segunda-feira, 25 de julho de 2016

Corredor, a terra de ninguém

O corredor supertranquilo pode ser a pior experiência para o motociclista, porque ele relaxa pensando que ninguém vai entrar na frente dele.

Este corredor do vídeo se formou entre uma faixa exclusiva delimitada por uma sinalização dupla contínua — teoricamente ninguém poderia mudar de faixa.

Mas sempre tem alguém que desrespeita... e o corredor é a terra de ninguém.

Isso aconteceu na Califórnia, único estado norte-americano onde é permitido rodar no corredor.

Em alguns outros estados, há projetos de lei para tornar o corredor permitido para motocicletas, e todos enfrentam grande resistência porque, como você acabou de ver, há uma enorme chance de dar um furdúncio.

E quando a coisa no corredor furdunceia, furdunceia muito mais para o pessoal das motos.

Cair na frente de um caminhão e sobreviver é uma experiência inesquecível. Terrível é lavar a roupa depois.

Quando o trânsito fica complicado, todo mundo quer se livrar do engarrafamento e mudar de faixa, ainda mais com uma faixa exclusiva vazia ali do lado dando sopa, a tentação é grande.
Imagem: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/2016/07/motorista-que-trafegar-por-faixas-olimpicas-sera-multado-em-r-15-mil.html — Cariocas, cuidado... sabe quem vai respeitar essa faixa exclusiva que nem proíbe a invasão?

Então é isso, tenha sempre em mente que se alguém tiver a menor chance de mudar de faixa na sua frente, ele irá mudar sem pensar, seja porque ninguém procura por motos no espelho e/ou porque não está nem aí.

Para o novato, o corredor é um risco enorme também por causa dos outros motociclistas.

Você pilotando com precaução no corredor, as outras motos irão buzinar e te chamar de "rolha" porque a prudência fica obstruindo todo mundo. 

Ser rolha não é legal, o pessoal pressionando e tentando ultrapassar onde não dá pode te envolver em um acidente.

Ou a atenção desviada por quem está atrás pode fazer você se descuidar do que está à frente.

Melhor do que ser rolha é ser ferrolho — ferrolho é o nome dado à última motocicleta de um comboio organizado.

Aquele trem de motos voando baixo no corredor não tem nada de organizado, melhor sair da frente. 

Deixe os apressados passarem e siga atrás deles em menor velocidade e a uma distância prudente.

Na hora em que eles caírem — porque um dia certamente vai acontecer isso aí do vídeo com eles — o ferrolho irá parar a tempo de não se envolver no acidente e ainda irá chamar o resgate.

Ferrolhos não costumam ir para o SUS e nem para a delegacia.

Um abraço,

Jeff

8 comentários:

  1. Parabéns, sempre didático e sarcástico!kk

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    1. Obrigado — sem ironia!
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Jeff você é o cara! Parabéns! Agora essa do ferrolho eu faço faz tempo é melhor ser prudente do que se arrebentar lá na frente!

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    3. Muito obrigado!
      O que me motiva a escrever é o pensamento de que, se apenas uma pessoa evitar um acidente por ter lido algo aqui no blog, já terá valido a pena. E o apoio dos leitores é gratificante!
      Um abraço,
      Jeff

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  2. Parabéns pela postagem.
    Sempre sou ferrolho, muito melhor, mais seguro, tranquilo e em paz.
    Ainda bem que aqui no Rio de Janeiro não tem aquela fila interminável de motoqueiros, é alguns poucos, deixo passar, volto ao corredor, na minha velocidade baixa e segura.

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    1. Obrigado, José!
      Puxa, que curioso isso. Eu imaginava que corredor no Rio seria igual a SP ou Floripa — corredores insanos.
      Cada cidade tem particularidades únicas, esse Brasilzão é uma caixa de surpresas.
      Um abraço,
      Jeff

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  3. mestre, tem mais um recall da harley, embreagem pode deixar de funcionar depois de um tempo parada.
    além disso alguns donos tem se mostrado bastante insatisfeitos com a qualidade das harleys de 2011 para cá,
    "A cada ano que passa a Harley fica pior. O que me surpreendo é que estão errando em coisa tão básica que nem em CG não se encontra esses tipos de defeitos. Um exemplo é o painel da maioria das softails, onde se chover ele queima o led. " e "Tenho uma Breakout 2015 que tem os mesmos problemas de painel embaçado e parafusos/ porcas enferrujando por nada. A desculpa da Harley para a oxidação é porque aqui a salinidade da maresia aqui é extrema (moro em Recife), então será que o problema do painel é porque a água daqui é muito molhada?"


    http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2016/07/harley-davidson-convoca-recall-por-falha-na-embreagem.html?utm_source=facebook&utm_medium=share-bar-desktop&utm_campaign=share-bar

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    1. Olá, Patrick!
      Eu li essa matéria, o grande problema é a moto pifar por ficar parada... a imensa maioria delas passa a maior parte do tempo na garagem... hehehe
      Tropicalização é o nome do processo necessário para fazer qualquer equipamento em terras onde chove mais do que o normal principalmente para americanos e chineses, terras na maior parte desérticas e onde as motos passam seis meses do ano sem rodar por causa do frio. Motos europeias e japonesas já nascem melhor aclimatadas.
      Então o pessoal pensa que é simplesmente trazer de fora e começar a botar grana na registradora, aí começam a descobrir que nossa gasolina misturada com álcool corrói as mangueiras, as chuvas mais frequentes por aqui se infiltram com mais facilidade no sistema elétrico, a maresia é mais intensa devido à maior evaporação dos mares quentes, os motores têm dificuldade com a temperatura média elevada — principal motivo para não se abrir mão do óleo 20W-50 — e começam a acontecer essas sucessões de panes e recalls.
      Sem contar que quanto mais cheia de preciosismos tecnológicos, maior a chance de algo dar errado.
      Pram mim, quanto mais básica a moto, melhor. Aposto que chovem reclamações de infiltração e pane dos novos painéis digitais... Talvez renda uma postagem.
      Um abraço,
      Jeff

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