quinta-feira, 23 de abril de 2015

Virou epidemia

Reportagem: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/04/hospitais-classificam-acidentes-com-motos-em-sc-como-epidemia.html

Saiu no jornal local hoje:

Os acidentes de moto aqui em Santa Catarina, particularmente na região da Grande Florianópolis, atingiram níveis epidêmicos, tamanho o número de acidentados que chega aos hospitais a toda hora.

De cada 10 acidentados, 6 são pilotos ou garupas — isso é muita coisa. Assista o vídeo e leia a reportagem neste link.

Mas por que chegamos a este ponto?

Floripa e cidades vizinhas cresceram muito rápido nos últimos anos, o que tornou o trânsito muito intenso nos horários de pico. Igual sua cidade, né?

Para fugir dos congestionamentos e dos ônibus com horários e itinerários que nem sempre permitem conciliar horários e compromissos, milhares recorreram às motos com a ilusão de que elas permitiriam compensar essas mazelas.

Então cidades ainda não acostumadas com o trânsito pesado de tantos carros, com uma população jovem de motoristas novatos, de repente ganham uma legião de motociclistas; todos, motoristas e motociclistas, muito mal preparados pelas autoescolas para enfrentar o trânsito. 

Saber fazer uma baliza não capacita ninguém a dirigir prevendo o comportamento de outros motoristas, pedestres e motociclistas.

Dar voltas em primeira marcha numa pista de parquinho de diversões e saber parar e sair de cima de uma rampinha não capacita motociclistas a prever as atitudes de outros motoristas, pedestres e motociclistas.

Quando toda essa gente mal preparada e mal informada sobre os riscos, as situações de emergência, os macetes de manutenção e condução de seus veículos são colocados para disputar o mesmo espaço, o resultado é esse da reportagem.

Motoboys são os que menos se envolvem em acidentes. A profissão seleciona aqueles que aprendem rápido. Os que não adquirem essa malícia de trânsito em curto prazo, abandonam a profissão com medo ou se aposentam por invalidez. Ou pior.

A maior parte desses acidentados são aqueles que apenas usam a moto para ir de casa ao trabalho e do trabalho para a escola. 

Eles não têm oportunidade de aprender com o trânsito menos intenso das outras horas do dia porque estão trabalhando, e são jogados aos leões da hora do rush.

Você que está tirando habilitação de motociclista ou motorista agora, não se deixe enganar.

Ter esse documento apenas prova que você pagou as taxas. 

Se você quiser sobreviver no trânsito sem se envolver em acidentes, e sem causar acidentes para outros, conheça a fundo o código de trânsito e invista um bom tempo em treinamento e complementação do aprendizado. 

Não é só tirar a carteira e sair rodando, você precisa ganhar experiência. Sempre considere que alguém não estará respeitando o código e tome precauções. 

Conte com a possibilidade de outras motos fazendo ultrapassagens indevidas, carros fechando o corredor, pedestres saindo de trás de ônibus e furgões... nunca avance sem ter certeza de que não tem alguém desrespeitando a preferencial ou o semáforo, nunca seja o primeiro a avançar com a luz verde... sinalize suas mudanças de direção com antecedência suficiente e conte com manobras não sinalizadas de outros condutores.


Use seus finais de semana para conhecer as reações de sua moto, treine frenagens de emergência, pratique manobrar a motocicleta em situações variadas, faça um curso de pilotagem defensiva...

Pilote sempre se imaginando invisível para os outros motoristas e motociclistas — isso te obrigará a ser mais cauteloso e a desenvolver um sentido de prevenção. Você terá de sair das situações por si mesmo, sem contar com a reação dos outros.

Isso é meio caminho andado para não se envolver em uma situação potencialmente perigosa — é um passo significativo para não fazer parte das estatísticas mostradas nesta reportagem.

Um abraço,

Jeff

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