domingo, 27 de julho de 2014

A bolha assassina

Ao imaginar a possibilidade de corrosão interna do aro, mandei desmontar as rodas para verificar. 20 reais que valem uma vida. 

Para minha decepção (ou alegria?) não havia corrosão interna, e veio aquele sentimento de "droga, joguei fora 20 reais".

Mas...

Há sempre um mas...

Olha só o que foi encontrado durante a inspeção do pneu:

[aguardando foto da bolha do pneu]

[atualização: deu pau no celular e a foto da bolha foi perdida. Uma pena.]

Pois é, uma bolha estufada.

Isso é grave, o estufamento indica uma falha na estrutura do pneu, um ponto fraco onde a carcaça se rompeu internamente.

Isso deixa a câmara de ar vulnerável a furos e pode fácil e fatalmente provocar o estouro do pneu.

Feita por receio de a câmara furar por corrosão, a inspeção acabou revelando que o pneu iria furar mesmo, mas por outro motivo.

Eu já estava em dúvida sobre trocar esse pneu antes da viagem, os sulcos da banda de rodagem já estavam no limite para troca.

Querer prolongar a vida do pneu por mais mil e poucos quilômetros poderia ter custado minha vida.

Esse é outro problema que você só descobre quando lava a moto você mesmo, no contato com a borracha, olhando de perto todas as partes do pneu. 

Nenhum lavador vai se ligar nisso ou em te avisar. Só o olho do dono (ou o tato de um borracheiro profissional) para localizar esse tipo de problema antes que vire um problemão.

Um abraço,

Jeff

sábado, 26 de julho de 2014

O dia em que eu morri na rodovia

O dia em que eu morri na rodovia começou como todos os outros.

Ritual de vestir a roupa para viagem, carregar os alforjes, forrar o estômago, calibrar pneus, dar de beber à Bél, o de sempre.

A viagem seguiu tranquila até perto de Joinville, quando a quantidade de caminhões aumentou muito.

Não tivemos outra coisa a fazer, senão viajar entre dois caminhões, aquele grandão muito perto atrás de mim (epa!) me deixava preocupado.

Foi aí que o pneu dianteiro murchou de repente.

Reportagem: http://www.super30noticias.com.br/?p=7236

A direção ficou pesada, Jezebel começou a bambolear que nem doida, e num instante fomos para o chão. O caminhão não conseguiu parar a tempo.

Ainda tentei me agarrar a alguma parte do caminhão para não ir para debaixo das rodas, mas tudo aconteceu tão rápido...

...

Essa cena veio na minha cabeça enquanto faziam a revisão pré-viagem desta semana.

O mecânico quase não conseguiu tirar a vela de ignição de tão oxidada que estava. Várias partes da moto estavam bastante oxidadas.

Mas o que causou isso? 

Lembra quando voltamos cobertos de barro do Corvo Branco? A moto estava tão suja que usaram dose dupla de limpa-alumínio na lavação.

Essa porcaria é ácida, tem até ácido clorídrico na fórmula. O resultado é que o que podia oxidar, oxidou, e se a vela estava assim, lembrei que poderia ter ocorrido corrosão interna dos aros causada por esse limpador do mal.

Ele se infiltra nas frestas, e entre o aro e a câmara de ar, e com o tempo acaba corroendo o metal, furando a câmara na região que não é protegida pela vacina de pneu.

Já passei por essa experiência, felizmente com a moto estacionada. Tenho um excelente anjo da guarda.

Nunca use essa porcaria na lavação e lave você mesmo a moto enquanto as dores nas costas permitirem. Elas chegam aos 50.

Lavar a moto você mesmo é um pequeno cuidado que deixa sua moto muito feliz e que pode salvar sua vida também de outra maneira, como me salvou nessa viagem.

Mas isso eu só conto amanhã.

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Dúvidas sobre lubrificação

Pergunta enviada pelo leitor Luís Ishibashi:

Boa Tarde Jeff, Uso 20w50 na moto, recentemente comprei um carro e no manual pede 10w30. Na troca de óleo, eu perguntei se poderia colocar 20w50, o rapaz do posto disse que sim, uma vez que o carro é 2008 e ja tem 90 mil rodado. (Honda Fit) Qual sua opinião sobre isso ? Sei que não é o foco do blog, mas li em uma postagem que você também teve carro por muito tempo. Desde já agradeço! Forte abraço.

Olá, Luís!

O fundamental é não misturar óleo mineral com sintético.

