quinta-feira, 2 de março de 2017

Tem problema esquentar a moto no cavalete lateral?

Tem problema esquentar a moto no cavalete lateral?

Tem sim.

Um problemão.

O motor foi projetado para funcionar a maior parte do tempo na vertical, inclinando somente nas curvas por períodos curtíssimos.

Quando ele fica trabalhando inclinado, aparece uma força lateral do peso do pistão, biela e do próprio virabrequim contra o cilindro e os mancais.

Isso some com a folga lateral e permite o contato direto do pistão com o cilindro, causando marcas e desgaste localizado... 

Quanto mais marcas e desgaste, mais cedo seu motor irá para a retífica.

Dá uma olhada neste cilindro marcado mostrado em uma endoscopia feita pelo Furlani no vídeo abaixo.

A imagem aparece a partir de 14:30.
Imagem: Endoscopia do vídeo do Furlani em https://www.youtube.com/watch?v=xDxrOPTamuk

Essa raia esbranquiçada não deveria estar ali.

O Furlani não fala mas, para mim, ela foi causada pelo atrito lateral do pistão durante aquecimentos com a moto apoiada no cavalete lateral.

Se o aquecimento fosse sempre feito com o motor na vertical, não haveria atrito especificamente nessa região e o cilindro não tenderia a se desgastar localmente.

Pelo menos, não tão rapidamente, porque desgaste pelo funcionamento normal é inevitável.

As marcas de desgaste e desvios da geometria do círculo do cilindro são critérios fundamentais para definir a necessidade de retífica.

O vídeo inteiro você pode assistir abaixo:


Então não faça como um monte de "entendidos de mecânica" que postam vídeos na internet...

Eles mostram as motos se aquecendo no cavalete lateral durante longos cinco minutos... não sabem a burrada que estão fazendo.

Se a sua moto não tem cavalete central, sente-se nela e aguarde o motor se aquecer antes de sair acelerando.

Só não faça isso por tempo excessivo, cinco minutos é um limite máximo, mais do que isso o cabeçote pode sofrer empenamento por excesso de calor devido à falta de um fluxo de ar para equalizar as temperaturas.

E ao sair rodando, vá na boa por vários quilômetros.

Somente exija o motor depois de rodar sem forçar por cerca de dez minutos.

Aproveite esse tempo do aquecimento para conversar com a menina, saber se está tudo bem com ela...

Pergunte se ela está gostando das trocas de óleo, se ela preferiria trocar o óleo com mais frequência... 

Faça sua parte com empenho, motos gostam e retribuem o carinho que recebem...

Ter intimidade com sua moto será bom para ela e melhor para você. Não sei porque, mas esta postagem ficou meio esquisita.

Abração,

Jeff

25 comentários:

  1. Então esse desgaste não seria um problema crônico nos motores boxer?

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    1. Olá, McGyver!
      Esse desgaste é crônico nos motores boxer, eles se ovalizam muito mais rapidamente.
      Mas o projeto já prevê isso. Uma coisa que muito pouca gente sabe é que os cilindros são perfeitamente redondos, mas os pistões são fabricados com formato oval. A diferença é de frações de milímetros, mas todo pistão tem um eixo maior e um eixo menor.
      Eles são fabricados assim para compensar a dilatação diferenciada no sentido do eixo do pistão e no sentido transversal, e os pistões de motor boxer como o vw a ar, porsche, honda Gold Wing são ainda mais ovalizados já prevendo a condição de trabalho na horizontal.
      Abração,
      Jeff

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  2. Nossa Jeff, costumo colocar a moto para esquentar justamente no cavalete lateral. Dou até umas aceleradas para dar um pega. Infelizmente, boa parte dos consumidores (99% sem medo) se prejudicam com esses detalhes. Detalhes esses que as montadoras não especificam. Na verdade, as motos deveriam vir com cavalete central, afinal de contas, facilita para tudo... Mas não, cabe a nós descobrirmos isso tudo...

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    1. Olá, Danilo!
      Essas informações vinham no manual do proprietário das motos de antigamente... se não me engano, o manual da minha CG 1978 dava essa informação e também a de que não se deve sentar na moto sobre qualquer um dos cavaletes. Hoje em dia essas informações não são mais repassadas porque... sei lá, eles devem ter um motivo, né?
      Abração,
      Jeff

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    2. Ja tive problemas por causa da contaminação do oleo e pra min é lei(uma delas) nao acelerar nesse momento. Eu sento nela conto ate 120(menos 1, menos 2, menos 3) da no maximo 3 minutos e muitas vezes antes mesmo de chegar a 120 a motoca ja da aquele "sinal" de pronta.

