Lubrificar a corrente de uma moto sem cavalete central é uma operação chata de se fazer.
Com cavalete central é moleza, você gira a roda com a mão e vai pingando o óleo.
Mas nas motos custom apenas com cavalete lateral, a corrente costuma ficar bem escondida e ainda por cima do lado que a moto fica inclinada.
Como a roda fica apoiada no solo, não tem como botá-la para girar... e empurrar as pesadas motos custom é cansativo.
Para quem ainda não conhece, esta é a Edith Giovanna — o escapamento duplo é lindo, mas impede o acesso ao trecho inferior da corrente.
Eu era obrigado a manobrar a moto para afastá-la da parede, colocar um pouco de óleo na parte acessível atrás da coroa, empurrar a moto um trechinho, lubrificar de novo, empurrar mais um pouquinho... e não há espaço na garagem para isso.
Essa operação é trabalhosa e dolorida para quem tem a minha idade dor nas costas — eu acabava adiando e rodando com a corrente seca... e a transmissão secundária é um conjunto caro, descuidar da lubrificação não é vantagem.
Como resolver isso?
Não recomendo usar lubrificantes para corrente em aerossol, essa turma aí de baixo oferece a vantagem da facilidade de aplicação e de não sujar a roda, mas em compensação a aplicação contaminaria facilmente o disco de freio traseiro.
Além disso, o custo-benefício não é compensador para mim; eles acabam rapidinho e eu acabo desleixando de comprar outra lata. E na minha opinião, não oferecem uma lubrificação e proteção tão boa quanto um bom óleo para transmissão bem viscoso.
O uso de graxa branca (na verdade, qualquer tipo de graxa) é contraindicado porque ela se acumula junto com areia dentro da tampa do pinhão e acaba desgastando a corrente ainda mais rapidamente.
O procedimento de lubrificação da corrente descrito pelos fabricantes, em intervalos de centenas de quilômetros, acaba te induzindo a desgastar a transmissão mais rápido porque você deixa que ela se resseque (e passe um bom tempo ressecada) para só depois reaplicar o lubrificante — o ideal é rodar sempre com a corrente bem lubrificada.
Então pensei e encontrei uma maneira de aplicar óleo na corrente sem precisar ficar manobrando a moto.
À esquerda uma almotolia, à direita uma pisseta (hahahaha) ou almotolia plástica.
A capacidade é de 200 a 500 ml.
A capacidade é de 200 a 500 ml.
O óleo para corrente de motosserra é muito viscoso. Comparando, o óleo SAE 90 recomendado pelo fabricante é pouca coisa mais viscoso do que o óleo do motor. Experimentei o óleo SAE 140, mais grosso, e ele ainda continuava gotejando.
O óleo para corrente de motosserra é um óleo SAE 240. Óleo sem grife e merchandising é barato porque é praticamente o refugo de produção dos outros lubrificantes, a raspa do tacho.
A consistência é quase de graxa líquida, só que por um precinho camarada — um litro sai pelo preço de uma bisnaguinha de graxa líquida.
A consistência é quase de graxa líquida, só que por um precinho camarada — um litro sai pelo preço de uma bisnaguinha de graxa líquida.
Óleos para corrente de motosserra são muito viscosos, baratos e quase não pingam da corrente.
A própria moto rodando se encarrega de distribuir o óleo por toda a extensão da corrente, e ela está sempre bem lubrificada.
Outra vantagem de usar o óleo para corrente de motosserra é que ele não goteja, então você pode aplicar ao voltar para casa que ele ainda estará lá na coroa na manhã seguinte — você não perderá tempo antes de sair para o trabalho, como comentado pelo leitor Ygor Pessoa. Valeu pela dica, Ygor!
Uso uma quantidade menor de óleo a cada aplicação, mas mantenho a constância diária na reposição — apenas umas poucas gotas, mas diariamente.
E para não esquecer de fazer isso todo santo dia, a almotolia fica guardada em cima da plataforma do pé esquerdo.
Quando saio com a Edith, deixo a almotolia encaixada em cima do escapamento da Jezebel, e quando saio com a Jezebel, esqueço a almotolia lá e ela vai e volta da padoca batendo lata eu volto a almotolia para a Edith.
Me adaptei bem a esse novo esquema. Agora a corrente está sempre úmida e bem lubrificada, com o mínimo de trabalho e dor nas costas.
