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quinta-feira, 30 de março de 2017

Pequenas distrações e viseiras abertas

Usar corretamente um capacete não é apenas colocá-lo bem afivelado na cabeça.

Também é manter a viseira sempre bem fechada para evitar que ela cause situações como esta:

Imagem e reportagem: http://www.rondoniagora.com/policia/motociclista-morre-ao-se-chocar-na-lateral-de-carreta-na-br-364


Viseiras abertas causam distrações, podem ameaçar ser arrancadas com o vento ao ultrapassar um caminhão.


Essa pequena distração momentânea pode causar um acidente fatal como esse aí de cima.

A gente costuma pensar que a única utilidade da viseira é impedir a entrada de insetos e pequenos ciscos no olho.

Isso não deixa de ser verdade, e é sua utilidade mais comum:

Imagem e reportagem: http://www.atualfm.com.br/site/capacete-com-viseira-levantada-causa-acidente-em-concordia/

Abrir a viseira para conversar com a garupa pode ter sido a causa primária deste acidente, o inseto foi a causa final.

Mesmo motociclistas que costumam rodar de viseira fechada costumam abri-la para poder ouvir a garupa.

Aliás, essa atitude pode ter sido a causa deste segundo acidente aí em baixo.

A viseira bem fechada do capacete também oferece proteção para situações que o pessoal nem imagina, como esta:

Imagem e reportagem: http://www.midiamax.com.br/transito/retrovisor-perfura-olho-motociclista-colidiu-camionete-ernesto-geisel-321801
Reportagem: http://www.midiamax.com.br/transito/retrovisor-perfura-olho-motociclista-colidiu-camionete-ernesto-geisel-321801

Por estar aberta, a viseira não impediu o impacto contra a haste do espelho retrovisor.

O que poderia ter sido um acidente besta teve um resultado trágico e irreversível.

Situações como essa são extremamente raras.

Muito mais fácil de acontecer é o piloto ser arremessado contra o mato na beira da estrada, onde tem um monte de arbustos com muitas hastes capazes de fazer o mesmo estrago.

E para finalizar, duas reportagens curiosas relacionadas à viseira do capacete:
Imagem e reportatgem: http://www.piracurucaaovivo.com/2015/06/homem-morre-em-acidente-apos-viseira-de.html

A coitada da viseira e o capacete acabaram sendo responsabilizados por matar o piloto que já havia quebrado o pescoço com o tombo...

Essa notícia não resiste a um mínimo de análise, é uma pena que o pessoal não avalie as informações antes de publicá-las.

O capacete somente impede ferimentos à cabeça, não impede que o pescoço seja quebrado.

Única coisa que pode talvez impedir um pescoço quebrado é manter a velocidade dentro dos limites permitidos.

Alguém com o pescoço quebrado já está morto, a jugular cortada não influi em mais nada.

Sabe, a viseira faz algumas coisas ruins, mas matar o piloto... acho que não.

Uma viseira mata no máximo um pombo:
Imagem e reportagem: http://www.visordown.com/news/bizarre/rider-survives-140mph-pigeon-crash

O pombo bateu na viseira a 80 km/h, desacordou o piloto que abriu o acelerador e saiu da pista a 225 km/h.

O piloto só não morreu porque o capacete era bom.

Se a viseira estivesse aberta, a manchete certamente seria muito pior.

Viseiras fazem coisas ruins, como embaçar em dias de chuva e impedir a entrada de ar nos dias quentes.

No entanto, a proteção que ela oferece fechada compensa as desvantagens, e muito.

A única situação aceitável para abrir a viseira apenas um pouquinho, coisa de um dedo, é em dias de chuva para deixar entrar um pouco de ar para desembaçar — e somente pelo tempo suficiente para isso.

Se a viseira estiver embaçando muito, será hora de parar e esperar a chuva melhorar.

Melhor abrir um pouco a viseira do que pilotar às cegas até achar um lugar seguro para parar.

Mas não abra o suficiente para entrar muita água, porque a água suja respingada nos olhos por um carro passando ao seu lado é um risco muito grande.

