segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Como funcionam carburador e injeção eletrônica?

Para o combustível queimar bem e causar uma boa explosão na câmara de combustão do motor, ele precisa ser transformado em gotículas gotinhas muito pequenas.

Sabe o borrifo de lata de aerossol? 

Daquele jeito.

A injeção direta faz mais ou menos a mesma coisa que a lata de aerossol, ela pressuriza o combustível e borrifa injeta somente a quantidade necessária para cada ciclo de admissão do motor.


 Imagem adaptada http://autoentusiastas.blogspot.com.br

Ela faz isso de maneira inteligente, usando um computador e um monte de sensores para saber a temperatura do motor, a intensidade da aceleração, a pressão atmosférica, a temperatura do ar... todas as variáveis que podem atrapalhar uma queima perfeita, e calculando a dosagem exata para cada situação.

A válvula de aceleração nada mais é do que um duto de ar com uma válvula-borboleta para controlar o fluxo; o(s) injetor(es) de combustível fica(m) no duto de admissão ou na própria câmara de combustão.

Quando você aciona o acelerador, abre essa válvula, deixando passar mais ar. O computador percebe e ajusta a injeção para a nova situação.


Mas e o carburador, como funciona?

Ele usa o mesmo princípio da lata de aerossol, mas em vez de aumentar a pressão do combustível para gerar um borrifo, ele usa o truque de diminuir a pressão do ar.

Ao provocar essa queda de pressão, o combustível se expande e é borrifado, se misturando com facilidade no ar que vai para dentro do motor, da mesma forma que o spray da lata. 

Como ele faz isso?

Muito simples:

O carburador é um duto com um estrangulamento e uma válvula que controla a passagem de ar.

Ao acionar o acelerador, o cabo puxa o pistonete e a agulha para cima, deixando passar proporcionalmente mais ar e gasolina.

Ao ser obrigado a passar mais rápido pelo estrangulamento (chamado de Venturi, nome do cientista italiano que descobriu esse efeito em 1700 e bolinha), a pressão do ar diminui.


Imagem adaptada de http://fdr.com.br/formacao/mecanica-de-motos-2/sistema-de-mistura-arcombustivel/ e http://www.freewebs.com/elmototaller/carburador.htm

A pressão fica tão baixa que o combustível é sugado (sobe como num canudinho de refrigerante) da cuba do carburador e passa por um orifício calibrado (como aquele da válvula da lata de aerossol).

Encontrando uma pressão extremamente baixa, ele se pulveriza igualzinho ao spray do seu exterminador de insetos.

A cada duas vezes que o pistão desce, ele aspira ar e o carburador dá uma borrifada, são milhares delas por minuto, uma para cada duas rotações do motor (em metade do ciclo o pistão está aspirando e comprimindo a mistura, na outra está explodindo e eliminando os gases de escapamento).

Mas como o carburador compensa aqueles fatores que a injeção eletrônica mede e calcula?

Assunto para a postagem de amanhã.

Um abraço,

Jeff

domingo, 12 de janeiro de 2014

Cortar giro e fazer wheelie estragam o motor da moto?

Sim.

O corte de giro é um recurso de segurança para evitar danificar o motor por excesso de rotação, mas ele não foi projetado para uso constante. 

Aliás, o próprio motor não foi projetado para trabalhar o tempo todo à máxima rotação com velocidade zero.

O corte de giro foi pensado apenas para situações extremas (durante uma ultrapassagem desesperada) ou erro de pilotagem.

São incidentes ocasionais e não algo repetido várias vezes em curto espaço de tempo como ocorre nas manobras do wheelie.

Esse prejuízo para o motor é mostrado em detalhes na nova postagem O que é fundir o motor?



Imagem baseada em http://pt.wikipedia.org/wiki/Wheelie

Além disso, as motos dos profissionais são preparadas para isso, a relação é modificada com grandes coroas para diminuir o esforço sobre o motor, além de peças de desgaste para o atrito com o chão, não são motos comuns iguais à sua.

Tentar fazer isso com motos comuns pode trazer um enorme prejuízo, tanto material como de risco de morte.



Sua moto foi projetada para rodar e não para aguentar esse tipo de coisa.

Quanto ao motor:

O que é preciso entender é que todo motor é projetado para funcionar dentro de uma faixa de trabalho. 


Nessa faixa, os engenheiros consideram que o motor trabalhará a maior parte do tempo a 80% de sua capacidade.


Empinando, fazendo zerinhos, borrachão, etc., você passa a exigir 100% do que o motor pode dar com a moto parada, sem vento para resfriar.


O aumento de temperatura é enorme e o desgaste passa a ser muito mais intenso, o motor não foi projetado para isso.


