terça-feira, 18 de abril de 2017

É, dona honda... complicou para o seu lado

Outra coisa, dona honda:

Nessa pesquisa para tentar entender o porquê de informações importantes não serem fornecidas aos clientes brasileiros, fui investigar os primórdios do uso de óleo 10W-30 no restante do mundo e encontrei isto...

Nossa brasileira CG 125 é muito parecida com esta moto aqui:
Manual honda GLH 125 SH 2012

Uia, reproduzi até a parte que diz que nenhuma parte do manual do proprietário dela pode ser reproduzida sem permissão por escrito... Por que tanto segredo com um manual de proprietário público, dona honda?

A senhora me dá essa permissão, dona honda? Porque é para um assunto de utilidade pública que irá esclarecer e beneficiar milhões de proprietários de motos neste Brasil, não só da marca honda.

Se a senhora não der, vou publicar mesmo assim, porque são referências fundamentais para esta postagem. 

E a senhora certamente não quer que as pessoas pensem que não está interessada em informar corretamente seus clientes, né dona honda?

Então vamos lá:

Essas motos honda GLH 125 SH, equivalentes à nossa CG 125 varetada, eram vendidas em 2012 na Turquia, Ucrânia e Austrália — onde também recebiam o nome de CB 125 E. Vá entender...
Imagem: http://www.mmotoracks.com/product/engine-guard-crash-bars-for-honda-cb125e-glh125-sh

Está lá no manual da GLH 125 SH / CB 125 E:
Manual honda GLH 125 SH 2012

Dona honda, agora diz pra gente:

ATENÇÃO: 

Cometi um erro na hora de anexar as figuras, acabei colocando páginas do manual de uma moto no lugar da outra. Como construí o texto em cima do roteiro de figuras erradas, bagunçou tudo, mas não há prejuízo para o entendimento. ambas as motos citadas usavam óleo 10W-30 na ocasião. Estou corrigindo da melhor maneira possível, acrescentando informações e não subtraindo nenhuma. Os blocos novos estarão sublinhados.

Por que os manuais brasileiros não têm alertas sobre o óleo do motor como este da GLH 125 SH / CB 125 E CRF 50 2012?
Manual honda GLH 125 SH 2012 CRF 50 2012

Tradução:

Usar o óleo correto, e regularmente verificar, adicionar, e trocar o óleo irá ajudar a prolongar a vida do seu motor. 

Mesmo o melhor óleo é consumido.

Trocar o óleo ajuda a eliminar a sujeira e depósitos mantidos no motor. 

Operar o motor com óleo velho ou sujo pode danificar seu motor.

O funcionamento do motor com óleo insuficiente pode causar sérios danos ao motor e transmissão.

Por que isso não é enfatizado para todo mundo aqui no Brasil, dona honda?

E por que aquele asterisco * na viscosidade 10W-30 nunca foi usado aqui no Brasil?

Na página seguinte do manual o asterisco diz o seguinte:
Manual honda GLH 125 SH 2012 CRF 50 2012

* Para temperaturas do ar normais. Veja a próxima página para informações adicionais sobre temperatura / viscosidade.

Normais no Japão, Turquia, Ucrânia e Austrália.

Nem vou perguntar por que motivo os manuais estrangeiros não determinam a marca do óleo... pelo contrário, enfatizam que qualquer óleo atendendo às especificações é aceitável, mas aqui no Brasil... só o óleo da concessionária. Por que será, hein?

E olha só que interessante o que o manual diz na outra página sobre temperaturas do ar "não normais" no Japão, Turquia, Ucrânia e Austrália:
Manual honda GLH 125 SH 2012 CRF 50 2012

Tradução:

Outras viscosidades mostradas no seguinte gráfico podem ser usadas quando a temperatura média na sua área de pilotagem estiver dentro da faixa indicada.

Quer dizer que para temperaturas médias acima de 20 para mais de 40 graus a dona honda lá fora recomendava óleo 10W-40 no lugar do 10W-30???? Que surpresa, só que não — eu sempre disse que em nosso país o óleo precisa ser mais viscoso para proteger melhor o motor.

E aqui o motivo da confusão, as páginas são muito parecidas. Este é o verdadeiro manual da GLH 125 SH:
Manual honda GLH 125 SH 2012

E a GH 125 SH era a mesma coisa, a honda sugeria usar 10W-30 e determinava corrigir a viscosidade em função da temperatura da área de pilotagem:

Tradução:

Viscosidade:

A categoria de viscosidade do óleo do motor deverá se basear na temperatura atmosférica média em sua área de pilotagem. O seguinte [gráfico] fornece uma orientação para a seleção da categoria correta de viscosidade do óleo a ser usado nas várias temperaturas atmosféricas.

