Depende.
Depende da moto, depende da velocidade, depende da curva e depende de você, da pista, da intensidade da frenagem, de qual freio você aplicar, de que lado sopra o vento ...
Tentar usar o freio dianteiro porque a sua velocidade é excessiva para a curva é tombo quase certo. Assista o filme inteiro, o acidente também foi filmado por outro ângulo.
Isso é algo complicado de tentar explicar por escrito, pois depende da sensibilidade do piloto em sentir a moto, como está o "grip" da pista e de como o pneu está aderindo.
Tem que aprender a entender o que a moto está dizendo, e isso leva muitos meses, até anos, e com a mesma moto. Nova moto, novo aprendizado.
E essa condição varia inclusive com a idade da moto — o comportamento das suspensões é vital e os amortecedores dianteiros e traseiros se desgastam com o tempo.
Aquela curva hoje não será a mesma amanhã — nem ela, nem você e nem a moto serão os mesmos.
Em uma pista sujeita à poeira, nada é garantido.
Fazer a curva naquela velocidade exige uma tangência, tração e postura perfeitas, como as do piloto da moto vermelha que passou antes de o cara cair.
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E também exige a sorte de não pegar areia na pista.
Nem uma rajada de vento.
Ou um tatu-bola.
Você nunca sabe quando um bicho vai cruzar teu caminho.
Na situação do vídeo, teria sido muito melhor praticar o contra-esterço, que permite fazer curvas mais acentuadas.
Em vez de usar o freio dianteiro, o piloto deveria ter empurrado para frente o guidão do lado interno da curva.
Por incrível que pareça, ao esterçar para o lado de fora a moto faz a curva com mais facilidade para o lado de dentro, sem aumentar a inclinação.
Parece coisa do capeta, e é.
Toda moto é meio capetadinha.
Se você não conhecer muito bem as reações de sua moto, de seu motor, da frenagem com um freio ou outro, e com ambos, irá para o chão.
Uma outra técnica que o piloto poderia ter utilizado no vídeo acima seria frear levemente apenas o freio traseiro; isso traria a moto para o lado de dentro da curva, como explicado pelo Daniel na postagem do tombo das motos custom.
Mas a dosagem da frenagem com o freio traseiro precisaria ser exata, ou também iria para o chão.
Vale lembrar que freio motor é freio também. Entrar na curva na marcha adequada e usar a desaceleração imposta pelo motor com o acelerador fechado é uma maneira de reduzir a velocidade sem risco de travar a roda traseira.
Tudo depende do conhecimento do piloto da moto que ele conduz, e do estado da pista (limpa, suja, molhada, seca, terra, asfalto, paralelepípedo [macadame], lajota, curva plana ou com ondulação ou com curva de nível).
Depende também da inclinação da moto: muito inclinada, corre o risco de ao frear, a moto escapar (de dianteira ou traseira) dependendo da intensidade da mordida no disco/tambor.
Na prática, para quem não tem muita habilidade / treino, o ideal é levantar a moto (no meio da curva mesmo), frear o máximo possível e depois retornar a contornar a curva — isso é menos arriscado do que tentar frear bruscamente no meio da curva.
Uma dica boa caso perceba que entrou em uma curva acima da velocidade ideal é reduzir a marcha logo na entrada da curva (ao perceber a encrenca que a imprudência te causou) para garantir uma alta rotação do motor e deixar a moto vir rolando, pois assim você terá uma boa ação do freio motor e ainda terá a opção de usar o acelerador, caso precise.
Acelerar na saída da curva — somente depois de passar pela tangência, o ponto mais crítico da curva — ajuda a reequilibrar a moto.
Estas dicas são fornecidas com o único intuito de ajudá-lo a se safar de uma imprudência — errar a velocidade de entrada em uma curva e ser surpreendido por uma curva muito fechada.
Elas não têm a finalidade de incentivar você a abusar da velocidade e testar seus limites — não se faz isso em rodovias, e mesmo em autódromos isso pode ser fatal.
Reportagem: http://globoesporte.globo.com/motor/noticia/2014/10/piloto-morre-apos-grave-acidente-em-treino-do-moto-1000-gp-no-parana.html
As dicas fornecidas não são coisa para se descobrir quando "aquela curva" aparece; é coisa para se praticar em curvas e velocidades menos intensas ao longo de muitos meses para só então ter condições de fazer uma manobra mais ousada — e somente se surgir a necessidade.
Colocar a própria vida e a dos outros em perigo nunca é uma boa ideia. Guard-rails, guias, tachões, postes e os outros veículos são conhecidos fatiadores de motociclistas.
Pilotar na máxima velocidade aumenta os riscos. E os ralados.
Estando no limite, basta uma coisinha errada, e no mínimo o teu joelho, bunda ou pescoço ficarão reclamando contigo por toda a noite e mais alguns dias.
Mais um vídeo bom para a turma do capacete aberto...
Melhor ir e voltar na boa.Um abraço,
Jeff e Daniel
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirRealmente a pedaleira raspa no chão, mas só isso nem sempre é suficiente para derrubar. Ele selou o destino dele na hora em que freou a roda dianteira e ela travou, deslizou para dentro e a moto caiu.
ExcluirUm abraço,
Jeff
No primeiro vídeo me pareceu que a causa da queda foi a pedaleira esquerda raspar o chão (aos 1:18 com a câmera lenta e som fica bem evidente), só depois o piloto leva a mão ao freio dianteiro (o que já nem adianta mais, pq o tombo era inevitável)
ResponderExcluirAcredito que ele tenha entrado rápido demais na curva, além de estar mau posicionado sobre a moto.. daí não fez a tangência correta sendo obrigado a inclinar a moto além do permitido por ela.
Abraço..
Acho que está meio tarde para responder para a Mariana Alves que perguntou porque foi que o segundo motociclista caiu...
ResponderExcluirVerificando os comentários no youtube, observadores mais atentos que eu perceberam um pequeno salto da roda traseira na hora em que ele perde o controle logo aos 0:02 segundos, indicando que ele passou por cima de uma pedra durante a curva. Quando se está no limite, basta um fator pequeno como esse para causar uma queda.
Tudo de bom,
Jeff
Olá
ResponderExcluirUma dúvida
Qual melhor maneira de frear quando se está fazendo uma curva de alta usando contra esterço?