Se o seu carro usa óleo 10W-30 sintético e você quiser usar um óleo 20W-50 também sintético
, não haverá problema se os dois forem do mesmo fabricante.

Uma viscosidade mais elevada é mais indicada para as temperaturas típicas do Brasil.

Se os óleos não forem do mesmo fabricante, é recomendável lavar o cárter com o óleo novo para evitar incompatibilidade química.

Agora, se o carro usa ó
leo 10W-30 sintético e você quiser passar a usar um óleo 20W-50 mineral, eles certamente serão incompatíveis, reagirão entre si e formarão uma borra/gosma que entupirá os dutos de lubrificação e acabará fundindo o seu motor.

Nesse caso, lavar o cárter com o novo óleo é fundamental para evitar essa dor de cabeça.

Para suas outras dúvidas sobre o assunto, dá uma lida na postagem Qual o melhor óleo, mineral ou sintético?


Agora respondendo ao Bob William:

Minha Kansas não tem mais a vareta [medidora do nível de óleo], quebrou... Só restou a tampa mesmo. Há como saber de outra forma? Pela lente é possível?

Sim, Bob, e é muito fácil:

A indicação no visor é exatamente igual à indicação na vareta medidora quando se realiza o procedimento de medição correto: 


  • Motor frio, moto nivelada no cavalete central, ligar o motor por 2 a 3 minutos, desligar e aí verificar onde o nível de óleo se estabiliza nos primeiros minutos. 

A marcação H do visor corresponde ao nível máximo da vareta e a marcação L indica o nível mínimo da vareta.

Um forte abraço a todos, e obrigado por acompanharem o blog,

Jeff

Uma conversa feliz

Outro dia estava eu na padoca de sempre quando encostou uma honda Titan novinha.

Aproveitei para fazer minha pregação diária "Salve seu motor".

De início o Antônio estranhou um estranho vir falar da moto dele, mas na medida que fui explicando o macete dos fabricantes, ele me contou que tudo o que eu estava dizendo ele havia descoberto por conta própria.

Fiquei muito contente quando ele me contou que tinha abandonado o óleo fino 10W-30, lavou o cárter com óleo mineral e passou a usar o bom e velho 20W-50, e a moto tinha melhorado de desempenho.

Fiquei ainda mais contente quando ele falou que para atingir o nível máximo da vareta da Titan era necessária uma quantidade bem maior que a especificada pelo fabricante.

E achei graça quando ele me contou que sua primeira moto havia sido uma Kansas...

Essa moto foi escola e inspiração para muitos bons mecânicos. Quem domina suas manhas, domina as manhas de qualquer moto.

Enquanto isso, a turminha que dizia que eu só estava interessado em denegrir a imagem do fabricante e continuou usando apenas 1 litro de óleo perdeu o motor com direito até a troca da biela.

Pois é, pois é...

Descubra os macetes de lubrificação de sua moto e não seja usado trouxamente pelos fabricantes.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Atenção ao entrar no trânsito

Dica enviada pelo leitor e colaborador do blog Luís Ishibashi:


Reportagem: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2014/07/noticias/sul/1493066-equipe-da-tv-gazeta-flagra-acidente-entre-dois-motociclistas-no-sul-do-espirito-santo.html

Logo após ser entrevistado sobre os acidentes que acontecem naquele cruzamento, o motociclista saiu e foi colhido por outra moto em alta velocidade na transversal.

O local parece ter um trevo complexo e que o pessoal reclama não estar sinalizado.


Imagem: Google Maps

O filme não permite ver claramente, mas tenho a impressão de que existe uma preferencial ali, que provavelmente é a rodovia federal.

Bastaria respeitar esse critério e diminuir a velocidade no local, nem seria necessário haver sinalização, que os acidentes não aconteceriam.

Mas o que mais me chamou a atenção nesse acidente é sua similaridade com outro, cujo vídeo infelizmente não encontrei mais.

O piloto de testes de uma empresa havia acabado de ser entrevistado para uma reportagem sobre um dispositivo de segurança que estavam lançando, e assim que terminou a entrevista ele saiu direto na frente de um caminhão em alta velocidade.*

Descobri que a história era um pouco diferente do que eu lembrava, veja o PS abaixo.

Nos dois casos, os pilotos haviam acabado de fazer algo que os desconcentrou imediatamente antes de entrar na rodovia.

Talvez essa seja a lição mais importante a ser tirada deste acidente, a importância de se desligar do que aconteceu e se focar na pilotagem antes de começar a acelerar a moto pelos primeiros metros.


