quarta-feira, 17 de maio de 2017

Parte 3 - O tiro no pé de de distorcer o que é dito aqui no blog com bons argumentos... contra eles mesmos

E finalmente, a última postagem sobre essa crítica — a menos que algum leitor queira mais informações ou tenha críticas.

Porque você sabe, EU não me furto às críticas... 

Faço questão de responder e deixar as coisas muito claras, Tintin por Tintin.
Imagem: https://terrademordor.wordpress.com/2014/01/19/voce-sabia-tintin-12/

Para tentar dar peso de autoridade para sua crítica, o autor transcreveu textos de sites consagrados de gente que realmente entende do assunto.

Para variar, voltando a falar apenas de óleos xxW-30 e desconsiderando totalmente 
o óleo 0W-20 determinado pela HONDA
Fórum: https://www.htforum.com/forum/threads/o-persistente-mito-do-oleo-fino-demais-para-nosso-clima.243520/
Original: http://www.upmpg.com/tech_articles/motoroil_viscosity/

Segue a tradução:


"Eu nem sei dizer quantas vezes eu ouvi alguém, geralmente um mecânico de automóveis, dizer que eles não usariam um óleo para motor 5W-30 porque ele é, "muito fino". Então eles podem usar um óleo para motor SAE 10W-30 ou SAE 30. Nas temperaturas de trabalho do motor esses óleos são os mesmos. O único momento em que o óleo 5W-30 é "fino" é nas condições de partida a frio onde você precisa que ele seja "fino".


E ainda este texto do Bob, the Oil Guy (Bob, o cara do óleo):

Fórum: https://www.htforum.com/forum/threads/o-persistente-mito-do-oleo-fino-demais-para-nosso-clima.243520/
Original: https://bobistheoilguy.com/motor-oil-101/

Este primeiro parágrafo chega a ser hilário quando confrontado com os absurdos escritos naquela crítica:


"Todo mundo, incluindo bons mecânicos pensam que são especialistas neste campo, mas poucos entendem de óleos para motores. A maior parte do que ouço é o oposto da verdade. No entanto é fácil ver como as pessoas se confundem, já que sempre há alguma verdade nessa concepção errada.


A maior confusão é por causa da maneira como os óleos para motores são classificados. É um sistema antigo e está confundindo muita gente. Eu sei que a pessoa está confusa quando eles dizem que um óleo 0W-30 é muito fino para seus motores porque o manual antigo diz para usar 10W-30. Isso é errado.


"O motor é projetado para funcionar a 100°C (212°F) em todas as temperaturas externas desde o Alasca [o estado americano mais frio] até a Flórida [estado mais quente]. Você pode entrar em seu carro em setembro (primavera nos EUA) e dirigir em zigue zague até o Alasca chegando em novembro (fim do outono no hemisfério norte). A melhor coisa para seu motor seria que ele nunca fosse desligado, ou simplesmente fosse mantido em movimento dia e noite. A espessura do óleo seria uniforme, seria sempre 10 [centistokes]. Em um mundo perfeito a espessura do óleo seria 10 em todas as temperaturas."


A crítica comete um erro grosseiro de usar essa argumentação dos especialistas em lubrificação.

Os especialistas falam sobre o preconceito de usar um óleo de viscosidade de inverno menos viscoso — mas continuando a usar a mesma viscosidade em alta temperatura SAE 30 que eles já estavam usando naquele país de clima temperado.


Um argumento totalmente descabido quando se denuncia a redução da viscosidade em alta temperatura de SAE 30 para SAE 20 no Brasil tropical.


Nenhum dos autores citados corrobora o argumento da crítica feita a este blog.


E a argumentação do segundo especialista em óleo tem um erro de interpretação básico...


Vamos analisar o primeiro bloco:


Viscosidades de inverno não são aplicáveis ao Brasil.


Não temos invernos de cair neve como lá, exceto em um punhado de dias em regiões muito específicas. 


Portanto esse texto é inútil como sustentação porque foge do assunto abordado, que é o óleo 0W-20,
 caso encerrado.

Segundo bloco, esse é mais interessante:

Primeiro parágrafo, paradoxalmente aplicável em sua totalidade ao texto da crítica. 


Segundo parágrafo, vide explicação logo acima, caso encerrado.


Terceiro parágrafo, e aqui está o grande X da questão:


Bob, o cara que entende de óleo, diz que o motor trabalha sempre a 100 graus Celsius e por isso o óleo sempre está com viscosidade de 10 centistokes ou 10 mm2/s.