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    3. Você nota que a rotação do motor aumenta, mas o motor ainda não está completamente aquecido.
      O cilindro, o cárter, as engrenagens e eixos do câmbio continuam frios, o cabeçote ainda não equalizou as temperaturas, todas as peças vão girar com folgas fora da especificação de projeto. O aquecimento verdadeiro, quando o motor está todo ele plenamente na temperatura de trabalho, só chega depois de uns 15 minutos de rodagem tranquila. Eu observava muito isso quando saía para viajar e o motor só rendia o esperado depois de uns 20 km.
      Por isso que quem roda nessa faixa pela manhã e à tarde consome mais óleo e precisa fazer a troca com mais frequência. Rodando frio as folgas inadequadas e a pior condição de queima do combustível permitem maior contaminação do lubrificante.
      Abração,
      Jeff

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    4. Deve ser por esse motivo que ao ligar o motor frio da minha moto, e vou dar aquela ''acelerada parada'' o motor parece que pipoca um pouco mais...como se estivesse sendo forçado, apenas melhorando depois e uns 5 min.

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    5. Donos de bmw reclamam muito dos barulhos estranhos que a moto faz quando funciona no cavalete lateral. Os engenheiros sabem que isso é prejudicial, mas ninguém fala nada porque é problema do dono...
      Abração,
      Jeff

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    6. Sim sim foi justamente por conta dessa contaminação que acabei parando por aqui rs lembrando que na ida ou volta faço só 7 km, mas muitos dos meus problemas acabaram so por colocar o 20w50, 1,2 litro de oleo e a tal ligadinha antes de sair, quando fico umas 3 pra 4 hrs sem usar ela tambem faco isso e o ouvido treinado me avisa quando ja esta bom porque é bem mais rapido a tal "aquecida"... com toda essa historia me fez ter uma duvida: se a moto no cavalete lateral da merda e em outra posiçoes? Por exemplo uma inclinaçao pra frente ou pra tras?

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    7. Boa pergunta...
      Geralmente o cilindro é inclinado 15° para a frente, se a moto ficar inclinada para trás, elimina essa inclinação, e se ficar inclinada para frente irá aumentá-la. Tendo a pensar que inclinada para frente seja uma situação pouquinha coisa pior. Mas a situação é mais grave no cavalete lateral porque existe a folga lateral da biela. O pino do pistão sempre é paralelo ao virabrequim, então a folga não se manifesta em inclinações para a frente ou para trás, apenas nas inclinações para os lados, particularmente o lado esquerdo do cavalete lateral, já que ninguém calça a moto para ela ficar esquentando inclinada para o lado direito... depois dessa vou dormir, porque foi um pensamento bizarro demais.
      Abração,
      Jeff

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    8. as vezes eu uso a intruder 1 vez por semana.dá pra notar muito que ela demora pra ficar ideal para andar. imagine isso num automóvel! as pessoas não tem o costume de aquecer os carros. alguns clientes meus deixam o veiculo parado mais de 1 semana, alguns 1 mês inteiro (aí levam as baterias lá na oficina para carregar...).

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    9. Nas motos deixá-las paradas por muito tempo causa oxidação dos contatos dos interruptores. Semana passada Jezebel não deu nem sinal de partida, como o painel acendeu eu pensei que pudesse ser o relé, mas foi só aplicar spray anticorrosivo nos interruptores do guidão que o problema desapareceu.
      Abração,
      Jeff

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  3. La Mecafilia es una orientación sexual poco conocida que se caracteriza por el exacerbado amor y atracción sexual por las máquinas, como las bicicletas, MOTOS, autos, e incluso aviones.

    Quienes padecen Mecafilia, sienten enamoramiento y celos por las máquinas hasta incluso muchos de los afectados han declarado haber mantenido relaciones sexuales con autos, o motos, aunque obviamente la culminación del acto sexual no consiste en lo que conocemos como convencional (penetración), sino que consiste en abrazos y caricias a los vehículos.