Um motivo de desconcentração é presenciar/socorrer um acidentado. É comum a pessoa sair abalada e sofrer outro acidente no mesmo local. 

É um hábito perigoso sair rodando com a moto sem antes cumprir um ritual de preparação, tipo ter certeza de que o capacete e os espelhos estão bem ajustados, e tudo na moto está funcionando perfeitamente.

Deixar para fazer isso somente depois que a moto entrou em movimento pode distrair sua atenção do trânsito, e as coisas podem acontecer muito rapidamente.


Além disso, nesse meio tempo você se desliga da adrenalina do evento perturbador e se concentra na sua segurança.

Um abraço, e obrigado pela dica,


Jeff

PS:
O Daniel localizou o vídeo e estou incorporando aqui na postagem:





Agora que vi o vídeo com legendas, é ainda mais bizarra a situação: 

O dispositivo de segurança que eles iam demonstrar supostamente alertaria o piloto sobre os riscos à volta deles. 

Bem, parece que não funcionou. 

Obrigado e um abraço, Daniel!

Jeff

quarta-feira, 23 de julho de 2014

O manto da invisibilidade

Quando você decide pilotar em alta velocidade, você veste o manto da invisibilidade.


http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/07/240kmh-motociclista-sofre-lesoes-leves-ao-cair-na-br-153-em-concordia.html

O velocímetro acima travou no impacto em um acidente na BR-153, a Transbrasiliana.


Transbrasiliana: http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-153

A BR-153 é uma rodovia simples, onde a velocidade máxima é de 80 km/h.

Ao trafegar a uma velocidade muito acima da máxima permitida em uma rodovia (qualquer uma), você se torna invisível para os outros motoristas e eventuais pedestres.

Ninguém espera que alguém venha a uma velocidade tão alta.

Quem se prepara para atravessar a pista muitas vezes já não consegue ver uma moto à velocidade normal, o que dirá de uma moto muito mais distante?

A 240 km/h você percorre 66,6 metros a cada segundo

Isso quer dizer que 100 metros, a distância típica que o pessoal respeita para não cortar sua frente, caso tenham te visto, você cruzará em um piscar de olhos.

Em alta velocidade você estará invisível para os outros motoristas, então não reclame quando alguém cruzar sua frente.

Bem, muito poucos poderão reclamar.

Não sobra muita coisa de alguém a 240 km/h.

A menos que você tenha nascido virado para a lua.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A epidemia invisível

Existe uma epidemia de mortes no trânsito por uma causa básica:

A falta de domínio da moto ao pilotar com garupa.


Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/07/irmaos-morrem-ao-cair-de-viaduto-na-br-101-em-acidente-de-moto.html

Neste acidente, dois irmãos morreram ao despencar de um viaduto da BR-101 após o piloto perder o controle da moto em uma curva suave.

Foram fechados por um automóvel? Talvez. Mas se foram, ninguém viu.

Aparentemente o piloto perdeu o controle pelo motivo que derruba muita gente: a garupa posicionada muito para trás, tornando o guidão extremamente leve e a moto tremendamente instável.

Muito provavelmente essa é a causa de uma enormidade de quedas por este mundão afora, uma verdadeira epidemia invisível.

O par sai pilotando, mas a coisa se complica tremendamente quando aparece uma curva ou se tenta uma ultrapassagem.

Quando levar garupa, tome os cuidados básicos de orientá-la sobre como se posicionar corretamente na moto para não atrapalhar a pilotagem.

Quanto mais à frente, melhor, e isso inclui você. 

Você terá de se sentar com parte do corpo sobre o começo do tanque de combustível, com a garupa bem próxima, para que a moto continue com a mesma dirigibilidade.

Não tente manobras arriscadas, como ultrapassagens sem margem de segurança ou curvas fechadas que possam assustar uma garupa inexperiente.

As acelerações e frenagens serão diferentes, aumentando o tempo necessário para ultrapassagens e a distância necessária para frenagens, então o negócio é não arriscar.

Algumas pessoas, por medo de cair, reagem instintivamente ao contrário da inclinação da moto e isso anula o esforço do piloto para fazer uma curva.

Descobrir que sua garupa faz isso apenas no meio de uma curva pode ser fatal.


Lembre-se o quanto a garupa de sua moto é preciosa e não a coloque em perigo. Ensine-a a se comportar de maneira segura e não abuse da pilotagem.