Mantenha a viseira sempre fechada e você não se arrependerá.

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 10 de março de 2017

O detalhe que faz toda a diferença — afivelar bem o capacete

Vídeo com flagrante de acidente totalmente inesperado, felizmente tudo bem com as garotas na moto:
Imagem, vídeo e reportagem: http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2017/03/motorista-do-carro-que-bateu-em-motocicleta-segue-internado-em-tatui.html

Note os capacetes rolando na rua...
Imagem, vídeo e reportagem: http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2017/03/motorista-do-carro-que-bateu-em-motocicleta-segue-internado-em-tatui.html

Os capacetes não estavam bem afivelados, talvez nem mesmo estivessem afivelados.

Se as garotas tivessem batido a cabeça no chão, os capacetes não teriam servido pra nada.

Um capacete solto é a primeira coisa que voa longe em um acidente, você é a segunda.

E geralmente a sua cabeça chega ao chão antes do capacete...

Você nunca espera que um acidente possa acontecer.
Imagem e reportagem: http://www.correiodoestado.com.br/cidades/carro-sem-condutor-atropela-duas-pessoas-em-motocicleta/299548/ — Dois acidentes bizarros na mesma data... hoje foi dia.

Então afivelar corretamente o capacete é o mínimo que você pode fazer por você mesmo / mesma.

Para fazer sua função, o capacete precisa ficar justo na sua cabeça. 

A cinta do capacete deve ficar justa no queixo, sem apertar a ponto de incomodar.

A folga máxima da cinta jugular deve ser a espessura do seu dedo mínimo, daí para menos.

E você, dono / dona da moto, tem a obrigação de conferir se o capacete de sua garupa está bem afivelado.

Você é responsável pela vida de seu amigo passageiro / amiga passageira.

Como você viu no vídeo e na reportagem, não basta pilotar com cuidado.

Poxa, isso é tão fácil...

Não entendo porque o pessoal se descuida tanto disso.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Garupas inexperientes e pilotos desligados

Veja o que acontece quando a blusa carregada pela garupa se enrosca na coroa da moto.

Note a blusa pendurada no braço da garupa aos 03:05... 

Aos 06:50, quando eles passam por uma rotatória, a manga enrosca na corrente e a moto estanca sozinha.

É mesma coisa que pisar no freio com força, só que o trânsito em sua volta não está esperando que você pare no meio da pista — e sem acender a luz de freio...



Como o piloto disse, eles tiveram muita sorte.

Se a blusa fosse de um tecido mais grosso, ou eles estivessem em maior velocidade, a roda teria travado totalmente e o tombo seria inevitável.

Agora imagina isso acontecendo no corredor da marginal ou na rodovia...

Ou na hora em que eles estavam a 135 km/h...

Note que foi a primeira vez da menina em uma moto, ela não afivelou o capacete, nem o piloto atentou para isso.

Se eles realmente tivessem caído, ela iria perder o capacete e bater a cabeça no chão, a menina possivelmente teria morrido por esses dois descuidos do piloto.

Muitos acidentes fatais "inexplicáveis" acontecem por pequenos descuidos como esses.

Uma blusa ou peça de roupa enroscando na corrente pode ser fatal, ainda mais com o capacete solto na cabeça.

Sua garupa nem sempre tem essa percepção do perigo, cabe a você piloto/pilota conferir se tudo está em ordem antes de dar uma carona.

Uma garupa inexperiente pode nem saber como usar um capacete...



Se algo ruim acontecer com sua garupa, você será a única pessoa que poderia ter evitado isso, e não fez sua parte... é remorso para toda a vida.

Antes de sair com a moto, dê uma conferida se alguma coisa não irá representar perigo se soltando com o movimento da moto.

Fique atento para as coisas que sua garupa carrega.

Tentar tirar ou vestir uma blusa com a moto em movimento é perigoso demais, oriente sua garupa para não fazer isso.

Suas vidas e a vida da sua moto podem depender desse cuidado básico.