Todo metal amolece ao ser aquecido, você sabe disso.


E quando as peças do motor amolecem elas se deformam devido ao esforço excessivo para aquela temperatura; isso pode ser suficiente para quebrar válvulas, pistão e biela, e estourar a carcaça do motor.


É por esse motivo que os motores de motos e carros de corrida aguentam poucas centenas, no máximo milhares de quilômetros.


Os profissionais ganham dinheiro por suas apresentações, então podem ralar as motos à vontade porque estão sendo pagos para isso. 


A manobra mais simples do wheelie, empinar a moto, estraga o motor tanto quanto queimar pneu ou fazer zerinhos. Explico em detalhes aqui.


Se você quiser que seu motor dure várias centenas de milhares de quilômetros, não judie de sua companheira cortando giro, empinando, fazendo borrachão e zerinhos.

É a mesma coisa que queimar dinheiro, e ainda tem o risco de você perder o controle da moto e se machucar ou ferir alguém próximo a você.


Durante a manobra ou depois que seu pneu estiver liso e te derrubar no meio do trânsito.

Quanto a você:

Sua cabeça é igual a um coco melão* recheado de geleia de morango; bateu no chão com força suficiente, voa geleia pra todo lado.


Acredite, não é uma visão agradável.


E quebrou o coco melão*, my friend, acabou a brincadeira.

Para sempre.

Enquanto isso, os fabricantes de motos, peças e pneus sorriem felizes.

Um abraço,


Jeff

* Um coco é muito duro e resistente. O melão é a fruta com rigidez mais próxima ao crânio humano. É bem mais fácil de quebrar. Valeu pela dica, Daniel!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Eu reflito em meu reflexo

Jezebel continua indisposta, o que me dá mais tempo para divagar nas viagens diárias de ônibus.

Filosofava eu sobre a incoerência e contradição de fazer postagens recomendando o uso de equipamento de proteção completo, quando eu mesmo piloto apenas de camiseta nos trajetos urbanos e não tão urbanos nos dias derretedores de verão.

Sou motociclista ou o quê?


Estava tentando me enganar e quase me convencendo de que agora, mais experiente, eu não estaria mais tão sujeito a tombos como outrora (foram 12 na juventude e apenas 2 agora na... ahn... com a Jezebel). 

Falei para mim mesmo que eu saberia evitar um acidente, e por isso não estava me arriscando muito ao pilotar sem jaqueta.

Desci do ônibus, almocei, comprei os bagulhos necessários (não os que você pensou) e parei numa loja para perguntar um preço qualquer.

Ao sair da loja confundi o degrau com uma sombra, pisei no desnível como se a calçada fosse plana.

Me desequilibrei, trancei as pernas e jaqueei (do verbo jaquear, cair como uma jaca) na direção da rua bem no momento em que passava um ônibus.

Reflexo herdado da moto, me encolhi para não ir pra baixo da roda traseira do busão, parei quase no meio-fio, encolhidão, pescoço dobrado contra o peito. Mais um pouquinho e eu já era.

Lá se foi minha ilusão de que eu estaria menos sujeito a acidentes porque poderia evitá-los com minha "experiência".

Caí quase parado, feridos só o orgulho e o cotovelo, que esfolei levemente. Sabe aquele raladinho que nem sai sangue?

Mys friendes...

O que esse raladinho mixuruca doeu e está doendo... 

E aí voltei para casa refletindo sobre o que seria ter caído a uns 30-40 km/h, que é a velocidade média da maioria dos tombos urbanos.

A raladura teria sido muito mais extensa, muito mais ralativa e muito, muito mais doloruda.

Decididamente, uma experiência que não vale a pena.

Concluí que preciso comprar urgentemente uma jaqueta que não encolha.

Ou então voltar a pesar apenas 110 kg como antes.

E voltar a pilotar sempre completamente equipado, chova ou faça sol.

Não dá para saber a hora em que iremos cair, é arrogância pensar o contrário.

A vida ensina, a gente é que reluta em aprender.

Um abraço,


Jeff

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A paisagem da janela lateral

Num desses dias de férias, Jezebel acordou indisposta e tive que ir de ônibus para a cidade.

Lembra das curvas mata-burro daqui do bairro?

Aquelas onde volta e meia encontro uma retroescavadeira balançando ou um motociclista tentando ultrapassar um ônibus?

Pois então, desta vez estava eu na janela do ônibus só espiando o motociclista ao lado e abaixo que tentava fazer a ultrapassagem na curva. E com a filha na garupa.

Você não imagina o que vinha depois da curva.

Um carro!!!

Incrível, né?

Quem iria imaginar que logo ali, na rua mais movimentada do bairro, poderia vir um carro em sentido contrário?