E faça uma campanha para que as técnicas de pilotagem com garupa sejam ensinadas nas motoescolas de sua cidade.

Você estará ajudando a salvar vidas.

Um abraço,


Jeff

sábado, 19 de julho de 2014

Afivele corretamente seu capacete

Esta é a Aline, a vítima daquele acidente de ontem, que caiu ao passar por uma lombada não sinalizada.


Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/07/mulher-sofre-acidente-e-se-revolta-com-sinalizacao-precaria-no-litoral.html

Ao voar por cima do obstáculo invisível, ela e a moto foram lançadas longe, e seu capacete se soltou durante o voo.

Uma imagem vale por mil palavras.

Aline teve muita sorte de ter se machucado pouco (relativamente) neste acidente.


Sem o capacete, ela poderia ter morrido em um acidente tão comum como esse, e ao qual todos estamos sujeitos, perder o controle ao passar por uma lombada não sinalizada.


Sempre afivele corretamente seu capacete. Mantenha a cinta jugular justa na mandíbula, ela não pode ficar frouxa.


Um capacete folgado escapa da cabeça, deixando você totalmente desprotegido exatamente na hora em que você mais precisa dele.


Você deve mantê-lo justo, mas sem apertar excessivamente


Ele também precisa ser do tamanho correto para sua cabeça. Nada de usar um capacete inadequado. Capacetes folgados não proporcionam a melhor segurança. Crianças não podem usar capacetes de adultos!


Aline, não fique triste!

Logo você estará bem e essa será apenas mais uma boa história para contar!


Você realmente teve muita sorte.


Um abraço,


Jeff

sexta-feira, 18 de julho de 2014

É revoltante

Por coincidência, até parece uma continuação da postagem de ontem:

Uma lombada não sinalizada causou a queda de uma motociclista na manhã de ontem, se machucando bastante.


Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/07/mulher-sofre-acidente-e-se-revolta-com-sinalizacao-precaria-no-litoral.html

Quem instala essas lombadas e não as sinaliza é criminoso; devia responder a processo e cumprir pena na cadeia por homicídio doloso, quando há intenção de matar, ou por pura e simples negligência.

É inadmissível que as próprias autoridades que deveriam zelar pela segurança do trânsito cometam essas barbaridades.

Uma lombada não sinalizada mata motociclistas e também motoristas.

Há muitos anos, uma delas foi implantada em uma avenida próxima de onde eu morava e na mesma noite o motorista de uma kombi perdeu o controle, se chocou contra uma árvore e morreu.

No acidente de ontem, a motociclista sobreviveu e pôde denunciar o fato.

Não fosse por isso, seria mais um caso de "motociclista perde controle da moto e morre". 

A implantação de obstáculos à circulação viária, como lombadas, tachões e sinalizadores temporários (cones, tonéis, barreiras) deveria ser feita por profissionais responsáveis com formação técnica em segurança, seja do trabalho, seja viária, seja qual for a modalidade de formação profissional nessa área (existe formação profissional nessa área?)

Chega de pessoas desqualificadas colocando nossas vidas em risco!

Processo e cadeia para essa gente que não cumpre corretamente com as atribuições de sua responsabilidade profissional!

Um abraço indignado,

Jeff
PS: Respondendo ao Darci: 

Uma coisa que achei interessante da matéria do G1 foi o fato que ela disse que a moto e o capacete dela voaram, fica a dica ai do porque se deve deixar o capacete com a jugular firme.

Sim, eu abordei o episódio em duas postagens, o afivelamento correto do capacete é o tema da postagem de amanhã.

Obrigado e um abraço!

Jeff

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Obras e mudanças no trânsito

Muito cuidado quando ocorrem mudanças na estrutura e sinalização viária!

Alterações de sentido de direção, implantação de rotatórias, novos acessos ou saídas de rodovias, obras novas ou emergenciais provocam mudanças que podem demorar a ser implementadas ou sinalizadas corretamente.

A população também leva algum tempo para assimilar as novidades, o que pode levar os usuários da via a erros e acidentes potencialmente graves.



Imagem e reportagem: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/07/1487120-trecho-leste-do-rodoanel-lancado-ha-12-dias-continua-inacabado-em-sp.shtml

A transformação de uma parte da avenida principal de mão dupla daqui do bairro em uma via de sentido único fez com que vários motoristas desavisados trafegassem na contramão nos primeiros dias. 

Esse risco não pode ser subestimado mesmo com a passagem do tempo, pois motoristas acostumados a um percurso por muitos anos e que não o tenham utilizado há algum tempo podem ser levados a erro pela força do hábito, apesar da sinalização.