Um abraço,

Jeff
PS: Só lembrando, o uso de viseira fumê à noite é proibido e dá multa...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Não existe acidente sem causa

Reportagem: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/transito-24-horas/noticia/2015/07/acidente-de-moto-com-vitima-fatal-provoca-filas-na-via-expressa-4795440.html

A queda de um casal que trafegava de moto pela Via Expressa na tarde de sábado resultou em uma morte e mais de três quilômetros de filas na região. O acidente ocorreu por volta das 16h30 da tarde, no km 6 da Via Expressa, em São José. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), não houve colisão da motocicleta com outro veículo. No entanto, ainda não sabem o que teria provocado a queda do motociclista, que morreu no acidente, e de uma mulher que estava garupa.

A PRF não sabe o motivo porque isso depende de investigação.

Outros acidentes misteriosos como esse acontecem todos os dias:

Reportagem: http://g1.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/2015/10/motociclista-perde-o-controle-cai-e-morre-na-pe-585-em-araripina-pe.html

Mas é possível conjeturar as causas possíveis.


Causa mais provável:

No primeiro caso, uma fechada no trânsito é algo para se suspeitar. 

Pode não ter havido colisão, mas basta o motociclista ser obrigado a uma mudança brusca de direção para sofrer uma queda.

Os motociclistas que percorrem a Via Expressa costumam pensar que seu lugar é no corredor em movimento, e sempre vejo o pessoal trafegando a 80 km/h no meio de carros a 40 km/h. 
Imagem: http://wp.clicrbs.com.br/blogdotransito/tag/via-expressa/?topo=67,2,18,,,67&status=encerrado

Quando o trânsito está livre o pessoal abusa ainda mais, e corredor em movimento não existe, mas o pessoal faz uma aposta alta de que nada de errado acontecerá — estão errados, um dia acontece.

A Via Expressa não tem pessoas por perto que sirvam de testemunha fixa, e os motoristas não param para aguardar a polícia e servir de testemunhas apenas porque um um motoqueiro caiu, a menos que tenham anotado a placa do veículo que fugiu.

Fora essa causa mais provável, existem vários fatores:



Condições da pista: 

Normalmente um acidente causado por um buraco ou outro problema visível na pista costuma ser relatado, o que não foi o caso em ambos os acidentes.
  • Buraco na pista — possível, mas improvável, a Via Expressa costuma ser bem conservada.
  • Poça de óleo — mas se houvesse óleo, isso teria sido mencionado na reportagem.
  • Areia na pista  — mas a Via Expressa é praticamente uma reta, areia na pista somente é perigosa em curvas.

Causas mecânicas:

É aqui que mora o perigo. Alguma delas me parece a causa mais provável para o segundo acidente, e é bem possível para o primeiro.
  • Corrente desregulada pulou fora e travou a roda traseira. Nem sempre isso é percebido por quem relata a matéria jornalística, e pode ser interpretado como consequência e não a causa do acidente.
  • Pneu estourou ou furou. Nem sempre isso é percebido por quem relata a matéria jornalística.
  • Motor travou por falta de óleo. Isso passa batido por todo mundo, a menos que a carcaça estoure. E quando a carcaça estoura e vaza óleo, muitas vezes não dá para saber se foi causa ou consequência do acidente.

Condições pessoais:
  • Uso de drogas ou remédios que alteram a percepção ou causam sonolência.
  • Pilotagem imprudente — tipo empinar a moto. É, tem gente que faz.
  • Desequilíbrio de piloto ou garupa — um posicionamento incorreto ou um movimento inadequado em momento errado podem derrubar a moto.
  • Transporte incorreto de carga — tipo uma alça de bolsa, mochila ou elástico de prender carga enroscando na roda ou corrente.
  • Distração por discussão com a garupa — mais frequente do que você imagina.
  • Mal súbito — raro, mas acontece.
  • Bala perdida — um pequeno ferimento de bala pode não ser identificado no local do acidente — mas isso é algo muito, muito raro.

