segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Mal súbito ao volante e mal súbito ao guidão

Nem sempre um veículo ziguezagueando na pista é um motorista alcoolizado.

Pode ser uma vítima de mal súbito. No caso, não tão súbito:



A pessoa passando mal vai perdendo a noção aos poucos e não percebe que está a ponto de perder o controle do veículo.

Para ela, tudo está normal, mas quem está de fora percebe que o motorista não consegue se manter em linha reta — fique longe desse problema, porque só tende a piorar.

O que pode causar isso?

Várias coisas:

Diabetes (excesso de açúcar no sangue), hipoglicemia (falta de açúcar no sangue), falta de comida, privação de sono, fumaça na cabine (envenenamento por monóxido de carbono), primeiros meses de gravidezuso de drogas, uso de remédios de tarja preta, tarja vermelha ou sem tarja nenhuma...

Nunca saia para pilotar longos trajetos em jejum, e evite pilotar sob influência de qualquer tipo de remédio.

Semana passada passei dois dias e duas noites apagado por conta de um analgésico para artrite. 

Já cochilei ao guidão por conta de um analgésico para dor muscular. 


E um antidepressivo me fez ver belos coalas de todas as cores, mas eles voavam só no acostamento.


Ao tomar qualquer comprimido, leia a bula (você encontra a bula de qualquer remédio na internet, até mesmo daqueles analgésicos vendidos sem bula — eles também induzem ao sono).


Veja se há algum alerta sobre a operação de máquinas pesadas — isso quer dizer que o remédio induz ao sono e em trajetos longos você corre o risco de cochilar ao guidão.


O motociclista também está sujeito a todos os riscos lá de cima, até mesmo à sufocação por dióxido de carbono da própria respiração no capacete se exagerar no agasalho em volta do pescoço naquelas manhãs mais frias.

Respirar excesso de dióxido de carbono causa sonolência cada vez mais intensa até um momento em que a pessoa apaga — continuando a respirar esse ar viciado, pode até morrer.

A única pessoa que pode evitar essas situações é você mesmo.


Conheça sua condição médica antes de sair pilotando — muita gente não sabe que tem diabetes e descobre apenas em um incidente como esse. Ou nunca descobre...

Não abuse dos intervalos para descanso durante a pilotagem e sempre reabasteça seu tanque com água, suco e algum alimento para evitar apagar durante uma curva.

Diabéticos precisam se alimentar em intervalos curtos e bem determinados, e não descuidar da dose diária de insulina, caso receitada pelo médico.

Sempre evite pilotar por muito tempo em temperaturas congelantes e também debaixo de sol intenso, a perda de sais pelo suor causa um desequilíbrio químico no organismo capaz de causar um desmaio.

A gravidade desse tipo de acidente é que apagando de repente você não freia a moto. 


Mesmo que você esteja a apenas 60 km/h, você irá se chocar contra alguma coisa a plenos 60 km/h, o que é potencialmente fatal.

Um acidente com taxas de sobrevivência em condições normais geralmente acontece na faixa dos 40 km/h porque você consegue diminuir a velocidade da moto antes do impacto.

Mas apagando, você sai da pista na velocidade em que está. Olha só onde este piloto foi parar depois de apagar no guidão:


Imagem: Tirada do vídeo https://www.youtube.com/watch?v=mqfaeo3GVfs  que foi gravado pelo mesmo cara que entrevistou o piloto acidentado no vídeo abaixo.

A imagem acima foi tirada da filmagem indicada no link.

Uma outra filmagem do mesmo acidente é esta aqui embaixo, e foi feita pelo piloto de cinza claro acima. 


Ambos os pilotos passam pelo acidente aos 4:50 e vão ajudar a socorrer.




E felizmente abaixo está o relato do próprio piloto acidentado depois de passar um mês em coma e passar por cirurgia para reconstruir a coluna — felizmente, sem sequelas. 

Veja seu depoimento falando do apagão causado pela diabetes.


O vídeo gravado por ele mesmo durante o tombo é mostrado no final a partir de 6:48




Do jeito que ele vinha, saiu pela curva.

Esse tipo de coisa a gente nunca espera que aconteça, mas de repente acontece, e se você não souber o que fazer, perde preciosos segundos de reação. 


Caso você perceba que algo está estranho, estômago embrulhando, e a paisagem pareça estar escurecendo durante o dia, ou uma luz muito forte esteja tomando conta de tudo...

Pare a moto imediatamente no acostamento ou em um lugar seguro, e não tire o capacete se não tiver ninguém para te amparar.

Nessa situação, muito provavelmente você irá cair como um saco de batatas — então é melhor cair parado, usando o capacete e longe do trânsito.




Não saia de cima da moto pelo lado do trânsito. Sem firmeza nas pernas, você poderia cambalear e cair na direção dos carros. 

Não tente chegar ao destino e nem mesmo ao próximo posto de gasolina, porque em alguns segundos você poderá estar inerte ao guidão.


E a imensa maioria de nós não pilota com capacete de kevlar e o mesmo grau de proteção que os pilotos de motos esportivas.


Nem tem a sorte desse cara.


Um abraço,


Jeff

PS: A postagem estava pronta e programada desde a semana passada para ser publicada nesta segunda-feira, quando no domingo à noite veio a notícia do falecimento por mal súbito do piloto Alexandro Leonel durante uma competição de motocross no Paraná. Foi uma triste coincidência, meus sentimentos à família.

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