Ele fala em valores médios ideais, temperatura de radiador do motor, quando o problema realmente está nos componentes internos em temperaturas muito distantes dessa média ideal.


São eles que sofrem o efeito do óleo pouco viscoso e se desgastam. 


viscosidade varia conforme a temperatura do óleo, e 100°C é a temperatura estabelecida em laboratório para a medição padronizada da viscosidade.


No entanto, as peças dentro do motor não estão todas uniformemente a 100 graus Celsius. 


Há locais muito mais quentes:

Imagem: Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=KhL_g5LscTw aos 09:36 na postagem http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2017/04/o-video-russo-sobre-oleos-sinteticos-5w.html

O radiador estará perto dos 100 graus, podendo chegar a 115 e no limite a 120 porque o sistema é pressurizado, mas essa não é a temperatura do óleo em cada parte do motor.


As peças internas em atrito direto e a uma temperatura muito superior aos 100 graus — como o virabrequim, cilindros, pistões, pinos dos pistões e anéis dos pistões — receberão óleo com viscosidade inferior a 10 centistokes.


E essa viscosidade se reduz instantaneamente, bem abaixo dos tais 10 centistokes, asim que o óleo entra em contato com as peças quentes.


E essas são justamente as peças mais sensíveis ao desgaste, e é para elas que é obrigatório garantir o óleo com a maior viscosidade possível na temperatura em que se encontram.


Se o óleo fino e quente já chegar nelas com uma viscosidade ridiculamente baixa, não fará seu papel. 


Daí a necessidade de aumentar a viscosidade em função da temperatura ambiente — regra prática adotada por TODOS os fabricantes de motores e equipamentos industriais em TODOS os países do mundo.


Simples assim, mas um fato que a crítica diz logo no início que é uma "má interpretação simplista e errônea"... 


Afirmação que seria cômica, não fosse a tragédia da desinformação embutida.


Então Bob, o cara do óleo, entende profundamente de óleo, mas no trecho selecionado não menciona particularidades internas dos motores. 


E por isso ele não considera pontos essenciais.


Não considera a influência da temperatura ambiente na hora do cárter ajudar a esfriar o óleo;


Não considera a influência da temperatura ambiente na hora da tampa de válvulas ajudar a esfriar o óleo;


Não considera a influência da temperatura ambiente em que o ar ou a mistura ar/combustível entram na câmara de combustão para resfriá-la antes da explosão e assim abaixar a temperatura de todo o conjunto;


Não considera a influência da temperatura ambiente na hora de o radiador esfriar o líquido de arrefecimento...


Que por sua vez irá colaborar para que o óleo chegue às peças sensíveis com a maior viscosidade possível...



E agora você entende a lógica da ilustração de temperaturas do vídeo russo — ela mostra temperaturas tão diferentes para o mesmo motor.



Demônio da lógica gosta de aparecer

São temperaturas de funcionamento nas condições de inverno e verão — o óleo no cárter estará a 80°C em dias com neve e a 150°C em dias de verão nos desertos russos e de países para onde seus veículos são exportados.

Mesma coisa para todas as outras temperaturas mostradas na figura...


São as temperaturas que seu óleo encontrará durante o inverno na Sibéria ou no verão do deserto de Ryn, às margens do mar Cáspio.

Se o raciocínio do Bob estivesse correto — e a temperatura ambiente realmente não influísse na temperatura de trabalho do óleo — os motores dos carros circulando no Oriente Médio ou em Las Vegas 
não precisariam usar óleo 5W-50...

Poderiam usar tranquilamente o mesmo óleo 0W-30 do cidadão que mora no Alasca. Só que não.

Por que eles usam 5W-50 e não 20W-50?


Porque apesar de o deserto 
atingir mais de 40 graus durante o dia, as noites são muito frias, temperaturas abaixo de zero não são raras, então é importante facilitar a partida.
Fonte: https://www.vegas.com/weather/averages.html

Nessas condições um óleo 20W-50 atenderia?


Em um carro mais antigo com motor de partida potente, sim. A partida seria um pouco difícil nas manhãs mais frias, mas não impossível.


Com um óleo 15W-50 o arranque seria melhor e com um 10W-50 melhor ainda, e com um 5W-50 a partida é fácil.


Porque eu enfatizei antigo com motor de partida potente?

Porque tudo na indústria automotiva visa a economia.

Se eles projetam um motor que usa óleo menos viscoso, a partida em dias frios com neve caindo será facilitada, então não há necessidade de um motor de partida tão potente.

