sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Como lubrificar corrente de moto custom

Lubrificar a corrente de uma moto sem cavalete central é uma operação chata de se fazer.

Com cavalete central é moleza, você gira a roda com a mão e vai pingando o óleo.

Mas nas motos custom apenas com cavalete lateral, a corrente costuma ficar bem escondida e ainda por cima do lado que a moto fica inclinada. 

Como a roda fica apoiada no solo, não tem como botá-la para girar... e empurrar as pesadas motos custom é cansativo.

Para quem ainda não conhece, esta é a Edith Giovanna — o escapamento duplo é lindo, mas impede o acesso ao trecho inferior da corrente.

Eu era obrigado a manobrar a moto para afastá-la da parede, colocar um pouco de óleo na parte acessível atrás da coroa, empurrar a moto um trechinho, lubrificar de novo, empurrar mais um pouquinho... e não há espaço na garagem para isso. 

Essa operação é trabalhosa e dolorida para quem tem a minha idade dor nas costas — eu acabava adiando e rodando com a corrente seca... e a transmissão secundária é um conjunto caro, descuidar da lubrificação não é vantagem. 

Como resolver isso?

Não recomendo usar lubrificantes para corrente em aerossol, essa turma aí de baixo oferece a vantagem da facilidade de aplicação e de não sujar a roda, mas em compensação a aplicação contaminaria facilmente o disco de freio traseiro.



Além disso, o custo-benefício não é compensador para mim; eles acabam rapidinho e eu acabo desleixando de comprar outra lata. E na minha opinião, não oferecem uma lubrificação e proteção tão boa quanto um bom óleo para transmissão bem viscoso.

O uso de graxa branca (na verdade, qualquer tipo de graxa) é contraindicado porque ela se acumula junto com areia dentro da tampa do pinhão e acaba desgastando a corrente ainda mais rapidamente.

O procedimento de lubrificação da corrente descrito pelos fabricantes, em intervalos de centenas de quilômetros, acaba te induzindo a desgastar a transmissão mais rápido porque você deixa que ela se resseque (e passe um bom tempo ressecada) para só depois reaplicar o lubrificante — o ideal é rodar sempre com a corrente bem lubrificada.

Então pensei e encontrei uma maneira de aplicar óleo na corrente sem precisar ficar manobrando a moto. 
                                            
Comprei uma almotolia (8 reais, mas uma almotolia plástica que tem outro nome é bem mais barata) e 1 litro de óleo para corrente de motosserra por 12 reais — dica do leitor Ernesto Walter na postagem O que é melhor para lubrificar a corrente? — esse óleo é muito viscoso, quase não goteja.

À esquerda uma almotolia, à direita uma pisseta (hahahaha) ou almotolia plástica. 
A capacidade é de 200 a 500 ml. 


O óleo para corrente de motosserra é muito viscoso. Comparando, o óleo SAE 90 recomendado pelo fabricante é pouca coisa mais viscoso do que o óleo do motor. Experimentei o óleo SAE 140, mais grosso, e ele ainda continuava gotejando.

O óleo para corrente de motosserra é um óleo SAE 240. Óleo sem grife e merchandising é barato porque é praticamente o refugo de produção dos outros lubrificantes, a raspa do tacho. 

A consistência é quase de graxa líquida, só que por um precinho camarada — um litro sai pelo preço de uma bisnaguinha de graxa líquida.

Óleos para corrente de motosserra são muito viscosos, baratos e quase não pingam da corrente. 


Em vez de lubrificar a corrente somente depois que ela já está ressecada e portanto já se desgastando, adotei o método de aplicar apenas algumas gotas de óleo de corrente de motosserra antes de sair com a moto, somente no trecho visível da corrente e coroa na parte de trás da moto, mas passei a fazer isso todos os dias.

A própria moto rodando se encarrega de distribuir o óleo por toda a extensão da corrente, e ela está sempre bem lubrificada.

Outra vantagem de usar o óleo para corrente de motosserra é que ele não goteja, então você pode aplicar ao voltar para casa que ele ainda estará lá na coroa na manhã seguinte — você não perderá tempo antes de sair para o trabalho, como comentado pelo leitor Ygor Pessoa. Valeu pela dica, Ygor!


Uso uma quantidade menor de óleo a cada aplicação, mas mantenho a constância diária na reposição — apenas umas poucas gotas, mas diariamente.

E para não esquecer de fazer isso todo santo dia, a almotolia fica guardada em cima da plataforma do pé esquerdo. 

