quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A esperteza dos fabricantes e a ingenuidade do povo - Parte 5 de 5

Você está lendo esta denúncia em primeira mão neste blog.

Eu já havia denunciado esse problema da falta de óleo crônica com base nas dafra Kansas e Speed para as revistas especializadas em motos Motociclismo, Duas Rodas e Quatro Rodas Moto.

Um escândalo que coloca em risco a vida de milhares de usuários não despertou o interesse de quem vive divulgando motos. Nenhuma delas se interessou sequer em pedir mais informações ou averiguar a denúncia. 

Mas isso é compreensível, afinal não se morde a mão que te alimenta e te leva para a China com as despesas pagas.

Você também não verá essa denúncia na TV, porque as montadoras são boas anunciantes e o povo, bem... para a TV, o povo taí é pra consumir mesmo.

Eu também denunciei o fato para o Ministério Público Federal em Santa Catarina, que arquivou o processo por entender que a dafra não estava fazendo nada diferente em relação aos outros fabricantes. 

Na verdade, o MPF não percebeu que o caso da dafra era ainda pior que o das outras, porque a quantidade está muito errada e as motos recebem óleo insuficiente para chegar à vareta medidora, que dirá ao mínimo dela.

Mas sinceramente tenho que agradecer à dafra e ao MPF, porque se não fosse pela defesa obstinada da quantidade irreal de óleo feita por ela, contra todas as evidências, nunca teríamos descoberto os esquemas macetes denunciados aqui e, até onde eu sei, praticados por todos os fabricantes (exceto pela Green, que já faliu).

Agradeço também aos amigos que ajudaram a pesquisar o assunto e aos proprietários das motos que se dispuseram a comprovar minhas afirmações.

Esta última postagem resume tudo, e finaliza explicando porque ao adicionar mais óleo você não está fazendo algo errado, muito pelo contrário (leia abaixo).

Já que a mídia especializada não está nem aí, agora é com você, espalhe a denúncia para que mais pessoas se conscientizem e deixem de ser prejudicados por essas 'espertezas' dos fabricantes. 

Recapitulando:

Esta é sua última chance. Depois disso, não tem volta. Você toma a pílula azul - 
a estória acaba, você acorda em sua cama e acredita no que quiser acreditar. 
E tem a pílula vermelha...

A principal trapaça informação dúbia fornecida pelos fabricantes é a quantidade recomendada de óleo:

Ela é de 1 litro nas honda Fan e Titan, 1 litro nas yamaha YBR, 850 ml nas suzuki Intruder, 1 litro nas dafra Kansas e Speed, 1 litro nas traxx e por aí vai, e você não pode colocar mais do que isso porque estraga o motor, correto?

ERRADO!

É isso que eles querem que você acredite!

Não é com a quantidade que você tem que se preocupar, mas sim com o nível dentro do motor.


É o nível de óleo correto que garante a vida do motor. Ele é que deve ser o seu parâmetro de referência.


A verdade é que não se deve colocar mais óleo do que o nível máximo recomendado.

E o recurso usado por eles é:

A quantidade recomendada de óleo não corresponde ao nível ideal recomendado. 

Para seu motor, o vital é manter o nível de óleo correto. 

Se há contradição entre o nível e a quantidade, uma das duas informações está errada.


Nunca rosqueie a vareta medidora para encontrar o óleo se o seu procedimento não pedir!


Fazendo isso, você estará obtendo uma leitura falsa, seu motor continuará pedindo óleo e se desgastando.


E para quem acha que não pode colocar mais óleo do que o recomendado, entenda o seguinte:

Não se trata de colocar óleo acima da quantidade recomendada.

Se trata de colocar óleo suficiente para atingir o nível correto recomendado.

O próprio manual fala que VOCÊ DEVE colocar mais óleo se estiver faltando:



Só não diz que precisa ligar o motor antes de medir, e aí está o imperdoável.


Mas imperdoável mesmo é a concessionária entregar a moto quase seca.


Na hora de fazer uma troca por conta própria você, confiando que o fabricante não iria te engambelar, se preocupa com a quantidade (é um número fácil de memorizar) e, com medo de estragar o motor por excesso, você mesmo acaba estragando lentamente o motor por falta de óleo.

Porque você não leu o manual, seu motor estará indo embora muito mais rápido graças a essa artimanha esperta dos fabricantes. 

