segunda-feira, 6 de abril de 2015

Viagem pouca é bobagem — a ida

Bom, depois dessa bela postagem do Vinícius (e de muito enrolar, que a carga de trabalho aumentou barbaridade), chegou a hora de contar a viagem do mês passado.

Eu estive fora do blog por conta deste passeio aqui:


Este foi o percurso da ida, 1.359 km fora as erradas de caminho os rolês:


Google Maps

Fomos até Penedo, em Itatiaia, RJ, para encontrar os amigos WD±40 de Rio, São Paulo e Goiás (ainda bem que o Cássio se mudou para Minas Gerais, senão Edith e eu estaríamos rodando até agora...), com direito a alguns desvios pelo caminho...

Resuminho:

Primeiro dia, São José a Miracatu para o pernoite, sem novidades.

Segundo dia, Miracatu a Juquiá só para pegar a estradinha deliciosa cheia de curvas no meio da Mata Atlântica até Piedade, depois Raposo Tavares e Anel Viário até São Bernardo do Campo e então Santo André, rever meu pai, meu irmão, minha padoca e minha pizzaria preferidas do Brasil.

A estrada da serra de Juquiá eu chamo de Graciosa Paulista. Se tivesse mais divulgação... humm... ia aumentar o trânsito... esqueça... a serra é feia, sem graça, chata e boba. 

Incidentes da serra de Juquiá:

No alto de uma curva, uma grande cobra atravessando a estrada fez o motorista à minha frente quase parar, fui para a contramão vazia para não encher a lata do Palio. 

A cobra era mesmo grande, esticada devia ter uns 2 metros, porque toda sinuosa ela coube certinho no espaço entre as duas rodas... o carro passou por cima sem atropelá-la.

A coitada levou o maior susto, desistiu de atravessar a estrada e voltou para o mato. Nasceu de novo, mas deve ter perdido os dentes na tentativa de morder o carro... tadinha.

Depois do lance da cobra, o tiozinho do Palio resolveu acelerar para ver se eu desgrudava da traseira dele... (é que o senhorzinho era muito prudente demais, e eu queria saborear aquelas curvas como elas mereciam).

Não desgrudei e, nessa brincadeira, fiz uma curva quase no limite de inclinação da moto e dei de cara com um pedaço de tábua caído ou colocado intencionalmente bem no lado externo da curva.

Se eu não tivesse uma margenzinha mínima de segurança para fechar ainda mais a curva, a roda dianteira teria passado por cima da tábua e eu e a moto teríamos ido parar debaixo de um dos poucos caminhões que desceram a serra naquele dia — não sei se daria para matar, mas certamente ia render uma boa temporada no hospital.

(É mentira, Edith e eu teríamos morrido sim... mas não contem para minha filha!)

Depois desse susto, maneirei no cabo e parei para almoçar lá em Piedade, no primeiro posto / lanchonete /restaurante na entrada da cidade. 

O local se chama Hess e tem uma logomarca curiosa... 

Pelo sim, pelo não... nos mandamos de lá rapidinho porque ameaçava chover.

Cheguei pouco depois do almoço na firma em São Bernardo para finalizar um trabalho que elaborei mentalmente no meio do caminho (será que cola?) 


A vida secreta de Walter Mitty, o filme

E de noite fui para a casa do meu pai.

Não costumo avisar quando vou para lá a fim de não deixá-lo preocupado, então ele não estava me esperando... poxa, se arrependimento matasse... 

Eu quase morto de cansaço trancado para fora de casa o velhinho só chegou depois das 23:00, estava se sacudindo num baile por aí...

Assuntos em dia com meu pai e meu irmão, chega o terceiro dia, Santo André/São Bernardo a Sumaré e Campinas para rever os amigos do interior que não participariam do encontro. 

Percurso também via Anel Viário, porque a chuva em São Paulo era de parar toda a cidade, e pelo Anel nós contornaríamos o congestionamento e a chuva. 

Só escapamos do congestionamento...
http://g1.globo.com/sao-paulo/transito/noticia/2015/03/chuva-forte-poe-sp-em-atencao-e-regis-bittencourt-e-alagada.html

A chuva nos acompanhou da Régis Bittencourt até a Bandeirantes, ela foi na mesma direção que nós, que nem nuvem de desenho animado.


O trecho em azul indica o percurso embaixo d'água.
Nunca me molhei tanto. Até aquele dia. 

A água era tanta que não se enxergava nada, e o anel viário não tem pontos de parada tipo postos de gasolina... 