Colocam um motor de partida menos potente custando mais barato, mas que dará conta do recado. Supostamente.

Aquele exemplo de dizer que um cidadão pode fazer uma viagem da região mais quente do EUA para a mais fria, ou vice-versa, sem se preocupar com o óleo, é verdadeiro, mas é um exemplo muito fraco.

Uma coisa é fazer uma viagem atravessando regiões de climas diversos — outra muito diferente é viver permanentemente em um desses locais. 


Pergunte para o pessoal que mora em Las Vegas e no Oriente Médio porque eles não usam óleo 0W-30 nem 10W-30...


O motorista que viesse do Alasca para a Flórida encontraria um estado com temperaturas quentes para um cidadão alasquiano — mas nada assustadoras para nós aqui no Brasil:

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Florida#Climate

Máximas de 33°C — nada excepcional.


A Flórida atinge essas temperaturas apenas nos meses de verão, enquanto no Brasil muitas de nossas cidades atingem temperaturas acima disso o ano todo...


Bem diferente de Campo Grande, com máxima de 39,7°C:

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_Grande#Clima

Rio de Janeiro, com máxima de 42,0°C:

São Paulo, com máxima de 37,8°C:

Ou mesmo Porto Alegre, mais ao sul e que teoricamente deveria ser uma cidade mais fria, mas que tem máximas elevadas, com máxima de 40,6°C:
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_Alegre#Clima

Finalizando este bloco com as palavras do próprio Bob, o especialista em óleo:


"É fácil ver como as pessoas se confundem, já que sempre há alguma verdade nessa concepção errada."


Resumindo, a crítica cita autoridades no assunto QUE NÃO CONSIDERAM detalhes fundamentais.


Voltando ao tópico do fórum...


Aquela crítica feita contra este blog disse que somos "um caso clássico de uma simplista e má interpretação de texto (...) gerando uma conclusão incompleta e simplista, portanto, errônea
."

Que ironia, né?

E falando em ironia, já que a crítica citou fontes consagradas para pesquisa no exterior, por que não citou a THE ENGINE OIL BIBLE?

Aí vai uma palhinha:
Recomendação: http://www.carbibles.com/viscosity.html 

Tradução:


AGORA ESTOU TOTALMENTE CONFUSO. VOCÊ PODE SIMPLIFICAR TUDO ISSO PARA MIM?

Claro. Aqui está uma tabela de três linhas para dar a você uma ideia de onde os óleos para motores típicos são usados:


Só lembrando, alguma coisa parece estar muito fora da ordem (mas dentro da nova ordem mundial?) na visão das montadoras por estas bandas tropicais:

Aí você me pergunta:

Os automóveis honda e toyota já não usavam óleo SAE 10W-30 e funcionavam bem? 


Sim, funcionavam satisfatoriamente, mas nunca foram tão duráveis aqui quanto no exterior, onde são famosos pela durabilidade.

Até onde isso pode ser atribuído somente ao desleixo dos proprietários brasileiros é questionável, porque o pessoal nos EUA não é conhecido pelo capricho com a manutenção de seus carros.

Em minha opinião, os motores dos carros japoneses durariam muito mais com o uso de um óleo de viscosidade adequada à nossa temperatura — recomendação que fabricantes como a honda fazem em todo o mundo, mas curiosamente, omitem no Brasil.

A honda não usa 10W-30 nas motocicletas?

Sim, usa — e os 
motores não estão nada felizes com o óleo 10W-30.

Os motores de motos de arrefecimento a ar estão sofrendo — é só ver as motos da honda e os coitados que se iludiram com a propaganda maciça do óleo genuíno bom pra caramba, tão bom que a honda colocou o nome dela... 

Desabafo: http://www.reclameaqui.com.br/17805672/honda/oleo-inadequado/

Sabe, eu adoraria ver o que o dono dessa moto responderia para o autor da crítica quando ele dissesse:


"Outra bobagem: Exageros ao dizer que "óleos mais finos são consumidos muito mais rapidamente"..."


A prova de que são consumidos mais rapidamente foi que o dono acostumado com motos não estava preparado para o ritmo alucinante de sumiço do óleo mais fino.


Sumiço mais rápido assumido pela própria fabricante do óleo, como vimos naquele vídeo da shell.


Os motores de carros e de motos com arrefecimento líquido estão em situação melhorzinha. 


Os motores com óleo 10W-30 sofrem sempre?