A implantação de rotatórias no lugar de cruzamentos traz outro risco:

Os motoristas acostumados a não ceder passagem na preferencial e sem bom conhecimento do código de trânsito continuarão a interpretar a rotatória sem sinalização como um mero acesso à via lateral, desrespeitando a nova condição de preferencial obrigatória para quem estiver na rotatória.

Isso perdurará até que se instalem as placas "Dê a preferência", e nem assim todos respeitarão, então cuidado com essas armadilhas do trânsito.

O tempo necessário para se corrigir a sinalização após uma mudança viária também pode levar a acidentes.

Foram construídos novos acessos e saídas da BR-101 para as marginais, o trânsito por elas foi liberado, mas as placas ainda não foram reposicionadas.

Há vários dias a placa de saída para meu bairro indica que ela está a 500 metros, quando na verdade está plantada exatamente na nova saída. 

Quem confiar nela pensando que haverá outra saída no local indicado terá de fazer o retorno vários quilômetros à frente. Não que isso tenha acontecido comigo. Ou com algum amigo meu. Que não sou eu.

Obras emergenciais, como a remoção de quedas de barreiras nas estradas, também são propícias para esse tipo de erro. 

No caminho para São Joaquim, o preguiçoso do sujeito que colocou a placa "CUIDADO QUEDA DE BARREIRA A 300 METROS" não se deu ao trabalho de andar nem 20 metros.

Foi sair da curva, ver a placa e dar de cara com o lamaçal na pista, quase que o meu passeio acaba interrompido no meio do nada.

Então, fique atento a tudo que possa dar errado em locais de obras viárias, não só durante a realização como por algum tempo depois da implantação.

Alguém fará alguma bobagem, pode crer.

Um abraço,

Jeff

Dar pau na moto estraga?

Imagem: Uma Aventura LEGO
Dar pau na moto estraga?

Caro Emmet,

Você encontrará a resposta no grande espaço vazio disponível em sua mente. 

Um abraço,

Vitruvius

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Minha moto IE ficou fraca depois de pegar no tranco

Pergunta enviada pelo leitor Alan Braga na postagem Como fazer a moto funcionar no tranco:

Minha moto 150cc é IE, tentei colocar pra pegar no tranco, não consegui pois eram os terminais da bateria que estavam soltos. 

O resultado foi: senti como que minha moto estivesse ficado fora do tempo, pois a roda não travou como se tivesse "passado direto". 

Depois disso não consegui mais sair na moto sem acelerar coisa que fazia sem problema. agora tento fazer isso e a moto só estanca. Sabe o que aconteceu? 

Bom, não sei o que aconteceu, e aí é o momento de falar com quem sabe.

Perguntei ao meu amigo Daniel se poderia ter ocorrido algum dano ao cérebro eletrônico da injeção, a ECU, e ele me respondeu o seguinte:

Se ele tentou a moto pegar no tranco, não é nada demais. 

O que pode ter ocorrido ao tentar fazer a moto funcionar com pouca bateria é que a ECU leu os sinais e, como não houve resposta (o motor funcionar), ela entrou em modo de fábrica (seguro). 

Como a ECU usa os parâmetros de fábrica e ignora os sinais dos sensores, o motor pode ficar mais fraco. Se for isso, um reset na ECU resolve.

Não tem porque a central/ECU torrar, pois o motor da CG IE é corrente contínua, com isso, o sistema é alimentado diretamente pela bateria.

Nada como falar com quem tem experiência prática!

O modo de segurança é uma maneira da ECU trabalhar quando detecta falha ou incoerência nos sinais recebidos. Se for um sinal vital, ela desliga o motor para evitar um dano catastrófico. 

Se for um sinal não vital, ela passa a usar uma tabela de valores da memória em substituição aos sinais, o que diminui o desempenho da moto, mas permite que você chegue a uma oficina. É o modo "limp home" — literalmente, "mancar para casa".

Os procedimentos para reinicialização (reset) da ECU devem estar descritos no seu manual do proprietário. 

Se não estiverem, será hora de recorrer a um mecânico especializado ou concessionária, mas tome cuidado com o golpe do "precisa trocar a ECU".

A reinicialização é um procedimento previsto pelo fabricante, ninguém pode cobrar caro por isso.

É mais ou menos como aquele lance de enfiar um clipe ou dedo de dinossauro no traseiro nas costas do Buzz Lightyear para ele falar em espanhol.

