domingo, 23 de novembro de 2014

Chicotadas e curvas

Não é só ralar a pedaleira que pode fazer o piloto perder o controle da moto.

A chicotada acontece quando a roda traseira derrapa, perde tração momentaneamente e a moto gira de lado, ficando atravessada na pista.


Ao ficar atravessada, as duas rodas deixam de facilitar o deslocamento da moto e passam a oferecer uma enorme resistência ao movimento.


E como a inércia faz a moto continuar se deslocando na direção do movimento inicial, o resultado é aquele coice que joga o piloto para o alto e avante  
para o infinito e além para cima e para frente.

Melhor do que explicar é mostrar:




Notou como a moto trava nas rodas, ameaça capotar, gira por 180 graus antes de cair, gira por mais 180 graus no chão e continua se deslocando sempre na mesma trajetória?


É uma lei da Física descoberta por Galileu em 1600:


Se nenhuma força interferir, um objeto ou corpo continuará a se movimentar na mesma direção e velocidade indefinidamente.


Na vida real, a motocicleta acaba parando porque a força do atrito com o solo, a resistência do ar
(pequena, mas existe) e os palavrões ditos pelo piloto (intensos, muito intensos) interrompem o movimento em poucos metros. 


Esse tipo de acidente ocorre por:

- travamento da roda traseira devido à frenagem excessiva;

- aceleração excessiva ao sair de uma curva;

- esterçamento excessivo da moto deslocando peso para a roda dianteira ao fazer o pêndulo, fazendo a roda traseira derrapar para o lado;

- exceder a aderência da lateral do pneu por excesso de velocidade — o que geralmente causa uma derrapagem e queda como as dos vídeos de ontem;

- uma mudança inesperada no atrito da superfície (água, óleo, poeira, cascalho, etc.);

- redução da força sobre o pneu traseiro ao raspar partes da moto na pista — o que também pode fazer com que ela derrape em vez de chicotear ou capotar.

É o que diz a wikipedia.

Para você ver o quanto a coisa é traiçoeira, veja este outro vídeo do RNickeyMouse.





O mesmo cara faz a mesma curva três vezes buscando a perfeição da tocada.

Na terceira vez, descobre o limite e aí é muito difícil salvar.

Mesma moto, mesmo piloto, mesmos pneus, mesmo dia, mesmas condições da pista. 

Aparentemente, a pressão dos pneus estava muito alta devido ao aumento da temperatura do asfalto, e isso foi ignorado pelo piloto — rodar no limite exige parâmetros perfeitos.

É muito difícil se recuperar de uma chicotada, e isso envolve sorte e reflexos rápidos; de fato, mais sorte do que qualquer outra coisa:





Veja que é uma situação comum em competições, e muita gente nesse filme só se salvou porque tinha uma pista desimpedida ou uma área de escape.

Na vida real, na estrada, com trânsito em ambos os sentidos, essas ocorrências ficam registradas apenas como:


Reportagem: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/08/motociclista-morre-apos-perder-controle-e-cair-em-tres-lagoas-ms.html

Acidentes inexplicáveis para quem não sabe do que uma moto é capaz e já compra uma esportiva ou custom de alta cilindrada logo de cara.

Infelizmente, descobre da pior maneira possível, porque ninguém na motoescola vai alertar, e na concessionária muito menos.


Aliás, muita gente que tem grana para comprar uma esportiva não tem tempo para frequentar motoescola... compra também a habilitação e sai por aí. 

Falo desse risco de começar com uma esportiva ou custom de alta cilindrada desde o início — se você ainda não leu, dê uma conferida na Apresentação.

Quem quiser ter uma moto esportiva, ou uma grandalhona, tem obrigação de fazer um curso de pilotagem profissional e outro de pilotagem defensiva — mas não para sair por aí pensando que é o Valentino Rossi (ou o Peter Fonda)

Deve fazer o curso, no mínimo, para não morrer (ou matar) de bobeira.

Um abraço, juízo e muito cuidado com sua primeira moto,

Jeff

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