Eu gostaria de poder investigar as possíveis causas mecânicas, mas o acesso ao pátio de motos recolhidas não é permitido a terceiros, infelizmente.

Elimine você as possibilidades mecânicas fazendo a manutenção correta de sua moto, elimine as condições pessoais mantendo o foco na pilotagem e segurança, e rode tranquilo.


Um abraço,


Jeff

domingo, 21 de dezembro de 2014

Vale a pena migrar de uma 150 para uma 250?

Respondendo ao leitor Darci Neto:

"(...) estou pensando em trocar minha Bros 150 por uma moto 250, a princípio uma Fazer, a minha curiosidade era saber uma opinião imparcial sobre se vale a pena trocar uma moto 150 por uma 250, considerando que eu ando mais na cidade, mas pego a estrada, e quase sempre com baú cheio e com minha namorada, somando no total algo em torno de 160 kg, minha dúvida é em relação se realmente existe uma melhora de desempenho, e agora que tu está equipado com uma 250, acredito que fique mais fácil pra ti dar tua opinião (...)


Olá, Darci! Obrigado por acompanhar o blog!


Demorei para responder porque queria ter mais experiência com minha nova moto antes de falar qualquer coisa.


Tinha esperança de viajar neste final de ano para um tira-teima, mas o serviço apertou e estou adiando as viagens por enquanto.


Sem dúvida o desempenho de uma 250 para quem viaja com garupa será melhor, mas no seu caso existem alguns pontos a considerar.


Sua moto já consegue um desempenho bastante bom para duas pessoas em termos de aceleração e conforto; a limitação é a velocidade máxima, que acredito seja próxima ou um pouco melhor que a da Kansas.


Vou falar da minha experiência com a Kansas e a Fenix Gold, depois a gente volta para o seu caso.


Eu também sempre tive essa dúvida, se valeria a pena ou não passar de uma 150 para uma 250, porque o aumento de custo de manutenção é significativo em relação ao relativamente pequeno ganho de velocidade.

Comparando, eu mantinha velocidades de cruzeiro de 85 km/h reais na Kansas (90% da velocidade máxima), o que permitia uma média geral de 65 km/h com as serras, negociações de ultrapassagens, trânsito pesado, etc. 


Em termos práticos:



Imagem: Google mapas

Saindo de São José (fica ao lado de Floripa), eu chegava ao hotel em Juquiá percorrendo uma distância de 500 km após 10 horas de viagem, o que também era o meu limite do cansaço.

Nessas 10 horas, estão inclusas 2 horas para lanches, abastecimento, esticar as pernas, almoço, esticar as pernas, aliviar as cãibras, etc., então são 8 horas rodando naquela velocidade que falei.  


Aquela viagem em que fiz 750 km talvez tenha sido conseguida graças aos analgésicos, que quase me mataram ao me fazer cochilar na estrada, então não vou considerar como distância de uma viagem normal


Agora com a Fenix, viajando 20% mais rápido, poderei manter velocidades de cruzeiro de 100 a 105 km/h e percorrer 600 km nas mesmas 10 horas do limite do cansaço, o que não permitirá economizar um pernoite — no máximo chegarei até Itanhaém.


Ficam faltando apenas duas horas para terminar a viagem e economizar um pernoite, mas será que o risco de pegar o trecho de trânsito mais movimentado com os reflexos e as reações lentas não seria risco demais? Imagino que sim.

Por outro lado, nem adiantaria viajar mais rápido do que isso, o risco de multas é enorme e está cada vez maior.


Então para você que já roda com velocidades de cruzeiro melhores do que a da Kansas, eu imagino que a vantagem de passar a rodar com uma 250, no seu caso que anda sempre acompanhado, talvez não seja tão significativa a ponto de ser realmente vantajosa.


Haverá um ganho em velocidade, claro, mas será muito pequeno. Também um pequeno ganho em conforto, imagino.


E será útil como aprendizado para aprender o domínio antes de partir para uma moto ainda maior, mas pelo seu perfil de utilização de casal com bagagens, no seu lugar eu almejaria uma 500 ou 600 assim que possível.