Imagem: http://blogs.disney.com/oh-my-disney/2014/04/12/disney-roles-jon-hamm-could-have-played/

Só não usa clipe, e tem de ser feito por quem conheça o procedimento.

Um abraço,

Jeff

Duas boas notícias

Lembra daquela motociclista que ficou presa embaixo de um carro e foi arrastada por 800 metros, sendo salva pelo capacete?

Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/04/mulher-e-arrastada-por-carro-por-cerca-de-800m-apos-briga-de-transito.html

Isso foi no dia 13 de abril deste ano.

Depois de 93 dias e 14 cirurgias, ela saiu do hospital na tarde de ontem:


Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/07/apos-93-dias-mulher-arrastada-por-carro-sai-de-hospital-no-vale-do-itajai.html

Ela consegue caminhar com muita dificuldade e terá de fazer fisioterapia e tratamento ainda por muito tempo, mas venceu essa batalha.

A outra boa notícia é que o motorista que a arrastou continua preso até hoje no Presídio Regional de Rio do Sul, e deve continuar assim pelo menos até o julgamento.

Leia a reportagem completa no site do g1.


Um abraço,


Jeff

terça-feira, 15 de julho de 2014

Quero-queros e skatistas

Às vezes acontecem coincidências que inspiram uma postagem, foi o que aconteceu com esta aqui.

Pela manhã, na rua de casa, avistei um bando de quero-queros atrás de uma caçamba de entulho.

Quero-quero é esse bicho invocado aqui, ó:


Imagem e reportagem: http://noticias.bol.uol.com.br/esporte/2013/01/05/anderson-pico-gabriel-e-edilson-estao-fora-dos-planos-do-gremio-para-2013.jhtm

Aqui no Sul quero-quero abunda... humm, isso ficou muito esquisito... melhor mudar.

Quero-quero aqui no Sul abunda, tanto que é a ave símbolo do Uruguai.


Imagem: Google doodle para o jogo da Copa do Mundo Costa Rica e Uruguai

É maior que um pombo (e tão ousado quanto) e menor que um frango (mas voa bem, e voa baixo — na altura exata da sua viseira).

Quando você se aproxima de um bando de quero-queros, eles saem voando em várias direções, inclusive na sua, como estratégia para atrair predadores para longe dos ninhos — e não hesitam em te atacar se você chegar muito próximo aos ovos/filhotes.

Sabendo disso, ao passar pela caçamba de entulho, intuitivamente diminuí a velocidade para o caso de algum sair voando por trás da caçamba.

Não deu outra, um deles atravessou voando bem à minha frente, choque evitado. 

Aí à tarde aconteceu a coincidência que eu havia falado.


Começava a cair a noite, a hora do lusco-fusco, quando avistei um grupo de skatistas descendo a rua no lado oposto ao meu, mas na mesma direção.


É, eles estavam na contramão, e eram uns seis ou oito deles, todos ziguezagueando perto da calçada do outro lado.



Imagem meramente ilustrativa: http://www.inlinestreetskatersofeurope.com/sector-nine-sales/

Não representavam perigo, a menos que resolvessem atravessar a rua, mas fiquei de olho neles mesmo assim.

E foi aí que me lembrei do bando de quero-queros — e se um deles se desgarrasse e cruzasse bem na minha frente? 

Ou pior... e se houvesse um pedestre atravessando a faixa de pedestres oculto no meio daquela revoada, difícil de ver por causa do sol baixo no horizonte?

Pois tinha mesmo, e eu ter diminuído a velocidade ao me aproximar da faixa de pedestres permitiu que eu parasse a tempo de não atropelar um pedestre que saiu inesperadamente do meio daquele grupo.

Lição que ficou:

Ao avistar um grupo de pedestres, skatistas, ciclistas, estudantes, aves ou outros animais em bando, conte com a possibilidade de um deles (ou alguém/algum no meio deles) se desgarrar e atravessar bem na sua frente, e evite um acidente.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Faixas de aceleração

Este acidente aconteceu agora de manhã aqui perto, e infelizmente o piloto (um dos irmãos que ocupavam a moto) morreu ao se chocar contra um caminhão parado no acostamento.

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/07/irmaos-se-envolvem-em-acidente-de-moto-na-br-101-e-um-morre.html

Faixa de aceleração é aquele trecho do acesso da rodovia que te permite ganhar velocidade para se encaixar no fluxo de trânsito mais rápido de uma via expressa ou rodovia; é uma das grandes armadilhas que você encontrará no seu dia a dia.

