motul 5100. Não encontrei essa informação no manual do proprietário que tive em mãos. 

Um abraço,


Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta ou olhando o visor é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

sábado, 23 de novembro de 2013

Óbvios ululantes


Ganha um doce quem descobrir o motivo de ele não ter conseguido parar a moto.

Dicas: Não foi só a alta velocidade. E a resposta não está escrita no link da reportagem.

Se não conseguir matar a charada, a resposta está aqui.

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Ponto cego na lateral de caminhões e ônibus

Reportagem: g1.globo.com santa-catarina neste link. 

Este acidente aconteceu aqui na cidade onde moro; eu mesmo censurei a notícia porque há coisas que é melhor não ficar sabendo.

Esse trecho de 10 km da BR-101 próximo a Florianópolis é recordista nacional de acidentes.

O que podemos aprender com esta tragédia? 

Pelo relato das testemunhas, a vítima trafegava ao lado do caminhão quando foi fechado por ele.

Ao permanecer ao lado do caminhão, ele ficou no ponto cego do retrovisor. As áreas cegas de caminhões e ônibus são maiores que as de carros.

Mesmo que o motorista tenha olhado pelo espelho, não teria avistado a moto. 

E mesmo que tivesse avistado anteriormente, ficar muito tempo no ponto cego ao lado de um caminhão permite esquecer que você estava lá. 

O motorista teria a obrigação de olhar por cima do ombro antes de mudar de faixa, mas não se pode contar que todos irão fazer isso.

Então, nos resta pilotar sempre imaginando que somos invisíveis, evitando ao máximo permanecer nos pontos de difícil visualização e sempre atentos para tomar ações evasivas quando necessário. 

Ao ultrapassar qualquer veículo, seja carro ou caminhão/ônibus, faça isso com determinação. 

Quanto menos tempo você ficar na zona cega do retrovisor dele, melhor para você.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Chutar espelhos

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2013/11/homem-de-23-anos-morre-apos-confusao-no-transito-em-sao-jose.html

O piloto aí no chão tomou uma fechada, ficou revoltado, chutou o retrovisor, perdeu o equilíbrio e caiu.

Agora só resta chorar. 

Não foi a fechada, mas seu ato impensado que matou o amigo carona.

Ele vai ter de conviver com esse peso na consciência pelo resto da vida.

Não passe você também pela dor que ele está passando.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Empinar a moto estraga o motor?

Você me pergunta se empinar a moto estraga o motor?

Te digo que estraga não só o motor, mas a moto inteira.

As outras manobras do wheelie também, falo delas nesta postagem aqui.

Com a moto empinada, todo o óleo do motor vai para a parte mais baixa, que nessa situação é o câmbio.




O problema é que a sucção da bomba de óleo (ponto azul acima, mas do outro lado do motor) continuará no mesmo lugar, então a bomba que força a circulação do óleo nas partes mais exigidas do motor funcionará a seco (sugará ar) enquanto a moto estiver empinada. 

A bomba força o óleo não só para o cabeçote, mas principalmente para os mancais do virabrequim e o comando e pistão/parede do cilindro.


Essas são só as peças mais quentes, mais exigidas, de maior responsabilidade, maior precisão e mais caras. 

Elas não podem trabalhar a seco. 

É chato, mas enquanto você se está se achando o máximo se exibindo para a galera, todos estão vendo você destruindo alegremente seu patrimônio por opção própria.... Eu mostro o resultado de o que é fundir o motor nesta nova postagem.

Além disso, as motos dos profissionais são preparadas para isso, a relação é modificada com grandes coroas para diminuir o esforço sobre o motor, além de peças de desgaste para o atrito com o chão, não são motos comuns iguais à sua.


Imagem baseada em http://pt.wikipedia.org/wiki/Wheelie

Tentar fazer isso com motos comuns pode trazer um enorme prejuízo, tanto material como de risco de morte.

Sua moto foi projetada para rodar e não para aguentar esse tipo de coisa.

E ao voltar para o chão, o quadro da sua moto sofre um impacto para o qual ela não foi projetada.




É por isso que motos de trilha tipo XTZ/Tornado e algumas CB300/Twister/Hornet se partem ao meio, isso não é exclusividade das Kansas.

Procure na internet por "modelo de sua preferência quadro quebrado", e leia o papo da galera.

Vai encontrar pérolas do tipo "apareceu uma trinca no quadro, será que tem problema?"

Cidadão... o que se responde para um cidadão que faz uma pergunta dessas?

Também tem outra coisa:

Empinar a moto não estraga somente o motor e a moto; durante estas férias de verão fiquei sabendo a história de um rapaz de 19 anos aqui do bairro que estava empinando a moto na rua de casa, caiu de cabeça e morreu na hora.

E este outro aqui em Roraima:


Reportagem completa com fotos do piloto em vida e depois do acidente: http://www.sentineladafronteira.com.br/jovem-empina-motocicleta-e-cai-e-morre-embaixo-de-caminhao/



Moto não é brinquedo. Use-a com sabedoria e viva muito para ter muitas histórias boas para contar.

Um abraço,

Jeff

sábado, 16 de novembro de 2013

Dica de leitura

Sugestão de leitura, encontrada no blog Lord of Motors:

http://www.lordofmotors.com/2012/05/espirito-da-harley.html

Um ótimo texto de Big Chopper de La Frontera (será seu nome verdadeiro?) sobre a relação que nós viajantes desenvolvemos com nossas motos.

As paisagens são muito melhores vistas de uma motocicleta
Imagem: http://motoroz.blogspot.com.br/2012/11/scenic-roads-6-10.html Como ele mesmo diz, apenas um motociclista comum, relatando suas viagens por lugares não muito conhecidos. Ainda bem!

Estradeiras são diferentes das motos urbanas. 

Só quando você passa horas e horas, o dia inteiro curtindo sua moto, vendo paisagens renovadas a cada curva, se surpreendendo com aquela cachoeira que você nunca tinha visto à beira da mesma estrada de tantos anos; aquela montanha que ameaça barrar seu caminho, mas que ao chegar perto abre o manto acolhedor para sua passagem; aquela ponte que te surpreende por ser tão alta, e aquela outra tão rente ao lago; aquela curva que te coloca à beira do rio de pedras caprichosas, o contorno da Serra do Mar que te recebe com gaivotas e o borrifo das ondas...

Apenas você e sua moto confiando um no outro para poder ir mais longe.

Você fica realmente grato por ela te proporcionar esse lado bom da vida.

Só não concordo com a última frase, "Mas é nessas horas que eu sei que as Harley têm espírito, e as outras não têm."

Ter espírito não é exclusividade das Harley.

Tudo depende do quanto você se entrega à sua moto. 

Seja ela qual for, a resposta virá.

Na forma do seu amor e confiança.

Ou ódio e vingança.

Da parte dela.

Cuide bem de sua moto e ame-a como se fosse uma Harley, que ela te retribuirá.

Um abraço,

Jeff