Nem estou considerando a Falcon como opção porque quem fez o mesmo percurso que eu jurou que nunca mais repetiria a experiência devido ao excesso de vibração.


Por outro lado, o consumo de uma 600 fica bastante elevado para o uso diário na cidade, e isso precisa ser levado em conta.

Outro dia encontrei o dono de uma Shadow, e ele comentou sobre o consumo alto e o custo de peças abusivo; então, chega uma cilindrada em que a grande vantagem da moto, a economia, começa a desaparecer.

Eu acredito que esse limite de custo/benefício para uma motocicleta fique na cilindrada de 250, e a Fazer é um pacote muito bom em termos de conforto e economia.

Então, se a sua expectativa não for elevada quanto ao ganho em desempenho, poderá sim ser uma ótima opção. 

Mas na hora de decidir, faça o que o seu coração mandar!


Nada se compara à realização de um sonho, e não se deixe influenciar por raciocínios muito lógicos.


Moto é paixão e paixão não tem a menor lógica...


Felicidades com a nova moto!


Um abraço, feliz Natal e Ano Novo,


Jeff

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Olha só como é difícil levar garupa mal posicionado


Reportagem e vídeo: http://g1.globo.com/goias/transito/noticia/2014/12/sem-capacete-garupa-cai-de-moto-e-condutor-nao-percebe-veja-video.html

Vídeo flagrou um motociclista perdendo o controle da moto por causa do garupa mal posicionado.

O peso do garupa deslocado para trás atua sobre uma alavanca maior, aliviando o peso na frente da moto. 

Note a dificuldade que o piloto tem com o guidão extremamente leve — os movimentos do guidão não sofrem resistência devido à roda dianteira fazer contato mínimo com o solo.

Felizmente não aconteceu nada muito grave, mas muita gente já bateu com as dez por atitudes como essa.

Fica a lição para você nunca esquecer:

Com garupa, você tem que se sentar mais à frente e o garupa tem que ficar bem próximo, senão você não terá domínio da moto na primeira curva.


Com piloto e garupa corretamente posicionados, a moto não apresenta dificuldade alguma para pilotar; é só tomar cuidado com a maior distância necessária para frear, e as reações mais lentas nas acelerações.


O garupa sem capacete caiu no gramado, mas em outra curva poderia ter caído embaixo de um ônibus em sentido oposto.

Fique esperto com isso, você e sua garupa poderão não ter uma segunda chance.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A epidemia invisível

Existe uma epidemia de mortes no trânsito por uma causa básica:

A falta de domínio da moto ao pilotar com garupa.


Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/07/irmaos-morrem-ao-cair-de-viaduto-na-br-101-em-acidente-de-moto.html

Neste acidente, dois irmãos morreram ao despencar de um viaduto da BR-101 após o piloto perder o controle da moto em uma curva suave.

Foram fechados por um automóvel? Talvez. Mas se foram, ninguém viu.

Aparentemente o piloto perdeu o controle pelo motivo que derruba muita gente: a garupa posicionada muito para trás, tornando o guidão extremamente leve e a moto tremendamente instável.

Muito provavelmente essa é a causa de uma enormidade de quedas por este mundão afora, uma verdadeira epidemia invisível.

O par sai pilotando, mas a coisa se complica tremendamente quando aparece uma curva ou se tenta uma ultrapassagem.

Quando levar garupa, tome os cuidados básicos de orientá-la sobre como se posicionar corretamente na moto para não atrapalhar a pilotagem.

Quanto mais à frente, melhor, e isso inclui você. 

Você terá de se sentar com parte do corpo sobre o começo do tanque de combustível, com a garupa bem próxima, para que a moto continue com a mesma dirigibilidade.

Não tente manobras arriscadas, como ultrapassagens sem margem de segurança ou curvas fechadas que possam assustar uma garupa inexperiente.

As acelerações e frenagens serão diferentes, aumentando o tempo necessário para ultrapassagens e a distância necessária para frenagens, então o negócio é não arriscar.