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  4. Ainda bem que DESSA tara eu não padeço.
    Meu relacionamento com Jezebel é puramente platônico.
    E embreageônico.
    Uma saudação a uma distância prudente ;)
    Jeff

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    1. Bom, no máximo um cafuné na Jezebel... será que isso conta?

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    2. Um Cruzamentozinho alí, uma Mecafiliazinha acolá... Tá lôco meu. Kkkkkkk
      Haja emoção!
      Abração a todos.

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    3. Hehehehehe...
      Só doido mesmo para andar de moto... quem tem juízo anda de carro... e não sabe o que é diversão.
      Abração,
      Jeff

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    4. Essa conversa esta "esquentando" kkkk
      (\____/)
      ( ͡ ⚫͜ ʖ͡⚫
      \ 👉 \ 👉

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    5. A relação com as motos é completamente irracional. A única coisa que justifica é sentir prazer no processo. kkkkk

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    6. É bem por aí.
      Nada como uma tarazinha saudável como essa.
      Um abraço,
      Jeff

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  5. Jeff, poderia me esclarecer uma dúvida?

    Eu possuo uma Yamaha Tenere 250 2016. No manual do proprietário a fabricante recomenda a utilização do óleo Yamalube ou superior com as seguintes especificações: SAE 10W-40, 20W-40 ou 20W-50, Tipo SL de Serviço API ou superior, norma JASO MA.

    Como eu discordo que o óleo mineral recomendado (Yamalube 20W-50) seja incapaz de suprir a demanda de troca a cada 5000km conforme proposto pela Yamaha, quero utilizar um óleo de melhor qualidade. Pesquisando um pouco eu encontrei o óleo Motul 5100 4T 10W-50, com as seguintes especificações: API SG/SH/SJ/SL/SM JASO MA2 M033 MOT113.

    Você sabe me dizer se este óleo pode ser utilizado em minha moto uma vez que a especificação 10W50 ou 15W50 não está descrita no manual mas está entre a faixa?

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    1. Olá, Jefferson! (Parece que estou respondendo para mim mesmo...)
      Vou aproveitar para para esclarecer várias coisas:
      Entendo que sua discordância seja sobre a capacidade (e não incapacidade) do Yamalube mineral chegar aos 5 mil km.
      Essa é a minha opinião, nenhum óleo mineral chega a essa quilometragem, ele já teve significativa redução das características lubrificantes aos 1.500 km.
      Isso não é teoria nem achismo, é observação prática no motor da minha moto. A marcha lenta muda depois da troca de óleo porque o motor voltou a ser bem lubrificado.
      Esclarecido isso, entendo que seu desejo é usar um óleo sintético para atingir essa quilometragem sem perda das características lubrificantes.
      Devido às melhores propriedades de resistência ao calor e à oxidação, o óleo sintético consegue isso, mas leia até o final.
      Uma finalidade importantíssima do óleo lubrificante é remover os resíduos de desgaste do motor. Todo motor em funcionamento, por melhor que seja o óleo, gera uma poeira metálica do desgaste das peças.
      Nenhum filtro é 100% eficiente. Ele só consegue reter o pó metálico maior que o espaçamento dos poros ou vãos do papel / tela de filtragem.
      As partículas menores passam pelo filtro e continuam circulando no motor junto com o óleo.
      Acabam atuando como uma lixa dentro do motor. Quanto mais velho o óleo, maior a proporção de pós metálicos e contaminantes, melhor a eficiência da lixa em desgastar o motor.
      Os fabricantes recomendam altas quilometragens para a troca porque dizer que a moto gera economia nas trocas de óleo é um ótimo argumento de vendas.
      Mas ninguém fala que isso fará o motor durar menos do que poderia.
      As fabricantes dizem que testes exaustivos feitos por eles comprovam os benefícios do óleo recomendado por eles, e isso pode até ser verdade, dependendo do óleo recomendado.
      Mas pode reparar, nenhuma fabricante fala uma palavrinha sequer a respeito dos benefícios de se fazer a troca com alta quilometragem, porque seria mentira.
      Os testes provam bons resultados?
      A pergunta que faço é:
      Bons resultados para quem?
      Conheço proprietários de motos com centenas de milhares de quilômetros. O recordista chegou a 300 mil km antes de fazer o motor, é o Coiote lá de Campo Grande MS que conheci em Floripa.
      O pessoal fica feliz de chegar a 100 mil km, e muitos não chegam nem a 40 mil km.
      No caso das yamaha, a média é melhor por causa da tecnologia de revestimento do cilindro com nikasil, praticamente uma vitrificação.
      Mas as engrenagens do câmbio não são vitrificadas, continuam se desgastando e gerando pó metálico.
      Então a meta de atingir 5 mil km é possível para o óleo sintético, mas não é recomendável por outros fatores, fatores que as fabricantes não comentam.
      Quanto à viscosidade do óleo, não há problema algum em substituir um óleo 20W-50 por outro 10W-50 ou 15W-50.
      50 é a viscosidade de trabalho em alta temperatura, aquela que é importante para a vida útil do motor.
      10W, 15W e 20W se referem à viscosidade do óleo em temperaturas medidas abaixo de zero. Significa que com o motor frio, um óleo 10W fluirá mais rápido que um óleo 20W — ou seja, esse óleo 50 se comportaria como um óleo 10 (não W) ou um óleo 20 (não W) em temperaturas de congelamento.
      Mas essa condição é muito rara no Brasil, então na prática 10W, 15W e 20W são equivalentes.
      Sobre a qualidade dos óleos, o Yamalube e o Motul 3000 rosado da refinaria francesa (não o amarelo da refinaria espanhola) são os melhores óleos minerais que conheço. Nunca usei semissintéticos ou sintéticos para dar opinião.
      Mas independente do fato de ser mineral, semi ou sintético, nunca usaria qualquer um deles por uma quilometragem tão longa quanto a recomendada pelas fabricantes.
      Em uma moto esfriada a ar, 1.000 km está bom para um óleo mineral e 2.000 km seria o máximo que eu usaria um óleo sintético.
      No caso de sua Ténéré esfriada a água, esses limites podem ser um pouco maiores, mas eu ficaria de olho no estado desse óleo sintético bem antes de chegar a 5 mil km para não ter uma surpresa desagradável depois de tanto tempo.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Jeff, perdão pelo erro ortográfico, eu realmente quis questionar a capacidade e não a incapacidade. Quanto ao óleo, sempre utilizei o Yamalube 20W-50 (mesmo a concessionária insistindo pra eu eu utilizar aquela água que eles chamam de 10W-30 semissintético), sempre trocando o filtro de óleo a cada troca (1000-1500km). Fazendo as contas na ponta do lápis, achei que seria mais vantajoso esticar a troca do óleo utilizando um sintético, mas no fim das contas o custo será o mesmo.