O gráfico é idêntico ao da CRF 50, recomendando o uso de óleo 10W-40 para temperaturas médias mais elevadas.

E vale lembrar, até a adoção do 10W-30, os manuais da honda recomendavam nesse gráfico o óleo 20W-50 para essa faixa de temperatura...

Por que as motos vendidas no Brasil na mesma época nunca tiveram essa opção de usar um óleo mais viscoso e "mais adequado à temperatura média da área de pilotagem"? Responde essa, dona honda!

Por que no mesmo ano de 2012 — e até hoje — as nossas motos foram — e são — obrigadas a receber goela abaixo apenas o famigerado óleo semissintético 10W-30? Responde essa também, dona honda!

A senhora mesma diz que essa viscosidade 10W-30 não é adequada para temperaturas elevadas...

Será que essa regra de adaptar a viscosidade conforme a temperatura da região de pilotagem só vale fora do Brasil?

Curioso isso, hein dona honda?

Analise comigo:

Para a Ucrânia e Turquia, países europeus na mesma latitude do Japão, o óleo 10W-30 pode até atender razoavelmente, dependendo da época do ano.
Imagem: http://www.estadosecapitaisdobrasil.com/mapa-mundi/

Vai passar um pouco de sufoco em poucos dias do verão, mas são poucos dias de um verãozinho brando, isso é tolerável.

Nessa latitude de Japão, EUA, Canadá, Ucrânia e Turquia chega a cair neve, como você pode ver nesta foto de uma GLH 125 SH / CB 125E com acessórios fabricados na Ucrânia.
Imagem: http://www.mmotoracks.com/product/engine-guard-crash-bars-for-honda-cb125e-glh125-sh

E no Japão chega a nevar tanto que o pessoal até samba de bomba.
Imagem: http://www.eglobe1.com/japan-snow-festival/

Já para a Austrália sobrou o óleo que a honda considera adequado à temperatura da região de utilização, o 10W-40.

A Austrália é um pouco mais quente que Japão, Turquia e Ucrânia.
Imagem: http://imgur.com/gallery/qyCuWon

Bom, só um pouco...

O 10W-40 também é um óleo só um pouco mais viscoso do que o famigerado 10W-30...
Mas ainda menos viscoso que o 20W-50. Note que o gráfico da honda padece do mesmo mal que critiquei na suzuki... o gráfico SAE colorido está mais coerente com as faixas de temperatura para cada viscosidade.

Agora olhe no mapa:
Imagem: https://origini.com.br/painel-fotografico-mapa-mundi-tradicional-origini.html

A Austrália está mais ou menos na mesma latitude, até um pouco mais ao sul do que o Brasil.

Está mais fora da área tropical que o Brasil — metade do Brasil está em uma região tropical mais quente do que a Austrália...

Mas em 2012 a honda sugeria usar um óleo mais viscoso que o 10W-30...

Enquanto isso, aqui no Brasil, a honda recomendava obrigava até hoje obriga todo mundo a usar SOMENTE óleo 10W-30.

POR QUÊ ISSO, DONA HONDA?

Por que o que vale para a Austrália não vale para o Brasil????

Por acaso a tecnologia honda dos motores brasileiros é diferente da tecnologia honda dos motores do resto do mundo?

Por que o consumidor brasileiro não tem acesso ao mesmo tipo de informação que os consumidores do resto do mundo, dona honda?

Afinal, quais são seus critérios para omitir informações importantes para uns e não para outros, dona honda?

Mais uma curiosidade que eu queria explicação, dona honda:

Por que a senhora fala que esse motor lá na Turquia, Ucrânia e Austrália usa somente 800 mililitros de óleo, dona honda?
Manual honda GLH 125 SH 2012

0,8 litro??

Não é muito pouca coisa não?

Uma CG rodar com a mesma quantidade de óleo recomendada para uma Leadizinha ou uma Bizinha?

E olha que a Lead nem tem câmbio para lubrificar...

Posso estar enganado por algum pequeno detalhe, mas até onde a gente consegue ver, aquele é o mesmo motor da CG, sem tirar nem por...

Até conferi a ficha técnica — mesma cilindrada, mesmo diâmetro do cilindro e mesmo curso do pistão.  

E nossas motos CG o manual fala 1,0 litro e 1,2 litro, mas na prática a gente viu que é mesmo 1,2 litro...