Algumas pessoas, por medo de cair, reagem instintivamente ao contrário da inclinação da moto e isso anula o esforço do piloto para fazer uma curva.

Descobrir que sua garupa faz isso apenas no meio de uma curva pode ser fatal.


Lembre-se o quanto a garupa de sua moto é preciosa e não a coloque em perigo. Ensine-a a se comportar de maneira segura e não abuse da pilotagem.


E faça uma campanha para que as técnicas de pilotagem com garupa sejam ensinadas nas motoescolas de sua cidade.

Você estará ajudando a salvar vidas.

Um abraço,


Jeff

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Uma bobagem que já mandou muita gente boa para o além

Tá vendo os dois caras aí na moto?

Reparou onde o garupa está sentado?


Imagem: www.viewsofthepast.com

Esse é o pior lugar para o garupa se sentar porque é o ponto mais distante do centro da moto, o local onde fica o piloto. 

Há uma velha tradição de que homens não se sentam perto um do outro em uma moto. 

Seja para mostrar o quanto são machões, seja para não dar bandeira do contrário, ou seja lá o motivo que for porque isso não é da conta de ninguém, o problema é que essa preocupação alheia à pilotagem é uma das principais causas de acidentes de motos.

Ao sentar muito atrás, o peso do garupa atua sobre uma grande alavanca (o chassi da moto) para levantar do solo o peso lá na frente (o guidão e a roda dianteira).

Na hora que você acelera ou passa numa elevação e o peso do garupa se desloca ainda mais para trás, a roda dianteira fica no ar, o guidão fica leve e você fica girando ele de um lado para outro sem entender o que aconteceu.

Foi isso que quase causou a estabacada do Mr. Bean na semana passada, e muito possivelmente foi isso que causou a morte destes dois soldados: 

Reportagem: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2013/10/militares-morrem-em-acidente-de-moto-em-sao-vicente-sp.html

Portanto, ao dar carona para um amigo, você tem apenas duas possibilidades:
  • Simplesmente não dar carona;
  • Fazer o que é certo, mantendo o peso o mais centralizado possível na moto para evitar a perda de controle.
Arriscar morrer e matar seu amigo por medo do que os vizinhos irão dizer ao ver você com um homem na garupa está fora de cogitação.

Sente-se um pouco mais para a frente e faça com que seu amigo fique o mais próximo possível de você. 

Isso permitirá um bom controle da moto e poderá fazer uma diferença de vida ou morte em uma emergência.

Um abraço,


Jeff

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Minha moto é fraca para andar com garupa

Essa aconteceu durante as férias, mas só lembrei agora.

Minha filha paulista veio passar o Ano Novo comigo e aproveitamos para ver a queima de fogos da virada em Floripa.


Imagem: Os Croods
A paisagem e a queima de fogos em Floripa são de cair o queixo...

Para ir até lá, as regulagens de praxe: 

  • Aumentar a pressão dos pneus
  • Afrouxar a regulagem do freio traseiro 
  • Verificar se a folga da corrente está adequada para a nova situação

Como foi explicado nas postagens Pilotagem com Garupa, a suspensão cede com o peso adicional e, se o freio traseiro não for aliviado, ele ficará acionado parcialmente com as sapatas atritando com o tambor.

Fiz o dever de casa, mas me descuidei de um detalhe importante:

Não conferi se a nova regulagem do freio era suficiente.

Não era, e antes de chegarmos ao destino, a moto começou a ficar cada vez mais "fraca".

Moto "fraca" com garupa é sintoma de freio atritando com a roda.

Um atrito baixo não é perceptível apenas pelo comportamento inicial da moto, mas ele vai piorando lentamente e pode criar uma situação perigosa.

Fui conferir e batata, o tambor estava muito quente; aliviei ainda mais a regulagem e acabou o atrito.


Mas o aquecimento afetou toda a roda (ela é de liga leve), o que aumentou a temperatura e a pressão do pneu traseiro.