Se com pouco óleo ele dura 50 a 60 mil km (e ontem mesmo ouvi falar de casos de motores consagradíssimos abrindo o bico com 38 mil km), com a quantidade certa talvez ele durasse 120, 150 mil km. 


Talvez 200 mil km...


Então caia na real:

Você compra a moto zero km em suadas prestações, faz as revisões e trocas de óleo colocando sempre a quantidade recomendada, e sai a rodar e rodar, confiando na palavra do fabricante e achando que sua moto está do balacobaco.

Mas lendo o manual e fazendo o procedimento de medição corretamente, você descobre que a quantidade informada não chega ao nível máximo da faixa de segurança da vareta, não atinge a condição de lubrificação ideal do motor!


Você é induzido a pensar que o nível de óleo após a revisão estará correto, talvez até te mostrem a vareta na concessionária (medido sem ligar o motor, ou com o motor quente e o óleo dilatado... totalmente fora das condições que eles mesmos determinaram).

O fato é que a moto sai da revisão sem óleo suficiente para a condição de lubrificação ideal do motor.


Rodando nessas condições de óleo baixo, e com óleo muito fino, seu motor já estará sofrendo e se desgastando prematuramente ainda no período da garantia, esperando a hora de abrir o bico assim que ela acabar. 

E você perpetuará esse crime contra a vida de seu motor, porque em todas as trocas que fizer, se preocupará apenas com a quantidade recomendada pelo fabricante...

Essa informação incompleta circulará para sempre, porque as pessoas vendem as motos sem repassar o manual do proprietário (não seria lido mesmo...)

Então lembre-se:

O correto é que o nível fique sempre próximo ao máximo, otimizando a lubrificação e o arrefecimento, te dando tempo para repor o consumo natural antes que o nível chegue ao mínimo.

É por isso que se chama faixa segura, você não pode excedê-la para mais ou para menos. 

E para não excedê-la para menos, seria obrigação dos fabricantes entregar as motos nas revisões com a quantidade máxima correta de óleo para que você rodasse tranquilo dentro da faixa de segurança até que o consumo natural e inevitável exigisse reposição.

Mas eles não fazem isso.

Ao dizer que a quantidade ideal é um determinado valor em litros, eles te vendem a ilusão de que com aquela quantidade sua moto estará bem lubrificada e bem tratada.

Você confia na palavra do fabricante, mas a verdade é que não deveria.

A triste verdade é que seu motor já está pedindo reposição de óleo assim que sai da concessionária!

Sua moto duraria muito mais se saísse das revisões com a quantidade certa de óleo com a viscosidade adequada para um país tropical como o Brasil. 

Mesmo que ela saísse com um pouco mais, no caso de se colocar 1,x litro* a cada troca com resto de óleo preso no motor, isso não seria tão danoso quanto rodar com o óleo abaixo da vareta, que é o que acontece quando você já começa com o mínimo.

*(para cárter de 1 litro)

Não conte pra ninguém, mas uma vez eu me enganei (maldito remedinho tarja preta) e rodei com 2,1 litros do Rio de Janeiro até São Paulo. Sabe o que aconteceu com meu motor? 

Teve uma overdose de alegria. 

Mas não estou recomendando fazer isso, porque não sei o que aconteceria se tivesse rodado milhares de km nessas condições. Só contei esse fato para deixar claro que não será um pequeno excesso de óleo que detonará seu motor, como é crença generalizada.

E para finalizar, tem aquele último e definitivo macete para acabar com a vida de seu pobre motor:

Rodar com óleo velho que já perdeu a capacidade de lubrificar. Esse assunto foi tratado com detalhes aqui nesta outra postagem.

Rodar com o óleo velho e insuficiente acaba rapidinho com seu motor, e para os fabricantes isso é ótimo.

Não dê esse gostinho a eles.


Primeiro encontro anual RJ/SP em Paraty/2010 – 
todas bem lubrificadas e hoje se preparando para o quarto encontro...

Sua moto bem lubrificada e bem cuidada pode te levar longe e ajudar a fazer amizades para o resto da vida.

Faça as verificações exatamente de acordo com o manual, troque o óleo quando necessário (e não apenas quando recomendado), faça bons passeios com sua moto, ambos felizes, e fique alerta para as tentativas de ganhar dinheiro fácil às suas custas.

Um abraço,

Jeff

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