quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Você já atropelou alguém?

Você já atropelou alguém?

Eu já.


Lá se vão mais de 30 anos e até hoje essa lembrança me atormenta.


Eu seguia por uma avenida defronte a uma grande metalúrgica, e era hora da troca de turnos.


Se tivesse a experiência que tenho hoje, teria diminuído a velocidade prevendo que alguém atravessaria correndo fora da faixa de pedestres.


Desviei para passar por trás do pedestre no mesmo instante em que ele pulou para trás para sair do meu caminho.


Com o impacto, voei por cima do guidão e caí sobre os cacos do farol, levei alguns pontos. A moto se quebrou bem mais do que eu.


Mas o que não sai da minha cabeça até hoje a cena que eu daria tudo para não ter visto, foi o pedestre gritando de dor caído no asfalto com a perna quebrada.


Naquela época não havia viaturas do SUS nem os bombeiros atendiam esse tipo de ocorrência, então a ambulância da metalúrgica jogou o coitado em uma maca sem qualquer tipo de imobilização e nos levou para o hospital.


Eu tive que improvisar uma tala com meus braços para imobilizar tíbia e perônio fíbula para que não piorassem ainda mais a lesão.


Os responsáveis por primeiros socorros não conheciam (ou não aplicaram) o básico do básico dos primeiros socorros. 


Foi triste.


Desde então, sempre procurei trabalhar com algum tipo de voluntariado para treinar, praticar e ensinar as técnicas básicas. 


Mas muito melhor do que saber socorrer um atropelado, é saber evitar um atropelamento.


E é para isso que chamo a atenção nesta postagem.


Veja este vídeo e entenda a situação:


Reportagem: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/10/onibus-para-no-meio-da-pista-no-df-idoso-desce-e-atropela-carro-veja.html

Quando somos jovens, não entendemos a dificuldade dos mais velhos para atravessar uma rua.

Fazemos uma imagem dos outros baseada em nós mesmos. Não imaginamos que o senhorzinho do vídeo acima tenha dificuldade para enxergar o mundo.

Você consegue se imaginar sendo colocado para fora do ônibus errado e tendo de atravessar uma avenida dessas sem enxergar o mundo à sua volta?

Difícil, né?

Outra situação que a mocidade nem imagina:

Só quem já passou por uma temporada de limitação de movimentos entende o que sofre alguém com artrite ou AVC para simplesmente dar alguns passos. 

Com a idade, ocorrem acidentes de moto, acidentes vasculares, surgem doenças que prejudicam a mobilidade, dificultam a visão, tornam nossos movimentos cada vez mais lentos, difíceis, doloridos, pouco coordenados.


Há um senhorzinho aqui no bairro que só consegue mover cada pé uns poucos centímetros por vez.


Ele precisa de uns 3 minutos para atravessar cada pista da avenida, se esforçando ao máximo.


Nem todo motorista ou motociclista percebe isso, e deixa para frear o carro no último momento, achando que o pedestre sairá correndo com sua ameaça motorizada.


Grande erro.


Nem sempre isso será possível, entenda a dificuldade do outro!


Nesses casos, por mais que o cérebro comande, o corpo não obedece. 

É como andar amarrado, impossibilitado de escapar do perigo.

Há pessoas que não conseguem se mover mais rápido, há pessoas que não conseguem perceber o perigo, há pessoas que congelam de pânico e tomam decisões absurdas. Para nós.


Mas estas são pessoas que corajosamente lidam hoje com dificuldades que você e eu poderemos estar enfrentando amanhã. 


Os mais velhos, as pessoas com dificuldades, os muito jovens, todos merecem nossa atenção, consideração e respeito no trânsito.


Conselho de amigo:


Sabendo que essas situações acontecem, aprenda a ter paciência, aprenda a evitar acidentes e atropelamentos.


E tenha boas noites de sono por décadas e décadas.

Um abraço,


Jeff

Um comentário:

  1. Parabéns pela iniciativa do blog, recentemente adquiri uma dafra speed e cheguei a seu blog pelo forum da dafra, continue passando sua experinecia e conhecimento para conscientizar as pessoas, abraços.

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