sexta-feira, 15 de julho de 2016

Buzinadas iradas

Uma coisa maluca que acontece no trânsito é que ele obriga uma convivência forçada de certas pessoas que prefeririam não se misturar com a ralé.

E essas pessoas entendem por ralé qualquer um que não esteja em um carro (sim, carro) pelo menos igual e do mesmo ano que o delas, se souberem identificar esses detalhes.

Ou seja, motociclistas automaticamente estão enquadrados nessa subcategoria mental ralezenta, seja qual for a moto.

Mesmo que valha custe mais do que o carro dessas pessoas, para elas pilotar moto é ser gentalha, gentalha, gentalha — porque na cabecinha espaçosa e às vezes cheia de bobs delas um cara de moto é só um serviçal de entregas ou um vagabundo sem grana para pagar o aluguel... um mané sem status para ter um carro.

E esse preconceito não é só no Brasil, não.

Veja este vídeo e note a reação da pessoa ao receber uma buzinada de alerta para evitar um acidente:

"Vá se плавать, nunca mais buzine para mim!"

É triste, não é?

Mas é assim que muitas discussões e brigas começam no trânsito.

E se você esquentar a cabeça com isso, as coisas podem escalar rapidamente...

Veja este outro vídeo:

O carro deu uma fechada involuntária para desviar de outro que parou para estacionar.

Os motoqueiros valentões só que não ficaram emputecidos da vida e quiseram dar uma lição.

Terminaram falando um monte de плохие слова em russo depois da макаронные изделия sem tamanho que fizeram.

Como você vê, o pensamento ralezento também aparece dentro de capacetes — "o cara está de carro, o cara é mané".

Nada disso teria acontecido com um pouco mais de tolerância e compreensão.

Acostume-se com a ideia, você andando de moto será fechado diariamente, e várias vezes ao dia, e muitas vezes em sequência.

Na maioria das vezes será sem intenção, e algumas vezes será por canalhice mesmo, porque gente sem noção tem pra tudo que é gosto e classe social. Inclusive andando de moto.

Com a adrenalina lá em cima, bastará perder o bom senso uma única vez para você se ver num imenso трясина.

Então pilote sempre preparado sabendo que isso irá acontecer e não ceda à tentação de sair discutindo. ҩ^..^ ψ — A menos que o motivo seja realmente muito bom. 

Uso o seguinte pensamento chá camomiloso:

"Coitado, vai ficar aí nervoso preso no trânsito pelo resto da vida... não tem moto, não terá e nunca saberá o que é a alegria de ter uma moto e poder pilotar livremente."

Pensando isso, chego a ter dó dos caras. ҩ^..^ ψ  Mas passa rapidinho.

Você tem um bom motivo para estar sempre de bem com a vida, e ela está em suas mãos enluvadas. ҩ^..^ ψ A menos quando ela te deixa na mão, aí você xinga pra лук и чеснок. 

Um abraço,

Jeff

2 comentários:

  1. Excelente, educativa e bem humorada postagem.
    Um ponto de vista de classe social interessante. No meu entendimento, cada um sabe onde o sapato aperta, tomando as atitudes corretas para corrigir o problema. Muitos motociclistas, também tem automóvel (seja seu ou de familiar), mas por motivos diversos, prefere a moto no uso diário (até mesmo a bike). Também tem aqueles que utilizam automóvel nos dias úteis e moto final de semana ( para trilhas, passeios com grupos, para ostentar a motoca e tantos outros motivos).
    O trânsito pode adoecer o usuário e por esse motivo devemos trabalhar para reduzir este estresse, evitando em aumentar o mesmo. O respeito e o amor devem prevalecer sempre. Não dá para educar alguém na hora de um conflito estressante, o melhor é deixar a poeira baixar, tentar relaxar e seguir a vida com suavidade e alegria.

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  2. O trânsito pode adoecer o usuário, concordo plenamente. O difícil é as pessoas perceberem isso nelas mesmas e tomarem atitudes que não sejam movidas pelo ódio desproporcional por coisas menores, como simples fechadas... algo que não teria consequência se transforma em um duelo de vida e morte meramente porque alguém invadiu "seu" espaço.
    Um abraço,
    Jeff

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