Pneus e câmaras degradados, e funcionários de oficinas... ahn... como direi?

No momento em que escrevi, Edith estava fazendo revisão para que pudéssemos pegar a estrada, viagem que não aconteceu.

Os amigos WD±40 Betho e Edi vieram de SP e a intenção era subirmos a serra do Rio do Rastro com eles, mas sabe como é a vida, né? Entrou trabalho inadiável justamente na mesma data...

Então não viajei com eles e só tive tempo de levar o pessoal a conhecer o restaurante Cabral na Costa da Lagoa (que eu também não conhecia), olha só que chato:

Mas voltemos ao assunto da postagem, que é a sequência de camarão revisão que foi feita nos preparativos para a viagem que não aconteceu. 

Uma coisa que eu havia adiado por motivo$ de força maior (ou no caso, menor) foi a aplicação da vacina nos penus. 

Todas as vezes que eu tento escrever pneus, acabo digitando penus, então de agora em diante digitarei apenas penus para ver se sai certo.

Edith é uma modelo 2011 comprada zero km, negocião achado na internet.

Portanto, seus pneus (não falei? agora saiu certo!) e câmaras têm quase 5 anos de idade. Isso sempre me preocupou.

Borracha se degrada com o passar do tempo, independente de o pneu (AHA!) rodar ou não.

O contato com o oxigênio do ar e a radiação ultravioleta (aquela que queima a pele e faz nossos olhos sofrerem nos dias de sol) degrada a borracha, que começa a se ressecar e esfarelar sozinha.

Olha só o que acontece com um pneu com a borracha degradada:

Está vendo os rasgos entre as bolachas?

Não é o pneu da Edith, mas de uma moto que apareceu lá na padoca. 

O Daniel percebeu, fotografou e alertamos o proprietário.

Imagem: Daniel amigo velho. Bom, não tão velho.

Um pneu nessas condições está muito mais sujeito a furar ou estourar porque não precisa de um prego — qualquer pedrinha mais pontuda que se aloje nessas gretas poderá furar a câmara com facilidade — e isso é a receita para um desastre.

Pneus novos demoram para começar a se degradar porque saem de fábrica com um tipo de protetor solar que evapora com o tempo.

Mas essa proteção é temporária, o produto perde a eficiência com o passar dos meses. 

Borracha é uma coisa degradável.

Na Europa está entrando em vigor uma legislação para estabelecer um prazo de validade de 5 anos para penus e câmaras — passou 5 anos, substituição obrigatória, e isso não é ruim não.

Explicada a degradação da borracha, vamos ao fato gerador da postagem:

Ao falar para o frentista da oficina que eu queria colocar câmaras novas com vacina, ele me perguntou a medida dos penus, e se os penus eram iguais.

Eu disse que isso era algo que ele precisaria verificar por si mesmo, porque eu não tinha as medidas de cabeça — mas sabia que os pneus não eram iguais, mesmo porque isso é evidente, é só olhar.

Ele foi conferir e me passou o preço, segundo ele os dois pneus eram iguais e cada câmara custava 60 reais.

— Iguais?!

— É, iguais, mesma medida, mesmo preço, a mesma câmara serve nas duas rodas.

Caso você não se lembre, esta aqui é a Edith:

  Imagem: Filhota Press, Urubici, SC

O pneu dianteiro parece igual ao pneu traseiro?

O tamanho do aro dianteiro parece igual ao do aro traseiro?

Vou facilitar:

A largura do aro dianteiro NÃO É igual à do aro traseiro.

NADA É IGUAL nas rodas dianteira e traseira, e o frentista tentando me convencer que a mesma câmara podia ser instalada nas duas rodas.

Não discuti.

Nesse instante o dono da oficina passou por mim, chamei ele de lado e perguntei se aquelas rodas e penus diferentes usavam a mesma câmara.

— Lógico que não, o pneu dianteiro é aro 18 e o traseiro é aro 15 polegadas, não é a mesma câmara de jeito nenhum.

— Pois é, mas o teu frentista está dizendo que é.

— Não, fica tranquilo que lá na oficina o pessoal não deixa passar esse erro não.

— Então quero que você fique responsável por supervisionar isso pessoalmente; um engano desses mata.

— Não, na oficina isso não acontece.

Moçada inocente, isso acontece sim.

O pessoal monta errado e depois vem com aquela história: Foi o cliente que mandou.

A história não acabou por aí.

No dia em que fui retirar a moto, o serviço ainda não havia sido feito, e foi a minha sorte.

Eles verificaram que os pneus da Edith são radiais sem câmara, e quiseram confirmar se eu realmente queria colocar câmara neles... eu não sabia desse detalhe, estava errado em querer trocar câmaras que não existiam.

A sorte foi eles terem perguntado o que eu desejava fazer, porque se tivessem colocado câmara em um pneu projetado para não usar câmara, o atrito entre ela e o pneu a cada giro provocaria superaquecimento e explosão... tem gente que coloca câmara, ou forro entre a câmara e o pneu, sem imaginar o perigo que é...

Como o dono da oficina estava supervisionando o assunto, brecou o processo.

Se ficasse apenas na mão dos funcionários, talvez tivessem instalado uma armadilha mortal com a justificativa "foi o dono que mandou".

Foi o que aconteceu quando mandei ajustar a vela de ignição da Bél com abertura de 0,8 mm e a moto nem conseguiu sair de lá com abertura fechadura de 0,08 mm. Só 10 vezes menos que o correto.

Desculpa do mecânico na ocasião: 

— Eu achei esquisito, mas foi o cliente que mandou.

Nunca subestime a capacidade de profissionais cometerem erros absurdos.

Imagem: Somebody na net

Uma câmara de ar de medida incorreta para o pneu e aro irá explodir, nem mais nem menos.

Uma câmara de ar instalada em um pneu sem câmara irá explodir, nem mais nem menos.

Forros instalados em pneus com câmara farão o pneu explodir, nem mais nem menos.

Não caia nessas armadilhas.

Conheça sua moto, conheça o tipo de penu instalado nela, e acompanhe os detalhes da instalação para não se tornar uma vítima do desconhecimento alheio.

Ainda bem que o dono da oficina é de confiança.

Um abraço,

Jeff