sábado, 15 de fevereiro de 2014

Acidentes inexplicáveis

Nas pesquisas que faço para postagens aqui do blog, frequentemente encontro notícias de acidentes difíceis de explicar.

Reportagem: http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2013/11/motociclista-morre-em-acidente-na-sp-249-em-itapeva-sp.html

Não são ultrapassagens, não são curvas, não é pista escorregadia, não há evidências de consumo de bebida... de repente o motociclista invade a contramão sem motivo aparente.

A reportagem fala que a estrada é mal conservada e cheia de curvas, e é claro que isso pode ter contribuído para o acidente.

Mas quando vejo na foto aquela corrente para fora da coroa, e é uma moto com balança longa, fico com o sentimento de que a causa do acidente foi o afrouxamento e o consequente desencaixe da corrente de transmissão.

Motos com balança longa aplicam maior esforço sobre a corrente, o que faz com que ela se afrouxe mais rapidamente.

Isso torna necessário verificar a folga e ajustar a corrente com mais frequência, algo que frequentemente é negligenciado pelos pilotos que não imaginam que o risco seja tão grande.

Quando a corrente se solta, ela pode pular para o lado de fora, como na foto, e fazer com que a roda fique sem tração. 

Você acelera e o movimento não é transmitido para a roda, é como se a moto ficasse em neutro, apesar de a marcha estar engatada.

Esse é o menor dos problemas, o menos grave e mais fácil de administrar, basta seguir ainda embalado para o acostamento, soltar a roda, empurrá-la para frente, encaixar a corrente e fazer a regulagem.

Também pode acontecer de a corrente escapar e se enroscar na roda, travando-a. Aí o tombo é instantâneo, você está sentado na moto, ela sai debaixo de você e você cai sentado no chão. 

Só conta a história quem não tinha nenhum carro atrás. (Sou um cara de sorte.)

E existe uma terceira possibilidade, que por incrível que pareça, é bastante comum:

A corrente não chega a se desencaixar totalmente da coroa; mas em vez de se encaixar entre os dentes, ela escapa do lugar e se encaixa novamente esticada sobre as pontas dos dentes.

Ela fica muito retesada e não dá para continuar rodando, a moto perde muito rendimento porque o eixo secundário do câmbio fica muito forçado, se continuar nessa condição alguma coisa irá se quebrar.

Quando isso acontece, pode jogar fora pinhão, coroa e corrente, porque o trecho que sofreu o estirão nunca mais voltará ao normal e o seu uso irá prejudicar o câmbio.

No acidente acima, é verdade que a corrente pode ter se soltado como resultado do impacto com o carro.

Mas não consigo deixar de pensar que talvez ela tenha se soltado e causado um momento de desatenção do piloto, ou travado momentaneamente a roda, o que pode ser suficiente para invadir a contramão e fim da história.

Pelo sim, pelo não, fica a recomendação:

Nunca deixe de conferir a folga da corrente antes de sair de casa, e no meio do caminho durante viagens, quando ela tende a afrouxar mais rápido do que em trajetos urbanos.

E atenção redobrada nas motos de balança longa; além das trilheiras, a Kansas e a Mirage 150 também têm essa característica.

Um abraço,

Jeff

Um comentário:

  1. Isso já aconteceu comigo uma vez, (por negligência) pois eu andava muito ocupado.

    ... felizmente estava a 10km/h e (nada aconteceu) sujei um pouco a mão pra botar a corrente no lugar e voltar pra casa pianinho...

    ... mas olha aqui o momento exato em que uma corrente sai da coroa e o sujeito não teve tanta sorte... bota em resolução alta e espera o replay que dá pra ver tudo -- http://www.youtube.com/watch?v=xBZWjwHgveY&list=PL467A2492C0B9CBFF&index=77

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