sábado, 5 de julho de 2014

Walter Mitty 2 — A Missão — Parte 2

No capítulo de ontem, nosso herói (eu) rezava para chegar a São Joaquim a tempo de esvaziar o tanque e não virar uma estátua de gelo, mesmo porque ele (eu) não tem uma irmã chamada Elsa.

Após salvar a Natureza, percorri toda a rua comercial de São Joaquim, e nada de meião de lã. Deve ter sido excesso de procura. 

Já estava perdendo as esperanças quando para minha salvação apareceu uma loja chamada Pé Kente

Mas a loja Pé Kente não tinha meião de lã. Sou mesmo um pé frio.

Finalmente encontrei um par de meias de lã de cano pouca coisa mais longo, e foi com elas que eu fui. Ainda bem que o cartão passou sem problemas.

Hora de ir para o banco sacar dinheiro. Quer dizer, seria hora, se tivesse alguma agência do meu banco naquela cidade.

Mas tubo dem, qualquer banco 24 horas serveeeeeeeeeeeeeeeeeee — acredite se puder, a cidade de São Joaquim, meca do turismo de inverno do Brasil, não tem banco 24 horas... oh, puck!

Cara, andar no frio dá uma fome... onde posso almoçar num local que passe cartão?

No restaurante que só abre ao meio dia — e ainda não eram 11 horas. Não dava para esperar tudo isso. 

Acho uma simpática padoca (nham nham!!) que passa cartão e tem o pastel de carne mais fornido que já viu a luz do dia. Era um verdadeiro pastel carnífofo.

Dei de beber para Jezebel e lá fomos nós rumo à Serra do Rio do Rastro. Para nossa sorte, o tempo foi limpando e quando chegamos lá no mirante da serra o nevoeiro tinha ficado em São Joaquim.

Pausa para falar do mirante:

Ele fica ao lado de uma grande fazenda eólica, são mais de dez cataventos enormes que proporcionam a iluminação noturna do trecho de serra e acredito que também abasteçam as cidades da região.

Se você estiver distraído por essa visão, vai passar em excesso de velocidade pelo posto da Polícia Rodoviária. 

E se não prestar atenção, não vai ver que atrás do posto da PR fica o mirante com uma placa indicativa cheia de outras informações. Se bobear, você passa batido e perde uma paisagem magnífica.

O céu estava limpo sobre a serra e permitia ver todo o vale lá embaixo. Linda visão, toda a rodovia e mais a cidade lá longe que devia ser Lauro Müller.


Imagem: http://saojoaquimonline.net/2012/11/07/serra-do-rio-do-rastro-mais-uma-vez-e-destaque-na-midia/

O mirante dá medo, mas tem proteção e estrutura de apoio ao turista. Só que ali do lado o abismo vem para baixo do prédio da lanchonete, a impressão que dá é que tudo aquilo vai desabar com um pei.. ahn... sopro mais forte. 

Eu não conseguia parar de imaginar que a terra ali por baixo poderia estar cedendo e ninguém teria como saber... pra variar, tive medo.

Ali do lado, uma instalação forrada de adesivos de motoclubes (dessa vez esqueci mesmo, mas também ninguém ia achar). 

São tantos adesivos que o prédio não tem mais vidro, o pessoal cola nas colunas de madeira mesmo. Mas a cola não pega legal na madeira, volta e meia um selinho sai voando...

Uma atração lá do mirante era um bando de cachorros esquisitos que cercavam os visitantes pedindo comida. 
Devia ser parte de alguma campanha promocional do guaraná, porque todos atendiam pelo mesmo nome, Kuat. 

Começamos a descida da serra e eu me arrependi de não ter lavado a viseira antes da descida. Mas meus problemas acabaram na cascata à beira da estrada, foi só parar e estender a mão, nem precisei sair da moto... coisa maviosa dilinda!

A Serra do Rio do Rastro é muito usada por caminhões e turistas, uma diferença enorme em relação à do Corvo Branco, onde éramos só eu, Jezebel e a natureza. 

O piso concretado é muito bom, e você tem de ficar atento aos caminhões, eles são obrigados a fazer todas as curvas na contramão. 


Imagem: http://jocelsom.blogspot.com.br/2010_03_01_archive.html

De moto, é só jogar para o lado. De carro, você terá de dar ré, porque se ele estiver descendo poderá não conseguir parar, e se estiver subindo e parar ali, provavelmente não conseguirá mais sair do lugar. Tinha um encostado lá provavelmente esperando por reboque.

Caminhões sobem e caminhões descem beeem devagar, então você corre o risco de alcançar um deles e ter sua vista da paisagem substituída pelas portas do baú de uma indústria de móveis gaúcha. Isso corta um pouco o barato.

O jeito é parar e esperar uns minutos, porque ultrapassagens são proibidas em toda a extensão da serra.

Ou então você usa um recurso que só a moto te dá, o maior superpoder de todos: o tilt. 

Você fala as palavras mágicas “aqui atrás...” “aqui na frente!” e magicamente o caminhão aparece no seu espelho.

Escrevo estas linhas e me vem à cabeça a imagem do posto da PR encravado bem à beira do abismo com uma visão privilegiada de toda a extensão da rodovia...

Subitamente tenho a sensação de que terei uma surpresa muito desagradável em alguns dias.

Agora perdi o embalo, o resto da viagem só conto na próxima postagem.

Um embaraço,

Jeff

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