Observe a imagem:

A moto ganhava velocidade na faixa de aceleração (onde está estacionada a viatura picape) e não conseguiu se encaixar no trânsito dentro do espaço reservado para isso; infelizmente, havia o caminhão parado logo após a área de acesso à rodovia.

Ao se preparar para entrar em uma via rápida por meio de uma faixa de aceleração, você precisa estar atento ao fluxo de veículos no qual pretende se encaixar, mas não pode se descuidar do que está acontecendo à sua frente.

Ao entrar na faixa de aceleração, primeiro verifique se o trecho à frente estará livre para não ter surpresas como essa aí de cima; somente depois de se assegurar que o caminho estará livre mesmo depois da área prevista é que você poderá se preocupar em se encaixar no fluxo de veículos.

Trate de ganhar uma velocidade que te permita se encaixar sem problemas no fluxo mais rápido; seu maior erro será entrar timidamente numa rodovia a meros 60 km/h a uma pequena distância de um caminhão carreta a 120 km/h.

Não conte que alguém irá facilitar sua entrada na rodovia — confiar que os outros perceberão sua dificuldade e cederão espaço é ilusão.

Se houver um obstáculo para sua aceleração logo à frente, elimine esse obstáculo e só então trate de entrar na via expressa. 

Outra armadilha das faixas de aceleração é aquele motorista que ao invés de prosseguir pelo acostamento ganhando velocidade mesmo depois do fim da faixa, resolve frear antes de entrar na rodovia.

Nessa situação, se você não estiver atento ao trânsito à sua frente, poderá se chocar com o motorista imbecil inexperiente.

Lembre-se, não se deve trafegar pelo acostamento, ele deve ser usado apenas em emergências. 

Pois bem, você pode considerar um veículo parado na sua faixa de aceleração (ou logo após) como uma emergência que justifique um pequeno trajeto pelo acostamento para fugir do risco de colisão ou de um engavetamento com você no meio.

Nessa situação, mais vale arriscar uma multa do que sua vida.

Um abraço,

Jeff

Problemas com a internet

Olá, pessoal

Peço desculpas pelas falhas na atualização do blog.

Minha internet que já era precária agora se tornou inexistente, o que dificulta pesquisar e publicar as postagens.

Imagem: http://thinkdesign.net/blog/page/2/

O mesmo problema afetou o historiasdaprehistoria.blogspot.com.br que está com as postagens suspensas.

Felizmente, passaram uma nova rede de cabos pelo meu bairro, e a previsão é que a nova internet seja decente e resolva os problemas (pelo menos até roubarem os cabos).

Espero em breve poder voltar ao ritmo normal de atualizações.

Um abraço a todos, e obrigado por acompanharem o blog,

Jeff

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Centro de gravidade e pilotagem

Por que os homens sentam no tanque de gasolina da moto?

Posso estar errado, mas imagino que quem fez a pergunta foi uma garota acostumada a sentar em sua motoneta.

Sempre admiro as garotas rodando em suas motonetas, todas naquela posição elegante e bem comportada típica da pilotagem desse tipo de moto...

Mas devaneio. Respondendo à pergunta:


Imagem: worldhonda.com
Existe um lugar mágico bem perto do tanque de combustível das motos, chama-se centro de gravidade.

Nesse ponto todo o peso da moto está equilibrado. 

Se você colocar um cavalete embaixo desse ponto, a moto não se inclinará para frente ou para trás.

E quando o piloto se senta sobre a moto, ele também tem seu centro de gravidade concentrado em um ponto, coincidente mais ou menos com seu umbigo.

Um acrobata apoiado sobre seu umbigo também não se inclinará para frente ou para trás.


Imagem: http://studiocarolinafurtado.blogspot.com.br/ Não é propaganda, foi a única imagem que encontrei para ilustrar a matéria 

Quando piloto e moto estão juntos, o equilíbrio do conjunto é ditado pelos centros de gravidade de ambos.

Quanto melhor eles estiverem alinhados, mais dócil será a resposta da moto durante as curvas, mais fácil será a negociação entre corpo e máquina para inclinar a moto.


Imagem: http://www.rqriley.com/

Um piloto bem centralizado em relação ao centro de gravidade praticamente não faz força para dominar a moto e a pilotagem é mais prazerosa.

Ambos se movimentam de maneira integrada, piloto e moto como um único corpo, todos os movimentos do piloto prontamente respondidos pela máquina.