Os motores com óleo 10W-30 sofrem mais nos dias quentes do ano e nos congestionamentos. 


Os motores com óleo 0W-20 sofrem sempre. No inverno todo mundo tem um alívio refrescante. 

O problema é que não adianta o motor funcionar bem com o óleo fino na maior parte do ano...


O estrago feito por má lubrificação em um único dia quente pode ser pequeno, mas é irreversível, apenas isso...

E o desgaste é cumulativo e progride geometricamente — ou seja, cada vez mais rápido.

Cada vez que seu motor é submetido ao estresse térmico e de atrito excessivo por má lubrificação por óleo inadequado ele desenvolverá desgastes somente reparáveis com a substituição ou retífica das peças.

Detalhe: motores modernos não admitem retífica de virabrequim, somente trocando o conjunto todo.


E por conjunto todo, as concessionárias gostam de trocar o motor inteiro.

Custos de reparação ficam na casa de 21 a 30 mil reais... que não são cobertos pela garantia da honda, porque constituem "mau uso"...


Mesmo quando o cliente consumidor não sai da concessionária:

Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/10208624/honda/honda-civic-2013/2014-com-25000-km-e-fundido/

E sejamos justos com a honda, eu também denunciei a mesma prática pela toyota:

Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/8817481/toyota/corolla-motor-fundiu---/

E quais as consequências da adoção do óleo 0W-20?

No finalzinho de 2014 eu previ uma situação similar às de motos honda com óleo genuíno, muita gente reclamando da pouca durabilidade dos motores.


Passados 2 anos, a quebradeira está começando...

Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/n1pyJP1NXtLU6vza/honda/motor-fundiu-com-menos-de-120-mil-km/


Reclamação: http://www.reclameaqui.com.br/1dhie6VK7E4AUghf/toyota/veiculo-corola-2017/

Sabe, é curioso...

Essa crítica tão empenhada contra o blog não enfocou comparar um óleo SAE 0W-20 com um óleo 10W-30, que era a questão denunciada aqui, e sabe por quê?


Porque para isso não existem argumentos contrários...


Ou melhor, os próprios argumentos que foram usados na crítica se opõem aos fatos...


O autor da crítica sabe muito bem que a viscosidade W se refere à temperatura na partida, abaixo de zero grau, mas faz de conta que ela é importante para discutir a viscosidade a 100°C.


Ele até menciona que o óleo chega a 150° dentro do motor — mas continua a raciocinar exclusivamente em cima do óleo 10W-30...


O conhecimento do assunto que o autor demonstra está acima do nível de um curioso.


Está mais próximo, eu diria, de um profissional da área automotiva... essa é minha opinião.


O que transparece na crítica é mais do que apenas desconhecimento ou engano — existe uma interpretação intencionalmente tendenciosa das coisas que foram ditas e dos fundamentos que ele mesmo cita como fontes.


Na minha avaliação, tal atitude poderia ser interpretada como uma disposição de espírito que inspira e alimenta ação maldosa, conscientemente praticada.


A defesa tão enfática de pontos de vista totalmente errados, tentando desqualificar as denúncias daqui do blog, embasada em argumentos apenas com aparência de corroboração, mas sem ligação com o fato denunciado, faz com que eu acredite cada vez mais na minha "teoria da conspiração".


Depois de ver essa crítica tão bem elaborada com argumentos tão distorcidos, estou ainda mais convencido de que não é só teoria não...


Fatos:


Os carros são os mesmos, tanto lá como cá.


E as leis físicas que determinam a necessidade de usar um óleo de viscosidade adequada à temperatura da região de utilização são universais.


Chamam-se Leis da Termodinâmica, e sem o conhecimento dela os motores nunca teriam sido projetados...


Elas prevalecem por mais que os defensores do contrário esperneiem e elaborem textos "matadores" demonstrando todo seu [des]conhecimento.


O melhor termômetro para ver o efeito desses óleos recomendados pela honda aqui no Brasil é muito fácil:


Faça uma pesquisa por "honda fervendo" ou "toyota fervendo" no google e tente contar quantos casos aparecem.


O pessoal coloca a culpa na tampa do radiador, coitada...


Confundem efeito com a causa, adiam o problema e correm a postar um vídeo no youtube.


O motor ferver é indicativo de um motor trabalhando em excesso de temperatura.


Excesso de temperatura por excesso de atrito interno por má lubrificação devido a um óleo de viscosidade inadequada para a temperatura ambiente típica do Brasil. 


Simples assim.