Quando saio com a Edith, deixo a almotolia encaixada em cima do escapamento da Jezebel, e quando saio com a Jezebel, esqueço a almotolia lá e ela vai e volta da padoca batendo lata eu volto a almotolia para a Edith.

Me adaptei bem a esse novo esquema. Agora a corrente está sempre úmida e bem lubrificada, com o mínimo de trabalho e dor nas costas. 

Mesmo que algum vizinho pegue emprestada e esqueça de devolver a almotolia ou pisseta, o prejuízo será mínimo.

E aproveitando, deixa eu me zoar antes que os meus amigos me zoem (conheço bem meu pessoal):
Agora sei quem sou...
Um abraço,

Jeff

10 comentários:

  1. Jeff eu tenho mania de andar com a corrente bem lubrificada mas a falta do cavalete central me obriga a colocar a moto na rua e lubrificar andar lubrificar e fazer isso até os 100%, no geral faço isso no fim de semana mas as vezes no meio da semana chove ai fod... tudo e como todo bom brasileiro de manhã antes de ir ao serviço o tempo é a medida certa, comecei a adotar uma meia solução depois de um dia de chuva lubrifico apena a parte visivel da corrente com um pincel deixando bem encharcada e depois andando um pouco o óleo se espalha pelo restante. De novo é uma solução temporária funciona bem quando a corrente é sempre bem lubrificada, dessa maneira consigo andar até o próximo fim de semana eu rodo uns 400km semana então sou obrigado a dispor de um tempinho para a motoca nos fins de semana.

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    1. Olá, Ygor!
      Obrigado por acompanhar o blog!
      Essa é a melhor opção, nunca deixar faltar lubrificação na corrente. Com o uso de um óleo bem viscoso, você ganha a vantagem de poder colocar óleo ao chegar em casa, poucas gotas não irão pingar até você sair com a moto no dia seguinte.
      Um abraço,
      Jeff

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  2. A minha moto tbm não tem cavalete central, antes de comprar um cavalete traseiro eu usava um pedaço de madeira e com a moto no descanso lateral e a direçao virada pra esquerda colocava esse toquinho na balança traseiro do lado diteito bem próximo qo eixo depois era só virar a direçao pro lado direito e pimba a roda traseira levantava apoiada pelo toquinho de madeira, muito simples e util pra lubrificar a corrente !

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  3. Jeff, interessantes suas dicas. No entanto, vi que estes oleos de motosserra são na verdade ISO VG 220, ou seja, o bom (?) e velho SAE 90 - alguns são mesmo ISO 150 ou SAE 80!! Assim, me surpreende você dizer que eles são mais viscosos que o SAE 140. Chegou a usar este Castrol STIHL? Chegou a usar? Percebeu alguma vantagem dele em relação ao 140?

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  4. Jeff, interessantes suas dicas. No entanto, vi que estes oleos de motosserra são na verdade ISO VG 220, ou seja, o bom (?) e velho SAE 90 - alguns são mesmo ISO 150 ou SAE 80!! Assim, me surpreende você dizer que eles são mais viscosos que o SAE 140. Chegou a usar este Castrol STIHL? Chegou a usar? Percebeu alguma vantagem dele em relação ao 140?

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    1. Somente hoje mais de um ano depois vi a pergunta do Micael. Foi naquela época difícil que eu estava com problemas lá em Santa Catarina e acabei hospitalizado...
      Nunca usei óleo. Não considerei o SAE 140 por ser mais difícil de encontrar. Óleos de classificação ISO VG são usados na indústria, você só encontra em comércio especializado, são tão difíceis de encontrar quanto o SAE 140.
      A viscosidade ISO VG 220 usada para medir fluidos industriais corresponde aproximadamente à SAE 90 usada para engrenagens e correntes de moto, que por sua vez não é muito diferente da SAE 50 dos óleos automotivos.
      A vantagem do óleo para motosserra é ser bem mais barato e relativamente fácil de achar em lojas de acessórios para jardinagem.
      Um abraço,
      Jeff

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  5. Usar este tipo de lubrificante na corrente da moto não a deteriora mais rapidamente?

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    1. Não notei nenhuma deterioração. O óleo faz uma camada isolante para proteger o aço do contato com o ar. O único componente deteriorável seriam os O-rings (anéis de borracha entre os pinos e os elos). Durante o tempo que usei, que foi a vida da corrente, visualmente não racharam nem caíram. E a vida da corrente foi muito boa.
      Um abraço,
      Jeff

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