terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Motos custom, Harleys e nada a ver com nada

O blog passou por mudanças, alcançou um maior volume de visitações (obrigado!!!), passou a ser significativo para o adsense, e como você notou, começaram a aparecer anúncios na barra lateral.

Fiquei curioso com um deles de uma revendedora harley (não que eu esteja interessado...), e achei essas duas perolitas:

Há quase um século, em 1901...

Ô, pessoal...

2014 2013 – 1901 = 112, portanto mais de um século... escorregaram na conta, ou então já passou da hora de atualizar o site...


A segunda perolita é a descrição de como a harley só veio à luz porque um projetista alemão não creditado sabia como fabricar motos similares às europeias, e assim nasceu a primeira Harley-Davidson. 


Imagem: http://www.hdhistory.com/the-birth-of-harley-davidson/

Será que essas motos teriam o mesmo charme com o nome Harley-Davidson-Schuffenhausen?

Só brincando, porque na internet a gente encontra quase tudo, e o site da própria HD cita o nome do homem, um tal de Ole Evinrude, já ouviu falar?


Imagem: http://www.evinrude.com/en-us

Parece que motor de moto não era bem a praia dele.

E a terceira perolita (que eu só descobri depois que a postagem estava pronta) é que o alemão na verdade era norueguês. Mas o norueguês vai continuar sendo alemão, senão a postagem vai para o saco.

Não deixa de ser irônico que o motor da marca-ícone dos EUA tenha nascido graças a um alemão nascido na Noruega, assim como o único motor harley realmente moderno, que equipa a V-Rod Muscle, também tenha sido desenvolvido pelos alemães nascidos na Alemanha via parceria com a bmw Porsche (essa perolita foi minha mesmo)


imagem: http://www.totalmotorcycle.com/photos

Acho algumas Harleys bonitas, mas não gosto da insistência deles em fabricar motos de desenho e mecânica, digamos, 'clássicos' demais.


Sem contar as características que todo mundo reclama: muita vibração, muito calor, suspensão ineficiente, peso enorme, incapacidade de inclinar nas curvas, freios insuficientes, charmosos vazamentos de óleo e incômodos assentos originais ejetores de garupa. 


Se bem que essa última até pode ter suas vantagens...


"Ué, mas você não gosta de moto custom?"


Gosto, da mesma forma que gosto de esportivas ducatis, kawasakis, algumas triumphs, yamahas, nortons, suzukis, gileras e algumas hondas.



Imagem: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gold_Triumph_Daytona_675_front.jpg#filelinks

Eu gosto é de moto, ponto. 

harley não é sinônimo de custom, e custom não é sinônimo de harley.


Custom quer dizer personalização.


Desde o segundo dia que inventaram a primeira moto, já tinha gente fazendo a sua própria moto "custom".


Imagem: http://www.lordofmotors.com/
Essa é a Bofete 1910. Uma chopper muito à frente do seu tempo.

Você pode pegar qualquer moto, até uma Indian, e transformá-la numa custom, basta fazer as modificações que você quiser dentro dos limites da segurança.
Imagem: http://highoctantokyo.blogspot.com.br/

Uma moto no estilo europeu Café Racer até poderia ser chamada de custom. Um tipo de.


Imagem: http://www.cycleworld.com/norton/

Mas com o tempo, a palavra custom passou a ser associada àquele estilo de personalização típico dos EUA, e a H-D começou a fazer modelos cada vez mais parecidos ao que o pessoal fazia nas ruas, e hoje as pessoas não conhecem mais a origem da palavra e não sabem distinguir custom de harley e vice-versa. 

O mesmo fenômeno aconteceu com as café racers, a norton acima é original de fábrica, mas remete ao que os proprietários faziam nos anos 60/70/80; o
s departamentos de marketing tiveram enorme participação nisso. 

Mas chega de filosofivagação, voltemos aos motores alemães da harley...


Até ontem, o único motor realmente moderno da harley era o Revolution, que equipa a V-Rod, de arrefecimento líquido, e para mim a boa notícia é que ele serviu de base para os novos lançamentos de "baixa" cilindrada, as Street 500 e 750.


Imagem: http://www.autoevolution.com/news/2013-eicma-harley-davidson-street-500-and-750-revealed-video-70317.html

Uma "custom" de cilindrada civilizada, com motor de alto rendimento, proporcionando desempenho muito bom e economia de combustível, com menores custos de manutenção, passa a ser uma opção muito interessante.

Não sou dos que acham que moto tem que ter motorzão; eu chego nos mesmos lugares que uma Electra Glide com minha 150 e ainda gasto muito menos com combustível e manutenção.


Se uma moto consome a mesma coisa que um carro e fica presa no trânsito do mesmo jeito, ela deixa de ser vantajosa para mim.


Uma moto 500 (ou 750, no máximo máximo forçando a barra uma 883, vá lá...) representa o limite do que eu considero uma cilindrada prática; mais do que isso, é desperdício e inconveniência.


Com esses lançamentos de motos mais amigáveis para o dia a dia, como toda moto devia ser, e não somente para exibir nos fins de semana sem ameaça de chuva, talvez eu possa voltar a chamá-los de Harley com H.


Ah, mas esquece...


É bem capaz de esses modelos não vingarem.


A maioria dos proprietários de Harleys as rejeitarão como "moto de menina", "moto de aprendiz", "imitação da honda VT 500 1985" e as concessionárias brasileiras continuarão praticando custos irreais de vendas, frete, peças, manutenção e acessórios.



Imagem: http://www.bikez.com/motorcycles
A VT 500 não foi sucesso de vendas nos EUA em 1985... 
Será que chegou a hora de uma moto de certa forma equivalente?

E pra piorar, no Brasil, Harley ainda é vista como sinônimo de moto pra ricaço, e o marquetingue capenga e a gulodice empresarial tupiniquim se aproveitam disso, o que é uma pena.

Uma 883 lá nos States tem preço de tabela de 8.099 dólares. Mais 360 dólares de frete para qualquer estado dos USA e 7% de imposto, total de 9.051 dólares.

Se você morasse lá, essa moto seria sua pela bagatela equivalente a 21 mil reais, isso com o dólar disparadão de hoje.


Ainda um investimento alto no Brasil, mas acessível para assalariados de primeiro mundo. 

Na terra do Tio Sam, um carteiro ganha 2.638 dólares trabalhando 160 horas por mês. Um professor ganha 4.055 dólares, trabalhando 36,6 horas por semana. Tudo já descontados os impostos.*
Fonte: http://www.worldsalaries.org

Imagem: http://sozinhonaestrada.blogspot.com.br/2012/03/harley-davidson-883-r-uma-moto-vibrante.html

Aqui no Brasil ela não sai por menos de 30 mil reais, sem contar o frete, que não é de ridículos 360 dólares, não mesmo... aposto em quase 10 vezes mais do que isso, estarei errado? 

Então acho que vou continuar usando por muito tempo o h para a empresa e o H para as motos, infelizmente.

Para conhecer mais sobre choppers e bobbers, e sobre café racers, e muita coisa interessante sobre a história da harley, das Harleys e de motos em geral, visite o blog do Bayer, o Old Dog Cycles.


Um abraço,


Jeff

Nenhum comentário:

Postar um comentário