Mesmo que algum vizinho pegue emprestada e esqueça de devolver a almotolia ou pisseta, o prejuízo será mínimo.
E aproveitando, deixa eu me zoar antes que os meus amigos me zoem (conheço bem meu pessoal):
Agora sei quem sou... |
Um abraço,
Jeff
Jeff eu tenho mania de andar com a corrente bem lubrificada mas a falta do cavalete central me obriga a colocar a moto na rua e lubrificar andar lubrificar e fazer isso até os 100%, no geral faço isso no fim de semana mas as vezes no meio da semana chove ai fod... tudo e como todo bom brasileiro de manhã antes de ir ao serviço o tempo é a medida certa, comecei a adotar uma meia solução depois de um dia de chuva lubrifico apena a parte visivel da corrente com um pincel deixando bem encharcada e depois andando um pouco o óleo se espalha pelo restante. De novo é uma solução temporária funciona bem quando a corrente é sempre bem lubrificada, dessa maneira consigo andar até o próximo fim de semana eu rodo uns 400km semana então sou obrigado a dispor de um tempinho para a motoca nos fins de semana.
ResponderExcluirOlá, Ygor!
ExcluirObrigado por acompanhar o blog!
Essa é a melhor opção, nunca deixar faltar lubrificação na corrente. Com o uso de um óleo bem viscoso, você ganha a vantagem de poder colocar óleo ao chegar em casa, poucas gotas não irão pingar até você sair com a moto no dia seguinte.
Um abraço,
Jeff
A minha moto tbm não tem cavalete central, antes de comprar um cavalete traseiro eu usava um pedaço de madeira e com a moto no descanso lateral e a direçao virada pra esquerda colocava esse toquinho na balança traseiro do lado diteito bem próximo qo eixo depois era só virar a direçao pro lado direito e pimba a roda traseira levantava apoiada pelo toquinho de madeira, muito simples e util pra lubrificar a corrente !
ResponderExcluirMuito boa dica!
ExcluirUm abraço,
Jeff
kkkkkkkkk, eu faço isso ate hoje
ExcluirJeff, interessantes suas dicas. No entanto, vi que estes oleos de motosserra são na verdade ISO VG 220, ou seja, o bom (?) e velho SAE 90 - alguns são mesmo ISO 150 ou SAE 80!! Assim, me surpreende você dizer que eles são mais viscosos que o SAE 140. Chegou a usar este Castrol STIHL? Chegou a usar? Percebeu alguma vantagem dele em relação ao 140?
ResponderExcluirJeff, interessantes suas dicas. No entanto, vi que estes oleos de motosserra são na verdade ISO VG 220, ou seja, o bom (?) e velho SAE 90 - alguns são mesmo ISO 150 ou SAE 80!! Assim, me surpreende você dizer que eles são mais viscosos que o SAE 140. Chegou a usar este Castrol STIHL? Chegou a usar? Percebeu alguma vantagem dele em relação ao 140?
ResponderExcluirSomente hoje mais de um ano depois vi a pergunta do Micael. Foi naquela época difícil que eu estava com problemas lá em Santa Catarina e acabei hospitalizado...
ExcluirNunca usei óleo. Não considerei o SAE 140 por ser mais difícil de encontrar. Óleos de classificação ISO VG são usados na indústria, você só encontra em comércio especializado, são tão difíceis de encontrar quanto o SAE 140.
A viscosidade ISO VG 220 usada para medir fluidos industriais corresponde aproximadamente à SAE 90 usada para engrenagens e correntes de moto, que por sua vez não é muito diferente da SAE 50 dos óleos automotivos.
A vantagem do óleo para motosserra é ser bem mais barato e relativamente fácil de achar em lojas de acessórios para jardinagem.
Um abraço,
Jeff
Usar este tipo de lubrificante na corrente da moto não a deteriora mais rapidamente?
ResponderExcluirNão notei nenhuma deterioração. O óleo faz uma camada isolante para proteger o aço do contato com o ar. O único componente deteriorável seriam os O-rings (anéis de borracha entre os pinos e os elos). Durante o tempo que usei, que foi a vida da corrente, visualmente não racharam nem caíram. E a vida da corrente foi muito boa.
ExcluirUm abraço,
Jeff