O pneu estava tão quente que era impossível remover a tampa da válvula a fim de aliviar a pressão.

Forçar a abertura da tampa da válvula com o pneu quente não é boa ideia: a borracha aquecida é menos resistente e pode se romper com facilidade.

Tive que aguardar o pneu esfriar o suficiente para poder abrir a tampa e calibrar novamente com uma pressão adequada.

O certo é fazer essa calibragem a frio, mas nessa situação é preferível arriscar uma calibragem próxima do que ficar com um excesso de pressão perigoso com risco de estouro do pneu.

Então já sabe, sempre verifique se a regulagem do freio traseiro está adequada após rodar um ou dois quilômetros com garupa. 

Se o tambor do freio estiver se aquecendo, sinal de que ainda existe atrito lá dentro.

E não se esqueça de retornar a regulagem ao normal quando estiver sozinho, senão o freio traseiro não terá eficiência e isso pode causar um acidente.

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Eu queria recomendar, mas não sei se vale a pena...

Comprei a edição de outubro da revista Duas Rodas, e havia um DVD encartado, Segurança em Duas Rodas — Dicas para uma Condução Segura.

O nome prometia, e lá fui eu assistir à produção da equipe da revista Duas Rodas com patrocínio da Mobil.


Imagem: DVD encartado na edição nº 457 da revista Duas Rodas, outubro de 2013

Dicas de segurança são sempre bem vindas, mas me surpreendeu a maneira como eles deixaram de aproveitar bem essa ótima oportunidade de divulgar dicas de pilotagem defensiva.

Assisti aos cinco vídeos e vi dicas de segurança muito, mas muito básicas, mais básicas que as descritas aqui... além de alguns erros que considero crassos.

Logo na introdução eles falam que vão mostrar as principais dicas de como pilotar sua moto, tanto na cidade como na estrada, incluindo as melhores técnicas para fazer curvas e frenagens.

Aí começa o de sempre: usar os dois freios a 70/30, inverter a relação com pista molhada, o básico básico. Só que não saiu disso.

1º absurdo, a dica para frear usando apenas dois dedos com pista molhada para evitar travar a roda dianteira.

Sabe... frear em condições normais não exige esse cuidado, você consegue dosar a frenagem com todos os dedos. 

E se precisar frear mais forte, já estará com os quatro dedos no manete.

Mas condição normal é condição normal, o problema é a frenagem no susto, na emergência. 

Quero ver quem é que vai pensar em ir com dois dedinhos vendo a traseira do caminhão crescendo na sua frente.

E se estiver só com dois dedinhos, de onde vai tirar força para aumentar o esforço. Não gostei dessa dica, receio que possa induzir a acidentes.

Depois disso, aí entra o Eric Granado, piloto patrocinado pela Mobil, como se fosse o cara mais experiente do mundo, dando dicas a um novato:

Manter os pés horizontais nas pedaleiras, joelhos junto ao tanque, adotar uma postura relaxada, capacete bem afivelado.... Uou, massa, mudou a vida do novato!

Agora vão começar as dicas, as melhores técnicas para fazer curvas, certo? 

Errado, acabou de acabar o bloco Dicas de Pilotagem.

Foi constrangedor ver o novato agradecendo ao Eric pelas dicas.

Ah, tenha dó, vai.

E cadê as melhores técnicas para fazer curvas?

Não deram a cara em 4:10 minutos.

Será que estão no segundo bloco, Dia a Dia no Trânsito?

Não, não estão. 

Não dá para falar muita coisa em 2:58 minutos. 

Eles poderiam ter investido um pouco mais nesse tema, afinal, é o dia a dia no trânsito, né?

Teria muita coisa para falar da pilotagem que mais utilizamos. Mas não, nem 3 minutos, tchau i bênçaum.

Terceiro bloco, Pronto para Viajar, menos que o básico, aí vem um casal com muita experiência em viagens internacionais dando dicas para pegar a estrada.

Pena que para eles pegar a estrada seja ir pro Atacama.