Foi aí que eu tive a ideia de fazer um capacete com snorkel. 

Arriscar parar no acostamento era pedir para alguém seguindo nossa lanterna nos atropelar, então fomos seguindo a luzinha de um caminhão que ia a uma velocidade compatível com a pista encharcalagada.

Por causa da baixa velocidade e baixa visibilidade, liguei a seta direita durante todo o dilúvio (Edith não tem pisca-alerta) para garantir que fôssemos vistos. 

Acabou a chuva e aí vem uma das grandes vantagens da moto, que é chegar ao seu destino já com a roupa seca. Bom, tentei...

Acabei não conseguindo visitar todo mundo novamente... é difícil conciliar agendas de um monte de gente, uma pena, fica pra próxima (será que consigo voltar em julho? 80 anos do pápi... não posso deixar de aparecer por lá).

Quarto dia, Campinas a Jacareí via Dom Pedro I para encontrar o grupo dos WD±40 que sairia de SP - capital.


Rodovia D. Pedro I, muito boa. Mas as curvinhas são poucas...
Imagem: http://www.rotadasbandeiras.com.br/Show.aspx?IdMateria=hvK31XHNPBRa1GJYWZTrlw==

Parti tranquilo com a informação dada em Campinas pelo Betho de que eu levaria apenas uma hora para chegar ao ponto de encontro na Dutra.

Pausa para falar do Betho:

O Betho é um dos fundadores dos WD±40 e encarna de maneira exemplar o espírito do grupo!


Como todo WD±40, ele é um profundo conhecedor das estradas locais e um inigualável calculador de rotas, distâncias e tempos necessários para chegar ao destino. Só que não, e isso vale pra todos.

Exatamente uma hora depois, viajando a 110 km/h, encontrei a placa indicativa de que faltavam apenas 120 km pra chegar a Jacareí. 

Meados de março e o Betho ainda no horário de verão... vou te contar, não tem representante mais representativo dos WD±40... 

Esse é o verdadeiro espírito que nos norteia (até agora não descobrimos para onde, o que faz com que frequentemente nos percamos, erremos os caminhos e cheguemos atrasados aos eventos) — é essa tradição que faz um WD±40 de corpo e alma: o que vale mesmo é o passeio, chegando perto da hora marcada, ou no mesmo dia, tá valendo.

Quando todo mundo já estava desistindo de me esperar, nos encontramos e partimos rápido para Penedo, uma pequena vila muito bonita na serra da Mantiqueira, vale a visita.


Galera na Dutra (que fica uma delícia para fazer curvas depois de Lorena)


Chegamos depois dos cariocas, já que para eles era pertinho. Revimos os amigos e depois disso pouco me lembro, porque o cansaço foi maior e desabei a dormir a tarde toda.

Alguém mais deve ter dormido, porque me contaram que o ronco era tão forte que eles tiveram que ir para a outra casa para poder conversar. Como eu não ronco (apenas ressono levemente), deve ter sido outra pessoa que não descobri quem foi. 

De noite teve muita conversa, muito comentário maldoso saudoso sobre os amigos que não puderam participar do encontro, muito churrasco, muita cerveja coca-cola que os remedinhos têm alergia ao álcool... e o meu fígado agradece.

Pela manhã, hora de aproveitar o ar puro da montanha para fazer uma caminhada a manutenção básica: conferir nível de óleo, ajustar corrente, completar o líquido de arrefecimento.

Uma dúzia de WD±40 reunidos, e só o Vinícius e eu colocando as meninas em ordem... acho que ninguém lê o nosso blog.

O domingo de manhã foi hora de registrar o prometido encontro de Agnes e Edith:


Não essas... estas:



Edith e Agnes, a segunda e a terceira motos do grupo, em momento de pouca conversa. E um monte de motos de amigos que se conheceram graças às suas primeiras motos.

E domingo 15 de março também foi dia de protesto contra a situação em que o país se encontra — protestamos durante o churrasco, mas ninguém viu porque o chalé na montanha era rodeado de natureza. Que pena.

Acabado o protesto, a carne e o refrigerante, demos de beber às máquinas e nos despedimos dos cariocas, acompanhando os paulistas somente até a metade do caminho (o motivo eu conto amanhã na próxima postagem...)

Mas a lembrança desse encontro ficará para sempre na memória. 

Que no meu caso dura somente alguns dias — é por isso que escrevo aqui, senão as memórias se mandam sem dar adeus. 

E sem mandar lembranças.

Um abraço,

Jeff

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