A razão do meu estranhamento, dona honda, é que se bobear, é capaz até de essas motos serem fabricadas aqui no Brasil mesmo...
Reportagem: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/22802/honda-vai-de-consorcio-para-enfrentar-2016

Quero ver explicar mais essas, dona honda.

Um abraço aos leitores, e no aguardo das explicações da honda, sentado em uma almofada bem confortável e fazendo outras coisas enquanto espero, 

Jeff
O mesmo das postagens anteriores.

10 comentários:

  1. Olá Jeff.
    Esse vídeo vai fazer vc cair da cadeira.
    Se segura!
    https://www.youtube.com/watch?v=eASCK9BDMEU

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    1. Olá, Daniel!
      Já fiz uma postagem sobre esse vídeo, seu xará lá de Floripa foi o primeiro a enviar e recebi outras indicações, parece que o pessoal gostou mesmo.
      Programei para publicar, aí percebi que havia um ponto mal esclarecido, retirei da programação para explicar direitinho, aí entrou esse assunto da honda...
      Para este feriadão eu aparo as arestas e publico.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. Show de bola!
      Fico no aguardo.
      Abraços

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  2. Só vou comentar aqui pra ficar por dentro da treta kkkk

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  3. Você tem acompanhado os casos de rolamento estourando na Yamaha MT03?

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    1. Olá, McGyver!
      Não tenho ficado sabendo.
      É referente àquele recall dos rolamentos de embreagem ou é outro assunto?
      Onde posso ver esses relatos?
      Tenho recebido informações de um suposto recall por problemas de pinça do freio, mas ninguém me passa a fonte para eu pesquisar.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. De vez em quando me deparo com isso em fontes esparsas:

      http://www.reclameaqui.com.br/aucGU-3Gr-otWdWV/yamaha-motor-do-brasil/motocicleta-mt-03-com-problemas-nos-rolamentos-/

      https://m.youtube.com/watch?v=6ZWNbCIlW9g

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    3. Olá, McGyver!
      A maior causa de problemas em rolamentos não é de fabricação, é de erro de montagem, a pista acaba danificada e causa desgaste acelerado das esferas. Os relatos que li não foram críveis.
      Tem um cara falando que o espaçador deu defeito e estragou o rolamento, isso não existe.
      O espaçador é um bloco maciço de alumínio ou aço com um furo no meio, não tem como ele estragar o rolamento. Já um aperto excessivo devido a um erro de tolerância de fabricação da roda, eixo ou espaçador causariam problemas no rolamento.
      O travamento da roda traseira é extremamente grave, pode derrubar o piloto no meio do trânsito, nem preciso te dizer, mas falo para os novatos que estiverem lendo.
      Mas para um rolamento travar, ele tem de chegar a um nível de petição de miséria tão grande que chamará a atenção do proprietário, roncando e fazendo muito barulho.
      Com base nos relatos que vi, talvez tenha muito mais no whatsup, não tenho como ler, mas pelo que vi no youtube, é muita gente repassando o mesmo alerta e só um ou dois falando que aconteceu com ele e mostrando provas.
      Então fico em dúvida se esse problema é realmente em larga escala ou é só o pessoal fazendo zum zum.
      Caso eu encontre alguma notícia documentada, tipo um relato de acidente por travamento da roda, ou apareça alguém com um vídeo mostrando a roda com o problema, aí eu faço uma postagem. Mas as evidências até agora me parecem muito fracas para uma denúncia.
      Por enquanto.
      Um abraço, e obrigado por me manter a par disso,
      Jeff

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  4. Eu tenho uma cg 160,e moro no nordeste(terra quente da peste), entao significa q eu deveria estar usando um 10w-40 ao invez do recomendado pela dona honda?, ja tenho a pratica de trocar o óleo regularmente.

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    1. Olá, Craziman!
      Como você viu, a própria honda disse que um óleo 10W-40 seria preferível a um 10W-30, fora do Brasil.
      Sou defensor de que o óleo certo para a temperatura do Brasil é o 20W-50, ainda mais em uma região quente como a sua.
      Aliás, a honda sempre recomendou o 20W-50 por aqui enquanto as motos no resto do mundo usavam 10W-40.
      Mesma coisa a suzuki. A yamaha também recomenda o 20W-50 até hoje. A kawasaki também é outra que fala em usar 10W-40, mas mostra um gráfico dizendo que o 20W-50 é preferível em regiões quentes...
      Esse é um conhecimento que sempre existiu e que as montadoras estão empenhadas em apagar da memória dos consumidores.
      Um abraço,
      Jeff

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