Fala-se de como organizar as roupas no baú, mas não se fala em ultrapassagem, a manobra mais arriscada da estrada; achei que a abordagem destoou da proposta do DVD.

Destaque do bloco, as dicas da garupa:

Viajar o mais recuada possível para não bater capacetes, não atrapalhar os movimentos do piloto... e não esquecer a nécessaire porque a maquiagem não pode faltar numa viagem.


Dane-se o controle sobre a moto, dane-se a segurança; não pode bater capacete e faltar maquiagem.

As melhores técnicas de curvas na estrada?

Não sobrou tempo para falar disso em 4:18 minutos, precisavam mostrar as fotos das viagens.

Não tenho certeza de ter ouvido a palavra ultrapassagem no bloco inteiro. Fui lá conferir, não fala mesmo.

Quarto bloco, Mobilização Manutenção da Moto, mais propaganda.

A pérola:

“A cada 1000 km tem que checar se o nível do lubrificante não está abaixo do recomendado”.

Meu caro, minha cara, se você deixar para olhar o nível do óleo a cada mil km e fizer uma viagem, ou usar a moto intensamente, corre o risco de achar só fumaça e borra no cárter.

OK, estou exagerando, mas o limite para inspecionar o óleo é a cada 500 km, não mais do que isso. 

O ideal é todo dia pela manhã, pois um vazamento pode começar literalmente do dia para a noite.

Quanto a trocar o óleo depois de 1000 km... é ruim, hein?


A pérola visual:

O cara chegando em casa com a moto e inspecionando o nível com a moto inclinada... pouta descuido, meu!

Se você quer ensinar como se faz, tem que ensinar corretamente: a moto tem que estar niveladinha e com o motor frio.

Medir o nível com o motor quente vai dar uma indicação errada porque o óleo estará dilatado pelo calor; o certo é fazer isso depois que a moto esfriar e de acordo com as instruções do manual.

O importante é garantir o nível correto o tempo todo. E você só consegue aferir o nível com a moto nivelada. Inclinar a moto para qualquer lado dará uma indicação falsa para menos ou para mais.

Fim do bloco de 4 minutos com generosas esguichadas de lubrificante para corrente em aerossol (adivinha a marca?)

E aí vem a quinta e última seção, Equipamentos de Segurança. Pérola do bloco:

A narradora falando “descalço, nem pensar” enquanto a imagem mostra alguém pilotando de chinelos. 

Motivo do "descalço, nem pensar": o risco de ralar os pés.

Bom, acho que isso era meio óbvio, né?  Ninguém precisa assistir a um vídeo sobre condução segura para descobrir isso.

Mas o problema é novamente a falta de pesquisa:

A legislação proíbe o uso de chinelos, que podem atrapalhar o comando da moto, mas não proíbe pilotar descalço.

Certamente é um fator de risco, porque os pés ficam suados, pés molhados escorregam nas pedaleiras, etc., mas o vídeo não fala sobre a proibição e o risco dos chinelos e outros calçados inadequados, uma situação muito mais comum.

3:15 e sobem os letreiros, acabou o DVD que poderia ter sido gravado num CD.

Claro que frisei os pontos que considero negativos, tem outras coisas que não mencionei porque não dá para resumir tudo. Mas as coisas certas são a obrigação de quem se propõe a fazer um DVD desses, é o mínimo que se espera.

É sempre bom conhecer o máximo possível sobre segurança de pilotagem e o DVD é gratuito, e para quem está em dúvida sobre sua primeira moto, a revista ainda tem um comparativo muito interessante sobre as novas Titan e Fazer 150, com um resultado surpreendentemente surpreendente.

Eu nem devia estar fazendo propaganda da revista, porque denunciei para eles os escândalos que atormentam os proprietários de motos iguais à minha, e eles deram uma de Zé Manquinho.

Ou João Sem Braço, sei lá.

Resumindo, fiquei com a sensação de que o trabalho poderia ter trazido muito mais informações.

Será que guardaram as melhores técnicas de fazer curvas para o mês que vem?

Sei não...

Um abraço,

Jeff