Por mais que tentem distorcer meus argumentos, é impossível distorcer os fatos e as leis da Física.


Um abraço aos leitores amigos e aos críticos sinceros deste blog, e em especial ao leitor e filósofo John Locke, que defendeu o blog lá no fórum da crítica, sem obter resposta.


Fiquei contente por ele ter postado lá as tabelas que obrigariam o autor da crítica a entrar em detalhes espinhosos — se este estivesse disposto a esclarecer o assunto e não apenas a tentar desqualificar as informações apresentadas aqui.

E também agradeço ao leitor Daniel Wippel que havia me informado sobre as tabelas técnicas de viscosidade lá da Viscopedia por outro motivo, e elas acabaram sendo muito úteis para esta série de postagens.

A postagem de amanhã trará um exemplo muito concreto da prática comum das montadoras de oferecer orientações confusas sobre o óleo do motor.

Não faz parte da série em resposta à crítica, mas o assunto é correlato.

Até a próxima,

Jeff

23 comentários:

  1. Opa Jeff, eu mais uma vez. Esses dias andei estudando(tentando) sobre a parte de viscosidade de fluidos. O problema é que o buraco é bem mais embaixo pois são necessários alguns conhecimentos da mecânica dos fluidos (o que não é nada fácil). Resumindo, me parece que há outra pegadinha agora nos fabricantes de lubrificantes pois veja só. Existem 2 unidade de medida de viscosidade, a dinâmica (Cp ou centipoise) e a cinemática (cSt ou centistoke). A cinemática é obtida pela divisão da dinâmica pela densidade. Acontece que pelo que andei vendo a medida de densidade me pareceu diferente em diferentes fabricantes de óleo. Fiquei meio confuso com isso, me corrija se estiver errado. Será que além da sacanagem das fabricantes de autos temos ainda sacanagem com os fabricantes de óleo? Estamos perdidos...

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    1. Olá, Takashi
      Bem, digamos que a indústria do petróleo e a indústria automotiva se criaram juntas na mesma escola...

      Vi dados técnicos de óleos que são famosos pela ruindade com características de viscosidade na ficha técnica que os colocariam entre os melhores do mercado... mas na prática os dados reais contradizem a informação.

      Agora que os russos deram a ideia daquele teste prático muito fácil e barato de se fazer, sem precisar de laboratório, estou programando fazer testes semelhantes comparando óleos de marcas específicas para ver se os dados informados batem com o comportamento real dos óleos.

      Por que se as esferas de aço se comportarem de maneira diferente dentro de tubos de mesma dimensão contendo óleos de mesma viscosidade, e uma das marcas se comportar muito pior do que as outras, fica fácil de provar se está havendo uma enganação, e de maneira incontestável.

      Só preciso encontrar os tubos e esferas na medida certa, o óleo é a parte mais fácil.

      Um abraço,
      Jeff

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  2. Obrigado por mais essa excelentíssima explicação!
    Quando vc comentou sobre o gradiente de temperatura na postagem anterior me lembrei das aulas de termodinâmica da faculdade e tudo fez sentido. Eu tava com a ideia nessa linha de raciocínio mas não tinha certeza.

    Sobre os testes, se fizer um apoia.se eu ajudo a contribuir na compra dos equipamentos!

    E por último. Uma de suas respostas foi assim:
    "Só passei a usar 25W-60 quando a moto atingiu uma quilometragem onde em que o motor começou a dar sinais de cansaço.
    E se eu soubesse antes o que descobri esta noite (varei a madrugada escrevendo), teria começado a usar óleo 60 desde o começo.
    A postagem de sexta-feira vai abalar geral.
    Até mais,
    Jeff ".

    O que vc descobriu? Se tem relação com a postagem de hoje confesso que não encontrei.

    Abraços!

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    1. Olá, Daniel!
      Olá, Dnaiel!
      Obrigado!

      Nessa área de lubrificação de motores, tem gente que complica justamente porque vive à custa disso e não se importa com os outros.

      Tenho um ditado para mim:
      "A vida é simples, a gente é que complica."

      Funciona do dia a dia, mas nesse caso específico, faço questão de não estar entre essa gente que complica.

      Sobre o 25W-60, tem relação sim, mas esta postagem foi escrita antes.

      Vou dar uma dica para você ficar ainda mais curioso:

      O título da postagem é:

      "Motor projetado para usar óleo 30 não pode usar óleo 50? Então avisa a *** que ela não está sabendo...

      *** = renomada fabricante de carros e motos

      Hehehe...

