quinta-feira, 10 de abril de 2014

Consumo de óleo em viagens longas

Rodando na cidade, a moto quase não gasta óleo. São percursos curtos, o motor nem esquentou direito e você já chegou a seu destino.

Na estrada, a conversa é outra.

O motor vai o tempo todo perto do limite, por horas e horas. É a melhor condição de trabalho do motor, mas isso exige muito mais do lubrificante.

Minha experiência com Jezebel e seus 67 mil km rodados é que, com o cabo do acelerador todo enrolado, o nível de óleo abaixa mesmo: coisa de 250 ml para cada 300 km, mais ou menos, dependendo de quanto ela foi exigida no trecho.

Então mais ou menos nessas quilometragens, dou uma conferida no visor e completo conforme necessário.


Tem muito "entendido" na internet dizendo que esse é o nível ideal. Não é. É aceitável apenas para uso urbano, quando você pode repor o óleo facilmente. Para iniciar uma viagem, já na medição a frio você tem que começar com o nível máximo F ligando e desligando o motor conforme orientado no manual do proprietário para o nível ir abaixando e ainda continuar acima da marca L.
F = full - cheio / L = low - baixo
Imagem: Visor de óleo de uma suzuki SV650

Como usar o visor de óleo com o motor bem quente?

Na Kansas não pode aparecer bolha de ar com o motor ligado. O visor tem de estar sempre cheio.

“Ué, mas na medição a frio fica uma bolha acima da letra F...”

Sim, mas o óleo quente se dilata, aumenta de volume. O projeto do motor já prevê isso.

Com o motor quente, se aparecer bolha é porque o óleo já foi consumido e precisa ser reposto antes que fique abaixo do mínimo.

Verifique como isso acontece no seu modelo de moto e aprenda a decifrar o visor ou interpretar a vareta também com o motor quente. Se você viajar, essa informação será muito útil e evitará grandes prejuízos.

Usando esses critérios, durante a viagem pude manter o nível de óleo o tempo todo dentro do aceitável para proteger o motor.

Mas quanto óleo acabou sendo usado durante toda a viagem?

Incríveis 1,35 litro, quase 1 ml de óleo consumido para cada km rodado (foram 1.700 km). 

Praticamente a capacidade real de óleo da Kansas, não aquela balela que falam no manual do proprietário.

Pensar que todo o óleo do cárter foi consumido e reposto durante a viagem parece muito, mas 1 ml de óleo para cada km está dentro dos parâmetros aceitáveis para motores 4 tempos. E Jezebel não fuma.

É esse conhecimento quanto ao consumo de óleo que faz falta para muita gente que pega a estrada pensando que só precisará repor o óleo na próxima revisão. 

Se você não repuser o óleo constantemente durante uma viagem longa, irá voltar a pé ou com o motor detonado.

Aí o pessoal sem noção funde o motor no meio do nada e ajuda a manter de pé o mito de que “moto pequena não pode pegar estrada”, e aquela conversa que vendedor adora: “pegar a estrada, só com moto 600... 900... 1200... 1600...”

A vantagem das motos grandes é que o motor é menos exigido, automaticamente acaba consumindo menos óleo. 

E um cárter para 2,3 litros aguenta baixadas de até 500 ml, enquanto um cárter para 1,4 litro aguenta no máximo 300 ml, então com motos grandes você pode rodar mais de 500 km sem se preocupar em repor o óleo.

Fora isso, únicas vantagens são a potência para ultrapassagens e uma velocidade média um pouco mais elevada. 

O que não ajuda muito — mesmo com minha 150, desconfio que tomei uma multa por excesso de velocidade (acima de 60 km/h) num trecho em obras da Raposo Tavares...

Com uma moto pequena, eu posso demorar um pouco mais, mas chego do mesmo jeito... e ainda gastando menos e curtindo melhor a paisagem.

Um abraço,

Jeff

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