É por isso que a pilotagem com garupa se torna tão mais difícil quando a garupa se senta longe do piloto. O peso deslocado para trás alivia o peso sobre a roda dianteira e dificulta o controle da moto.

Quanto mais os centros de gravidade de todos estiverem próximos uns dos outros, melhor para a pilotagem.

Espero ter explicado porque os homens se sentam quase em cima do tanque das motos.


As mulheres também deviam fazer o mesmo.

Um abraço,


Jeff
PS: Comentado pelo mano Beto:

Acredito que a pergunta seja referente à situação de quando o pneu traseiro murcha ou fura e a saída em alguns casos seja sentar no tanque para melhor distribuição do peso até chegar ao borracheiro.

Taí, essa possibilidade eu não tinha pensado... vai ver que é isso mesmo.

Vale lembrar que é uma situação que apresenta o risco de o pneu escapar do aro durante o trajeto e causar uma queda.

Um abraço!

Mano Jé

Comentando a observação do Diogo:

Também acontece quando a gasolina está acabando. O pessoal senta sobre o tanque pra reduzir o esforço do motor em tracionar a roda traseira(?).

Opa, isso não funciona não... o cara alivia o esforço em uma roda e transfere para a outra, o motor continua gastando a mesma quantidade de gasolina. Já dizia Chacrinha Lavoisier: "Nada se perde, nada se cria; tudo se transforma."

A energia necessária para mover uma moto de 100 kg mais o piloto continua a mesma, a menos que você diminua a velocidade. Porque você precisa de menos potência para mover uma quantidade de matéria mais lentamente, além de diminuir a resistência do ar.

Um abraço, e obrigado por acompanhar o blog,

Jeff

terça-feira, 8 de julho de 2014

Tudo se repete, ó maninha, como antigamente...


Em 1971, caía a tarde feito um viaduto. 

Era o elevado Paulo de Frontin, em construção no Rio de Janeiro, uma obra do pacote de obras que o governo implantava às pressas para mostrar a eficiência do modelo imposto para acelerar a economia, e agora você entende melhor a referência à ditadura que João Bosco, Aldir Blanc e Elis Regina ousaram dizer naquela música.

Caiu sobre um ônibus e vários carros, deixando dezenas de mortos. 


Em uma época onde as notícias eram censuradas, onde epidemia de meningite não podia ser noticiada para não mostrar uma imagem do país que não interessava aos ocupantes do poder, nem a ditadura militar conseguiu impedir que a notícia corresse o Brasil e o mundo.


Jornais, revistas e TVs cobriram essa tragédia, e várias outras, dando ampla cobertura.  


Salto no tempo:


Em 2014, o viaduto Guararapes em construção em Belo Horizonte caiu sobre um ônibus e alguns carros, por poucos segundos não caiu sobre um ônibus lotado.


Era uma obra do pacote de obras que o governo implantou às pressas para mostrar a eficiência do modelo adotado e acelerar a economia.


A queda do viaduto foi menos noticiada e comentada que a contusão do Neymar. O fato de o outro viaduto vizinho do mesmo pacote ter a estrutura abalada no início do ano, necessitando reparo antes da conclusão, foi menos noticiado que a eleição do Fuleco.


Dois "milagres econômicos", dois governos de visões políticas opostas, mas a mesma sanha dos empreiteiros pelas verbas públicas e poder político, às vistas do olhar indiferente da nação.


A mesma irresponsabilidade de gente mais interessada em abocanhar o que puder e entregar apenas o suficiente para as obras se manterem de pé. Ou nem isso.


A lua, tal qual a dona de um bordel, pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel, e a referência da todo poderosa globo ao assunto, comparada com os tempos da ditadura onde não se podia noticiar as coisas, seria risível — se o assunto admitisse qualquer riso.

Num país onde a maior parte da propaganda em rádio e TV é paga pelos governos federal e estaduais, onde os amigos do poder negociatam às vistas e às custas de todos, não interessa ir a fundo na maneira como as coisas são feitas nos corredores dos palácios do gigante eternamente adormecido em berço esplêndido, carcomido e podre.


De qualquer forma, as pessoas na sala de jantar estão ocupadas apenas em nascer e morrer. E torcer pelo Brasil...


Não adianta esperar pelo Henfil ou pelo irmão do Henfil.

Eles morreram, vítimas da saúde pública.


A este bêbado trajando luto só restam as irreverências mil. 


Que noite, meu Brasil. Que noite...

Jeff