      Mas a postagem de hoje é sobre uma renomada fabricante de autos que servirá de aperitivo para o que vem amanhã.

      Sobre abalar geral, olha, como diria o presidente Garret Walker, está difícil competir com Brasília...

      Um abraço,

      Jeff

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    2. Manda um abraço para o Dnaiel também! :)))

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  3. Jeff, primeiro, parabéns pelas últimas postagens. É uma verdadeira aula sobre óleos lubrificantes. Só não entende quem não quer.
    Segundo, acho que a maioria das pessoas, pelo que pude ver, confundem o que significa a viscosidade antes do "W". Essa viscosidade não tem nada a ver com a "partida a frio", e sim com a temperatura ambiente (e consequentemente do motor) quando da partida, no inverno. E esse inverno é inverno mesmo, temperaturas abaixo de zero ou muito próximas a ele.
    Nas condições climáticas de inverno (temperatura próxima ou abaixo de zero grau) o óleo vai ter a viscosidade expressa antes do "W", mas me parece que o pessoal acha que é a viscosidade da partida a frio do motor.
    No nosso clima quente, os motores quando dão "partida a frio" terão a temperatura ambiente, e o óleo terá a viscosidade expressa pelos valores que estão depois do "W" dos óleos multiviscosos. Por isso, como você faz questão de frisar, que para nossa temperatura não importa o que vem antes do "W".
    Acho que é só isso :)
    Um grande abraço.

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    1. Olá, Luiz!

      É exatamente isso.

      Como aqueles vídeos russos mostram, o óleo "encorpa", ou seja aumenta sua viscosidade ou, se preferir, ele diminui sua capacidade de fluir.

      A classificação SAE é confusa por causa disso, ela dá uma ideia de como os óleos se comportam com base em situações que não vivenciamos em nosso país.

      O óleo sempre tem o comportamento com que sai da embalagem.

      Nós nunca vemos o óleo com a viscosidade 50 em si porque ela só ocorre a 100°.

      A viscosidade em si que nós vemos na hora em que abrimos a embalagem num dia normal é o comportamento de um óleo que recebeu a classificação 50 em um teste de laboratório sob condições controladas a exatos 100°C.

      Se você abrir uma embalagem do mesmo óleo 20W-50 em um dia de geada você vê o comportamento de um óleo que tivesse classificação SAE 20 quando medido a 100°C.

      É por isso que digo, para nós a classificação de um óleo ser 0W ou 20W não é significativa, nossas motos dão partida em dia de geada, não dão?

      Se realmente os dutos de óleo foram estreitados nos novos motores, eles teriam de ser tão absurdamente estreitos para impedir a passagem de um óleo como o 20W-50 que não permitiriam um fluxo de óleo suficiente para resfriar o cabeçote e roubar calor das partes mais quentes do motor.

      O mito de que os valores da classificação SAE seriam a temperatura em graus celsius durante a partida a frio foi muito divulgado, e um dos principais divulgadores foi o Geraldo Tite Simões, um cara que é mestre em motociclismo e que eu francamente sempre admirei.

      Avisei ele por e-mail sobre o erro de sua postagem replicada centenas de vezes na internet.

      Em vez de resolver o problema que ele mesmo criou, ele pediu para que EU solicitasse uma errata sobre a matéria que ELE escreveu no primeiro site que divulgou o assunto.

      Ora, não tenho como fazer isso, essa atitude deveria partir única e exclusivamente dele.

      O correto seria ele mesmo fazer uma nova postagem esclarecendo o engano e encaminhar para ampla divulgação.

      Somente assim ela ganharia a mesma repercussão que teve.

      Mas não posso obrigá-lo a fazer isso, então continuo minha batalha cada vez menos solitária para que a coisa seja entendida como ela realmente é e as pessoas pensem a respeito e tenham condições de distinguir afirmações e propagandas enganosas que custam caro no bolso de um povo já tão sacrificado que batalha o ano inteiro para sustentar uma máquina de governo corrupta e ineficiente há 517 anos.

      Um abraço,

      Jeff

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  4. A viscosidade cinemática influencia muito na qualidade de um óleo? Andei pesquisando e o que era mais viscoso a 100 graus foi o lubrax 20w-50 com 20,3 em (cst).
    Quanto mais viscoso a 100 graus melhor é a proteção para o motor?
    E quanto ao índice de viscosidade? Já ouvir dizer que quanto maior melhor é o óleo.
    Essas características tem algum aumento significativo na vida útil do motor ou é insignificante?
    Gosto de tirar minhas dúvidas já que você é um guru quando o assunto é óleo. (Risos)
    Um abraço

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    1. Olá, Maicon!

