segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A diferença entre ir para a oficina ou ir para o hospital

Pode acontecer de um dia sua moto tentar te avisar que não está legal e precisa ir ao médico à oficina com urgência.

Se você não der a devida atenção ao que ela diz, você é que poderá acabar na emergência do hospital. 

Sexta-feira Jezebel tentou me avisar que não estava se sentindo bem... percebi que o espelho esquerdo começou a vibrar num ritmo diferente, menos para um samba e mais para uma rumba.

Não dei bola, porque ultimamente ela tem feito um monte de charmes, tipo soltar as porcas das pedaleiras e do suporte do escapamento só para chamar a atenção.

Mas ao cair da tarde (depois que as oficinas fecham), colocando a moto sobre o cavalete central, percebi um pequeno, leve, sutil, quase imperceptível movimento da ponta do guidão... e novamente do lado esquerdo...

Ora, o que nunca se mexeu, de repente começa a se mexer? 

Aí tem...


Imagem: A imagem ilustrativa é uma piada, não a leve a sério. A menos que seja necessário.

E tinha mesmo. 

Inspecionando com cuidado, encontrei uma grande rachadura na dobra do guidão.


Imagem: Dan Floripa - SC
Atraso da Imagem: Mr. Smith, CIA - Washington DC, USA


Tala para reforço de guidão, mais um produto das Organizações Tabajara.

Na verdade, essa rachadura não apareceu do nada, mas foi consequência de anos e anos de esforços repetitivos, um fenômeno físico chamado fadiga, somado a um defeito do material de fabricação e um pequeno tombo com a moto parada que não chegou a entortar o guidão, mas fez com o que o cromado se descascasse bem ali.

Com o uso, e da mesma forma que um clipe dobrado várias vezes, o guidão começou a rachar num ponto em que um problema metalúrgico do aço (provavelmente excesso de enxofre), se juntou a um ponto de concentração de tensões: a curva imposta ao tubo durante a fabricação e lesionada naquele tombinho.

O fato de ser um guidão mais alto multiplicou o efeito de alavanca, esse tipo de coisa não acontece com um guidão normal.

Os anos de esforços aplicados sobre o guidão na hora de subir e descer da moto se encarregaram do resto. (Nota mental: Não se apoiar no guidão para subir e descer da moto; colocar a moto no cavalete central forçando somente a alavanca do cavalete com o pé).

Mas o importante nessa história é o seguinte:

Se eu não tivesse investigado e percebido que o guidão estava rachado, ele iria se quebrar quando eu freasse a moto, certamente me levando para o chão -> maca do SAMU -> corredor do Hospital Geral. 

E o pior de tudo, Jezebel iria para o pátio, sei lá por quantos dias.

Ter entendido o que ela me dizia permitiu que eu voltasse para casa apenas tomando o cuidado de não fazer força no lado esquerdo do guidão.

Como segunda-feira ela já havia marcado consulta para trocar os rolamentos da caixa de direção e roda traseira, no sábado somente fui atrás de um guidão novo e hoje deixei a moto na oficina. 

Moral da história: 

Fique atento para o que sua moto te sussurra para que ela não precise explicar de uma maneira dolorida.

Mas atenção:

Você não deve sair pilotando sua moto sem condições de segurança! Você pode morrer por causa disso!

O que eu quero dizer é que você precisa saber distinguir o que é uma situação administrável de outra que exija o transporte da moto até a oficina. 

Ou seja, conheça sua moto para adquirir a noção do que você pode e não pode fazer com ela numa situação de emergência.

Isso pode ser a diferença entre você conseguir levar a moto para a oficina ou ela te levar para o hospital.

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

5 comentários:

  1. Tá perdoado, Dan!
    Um abraço, e obrigado,
    Jeff

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  2. É verdade, Fábio. Na maior parte das vezes os donos negligenciam os avisos e o prejuízo é muito maior. Uma vez vi um carro zero km soltando uma fumaça branca infernal pelo escapamento, até parecia show de rock. Sinalizei para a menina (18 anos) que havia um problema sério, o motor estava fundindo, e ela falou: Ah, será que foi por isso que acendeu a luz vermelha?
    É, acho que foi por isso sim...
    Mesmo que a garantia tenha coberto uma mancada dessas, aquele carro nunca ficou 100%. E isso teria sido evitado se ela tivesse desconfiado que a luz vermelha indicava alguma coisa.
    Um abraço,
    Jeff

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  3. Ou quando o farol vai ficando fraco, pode não ser só a sujeira na lente. Isso pode te salvar de empurrar uma moto injetada por falha elétrica. De qualquer forma, mesmo que seja em casa, é necessário fazer revisão na moto, repor algum parafuso que caiu, trocar coxins desgastados, lubrificar rolamentos, apertar parafusos. Dá para sobreviver sem oficina por muitos quilômetros, mas tem que falar a língua da moto, ser atencioso e carinhoso com ela.

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  4. Boa dica, Vinícius!

    Eu estava pensando em uma postagem sobre lavagem ou lavação da moto justamente para destacar essa inspeção rotineira. Como os comentários não ficam visíveis na página geral, mas somente nas específicas dos assuntos, acho que vale a pena.
    Como eu sei que você lava sua moto com mais frequência do que eu (páreo duro... ;) , topa o desafio?
    Um abraço,
    Jeff

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  5. Aliás, duas postagens, essa da injeção eletrônica também vale a pena...

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