      Em resumo, vou manter o meu padrão de trocas a cada 1000-1500km juntamente com o filtro de óleo. Creio que com estes cuidados terei motor por muito tempo. Graças ao seu blog aprendi muita coisa interessante sobre lubrificação e pensamento crítico quanto a verdades absolutas.

      Obrigado pela excelente explicação!

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    3. Magina, Xará!
      Não precisa pedir perdão não... só esclareci porque muita gente irá ler o seu comentário, então quis evitar mal entendidos.
      Sua concessionária yamaha recomendar um óleo que a yamaha não recomenda e que está acabando com a imagem da honda (mas fazendo a felicidade dos departamentos de oficina e venda de peças das concessionárias) é sintomático da falta de seriedade e profissionalismo desse mercado.
      Concessionárias DEVEM cumprir rigorosamente as especificações das fábricas, é inimaginável que estejam oferecendo um produto que nem a fabricante bota a mão no fogo...
      Com que autoridade fazem isso? Como a fábrica permite que façam isso? Seria caso para descredenciamento... proibir essa concessionária de continuar falando bobagem em nome da yamaha.
      Sobre seu email para contato, optei por não publicá-lo, de repente você começa a receber propagandas de empresas que caçam endereços de email na internet, têm até bots para isso.
      Mas o contato pode ser feito nos meus endereços jefferson.tradutor@gmail.com ou jefferson.tradutor@hotmail.com
      Abração,
      Jeff

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    4. Retificando algumas informações sobre o comentário acima:
      O meu xará me lembrou que a Ténéré 250 é arrefecida a ar e óleo, é o mesmo motor da Fazer... eu escrevi com a 660 na cabeça.
      E ele me avisou que a concessionária não recomendou o 10W-30 não, foi o semissintético 10W-40 que a yamaha passou a autorizar.
      Então foi só um mal entendido, não é caso para descredenciamento.
      Eu de novo,
      Jeff do blog

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