      Guru? Obrigado! Me senti um iaque agora... (Zootopia) Queria ter aquela memória de elefante...

      Dentro dos limites aceitáveis de trabalho do motor, quanto maior a viscosidade, melhor a proteção oferecida pelo óleo.

      Claro que não dá para colocar um óleo que mais parece uma graxa líquida, porque não foi fabricado para uso em motores e aí a bomba de óleo não terá capacidade de empurrar essa gosma, e ela não protegerá o motor.

      Mas em nosso país todos os óleos fabricados para uso em motores estão dentro dos limites de bombeabilidade tanto na viscosidade a quente, que é aquela que todo mundo interpreta como sendo a que a gente vê quando abre a embalagem, quanto na viscosidade em baixa temperatura indicada pelo W.

      Essa questão é crítica em países onde neva, porque o óleo fica espesso com a diminuição da temperatura, e aí a viscosidade a frio para a partida é fundamental na escolha do óleo.

      Felizmente para nós, não existe essa necessidade de se preocupar, nosso clima só se aproxima do extremo máximo, muito raramente do mínimo.

      Aí você vai me perguntar, então eu posso colocar um óleo "grosso" de alta viscosidade 25W-60 em um motor zero quilômetro projetado para usar óleo 10W-30?

      Espero responder essa pergunta na postagem de amanhã, tem informações muito interessantes sobre isso.

      Um abraço, e obrigado por acompanhar o blog.

      Jeff

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    2. E acabei esquecendo de responder sua pergunta:

      Viscosidade cinemática e índice de viscosidade são critérios diferentes para avaliar a mesma propriedade de um óleo.

      Então os índices caminham juntos — se um aumenta, o outro também.

      Então desde que você avalie óleos diferentes pelo mesmo critério, os resultados serão proporcionais desde que as informações fornecidas sejam confiáveis.

      Nas minhas pesquisas encontrei disparidades muito estranhas entre a viscosidade informada e a experiência prática com o óleo, estou programando alguns testes para tentar descobrir o que pode estar acontecendo.

      Eu novamente!

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  5. Se Itália, Espanha e Egito tem temperatura quentes, imagina aqui no Rio de Janeiro... É extremamente quente, abafado e nunca neva... sim, na Itália cai neve, na Espanha cai neve e no Egito às vezes neva...
    Aqui no Rio quando chega este período de temperaturas amenas, como a de hoje, com 23,6°C as 22:08h, eu curto muito e digo que Graças a Deus o homem lá de cima ligou um pouco o ar-condicionado e desligou o maçarico...
    Desde que mudei o óleo do meu Corsa de 5W30 para 10W40, é só alegria, o motor mais suave e trabalhando em temperaturas mais baixas... o meu Corsa tem um indicador de temperatura variável e sei exatamente o que está ocorrendo no motor, não é uma luzinha amarela que acende quando o motor já ferveu e foi pro espaço. Aliás, o que o Jeff nos ensina é as sacanagens que as indústrias automobilísticas fazem conosco, retirando diversos ítens super importantes com o argumento de modernidade, incluindo aí o óleo mais fino e mais caro, pois assim gera mais manutenção e a economia circula num perverso círculo vicioso (pra mim é uma desenfreada corrupção ética, moral e econômica).
    Abração.

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    1. Olá, José, eu de novo também!
      Como chegaram vários comentários ao mesmo tempo sobre postagens diversas, acabei pulando esta e publicando e respondendo somente a segunda sem notar o eu de novo...
      Bom saber dessa sua experiência com o óleo 10W-40 no seu carro!
      Só por curiosidade, o que diz o manual dele? Tem tabela de viscosidades x temperatura ambiente? Conferi a do Celta 2014 (escolhi um ano ao acaso) e não tem.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Meu Corsa é Spirit Sedan Flexível, 1.0, 2008/2009, sendo que o manual não apresenta tabela de viscosidade/temperatura ambiente, mas fala em "uso severo" com anda e para do tráfego, percursos curtos com até 6 km, estrada de poeira e areia, onde o óleo deve ser trocado a cada 5000km ou 6 meses. Nas condições não severas, o óleo pode ser trocado a cada 10000km ou um ano.
      Informa que o motor sai de fabrica com o óleo 5W30 especificação SJ.
      O manual aponta que os óleos indicados são com as seguintes viscosidades, 5W30, 15W40, 20W40 e 20W50. Devendo a classificação ser igual ou superior a API-SJ.
      O manual também considera normal o consumo de até 0,8 litro de óleo em cada 1000km rodados. Porém noto que o carro não consome óleo, pois ao verificar o nível com 5000km rodados, está próximo ao nível máximo.

