sexta-feira, 10 de junho de 2016

O desrespeito a regras de trânsito simples e suas consequências

Atualizando as informações de ontem, acabei de ver no noticiário de hoje à tarde duas informações novas e relevantes sobre as causas do acidente da Mogi-Bertioga.

Na mochila de uma das vítimas teria sido encontrado um abaixo-assinado que os alunos pretendiam circular pedindo o afastamento de motoristas da empresa que eles avaliavam colocar suas vidas em risco.

Reportagem: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2016/06/abaixo-assinado-contra-motorista-e-encontrado-em-mochila-de-vitima.html

Ou seja, os estudantes não se sentiam seguros em descer a serra na velocidade habitual praticada pelos motoristas.

Não respeitar a velocidade máxima permitida, eis o primeiro desrespeito a uma regra de trânsito simples.

Mas apareceu outra informação nova:

O motorista de um carro deu uma entrevista, ele esteve envolvido no acidente...

Ele descia a serra em velocidade compatível quando viu os faróis do ônibus crescendo atrás dele, chegando muito perto.

Talvez a segunda regra de trânsito simples descumprida, o ônibus não teria mantido uma distância de segurança do veículo à frente.

O motorista do carro relatou que, pressionado, diminuiu a velocidade para facilitar a ultrapassagem...

Nesse momento o ônibus resvalou contra o canto traseiro esquerdo do carro e seguiu desgovernado, se inclinando para um lado e para outro até que finalmente tombou contra a pedra.

Ônibus e caminhões mudando de faixa bruscamente podem perder o controle devido ao centro de gravidade muito alto em relação ao solo.



Terceira regra de trânsito simples desrespeitada: ao ser ultrapassado, manter a velocidade constante — nunca acelerar, tampouco desacelerar.

Três fatores que somados podem explicar o acidente de ontem.


Três regras simples que as pessoas costumam ignorar porque não veem problema nisso.

Até que aconteça uma desgraça.

Ontem havia relatos de que o motorista teria alertado a falta de freios do ônibus, um sobrevivente relatou que o ônibus fez 6 a 8 curvas sem controle

Aquilo que o sobrevivente interpretou como curvas podem ter sido o que vimos no filme acima.

Uma série de fatores podem ter se somado para a tragédia.

Mas o fator final, a gota que transbordou o copo, parece ter sido a redução de velocidade do carro na ingênua tentativa de facilitar a ultrapassagem... algo previsto ccom uma proibição no código de trânsito.

Nada do que eu digo aqui é novidade.

Tudo está escrito naquele livrinho chato que todo mundo é obrigado a ler (e nem todos prestam atenção) no manual de formação de condutores das autoescolas.

Um livrinho que deveria ser levado mais a sério por todo mundo.

Um abraço,

Jeff

2 comentários:

  1. Jeff, quando você afirma que o CTB proíbe a facilitação de uma ultrapassagem, você tem certeza? Poderia me apontar onde? Pelo que verifiquei ele afirma que não se deve acelerar, mas não diz nada quanto a reduzir, que acredito que seja aconselhável para facilitar a ultrapassagem evitando riscos. Eu entendo que a redução da velocidade pode ter causado um erro no cálculo por parte do motorista do ônibus que poderia estar sofrendo com falhas mecânicas, porém até onde vi não é proibido pelo CTB a redução de velocidade visando a facilitação na ultrapassagem.

    Artigo 30

    Capítulo III - DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA
    Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:

    I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;

    II - se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.

    Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre si para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança.

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    1. Olá, Caio!
      Realmente não encontrei referência a isso no novo CTB, mas fui habilitado pelo antigo, e me lembro que havia essa regra.

      Expressava claramente que o veículo ultrapassado não deveria nem aumentar nem diminuir a velocidade, justamente para evitar que sua mudança de atitude surpreendesse os demais condutores.

      Uma redução de velocidade do carro sendo ultrapassado poderia coincidir com a decisão do outro motorista de abortar a ultrapassagem, e se ambos reduzem ao mesmo tempo, a situação se complica para o condutor que tenta a ultrapassagem, que deixa de ter espaço para se encaixar à direita — o resultado pode ser uma colisão frontal ou múltipla.

      Parece que ao elaborar o novo CTB o pessoal não considerou detalhes como esse.

      Em todo caso, deve prevalecer o bom senso.

      No caso desse acidente, aparentemente o motorista do carro não percebeu que o ônibus estava com problemas mecânicos e agiu da maneira que pensou ser a mais adequada, infelizmente talvez não tenha sido a melhor opção.

      Ou talvez isso não interferiu para o resultado, nunca saberemos.
      Um abraço,
      Jeff

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