Da janela pude acompanhar com visão privilegiada o desespero do tiozinho se encolhendo espremido entre o carro e o ônibus. 

Se ele caísse ali, 2014 acabava para ele e a filha dele.

E também 2015, 2016, 2017... até a eternidade.

É tempo pacas para se jogar fora desse jeito.

O tiozinho deu sorte, mas até hoje me pergunto o que pode levar alguém a tentar ultrapassar um ônibus (ou qualquer veículo) sem visão alguma do que vem após a curva.

E o pior é que vejo isso acontecendo todos os dias. Na rua do bairro e no país inteiro.

Felizmente o tiozinho e a sobrinhazinha escaparam ilesos.

Desta vez.

Será que aprenderam alguma coisa?

Duvido.

Amanhã eles estão fazendo tudo de novo.

E o pior é que burrice mata.

Um abraço,


Jeff

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Dias tranquilos de férias

Nestes dias tranquilos de férias, as pessoas ficam menos atentas ao trânsito justamente porque ele está... mais tranquilo.

Não deviam.

Ontem vi um quase acidente quando um motorista de táxi seguia pela rua principal do bairro e avistou um amigo sentado na frente da casa dele, consertando sua tarrafa.


Não deu outra, o taxista parou o carro no meio da rua para dar um olá para o pescador miguvéio.


A garota que vinha de moto atrás dele foi ninja e evitou a colisão, desviou com habilidade, passou olhando feio para o motorista e me fez aprender um palavrão novinho em folha.

Imagem: http://filboidstudge.blogspot.com.br/2013_02_01_archive.html blog com cartoons do animador de Tom & Jerry.

Nas férias não faltaram casos de pessoas estacionando na contramão, fazendo manobras temerárias, pegando atalhos impensáveis. 

Eu quase colidi com outra moto do mesmo modelo — dupla raridade — quando o cara cortou a rua para atravessar uma ponte para pedestres sobre o riacho daqui do bairro... 


Como ainda estamos no clima de fim de férias, fique atento a essas anormalidades transitórias... com a volta ao ritmo normal, o pessoal fica um pouco menos abusado.


Assim espero...


Um abraço,


Jeff

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Não relaxe no fim da viagem

Agora sim, voltando das férias com histórias pra contar!

São várias, e a primeira que vou postar foi uma experiência pessoal.

Aproveitei a semana de férias de fim de ano para ir com minha filha para diversas praias daqui da ilha de Santa Catarina.

A ilha é grande, então cada ida a uma praia é uma microviagem. 

Passeio agradável, mas toda a atenção na estrada, como de praxe.

E a lição que tirei relembrei foi aquela de nunca relaxar quando estamos perto de casa.


Não foi dessa vez...
Imagem: http://www.cfc.lu/pages/english/tips-golden-rules.php

Nossa tendência é de baixar a guarda ao sair da estrada (no meu caso, o trecho recordista nacional de acidentes de todas as rodovias federais).

E isso não pode ser feito nunca.

Já estávamos no bairro perto de casa quando começamos a conversar, eu e minha filha, e foi aí que um bêbado na contramão quase levou uma das minhas pernas de estimação.

Não chegamos a bater, mas ele passou a uns 20 centímetros do meu joelho. Só o percebi quando ele já estava perto demais, o susto foi grande.

Então reforço a mensagem para todo mundo:

A maioria dos acidentes acontece nas proximidades de nossa casa ou de nosso trabalho, justamente quando baixamos a guarda por rodar em terreno bem conhecido e supostamente tranquilo.

Não se descuide nunca, especialmente na época das férias, quando as pessoas estão mais sossegadas e/ou alcoolizadas.

Amanhã tem outros exemplos disso.

Um abraço,

Jeff

domingo, 5 de janeiro de 2014

FULL GEAR x FOOL'S GEAR

Olá, pessoal

Para começar o ano, adaptei um poster bastante conhecido sobre segurança de pilotagem, mas que não lembro de ter visto traduzido.

No original, FULL GEAR x FOOL'S GEAR, um trocadilho intraduzível... então troquei por um trocadilho infame.

Gear quer dizer engrenagem, marcha e também mecanismo, equipamento. Em nosso caso, equipamento de proteção

A tradução seria algo como EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COMPLETO x EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO DO TOLO, o que não é um trocadilho em Português. E também não caberia na imagem...

Então segue o poster 'traduzido' com variações e adaptações, com sem a devida autorização da swmsa.org e da National Association of State Motorcycle Safety Administrators.



Esses caras aqui também merecem crédito, mas não couberam na imagem:




Amanhã voltamos ao ritmo normal de postagens... espero eu.

Um abraço,

Jeff