quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Motos secas de óleo

Hoje na padoca (quarta-feira, 29/07) tive mais uma conversa com um proprietário de moto, sempre alertando para aquelas coisas que digo aqui no blog.

Desta vez foi com o proprietário de uma 600, que não cheguei a ver ou saber que modelo era, mas cujo proprietário estava tranquilo — ele sempre coloca 200 ml a mais e faz a troca do óleo religiosamente a cada 1000 km.


Imagem: http://www.returnofthecaferacers.com/2015/05/mad-max-fury-road-motorcycles.html

Falei pra ele que isso não bastava, porque o nível de óleo pode abaixar nesse meio tempo — tudo depende das condições em que a moto é usada. 

Além disso, 200 ml provavelmente não são suficientes para atingir o nível máximo da vareta em um motor que provavelmente pede 2,7 litros.

Pela média dos outros motores, em que a falta é de mais ou menos 15%, esse motor talvez pedisse 3,1 litros e não apenas os 2,9 litros que ele deve estar colocando se o modelo for o que estou pensando. Mesmo assim, é melhor do que nada, o nível deve estar parando quase na metade da vareta.

Agora o que me deixou pasmo foi ele dizer que tem vez que faz a troca e saem apenas 600 ml de óleo de lá de dentro do motor... 

Isso é aterrador, porque esse motor está quase seco de óleo.

Um motor funcionando com tão pouco óleo (apenas 20% do que deveria estar dentro do motor) é um seríssimo candidato a travamento e está na fila da retífica em curtíssimo prazo.

O momento em que esse motor disser chega, não aguento mais! poderá ser durante a ultrapassagem de um bitrem com uma carreta colada bem atrás aqui na BR-101, o trecho mais mortal do Brasil — e aí?



Esse sumiço do óleo pode ter duas origens:

Consumo normal de 1 ml a cada km é aceitável para rodagem em estrada com o acelerador bem aberto.

Com o óleo baixo, o consumo é ainda maior por causa do aquecimento excessivo do óleo.

Se ele usa a moto viajando, o óleo vai embora rapidinho e precisa ser reposto no mínimo a cada 500 km (300 km para motos pequenas).

Se ele não usa a moto em viagens, há outra origem possível que seria um vazamento grave sendo ignorado por não deixar manchas de óleo no piso.

Existe um vazamento que tem essa característica:

O vazamento através do retentor do eixo do pinhão de transmissão.

O óleo que vaza por ali acaba se espalhando pela corrente e acaba sendo confundido com o óleo normal de sua lubrificação.

Se a sua corrente está sempre lubrificada, apesar de você não a lubrificá-la com frequência, fique atento a isso.

E nunca, nunca em hipótese alguma deixe de repor o óleo consumido.

Nossa, eu não entendo como coisas como essas acontecem.

Na verdade, eu entendo sim — e é por isso que me preocupo tanto.

Por que os fabricantes não gastam 1% da verba de propaganda para fazer uma campanha de esclarecimento público sobre a importância do nível de óleo do motor, sua medição correta e sua reposição durante os intervalos entre trocas?

Por que os fabricantes não repreendem suas concessionárias que não cumprem as determinações para entregar as motos aos clientes com o nível correto de óleo (e não apenas com a quantidade que não atinge o nível correto de óleo)?

Somente publicar o manual do proprietário e lavar as mãos dizendo que "as informações foram dadas, quem não leu que se dane" é vergonhoso. 

Ética e moralmente vergonhoso.

Os motores e as pessoas estão estourando por aí (no mínimo estão estourando seus orçamentos com os reparos), e as empresas só fazem contabilizar os lucros.

Isso é inaceitável sob todos os pontos de vista.

Um abraço,

Jeff

Nenhum comentário:

Postar um comentário