domingo, 17 de julho de 2016

Noites chuvosas

Três notícias sobre dois acidentes em sequência na mesma rodovia na mesma cidade nas mesmas condições:

Você percebeu o fator comum entre eles?

Ambos os pilotos perderam o controle da moto à noite em uma rodovia com pista molhada.

Eles não se chocaram contra outros veículos ou obstáculos, simplesmente caíram e foram arremessados contra a lateral da pista.

Um deles bateu a cabeça depois que o capacete voou longe, e isso aconteceu porque estava mal afivelado, frouxo, folgado no pescoço.

E o motivo de terem caído sozinhos?

Não foi só a pista molhada.

Dezenas de outros motociclistas passaram por ali nas mesmas condições e não se acidentaram.

Arrisco dizer que eles caíram porque estavam em uma velocidade acima da recomendável para rodar em pista molhada, surgiu uma condição inesperada e eles perderam o controle da moto.

Pegaram um pouco de água na pista, ou um filete de lama invadiu a pista, eles precisaram desviar ou frear a moto, o pneu deslizou na pista e chão.

No que eu me baseio para dizer que eles estavam acima da velocidade recomendável para pista molhada?

Simples:

Tombos em baixa velocidade raramente são fatais, a menos que o piloto seja atropelado por outro veículo.

Com a pista molhada, é fundamental diminuir significativamente a velocidade da moto.

Tentar parar ou desviar desesperadamente uma moto em pista molhada a 80 km/h é tombo certo.

À noite, com água batendo na viseira, a visibilidade fica muito prejudicada. 

A viseira embaça, você já não vê direito o que está à sua frente, e as luzes dos faróis em sentido contrário causam ofuscamento — quando você percebe, já está em cima da curva ou dos carros que diminuíram a velocidade na sua frente. 

Ou da rotatória mal sinalizada que aparece de repente. Ou de uma obra que começaram naquele dia.

O acionamento dos freios com pista molhada exige uma técnica diferente daquela usada todos os dias.

Se com pista seca você precisa dosar mais força no dianteiro que no traseiro, com chuva você precisa dosar ainda mais proporcionalmente os dois freios, dosando gradativamente ambos para que nenhum deles trave.

Ou seja, não é hora de calcar os comandos no susto.

As manobras com pista molhada precisam ser feitas com suavidade, muita suavidade. E a distância do carro à frente precisa ser maior.

Invista em uma capa de chuva e alguns comprimidos contra resfriado, e aproveite aquela manhãzona de domingo chuvoso para ir com sua moto até um local seguro e sem trânsito.

Passe a manhã praticando a frenagem em condições molhadas.

Conheça as reações diferentes de sua moto e vá experimentando diferentes condições de aplicação dos freios dianteiro, traseiro e motor (sim, a desaceleração do motor em marchas mais baixas é uma ótima aliada na chuva).

Você encontrará a melhor combinação para você e sua moto, o que será muito útil na hora em que você estiver pilotando em baixa velocidade na chuva e precisar frear de repente.

E nunca deixe de afivelar e ajustar corretamente a cinta do seu capacete.

Se tudo der errado, ela será sua última chance de sair contando uma boa história para seus amigos.

Um abraço,

Jeff

6 comentários:

  1. Olá Jeff.
    Nesta postagem é possível perceber nitidamente o quão frágil é o motociclista. Todo o motociclista tem que subir em sua moto com esta consciência, ser humilde e cuidadoso na condução da mesma.
    Quanto ao freio motor, te agradeço por dar destaque a esta técnica tão importante, básica e nunca abordada.
    Alguns especialistas em frenagem com motos afirmam e demonstram que a melhor e mais segura frenagem é utilizando freio motor em conjunto com o freio dianteiro. O motivo é que o freio motor não trava a roda traseira. Já me safei de um acidente por aquaplanagem com um fusquinha que eu tinha, simplesmente retirando o pé do acelerador e deixando o freio motor agir. Era uma curva suave e o fusca seguiu em frente, quando percebi (direção mecânica é ótima pois você percebe tudo), corrigi o volante para linha reta, ao mesmo tempo tirei o pé do acelerador, senti que o pneu atritou novamente com o solo e consegui fazer a curva normal. Que susto!!! Estava com minha namorada, atual esposa, ela não notou o quase acidente, eu então expliquei o ocorrido visto que ela também seria futura motorista habilitada.

    Abração.

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    1. Obrigado, José!
      Falo sobre freio motor na postagem
      http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2014/11/posso-frear-durante-curva.html
      O Vinícius comenta sobre isso na postagem
      http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2013/07/como-melhorar-eficacia-dos-freios.html
      E o leitor Spirit Veicle comentou o assunto na postagem
      http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2015/11/festival-de-correntes-pulando-fora-da.html
      Tenho a impressão de que comentei isso em alguma postagem específica, mas a ferramenta de busca do blog, apesar de ser do google, é lastimável, nem eu encontro o que procuro, imagina os leitores.
      Preciso programar uma (ou mais uma) postagem abordando o uso do freio motor.
      Forte abraço,
      Jeff

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  2. Valeu Jeff.
    Ví e li as postagens que você apontou.
    Abração

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  3. Lama MUITO complicado. Passei com minha fazer a uns 70km/h, vi a lama, acho que consegui reduzir pra uns 60 ate a lama chegar, chegando na lama deixei a moto reta, sem acelerar, sem frear, o mais reta possivel.. e mesmo assim a bixinha ia perdendo a frente... puta susto.

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    1. alias, isso era uma reta.. se fosse numa curva.. ja era.. eu ia reto pra fora da pista bater de frente com uma arvore ou ia pro chao mesmo... nao sei qual seria minha escolha

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    2. Valeu, Marcelo!
      Se houver opção, prefira ir para o chão. Colisão com árvores é muito perigosa porque a pancada é concentrada em uma área pequena do corpo, lesando gravemente órgãos internos. E seu depoimento ilustra muito bem como é importante rodar em baixa velocidade na chuva.
      Se você estivesse a 80 km/h, a história poderia ser bem diferente e talvez você não pudesse contá-la aqui.
      Um abraço,
      Jeff

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