Eu já tinha subido a serra pela BR-282, que é caminho para Urubici/São Joaquim/Serra do Rio do Rastro, uma das melhores estradas do mundo para se rodar de moto, mas não tinha ido muito longe porque começou a chover e eu ia acabar terminando o percurso à noite, o que não é recomendável.
Mas
E lá fomos nós por esta estradinha linda acima, três e meia da manhã, estrada praticamente só para nós, quando chegamos numa curva maravilhosa e demos de cara com um representante da fauna local.
Não foi um leão-baio (como é chamada nesta região a suçuarana, onça parda ou puma vista recentemente na fota acima — aliás, na mesma estrada).
Mas era
Carros e caminhões talvez passassem apenas pelo susto, mas poderiam tentar desviar e perder o controle.
Como ele estava bem no meio da pista, essa situação é muito mais perigosa para uma moto.
Bom, o fato é que parar para remover o corpo do pobre
Consegui desviar com um belo susto, até aí o normal para a situação.
No entanto, ao tentar manobrar para retornar ao local do atropelamento, percebi que eu não tinha domínio da moto.
Quase caí ao fazer o retorno em baixa velocidade; acabei ficando atravessado por alguns instantes na rodovia, tentando juntar forças para não deixar a moto cair e tirá-la dali, pernão para um lado e a moto pro outro.
O que aconteceu foi que eu havia ficado entorpecido pelo frio da serra, sem perceber.
Enquanto pilotava em alta velocidade, a moto se equilibrava sozinha, tudo ia muito bem.
Mas ao diminuir e precisar de maior domínio sobre a moto, eu simplesmente não tinha força suficiente. Remover o animal da pista foi mais difícil do que parecia a princípio.
Esse entorpecimento causado pelo frio é extremamente perigoso. Já havia acontecido comigo há uns muitos anos, ao parar no semáforo não sentia o chão e quase dei de cara com ele.
Como seguir em frente ia me levar para regiões ainda mais frias, aproveitei para contemplar o céu onde a única nuvem era formada por estrelas, recuperei um pouco das forças e voltei até um posto localizado uns 20 km antes, onde me aqueci e pude retomar a jornada para casa.
Só que esses 20 km foram de um sacrifício impensado, a moto parecia reagir de maneira estranha, parei duas vezes para ter certeza de que os pneus não estavam furados.
O problema não estava em Jezebel, e sim na minha preparação inadequada para a viagem (e nos meus vizinhos).
A morte
Há malas que vêm para bem.
Um abraço,
Jeff
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