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    3. O motor é FLEX e não flexível como o corretor ortográfico indevidamente alterou.

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    4. Acredito que todo motor deva consumir um pouco de óleo, senão o interior dos cilindros não seriam minimamente lubrificados gerando desgaste acentuado precocemente. Será que um 20w50 não deixaria essa parte sem óleo?

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    5. Obrigado pelas informações, José Carlos! Estou trabalhando nelas e em breve sairá uma postagem sobre a gm!

      Olá, Takashi!

      Se uma parte do motor não é lubrificada, o motor acaba fundido em curto prazo. Em 7 anos os sintomas de um desgaste acelerado de qualquer componente já teria aparecido há tempos.

      O motivo do consumo de óleo de um motor de carro bem lubrificado ser desprezível é a viscosidade correta, note que 20W-50 era recomendado no manual em 2008/2009.

      Consumo existe, mas é reduzido a um mínimo. Além disso, o cárter dos carros é grande, pequenos consumos mal são notados na vareta.

      E sua dúvida sobre o óleo mais viscoso não conseguir atingir as peças será respondida na postagem de hoje à noite.

      Um abraço,
      Jeff

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  6. Como diz o Jeff... Eu de novo...
    Será que algum dia vai ser possível acabar com a farra das montadoras nos inserindo óleos inadequados ao nosso clima quente para caramba? E ainda por cima nos ameaçando de perda de garantia por motivo de usar um óleo que eles não indicaram? Nos culpando de negligência, visto o motor ter fundido por nossa culpa? Ou mesmo que a baixa durabilidade é devido a nossa negligência?
    Mesmo tendo um monte de mecânicos identificando motores destruídos com menos de 40.000Km? E esses mecânicos ainda acham normal dizendo que os motores atuais duram pouco mesmo... E agora? O que fazer? Santo Jeff já está fazendo, nos alertando sobre isso. Parabéns Jeff e que Deus sempre te abençõe.

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    1. Ai, meu Deus... o José Carlos está me canonizando... sou santo não!

      Pelo menos, não ainda... hehehe...

      Não acredito que deixem de fazer essa prática nunca, é muito lucro envolvido.

      A menos que apareça uma lava-jato que coloque as coisas a limpo apurando as denúncias feitas aqui.

      Então, depois que a poeira abaixar, começam de novo.

      Mais fácil que acabar com a farra é alguém me canhonizar primeiro ;)

      Toda boa causa precisa de um mártir.

      Um abraço,

      Jeff

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  7. Otimo post Jeff... valeu a pena tirar alguns minutos do dia para ler.
    Inagino a cara do otário que tentou te desqualificar... lendo td que vc postou e falando:
    "Fudeu :("
    Jkkkk seria impagavel.

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    1. Seria legal, sim, mas duvido que ele tenha lido. O cara não é pago pra isso...

      Sobre toda essa história, o leitor Takashi que comentou acima tem novidades interessantes. Depois de ler a postagem sobre a bmw passando a usar óleo 10W-60 em motores onde recomendava 5W-30, mas estavam fundindo muito cedo, ele se animou a experimentar óleo 25W-60 no motor do carro dele.
      Disseram que era loucura, mas o que ele constatou foi que o consumo de óleo diminuiu, o motor passou a girar mais silencioso, e o consumo de combustível diminuiu. O que põe por terra toda a argumentação usada de que óleos finos são necessários para diminuir o consumo de combustível...

      Logo você chegará nas duas postagens sobre a bmw. Já os comentário da experiência do Takashi com o óleo 25W-60 ele fez na postagem:

      https://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br/2015/06/esqueca-as-mentiras-sobre-o-oleo-e-faca.html

      Um abraço,
      Jeff

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    2. Ah, é... a temperatura de trabalho do motor também diminuiu.

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  8. Não so vou ler mas tbem vou compartilhar no face...
    pse ae o pessoal vendo na pratica as informacoes que vc passa aqui...
    depois em um e-mail separado vou lhe mandar alguns videos de alguns assuntos que acharia pertinente voce aanalisar...
    so eu terminar de ler todas as postagens kkkk

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